"Ally POV"

Bum! Ouviu-se da cozinha do apartamento de Tyler.

Dentro de mim, algo queria rebentar…Não sabia explicar o que era. Mas era muito forte.

-Ally! - Gritou Aiden.

Olhei-o assustada. O Tyler.

Não, não. Saímos disparados para a varanda e vi a pior coisa que já vira, exceptuando a morte da minha mãe.

Fitei horrorizadas as torres gémeas. Não Tyler, não.

Não me podes deixar também.

-Não. – Gritei, sufocada. - Não Tyler…

Tive de agarrar o meu corpo para não cair.

O meu mundo estava destruído…ou talvez não…

Tinha de tentar…Ele podia estar bem, era uma hipótese, mas podia estar bem…

Saí a correr dali e corri para o local.

Vi o seu pai num carro a chorar e a mãe dele agarrada ao marido.

-Não pode ser. – Murmurei, tapando a boca.

As lágrimas escorreram-me sem parar.

"Eu preciso de ti", pensei. O meu corpo, alma, mente…precisava dele.

Agora que tinha encontrado a felicidade…isto acontecera…

Não era justo. Eu não merecia.

De repente, vi a Caroline a chegar perto da mãe, destroçada.

Coitadinha da pequena Caroline… Perder os dois irmãos…

Tive vontade de correr até ela e abraçá-la, mas não podia.

Eu tinha de o encontrar. Tinha de ver o corpo dele, ter a certeza que o perdera mesmo.

Inspirei fundo e atravessei a multidão que cercava o edifício, a correr, com as lágrimas a preencherem-me a cara.

Não sei como, passei por todos e ninguém me viu.

Tentei subir as escadas, mas já não existiam…

Ocasionalmente, olhei para o lado e… vi o caderno dele. Fui, rapidamente, buscá-lo e apertei-o contra o peito.

-Eu amo-te. – Solucei. – Não me podes ter deixado.

-Menina, tem de sair daqui. – Um polícia tentava tirar-me dali.

Debati-me nos seus braços e olhei em frente.

Paralisei. O corpo desfigurado do Tyler estava mesmo à minha frente.

-Não! – Gritei, a chorar convulsivamente.

Tentei chegar a ele, mas arrastaram-me para fora dali.

A minha boca tremia e os olhos estavam cegos pelas lágrimas.

Eu não conseguia aguentar mais.

Fui a correr para minha a casa, a chorar sem parar, gritando o seu nome.

Ele não podia ter morrido! Não! Não!

Cheguei a casa e pontapeei a mesa da cozinha, chorando ofegantemente.

Tremi, chorei, gritei….mas nada o trazia de volta. A verdade é que estava exausta…

-Ally. – O meu pai murmurou, ao entrar em casa.

-Pai! – E corri a abraçá-lo.

Ambos chorámos. Eu, com um desespero enorme…ele, talvez por compaixão.

-Tenho muita pena, querida…Eu sei o quanto o amavas…

Olhei-o nos olhos. As lágrimas voltaram.

-Eu amo-o. Isto não pode ser real. – A minha voz soou fraca.

**

Chegou-se o dia do funeral e não fui capaz de ir com a sua família...

Ele tinha sido e era tudo. Ainda o amava. Então, se eu o amava, ele iria ficar orgulhosos do que eu iria fazer.

Agarrei no seu caderno e coloquei-o na minha mala. Cerrei os lábios numa tentativa de não chorar e saí de casa.

Dirigi-me à estação de metro mais próxima e esperei.

Inspirei fundo e fechei os olhos. Tyler. Apertei o seu caderno.

-Olá menina.

Um flashback invadiu-me a mente.

Mãe. Era a voz de um dos assaltantes.

Abri rapidamente os olhos e deparei-me com eles à minha frente.

-Não tenho dinheiro. – Disse, assustada.

Eles sorriram perversamente.

-Ultimo desejo?

Engoli em seco e beijei o caderno do Tyler.

-Eu amo-te, Tyler. – Murmurei.

E aí, não senti mais nada… a não ser tudo a escurecer…