NOTA DA AUTORA: Então... finalmente a continuação! =D Ela não vai ser postada com tanta rapidez quanto a primeira parte; eu ainda estou trabalhando nela, então o ritmo vai ser um capítulo por semana, sempre às segundas, que é pra animar a semana de vocês =D
(Tá, e estou postando o primeiro capítulo hoje porque É MEU ANIVERSÁRIO, BIATCHES XD 28 aninhos de muita perversão XD)
Tenho que avisar: esse primeiro capítulo contrasta muito com o ritmom geral da história, que vem sendo leve e bem humorado, e é puro ANGST. ANGST f**ido, mesmo. Mas é necessário ao desenvolvimento do plot, e vai ser rápido (embora não indolor). Prometo.
Então, depois de deixar vocês bem avisadas... aproveitem! ^.^
DISCLAIMER: Essa fanfic foi baseada na série "Sherlock", da BBC, que já é baseada na obra de Sir Arthur Conan Doyle. Mas o universo da fic pertence às mentes brilhantes e malignas de Steven Moffat (a.k.a. The Great Devil) e de 3 Mark Gatiss(imo) 3.
Os trechos em itálico e negrito são SMSs.
Ah, e óbvio, em se tratando de uma fic saída da mente maligna e perversa de Miss Eowin, ela é YAOI. Enjoy \o/
Anteriormente:
- Wow, realmente. Parece que eu andei perdendo muita diversão. – Um brilho de ciúme atravessou o olhar de John.
- Espero que não esteja pensando em nenhum tipo de experimento em relação a isso, senhor Holmes. – Sherlock deixou as mãos caírem até a cintura de John e descansou a testa no ombro dele, puxando-o para mais perto ainda.
- Qualquer experimento que eu tenha em mente, envolve apenas certo Capitão do 5º Regimento de Fuzileiros de Northumberland. – John sorriu e beijou os cachos negros do detetive, aspirando o aroma tão conhecido. Os dois ficaram abraçados por alguns minutos, apenas aproveitando a sensação dos corpos abraçados, do calor compartilhado. Tudo era novo para os dois, e eles precisariam ir devagar. Mas eles sentiam ter todo o tempo do mundo.
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PARTE I – HEARTS AND THOUGHTS
- Sabe, eu poderia me acostumar com algo assim. – John falou, saindo da cozinha com duas xícaras de café, encontrando Sherlock atirado no sofá com o controle remoto da televisão na mão, trocando de canal a cada piscada, os pés sobre a mesinha de centro. – Oe, você viu o bilhete do seu irmão, tire os pés daí! – John entregou-lhe a caneca e sentou-se ao lado dele, sobre as próprias pernas, admirando a figura esguia e pálida de Sherlock, vestindo nada além de jeans pretos. Sherlock fez uma careta e recolheu as pernas, sentando-se sobre elas como John fizera, virando-se de frente para o médico com um sorriso mínimo.
- Não sei se você realmente se acostumaria com abrir a geladeira e não encontrar partes de corpos em diferentes estágios de decomposição, ou mexer na prateleira de temperos sem saber se o frasco que pegou é pimenta-do-reino ou veneno. Seria tão tedioso, não acha? – ele deu um sorriso mais largo, erguendo a mão para acariciar de leve a bochecha de John.
- Tedioso é você sempre saber exatamente no que eu estou pensando.
- Isso não é verdade. – Sherlock afirmou. John olhou-o ceticamente, e Sherlock prosseguiu. – Bom, eu não fui capaz de realmente saber o que você pensava sobre... sobre nós dois. – ele corou de leve, mas prosseguiu – Se eu tivesse a certeza de que você retribuía em algum grau meus sentimentos, já teria feito algo há mais tempo.
- Mais tempo? – John largou a caneca sobre a mesinha, e chegou mais próximo de Sherlock, abraçando-o pela cintura e aninhando-se no corpo dele. O detetive sorriu e soltou a caneca, abraçando-o de volta, enterrando o rosto no pescoço bronzeado, fazendo-o rir. – Quanto tempo, exatamente? – Sherlock não ergueu o rosto para responder, sua respiração quente provocando arrepios na pele sensível do pescoço de John.
