My Death. My Life.

Prefácio

Deixei minhas lagrimas caírem.

Desculpe-me.

Desejei o impossível e agora a única coisa que posso fazer é lamentar.

Minha voz não te alcança... O som do meu desespero passou despercebido por você?

Preste um pouco mais de atenção nesse meu lamento. Pela minha vida, pela minha sanidade

olhe-me e veja-me!

Pode ouvir minha voz? Sentir minha dor, minha perda?

Perdoe-me estou desejando o impossível.


Não vi o carro, mas pude sentir a dor do impacto. A dor que consumiu minha consciência.

Eu podia ter lutado contra a dor, contra a escuridão. Mas não quis. Fui tão egoísta achando que naquele momento, era o "meu" momento, algo que eu não poderia ir contra.

Morte.

Foi o que aconteceu. A escuridão da noite, a estrada deserta. Fui deixada para trás, para o meu próprio fim.

Agora eu sei, eu teria vivido mais um pouco, eu teria realizado meu sonho e teria conhecido você.

E a única coisa que precisava ser feito, era lutar pela minha vida. Agora eu vejo o meu mundo seguindo seu rumo sem mim.

***

Sentei-me no asfalto molhado olhando para a luz dos faróis que se distanciavam. Sentia-me incapaz, incapaz de chorar, incapaz de gritar, incapaz de lutar pela minha vida.

Meus olhos voltaram para o corpo inerte no chão. Meu corpo. O coração ainda batia em um ritmo fraco. Eu queria tocá-la, talvez acordá-la e tira-la daquele chão úmido e frio. Mas a dor, a dor de mover o meu braço em sua direção, a dor de sentir agulhas me perfurarem fazia-me recuar.

Fechei os olhos, aquilo estava certo? Era para ser assim, tão doloroso e cruel?

Vi a dor dela ser minha dor. Abri os olhos alarmada, o coração estava falhando a respiração estava tensa. Não tinha muito tempo, tinha que ser agora, eu tinha que me aproximar tocá-la, acordá-la!!!

A dor de tentar tocá-la o frio de tentar me aproximar impediram-me... não consegui me mover, somente olhei o meu próprio fim.

***

O primeiro mês

A casa de classe média parecia transmitir sua tristeza e seus pesares pelo ar. Quantas pessoas de preto haveria ali? Tantas e tão incontáveis, mas de pouca importância para o chefe de policia local.

Charles Swan.

Havia acabado de perder sua única filha, encontrada morta a poucas horas. A notícia se espalhava, assim como o choque. E todos pareciam querer dar seus pesares pela perda da jovem Isabella Swan.

Pessoas que lamentavam a tragédia. Pessoas que queriam encontrar o culpado. Que fugira da sena do crime abandonado a garota.

Tantos pensamentos, e todos pareciam girar sempre sobre mesmo assunto.

"- Ela poderia ter sobrevivido." - "Se a tivessem levando ao hospital..." - "...se tivéssemos encontrado mais cedo..."

- Porque ela morreu?

- Charles vou receitar alguns comprimidos talvez...

- Por que?

Ele insistiu mesmo já sabendo a resposta. Ela não tinha morrido devido a batida do carro, ela teria sobrevivido se tivesse sido socorrida.

- Hipotermia e hemorragia interna.

O rosto do chefe de policia se contorceu em dor e descrença.

***

Ver o meu pai daquela forma me cortou o coração. Charles meu querido pai parecia perdido em meio aquela gente de preto.

Sem saber o que fazer fiquei ao seu lado sussurrando desculpas e clamando para que superasse. Minha morte era superável.

Fique ouvindo o ritmo do coração dele, tão calmo e as vezes tão rápido. Ele estava sofrendo.

Com o passar do dia fiquei surpresa por ainda ver alguns rostos na sala. Rostos como o do medico da cidade o Dr. Cullen e sua esposa. E os Newton com o seu filho Mike, minhas amigas Jessica e Ângela e também tinha o meu melhor amigo Jacob Black e seu pai – que agora conversava com Charles.

- E Renée, ela já...

- Não, não tive coragem, não sei como ela vai reagir...

Afastei-me sem querer ouvir aquela conversa. Pela janela eu podia ver o crepúsculo e o meu amigo Jake que sussurrava frases ao vento. Me aproximei para ouvir melhor.

- Sua boba, porque tinha que ir embora? Porque me deixou aqui sozinho? – vi a lagrima escapar do seu olho antes dele limpar – A gente ia ficar juntos... Bella; - ele abaixou o rosto e dessa vez não disfarçou as gotas de lagrimas que caíram - eu te amo Bella, te amo.

Meu coração se apertou, e se pudesse teria sagrado como uma ferida aberta.

- Eu também te amo Jake.

O abracei sabendo que ele não sentiria nada, que não ouviria a minha voz. Mesmo assim eu queria consolá-lo. Eu o amava, o amava muito. Não dá maneira que ele me amava, eu o amava como amigo, como irmão. Mesmo assim a dor o sofrimento dele me causava uma sensação de perda e amargura.

Eu não queria vê-lo sofrer. Eu não me perdoaria por vê-lo sofrer.

