Título: Sangue do meu sangue

Classificação: K+

Fandon: Bonanza

Autora: Crica ( Sem Beta, todos os erros são meus)

Categoria/Gênero: Western/aventura/família/drama

Sinopse: Não importa o quão grave seja a situação, o quanto custe, o que seja necessário fazer porque os laços de sangue são muito mais fortes.

Nota: Todos os personagens de Bonanza pertencem à CBN e à Bonanza Ventures. Aqui nada é meu. Este é mais um trabalho, sem fins lucrativos, de uma fã.


SANGUE DO MEU SANGUE

CAPÍTULO 1

_ Ei, Joe – Hoss sacudiu o jovem embrulhado no cobertor _ Ande logo, Joe, é melhor levantar-se de uma vez – sacudiu o outro mais uma vez _ Você não vai querer que o pai suba para tirá-lo da cama, vai?

_ Deixe-me em paz, Hoss – o jovem resmungou, ainda debaixo das cobertas _ Não estou me sentindo bem.

_ Se você não passasse a noite toda correndo atrás das moças de Virgínia, teria tempo para dormir o suficiente e não estaria nesse estado – puxou o cobertor, atirando-o longe _ Chega de gracinhas, Joe. Estamos esperando por você lá embaixo em dez minutos, depois disso, não garanto segurar o pai.

_ Oh, inferno... – Joseph decidiu que seria melhor atender seu irmão antes que tivesse que lidar com os mais velhos da família _ Estou indo... Estou indo...

o-o-o-o-o

_ Finalmente, rapaz! – Ben Cartwright não estava muito feliz com o atraso de seu caçula _ Precisamos ter uma conversa muito séria a respeito dos seus horários, meu jovem, mas isso terá que esperar. Vamos vistoriar as minas do norte.

_ Desculpe-me, pai – Joe abaixou a cabeça, envergonhado _ Não vai mais acontecer.

_ Até a próxima vez, não é, preguiçoso? – Adam comentou ao passar, também aborrecido pelo tardio da hora.

_ Ele já se desculpou, Adam – Hoss defendeu seu irmão _ Vamos logo ou não chegaremos antes do almoço.

Os quatro Cartwright terminaram os preparativos e montaram seus cavalos, pondo-se a caminho das minas de prata na região norte de Ponderosa. Simens, um de seus capatazes mineiros, os havia informado de problemas com a estrutura de uma das minas e do receio dos homens quanto a um desmoronamento. Então, Adam, sendo engenheiro arquiteto, seria o mais indicado para avaliar de perto a situação e providenciar as medidas necessárias à segurança no trabalho.

Perto do meio-dia, Ben e seus filhos apearam junto à cabana da gerência da mina de prata. Simens estava lá à sua espera e veio saudá-los.

_ Sejam bem-vindos! – o homem idoso de poucos cabelos ergueu a mão direita _ Os esperava mais cedo.

_ Pergunte ao Joe o motivo do atraso, Frank – Adam apontou o mais moço, passando pelo empregado e indo até o mapa que se encontrava sobre a pequena mesa de madeira.

_ O que está acontecendo, afinal, Simens? – Benjamin dirigiu-se ao empregado, conduzindo-o para junto de seu filho mais velho, sendo acompanhado pelos outros dois Cartwright.

_ Temos percebido pequenos deslizamentos bem aqui, senhor – indicou um ponto no mapa _Temo que a estrutura não suportará mais escavações.

_ Leve-me até lá, Frank – Adam dobrou o mapa, pondo-o no bolso de trás da calça _ Quero ver isso de perto.

_ Tenha cuidado, filho – Ben recomendou _ Joe, vá com seu irmão e providencie o que ele precisar.

_ Certo, pai.

_ Não é necessário, pai – o mais velho interrompeu _ Posso resolver sozinho e, afinal, no que esse garoto poderia ajudar?

