. - Capítulo 1 -
As cicatrizes
A estranha névoa que vinha comprimindo as janelas durante todo o ano havia se tornado mais espessa, quase sólida e extremamente misteriosa.
A casa de número quatro da Rua dos Alfeneiros parecia exatamente igual as outras casas da rua, muitas pessoas diziam que ali morava uma família feliz e comum.
Com estavam erradas...
A janela do segundo andar estava aberta, e revelava uma confusão como se um pequeno furacão havia passado por ali.
As gavetas estavam jogadas por cima da cama, as portas do guarda-roupa estavam abertas e este vazio, a escrivaninha estava vazia e uma tábua do assoalho estava jogada no chão.
Na verdade parecia que ninguém morava ali, mas os restos de uma refeição e os vários jornais que queimavam dentro da cesta de papéis acusavam que alguém abandonara o quarto.
Quando os Dursley acordassem em algumas horas descobririam que o ocupante do quarto havia ido embora, e enquanto o Sr. Dursley falava de abrir uma champanhe e almoçar fora, Tia Petúnia teria um estranho sentimento de remorso.
Na verdade Harry Potter estava se divertindo.
Havia abandonado a casa dos tios e rumava para A Toca, sua única preocupação fora a de estar infringindo cerca de duzentas recomendações e regras de uma só vez.
Mas ele não se importava, tomou o Noitibus e rumou para o Norte, depois pegou um dos primeiros ônibus trouxas que havia saído e seguiu para Leste.
Então entrou em um beco escuro e aparatou.
Ele sabia que não poderia aparatar sem licença mas o Ministério estava mais ocupado com as mortes quase diárias para ficar fiscalizando uma aparatação realizada por um menor.
Ele olhou o relógio e viu que ainda era cedo, mas sabia que os Weasleys estariam acordados, mesmo não sabendo que ele vinha.
Harry olhou para o jardim dos Weasleys e sorriu, tudo estava exatamente igual.
Ele depositou sua mochila no chão e tocou a campainha.
Demorou alguns minutos mas a luz da sala se acendeu e a porta se abriu.
A Srª. Weasley o olhou atônita.
- Harry? – Perguntou ela. - Como... Por que você está aqui?
- Poderia passar alguns dias aqui Srª. Weasley? – perguntou ele.
-Mas é claro, mas antes... é você mesmo, não tem cicatriz...
- É só maquiagem, não podia ficar alardeando... - ele passou a mão na testa revelando uma fina cicatriz em forma de raio.
Ela o convidou para entrar e o mandou ficar no quarto do segundo andar, mas só depois de reclamar o quanto ele estava magro...
Harry acordou e viu duas figuras paradas olhando para ele, antes que pudesse sequer se levantar uma juba de cabelos castanhos se jogou contra ele em um abraço apertado.
Ele conseguiu se desvencilhar do abraço e colocou os óculos.
Mione sorria radiante para ele e Rony esperava ela acabar para dar seu "cumprimento" (um soco no alto da cabeça).
Eles o olharam atentamente e ele balançou a cabeça, esperou um pouco e perguntou:
- Como vão vocês?
- COMO ASSIM? VOCÊ NÃO RESPONDE NOSSAS CARTAS E DEPOIS DIZEM QUE VOCÊ SUMIU, APARECE NO MEIO DA NOITE E QUANDO FINALMETE ACORDA SIMPLESMENTE DIZ "COMO VÃO VOCÊS"? – explodiu Hermione.
Harry a olhou assustado e simplesmente congelou quando ela desabou aos prantos em cima dele.
Harry esperou o choro passar.
Mione se levantou e o olhou com cara de "explique-se".
Harry suspirou e começou a contar a historia:
- Depois do fim do ano eu voltei para casa de meus tios. Depois fiquei esperando. Hoje completo 17 anos. Então peguei o Noitibus e fui até o norte. Depois peguei um ônibus trouxa e fui por ai, então aparatei. Satisfeita?
Ele frisou a última palavra e a olhou.
Ela suspirou e se levantou.
Ele começou a se levantar quando ela viu algo nele.
Sem a menor cerimônia ela levantou a camisa do pijama dele. Ela gritou.
Havia uma marca de machucado que tomava quase todo lado direito dele.
Ela o agarrou pela mão e ignorando os protestos dele o levou para a cozinha seguida de Rony.
A Srª. Weasley estava fazendo o café da manhã quando se virou para os garotos. Ela ia falar algo quando Mione mostrou a marca de Harry. A mulher berrou e o sentou em uma cadeira.
- Muito bem mocinho, o que você fez ai? – Ela o olhou com reprovação.
- Nada Srª. Weasley, foi apenas uma batidinha... – começou ele.
- Uma "batidinha" que parece que você quebrou uma costela? – vociferou ela.
- Eu não quebrei nada, ficou apenas uma marca... – murmurou ele.
- O que você fez ai? – Parecia que Mione tinha entrado na conversa.
Harry olhou para Rony com um ar de súplica mas este abaixou a cabeça e deu os ombros.
Harry suspirou e começou a contar a história:
- Depois de descer do Noitibus eu parei em um pub bruxo que havia por ali, o ônibus demoraria ainda umas duas horas para sair. - disse Harry.
- Depois de algum tempo no bar um bruxo tentou me vender um amuleto, eu diss que não queria, mas ele insistiu.
- E então? – perguntou Hermione.
- Tivemos uma pequena discussão, sai do bar e o resto vocês já sabem... – concluiu Harry.
- Mas isso não explica o machucado, que tipo de discussão você teve? – perguntou a Srª. Weasley.
- Quebrei uma cadeira na cabeça dele, fugi, mas ele conseguiu me azarar – respondeu ele com simplicidade.
Elas o olharam surpresas e então a Srª. Weasley se afastou e voltou pouco depois com um pote de alguma coisa mal-cheirosa.
Ela disse para ele passar na marca e em outros cortes ou machucados que ele tivesse.
Ele levantou a camisa do pijama e passou a pomada fedida na marca, então ele colocou a mão por baixo da camisa e começou a esfregar mais da pomada.
Hermione percebeu e o olhou com ar de suspeita, ele desviou os olhos.
- Você tem mais machucados não é? – questionou a moça.
Ele não respondeu.
- Evanesco. – disse ela apontando a camisa dele.
A camisa sumiu e ele viu uma profusão de marcas, cicatrizes, cortes e sangramentos.
Ela arregalou os olhos e ele olhou para o chão submisso.
- Você não contou toda a verdade não é? – ela perguntou com a raiva em cada sílaba.
- Contei como consegui essa e não como arranjei as outras... – se justificou ele.
- Como?
- Depois do enterro de Dub... – ele parou. – Depois de tudo, fomos embora, mas uma semana antes do normal...
- E?
- Pensei que meus tios não gostariam que eu chegasse uma semana antes do previsto, então eu fiquei por ai até voltar.
- Esse "por ai" foi onde?
- No Ministério da Magia. – murmurou Harry derrotado.
- Você estava fazendo o quê lá? – Perguntou a Srª. Weasley voltando da cozinha.
- Eu estava treinando... em um Globo de Guerra.
A boa senhora o olhou escandalizada e parecia que Mione tinha encontrado algo que nunca tinha lido em lugar algum.