Mesmo assim ele sofria e eu nada poderia fazer para mudar isso.

Fechei os olhos ainda abraçada a aquele corpo quente quando percebi que o mesmo parecia assustado e seu coração acelerava. Como uma onda invisível fui empurrada para longe daquele calor familiar. Ele ainda estava lá, parado e tenso. Mas por alguma razão ele esfregou os braços como se sentisse frio e volto para dentro da casa.

Não o segui de imediato. Tentei convencer a mim mesma que ele tinha sentido frio e que não havia me repelido para longe como se eu fosse uma estranha qualquer.

Vi os Newton se despedirem do Charles. Os rostos de Jessica e Ângela tristes e chorosos.

O ultimo a sair foi o Dr. Cullen, que receitou um calmante para Charles poder dormir essa noite.

- Será uma noite difícil para você;

Foi o que o medico disse, a esposa sorrio de forma triste mais nada falou.

Eu não conhecia nenhum dos dois, ambos tinha se mudado recentemente juntos com os filhos, Charles sempre falava em como tínhamos sorte por conseguir um medico tão bom como o Dr. Cullen. De certa forma senti como se aquele médico e aquela mulher fosse parte da minha família.

- Obrigada.

Charles murmurou antes de subir as escadas cansado.

Foi quando ele se afastou que eu percebi. Não havia mais um coração batendo. Não havia mais um ritmo a seguir.

- Ele ficara bem Cas?

- Ele precisara de tempo Esme.

O medico olhou a esposa e beijou sua testa com carinho.

- Posso entender a dor que ele deve estar passando...

Eu fiquei ali pasma.O que havia acontecido com a batida do coração deles?

***

Eles voltaram em silencia. A bela mulher – Esme- se eu tinha compreendido direito parecia realmente triste como se me conhecesse desde pequena.

Fiquei sentada no banco de trás do carro deles. Não conseguia ouvir seus corações e nem sentir o calor humano de seus corpos.

O medico parecia distante e serio. Sem porém deixar de ser belo, era como se estivesse buscando alguma solução, para um problema que não tinha solução.

Foi assim que chegamos a uma belíssima casa em meio a floresta.

Fiquei surpresa por nunca ter ouvido falar daquele lugar. A casa em si era linda, com o seu designer inovador, suas paredes de vidro e a forma como parecia fazer parte da floresta. As casa normalmente impõem sua presença em uma luta contra o verde das arvores. Mas aquela casa parecia simplesmente se fundir em harmonia com as arvores e folhas.

Me distrai com aquele cenário até perceber que estava sozinha. Caminhei até a porta e por instinto levantei a mão para "tocar" a campainha.

Nada acontece e eu fiquei ali olhando o meu dedo na campainha.

-Edward.

Ouvir a voz feminina me acordou e eu "passei" pela porta para me encontrar em uma sala –com sofá, TV de tela plana, som, computador... e tantas outras coisas, tudo em seu devido lugar. Tão organizado e simétrico que era difícil achar que alguém morasse realmente ali.

A voz suave feminina parecia vir da garota com o notebook no colo. Ela fala baixinho com a loira deslumbrante ao seu lado.

Aproximei-me o suficiente para perceber que ambas falavam de roupas e a tendência para o outono inverno.

Era engraçado ver duas figuras tão belas preocupadas com coisas como roupas e acessórios, elas precisavam daquilo?

- Qual é o problema agora Alice?

Ouvi a voz irritada atrás de mim, mas quando me virei não tinha nada alem de uma escada que levava aos outros andares da casa.

- Pare com isso esta me deixando com dor de cabeça!

Olhei de volta para a sala assustada, a mesma voz agora vinha do sofá sentado ao lado da pequena garota com o notebook. Como ele teria feito aquilo?

Olhei intrigada para ele, era jovem provavelmente tínhamos a mesma idade, 17 anos. Cabelo em um tom estranho de cobre e totalmente revolto. A pele era pálida, pálida de mais até mesmo para os padrões de Forks, e havia aquelas claras marcas arroxeadas nos olhos como se tivesse passado a noite em claro. Os olhos dele estavam negros tiverem do olhar dourado da Alice e da outra garota de cabelos loiros.

Somente naquela hora eu percebi. Eles deveriam ser os filhos do Dr. Cullen. Velhos de mais para serem filhos legítimos e eu também tinha que concordar, eles era muito diferente uns dos outros, mas ainda tinham coisas em comuns, pequenos detalhes que deixava claro que eles pertenciam a mesma família.

- Alice! Eu não agüento mais, pare de cantar essa musica infernal!

- Então pare de ler minha mente.

A garota sorriu parecendo saber que era impossível para ele. Me sentei no chão olhando aquela sena intrigante. Foi quando o olhar dele pareceu capturar o meu e a gente ficou ali se olhando, meu coração teria acelerado e minha pele ficado corada – se isso fosse possível, mas no fundo eu também sabia que ele não via nada alem do carpete no chão.

- Porque me chamou afinal.

- Amanhã começa as aulas e quero que você esteja preparado!

- Vou caçar mais tarde.