- Desde... a nossa briga, quando procurávamos um pretexto para entrar na casa de Irene. – John assentiu, sorrindo ao se lembrar do pânico de Sherlock quando descobriu que não conseguiria vencê-lo num embate físico. – Mesmo que você tenha me socado e tentado me estrangular, foi... estranho sentir você tão perto, seu corpo abraçado ao meu. Foi... agradável. Extremamente agradável. Eu passei, desde então, a pensar. Pensar porque a sua proximidade física, ao invés de me incomodar, como normalmente acontece, me agradava. Comecei a destrinchar aos poucos minhas próprias emoções; coisas que eu acreditava não ter mais. Eu não acreditava sentir mais. Do momento em que cresci, sempre fui só um cérebro, sem o conjunto de características e reações químicas a que as pessoas convencionam chamar de coração. Mycroft sempre foi o mais sensível de nós. – John achou difícil de acreditar que o Titereiro das Sombras pudesse ser caracterizado de sensível. Mas Sherlock e Greg conheciam todo um lado de Mycroft que John jamais vira de verdade, apenas vislumbrara. - Acho que... – a voz de Sherlock reduziu-se a um murmúrio – acho que foi por isso que eu comecei a me drogar. Eu só queria desligar meu cérebro e sentir novamente, John. Realmente sentir, o que quer que fosse. Mas nunca consegui. – ele se calou, e John abraçou-o com mais vigor, erguendo a cabeça e encarando-o.
- Sherlock... você não precisa falar sobre isso se não quiser.
- Mas eu quero! – a voz estava firme e clara agora, os olhos pálidos determinados, fixados nos do médico – Eu nunca contei a ninguém meus motivos para experimentar drogas. E eu experimentei todas, John... diga o nome de uma droga, e eu com certeza usei. Mas minha maldição foi a cocaína. Solução a 7%, direto na veia. Meu cérebro ficava completamente paralisado, e meus sentidos se aguçavam de uma maneira quase enlouquecedora. Eu ouvia melhor, enxergava melhor, meu tato ficava extremamente sensível... mas eu não sentia. Eu racionalizava as sensações, mas não tinha emoção por trás delas. Eu deixei de sentir as coisas aos oito anos de idade. – John ficou em silêncio, esperando. Conhecia Sherlock o suficiente para saber que ele estava organizando em sua mente a melhor forma de lhe contar o que queria. Manteve-se quieto, olhando-o nos olhos e enlaçando sua cintura estreita, fazendo o possível para transmitir-lhe conforto e confiança através do toque de suas mãos. Sherlock respirou fundo e prosseguiu. – Eu... eu nunca me dei bem com meu pai. Ele ocupava uma posição semelhante à de Mycroft no governo britânico... meu irmão é extremamente parecido com ele, e talvez por isso eu tenha dificuldades em me relacionar com ele dissociando-o da figura de nosso pai. Talvez por isso eu tente, com tanta força, odiar Mycroft. Que ele não me ouça dizer, mas é claro que não o odeio. A verdade é que ele é uma das únicas pessoas no mundo de quem eu genuinamente gosto, por quem eu consigo ter qualquer espécie de sentimento. Mas, prosseguindo... meu pai não gostava da minha personalidade. Eu sempre fui barulhento, chamativo, impertinente. Era uma criança impossível... sempre fazendo experiências malucas, incomodando os criados com as minhas deduções, perturbando Mycroft enquanto ele tentava estudar. – John era perfeitamente capaz de imaginar um pequeno Sherlock Holmes correndo através de uma grande mansão senhorial, os cachos negros esvoaçando em volta do rosto fino, apavorando os pobres empregados com sua inteligência absurda e língua desatada. Isso fez ele sorrir um pouco, o que aliviou a tensão de Sherlock. O detetive ergueu uma mão para acariciar o rosto do médico, e encostou a testa na dele, fechando os olhos. John acariciou a cintura de Sherlock com as duas mãos, incitando-o a continuar – Quando eu tinha oito anos, meu pai resolveu levar-me com ele a uma reunião. Mycroft estava em Oxford, atolado nos exames de final de semestre, e não podia tirar uma folga para ir junto. O que, talvez, tenha sido uma benção... ele era grande demais para caber naquele armário, grande demais... – Sherlock calou-se por um longo tempo. John soltou-o do abraço e forçou o moreno a deitar com a cabeça em seu colo, enroscado de lado no sofá. Ele acariciou os cabelos do detetive, apreciando a maciez dos cachos negros em seus dedos calejados, e o aroma distinto de substâncias químicas e cigarro que ele associava a Sherlock. Sentiu algo úmido em seu joelho, e surpreendeu-se ao ver que Sherlock chorava em silêncio, as lágrimas escorrendo pelas pálpebras fechadas. O corpo logo começou a convulsionar numa série de soluços silenciosos.