_ Ora, seu metido... – Joseph xingou, aborrecido pelo descaso do irmão.

_ Parem com isso, os dois – o pai tratou de afastá-los _ Você, menino, vai fazer o que lhe mandei e você, Adam, trate seu irmão com respeito. Ele irá com você para fazer o que for preciso. Está decidido.

_ Sim, senhor – ambos os rapazes responderam em coro e seguiram, mesmo que contrariados, para dentro da mina, acompanhados pelo velho Simens.

_ Pai – Hoss se pronunciou _ Não acha melhor eu ir com eles? Esses dois andam se estranhando muito ultimamente.

_ Nâo, Hoss – puxou o filho do meio pelo braço para dentro da cabana _ preciso de você aqui para organizar os mineiros e recolher as toras para as escoras. Além do que, Joe precisa aprender a respeitar o irmão mais velho e Adam tem que entender que não pode fazer tudo sozinho. Vão ter que trabalhar juntos e fazer funcionar.

_ O senhor é quem sabe, mas ainda penso que poderia controlar melhor as coisas entre eles. Adam não entende que Little Joe tem apenas dezoito anos. É só um garoto e é preciso ter paciência com ele.

_ Eu sei filho – Ben pressionou carinhosamente o ombro de Hoss _ Você sempre teve muita paciência com Joseph, mas eu também compreendo a preocupação de Adam. Nós não estaremos aqui para sempre para livrar Joe das encrencas em que se mete. Ele tem que aprender a ter responsabilidade e assumir seu lugar nesta família.

_ Ele vai, pai – Hoss sorriu carinhosamente _ Só precisa de algum tempo.

_ Vamos lá, filho. Temos muito o que fazer aqui fora.

o-o-o-o-o-o

_Aqui estamos – Simens declarou ao dobrarem o segundo corredor depois de terem descido pelo elevador da mina _ Rapazes, esses são os patrões - apresentou os filhos de Ben aos mineiros que trabalhavam _ Adam e Little Joe.

_ Joe, só Joe – o rapaz corrigiu o homem diante da risadinha dos empregados.

_ Perdão, rapaz. É o hábito.

_ Vamos com isso, Frank – Adam adiantou-se para dentro de um outro túnel.

_ Para que a pressa, irmão? – Joe seguiu os dois mais velhos _ Está com medo que toda essa coisa desabe sobre a sua cabeça?

_ Cale a boca, garoto – o rapaz moreno zangou-se _ Vejamos... Estes troncos estão muito tensionados, Frank – Observou o terreno ao redor, aproximando o lampião das paredes e escoras _ Não vão durar muito. Precisamos trocar todo o vigamento e reforçar as escoras.

_ Estão sentindo um cheiro estranho? – o mais moço coçava o nariz, farejando o odor que impregnava o ar – É esquisito... fede... e...

_ Saiam, rápido! – Adam gritou, empurrando o caçula ao dar-se conta do cheiro de gás.

Não foi tempo suficiente para que os três homens se afastassem o bastante para estarem a salvo. Toda a parede sul desabou depois que a bola de fogo avançou pelo corredor estreito, fazendo um estrondo ensurdecedor.

A poeira sucedeu o calor intenso e a escuridão tomou conta do lugar. O ar pesado e seco entrava arranhando pela garganta e fazia os pulmões doerem. Não havia outro som senão o de pequenas pedras ainda se soltando do teto e caindo sobre os escombros.

o-o-o-o-o-o

_ O que foi isso? – Hoss assustou-se com o barulho da explosão que ouviu vindo da direção da mina de prata.

Todos os trabalhadores correram para a entrada da mina. Sabiam que se houvesse ocorrido um desabamento, sua rapidez no socorro significaria a diferença entre a vida e a morte para qualquer um que tivesse sido apanhado lá dentro.