- Não estou falando disso. Eu quero que você use isso;

Ele ficou olhando para ela por uns instantes antes de falar sarcástico.

- Mas é claro. E vou sair com isso aí somente porque você me pede com tanta educação.

Ela não falou nada, mas como se estivesse gritando ele levantou as mãos e suspirou.

- Ok você venceu. Apenas me fale o porque disso.

- SE-GRE-DO.

Ela riu e ele revirou os olhos.

Fiquei ali sem compreender nada, intrigada por aquela estranha conversa, até perceber que os dois estava sozinhos na sala, aonde estaria a loira? Nem sequer tinha visto ela sair!

Me levantei desajeitada, aparentemente nem a morte arrumou o meu problema de equilíbrio. Tentei me agarrar a alguma coisa mas a única coisa que fiz foi quebrar um lindo vaso de cerâmica.

Fiquei olhando os cacos no chão. Eu tinha feito aquilo? Como?

Ouve uma movimentação na sala e de repente tinha pelo menos sete pessoas ali. A mulher de rosto amoroso – e outrora triste pela minha morte olhava para o Edward e a Alice – que continuavam sentados no sofá;

- Quem foi?

- Caiu sozinho! –defendesse a pequena se levantado. – deveria estar mal equilibrado. – apesar dessas palavras até mesmo e pude perceber a duvida em seus olhos dourados.

- Alice esta certa, caiu sozinho.

- Hah a nossa casa agora e mal assobrada é isso? – um grandalhão de cabelos negros falou. Ele sorria como se estivesse achando graça daquela situação.

A loira estava do lado dele e lhe de um tapa no braço e falou com uma voz irritada.

- Não diga bobagens Emmett.

- Vocês dois. – Esme apontou para Alice e Edward. – não sei o que aconteceu, mas quero que os dois arrumem essa bagunça agora. – e ela saiu antes de ter alguma resposta.

***

Me sentei na janela olhando a movimentação rápida da casa.

Depois de ter passado três semanas naquele lugar eu finalmente tinha entendido.

Entendido o porquê não ouvir os corações deles, o porquê de serem tão rápidos, o porquê deles serem tão misteriosos e fortes. Eles não podiam sair a luz do sol sem revelar a beleza e o segredo deles, eles não dormiam nem se alimentava. Eles tinham que beber... sangue periodicamente.

Tudo porque eles eram vampiros. Vampiros bonzinhos pelo que pude perceber.

O gentil dr. Carlisle e sua amável esposa Esme. O sorridente Emmett e a sua – quase sempre – irritada esposa Rosalie. A brilhante e entusiasmada Alice e seu marido Jasper. E por ultimo e mais solitário – e serio - da família Edward Cullen.

Eu também passei a entender varias coisa como: A pequena de cabelos negros arrepiados chamada Alice era vidente. O garoto serio e solitário chamando Edward era um leitor de mente. E também tinha Jasper – o único que talvez pudesse sentir minha presença.

Eu falo talvez, porque ele próprio não tinha certeza se o que sentia vinha da harmonia da casa ou de alguma outra pessoa - nesse caso eu.

Como agora, eu estava sentada na janela rindo feliz com a piada tonta do Emmett. Ele sempre me fazia rir e me sentir feliz com aquele jeito de meninão dele. Jasper estava com o olhar fixo – e sem nenhuma explicação plausível – para a janela aonde eu estava.

- Qual é Jass vai me dizer que você esta "sentindo" de novo.

Ouvi a voz do Emmett cortou a minha alegria. Jasper o olhou serio e voltou sua atenção ao jogo de vídeo game.

Bom era praticamente isso, o que eu vinha fazendo. Estudando e tentando entender aquela família "vampirica" que era a novidade da pacata cidade de Forks. As vezes eu ia visitar meu pai, mais isso em geral me fazia lembrar da minha vida, e eu tentava ao máximo não pensar em como poderia ter sido se e tivesse sobrevivido.

Eu poderia ter me tornado amiga dessas pessoas? Eu iria ri com o Emmett e fazer comprar com a Alice? Talvez me apaixonado pelo Edward...

Não, isso nunca teria acontecido em vida. Eles eram fantásticos mais faziam questão de manter as outras pessoas distantes.

Subi as escadas e entrei no ultimo quarto, não havia cama ali, mas tinha um sofá a qual e gostava de me sentar. A parede de vidro deixava o ambiente aconchegante. Aquele quarto era o me predileto, com livros e vários cds. Eu nunca teria conhecido aquele quarto se fosse viva, Edward jamais me convidaria para entrar em seu quarto.

Suspirei.

Ele tinha saído, indo "caçar" eu tentei uma vez acompanhá-lo, estava curiosa, mas ele era rápido, rápido de mais para mim, então em geral eu o esperava em seu quarto.

Fechei os olhos, não me sentia cansada mas me sentia triste e solitária. Talvez um pouco como ele - sorri – éramos parecidos no final das contas... mas ele tinha uma família e eu somente podia ficar observando.

E foi observando ele e sua família que o meu primeiro mês de "oficialmente morta" passou.

*continua