- Sherlock? Sherlock, está tudo bem. Eu estou aqui. – ele começou a acariciar as costas do moreno, devagar, tentando acalmá-lo. Sherlock provavelmente engarrafara aquilo dentro de si por mais de vinte anos. A melhor coisa que John poderia fazer era deixá-lo desabafar, e estar ali quando ele terminasse. – Eu sempre vou estar aqui pra você.
Sherlock chorou por mais de vinte minutos, um choro silencioso e sentido. Quando as lágrimas se esgotaram, ele soltou um suspiro fundo e trêmulo e virou-se de barriga para cima, encarando John, que continuava a acariciar seus cabelos ternamente. Os olhos estavam vermelhos e o rosto levemente inchado, mas aos olhos de John ele parecia ainda mais belo – como um anjo caído. John permaneceu em silêncio, acariciando Sherlock enquanto a noite caía do lado de fora, o céu tingindo-se de púrpura. Ele abaixou o rosto e beijou de leve a testa do outro, depois os olhos, e depositou um beijo terno e casto nos lábios do detetive. Sherlock respirou fundo piscando para focalizar melhor a visão, e decidiu continuar.
- Eu estava correndo pelo escritório, enlouquecendo meu pai, como eu usualmente fazia. Ele organizava uma série de relatórios confidenciais, enquanto implorava pra que eu fizesse silêncio. Então, ouvimos um tiro do lado de fora do prédio. Ele imediatamente se levantou e me pegou pelos braços, me levando até um canto onde ele mantinha seu armário de bebidas. Ele abriu a porta e me mandou ficar ali dentro, não importava o que eu ouvisse, até que ele dissesse que era seguro sair. E eu fiquei, John. Pela primeira vez na vida, eu obedeci meu pai. Porque a voz dele estava cheia de ansiedade e medo, e eu sabia que era por mim, e não por ele. E porque, quando ele me colocou no armário, ele disse: "Vai ficar tudo bem, Lockie. Eu prometo". Ele nunca me chamara de Lockie antes. Só minha mãe e Mycroft me chamavam assim. – Sherlock respirou fundo e prosseguiu – Eu fiquei naquele armário por horas e horas. Ouvi... ouvi meu pai gritar por horas, enquanto ele era torturado em busca de informações. Ele não revelou nada. Ameaçaram ir atrás da nossa família, mas meu pai só os desafiou a tentarem. Ele sabia que, quando não estivesse mais lá, Mycroft tomaria conta de tudo. E quando finalmente o silêncio voltou, depois de muito tempo que eu ouvira a porta do escritório bater e os passos pesados dos homens saírem... eu finalmente saí de dentro do meu esconderijo. E o que eu vi... o que fizeram com meu pai... – Sherlock fechou os olhos, e John viu ele lutar com a dor por um instante antes de se dominar. Quando ele abriu novamente os olhos, ele estava sério, e falava no mesmo tom de voz de quando estava destrinchando casos em voz alta para melhor organizar seus achados. – Eles vivissecaram meu pai. Essa é a verdade. O tapete do escritório estava alagado de sangue, e os órgãos dele estavam espalhados pela mesa. Eles prenderam os membros dele com cravos ao chão, passando-as através dos pulsos e tornozelos, mas com uma habilidade tal que conseguiram postergar o sofrimento dele por horas, John. Horas. Meu pai sangrou até a morte enquanto via os assassinos dele removerem seus órgãos internos. Quando eu disse a você que o primeiro caso que eu tentei desvendar foi o caso de Carl Powers, eu menti. Meu primeiro caso foi o assassinato do meu pai. Eu morri naquele armário de bebidas e renasci naquele escritório, enquanto examinava as lâminas que haviam usado, o tipo de corte executado, o rastro de pegadas no sangue do meu pai. Liguei para o dormitório de Mycroft e contei tudo num atropelo, pedi para ele ir me buscar. Ele me mandou ficar sentado, sem me mexer nem fazer nenhum som, até ele chegar. Eu adormeci na cadeira do escritório do meu pai, e acordei nos braços de Mycroft, dentro de um carro preto. Eu me surpreendi de vê-lo chorando, e ergui a mão para enxugar as lágrimas dele. E ele repetiu as palavras do meu pai: "Vai ficar tudo bem, Lockie. Eu prometo".