Ao chegarem ao acampamento, Hoss percebeu a expressão de desespero no rosto de seu pai, parado diante da nuvem de poeira que ainda saída pela boca do túnel. Olhou em volta e percebeu a ausência de seus irmãos e Simens. Seu coração gelou. Caminhou para junto do pai e a voz não saía de sua garganta para fazer a pergunta que seu cérebro articulava.

Por um momento, as pernas de Benjamin falsearam e Hoss teve que amparar seu pai, conduzindo-o até a cadeira que estava próxima. A cor desaparecera da face do patriarca dos Cartwright. Eric jamais havia presenciado um momento em que seu pai perdera completamente o controle de suas emoções. Ben estava estático, apavorado e incrédulo do que se passava a sua frente. Seus dois filhos estavam lá, dentro daquela montanha e, apesar de lutar incansavelmente contra a razão, não poderia acreditar que estivessem mortos.Não os seus garotos.

_ Pai – Hoss bateu de leve no rosto do pai, tentando trazê-lo à realidade _ Pai, está me ouvindo?

_ Hoss? – Os olhos de homem focaram-se no jovem _ Adam... Joe... Eles...

_ Calma, pai – Hoss pegou a garrafa de bebida que estava na mesa e deu-a ao pai _ Tome um gole, pai. O senhor está precisando.

_ Hoss, eles estão lá... – Afastou a garrafa _ Eu ... Nós precisamos... Nós temos que...

_ Pai, o senhor precisa voltar à razão. Não podemos perder a cabeça agora.

_ Você está certo, filho – o homem grisalho afastou as lágrimas que rolavam-lhe pelo rosto _ Temos que esfriar a cabeça e pensar com calma.

_ Certo, pai – Hoss respirou novamente _ Eles estão bem, tenho certeza. São espertos e se protegeram de alguma forma. Nós vamos juntar os homens e cavar para tirá-los de lá, está bem?

_ Vamos, Hoss, vamos trazer seus irmãos de volta! – Benjamin ergueu-se, num ímpeto e atravessou a distância até a entrada da mina, a passos duros, convocando os mineiros para o resgate _ Vamos todos! Há homens lá dentro que precisam de ajuda!

_ Senhor Cartwright – um mineiro negro, bastante alto e corpulento aproximou-se _ Sou Tomás e gostaria de ajudar. Tenho certa experiência em desabamentos.

_ Sim, meu amigo – o patrão concordou _ Toda ajuda será providencial e, se tem mesmo experiência em resgates, o comando é seu. Diga o que devemos fazer, como proceder e o faremos.

_ Bem, senhor – o homem colocou o chapéu novamente sobre a cabeça e tomou uma pá em suas mãos – Primeiramente temos que cavar e tiras todas as pequenas pedras e terra do caminho. Não sabemos em que condições estão os túneis lá dentro, mas o certo é que o ar não vai durar muito.

_ Vamos, rapazes!_Hoss ordenou _ Todo mundo pegando uma pá e, quem não tiver uma, que use as mãos. Não podemos perder mais tempo.

_ Senhor Cartwright – Tomás continuou _ seria bom que alguém anotasse os nomes dos que não estão presentes. É possível que alguém tenha entrado ou saído da mina sem que os outros percebessem. Assim teremos certeza de quantos ainda estão lá.

_ Carter!

_ Sim, patrão – um velhote apresentou-se.

_ Você é o mais antigo aqui e conhece todo mundo. Faça a lista.

_ Mas senhor, sou cozinheiro...

_ Faça a lista, homem, e não me incomode!

_ Senhor, eu não sei escrever...

_ Inferno! – Ben praguejou _ Alguém o ajude com a escrita!

Um rapazote ruivo logo se ofereceu para escrever os nomes ditados pelo ancião e, em poucos minutos, Cartwright tinha nas mãos uma lista com seis nomes, incluindo os de seus filhos.

_ Vamos, rapazes. Temos seis vidas para resgatar e pouco tempo. Não podemos falhar!

O-O-O-O-O

CONTINUA