John estava em choque. Nem seus mais sombrios pesadelos de guerra não poderiam se comparar ao horror que Sherlock vivenciara quando era apenas uma criança. Agora todo o comportamento de Sherlock adquiria um novo significado – o distanciamento emocional, a completa falta de empatia, o fato de simplesmente despejar o que lhe vinha à cabeça sem pesar as consequências... tudo adquiria novas cores aos olhos de John. Por mais brilhante que Sherlock fosse, por mais impressionante que fosse seu intelecto, emocionalmente ele estacionara aos oito anos de idade.
- Depois disso, meu irmão se tornou superprotetor, e eu me dediquei a transformar a vida dele num pesadelo todas as vezes que ele voltava pra casa da universidade. Fomos nos distanciando cada vez mais... ou melhor, eu fui me distanciando dele cada vez mais. Quando Mycroft fez 25 anos, ele assumiu seu primeiro emprego no governo. Uma posição modesta, mas a mesma na qual meu pai começara, e o pai dele antes dele... Eu entrei na universidade, me formei em tempo recorde, e me mudei para Londres, deixando minha mãe sozinha em casa... comecei a me meter em todo o tipo de encrenca, a andar com o pior tipo de escória, e a me drogar. Vivi numa névoa de dependência durante nove anos, até que eu conheci Lestrade. Ele salvou minha vida, John, literalmente. Eu perambulava pelas cenas de crime, e sempre acabava preso. Claro que Mycroft me soltava na hora, mas mesmo assim... um dia, Lestrade era o encarregado da investigação, e eu cheguei e dei a ele todos os dados que eu tinha descoberto. Eu estava completamente alto na hora, mas ele me ouviu. Ouviu cada palavra que eu disse, depois me levou para a casa, me fez tomar um banho e dormir. Quando eu acordei, ele estava lá, sentado numa poltrona ao lado do sofá, me encarando. Ele perguntou se eu lembrava tudo, e eu repeti exatamente o que dissera na véspera. Ele então disse que, se eu ficasse limpo, ele me deixaria ajudar nas investigações. Então eu passei algum tempo limpo, ajudando Lestrade. Mas um dia... ele me chamou até a cena do crime, e quando eu cheguei lá, a vítima fora eviscerada. Eu voltei direto pra casa, comprei a maior quantidade de cocaína que o meu dinheiro conseguia, e me injetei até apagar a lembrança da morte do meu pai da mente. Obviamente, eu tive uma overdose. Lestrade foi quem me encontrou e me levou para o hospital. Quando eu tive alta, ele e Mycroft me trancaram em um flat, com vigilância vinte e quatro horas, até que eu desintoxicasse completamente. Todos os dias, um dos dois ia me fazer companhia à noite, e eu gritava impropérios por horas a fio. Mesmo assim, eles não desistiram. Especialmente Lestrade. Eu sei que, se não fosse por ele... – Sherlock balançou a cabeça, como se espantasse o pensamento – Em conclusão, eu fiquei limpo, tenho permanecido assim desde então, e passei a ajudar a polícia numa base regular. E essa é a glamurosa historia de como Sherlock Holmes tornou-se o primeiro detetive consultor do mundo e conheceu o Doutor John Hamish Watson. – ele arrematou, em tom brincalhão, tentando desanuviar um pouco o ambiente. John fez uma carícia leve em sua têmpora, tentando ajudar Sherlock a esquecer por um momento toda a escuridão de seu passado. Os dois eram tão quebrados por dentro... era quase um milagre conseguirem viver em relativa normalidade.
- E eles viveram felizes para sempre? – ele não resistiu em provocar o detetive, que ergueu o corpo e enlaçou seu pescoço com as mãos esguias e abriu um sorriso maroto, que iluminou os olhos claros.
- Seu conceito de felicidade inclui um laboratório químico na mesa da cozinha, sonatas tocadas no violino às quatro da manhã, perseguição de criminosos através de Londres e uma ocasional visita ao hospital, e talvez uma paradinha na cadeia por desacato à autoridade e obstrução da justiça por retenção de evidências?
- Deus, eu não poderia pedir outra coisa. – ele fechou a distância entre os dois e beijou Sherlock com paixão.
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N/A: Eu sei, a dor. É insuportável O.O
Espero que tenham apreciado, memso assim XD Essa fic em especial é dedicada a minha querida amiga Videl, que gerencia o blog Paradise Yaoi (busquem no google paradise yaoi blogspot), onde eu também posto minhas fics. Videl tem sido uma fonte inesgotável de inspiração e referências para as cenas mais quentes =D Obrigado, minha querida 3
E semana que vem tem mais! o/
Until we meet again,
Eowin
