Olá a todas *.*
Cheguei finalmente com uma nova fanfiction. Bem, eu tenho esta fic mentalizada na minha cabecinha há muito tempo. Acho que é um bocadinho diferente do que estamos habituadas a ler. Ela vai ser Draco/Hermione, mas vão ter de ser um bocadinho pacientes até eles se aproximarem. No final do capítulo acho que até já conseguem imaginar como é que a aproximação deles vai acontecer hehe

Ah, eu espero que gostem da Lexie tanto como eu! ihihi


Era quase fim de Verão e o silêncio pairava na Mansão Malfoy. Os elfos domésticos estavam a preparar o almoço na cozinha. Enquanto isso, Draco estava no quarto, olhando desesperadamente para o tecto, sem nada para fazer. Ia para o seu sexto ano em Hogwarts dali a duas semanas. Lucius andava cada vez mais ausente devido ao regresso de Voldemort. Ultimamente preocupava-se mais em recrutar pessoas e outros seres mágicos para servirem o seu Senhor das Trevas. Por sua vez, Narcisa encontrava-se a tratar com o maior dos prazeres o jardim. Era isso que lhe dava um prazer absoluto.

Parecia estar concentrada nos seus pensamentos enquanto que com um agitar de varinha fazia crescerem belas flores que desenhavam um caminho ordenado. Um pigarrear fê-la acordar do seu pequeno transe.

- Minha senhora… chegou uma coisa para si. – a voz do elfo assustou-a, de modo que as flores cresceram ligeiramente mais à direita.

Soltou um gemido raivoso e encarou o elfo.

- Quantas vezes mais terei de repetir que não gosto que me interrompam quando estou no jardim? – apesar de estar furiosa, Narcisa não era por regra geral uma pessoa agressiva. – O que queres, criatura? – perguntou, ao ver toda a aflição do elfo que tremia da cabeça aos pés.

- Recebeu uma carta…

- Deixa a correspondência em cima da mesa.

- Mas é uma carta que veio pelo correio não mágico, Senhora. – a voz fina do elfo soou baixa como se contasse um segredo.

A expressão de Narcisa mudou radicalmente. Tomou um olhar sério e severo e os músculos faciais estavam tensos. Depois de encarar o elfo durante segundos, Narcisa estendeu a mão à espera que a carta fosse entregue. Com todo o cuidado, o elfo fez surgir a carta de envelope branco e pousou-a sobre a mão de Narcisa.

- Nem uma palavra acerca disto, Ourzur.

Ourzur, o elfo, acenou afirmativamente com a cabeça.

- Ninguém saberá, minha Senhora.

- Agora sai! Fora daqui! – ordenou autoritariamente por entre dentes.

Fazendo uma vénia desajeitada e demorada, Ourzur desapareceu num estalar de dedos. Narcisa enrijeceu o corpo ao passar os dedos finos pelo envelope. Só havia uma pessoa que lhe poderia ter escrito por correio muggle.

Aflita, abriu o envelope, mas certificando-se antes que ninguém a estava a ver. Ao ver o conteúdo da carta, Narcisa sentiu o seu corpo estremecer. Problemas pareciam-se avizinhar. Depois de beber uma poção calmante, Narcisa pegou na mala e apartou em frente a uma casa terrena de azulejo velho.

x.x.x

A sala estava apenas iluminada por candelabros suspensos por magia no ar. A luz escassa permitia distinguir um sofá negro que parecia estar sujo, talvez ninguém se sentasse ali há anos, uma estante cheia de livros empoeirados ao lado de uma lareira que estava apagada. Por cima da lareira estavam pousados retratos mágicos, onde se podia ver numa primeira imagem uma mulher loira, sentada num jardim, a sorrir para a objectiva e com os cabelos a dançarem ao vento; noutra podia-se ver um rapazinho loiro que exibia o equipamento de quidditich e uma vassoura nimbus 2000, com um sorriso orgulhoso; noutra via-se um casal que olhava um para o outro com sorrisos e no meio deles estava o mesmo rapazinho a olhar para cima e, por fim, numa última fotografia via-se a mulher loira a passar a mão na barriga, sempre com um sorriso nos lábios carnudos.

A mulher loira entrou para a sala com os passos pesados e a respiração ofegante que denunciavam o nervosismo. Segurou a porta de madeira, enquanto esperava que um rapaz entrasse. Soltou um suspiro desesperado e fechou a porta atrás de si, sem emitir um único som. O rapaz da fotografia, embora um pouco mais velho, fitou-se a ele próprio nos retratos, sem se dar ao trabalho de passar a mão para tirar o pó.

- Abiffiato! – pronunciou a mulher com a varinha apontada em frente.

O objectivo do feitiço era que as pessoas que estavam fora daquela sala pouco atractiva não conseguissem ouvir nada do que ali ia ser dito. O rapaz foi conduzido até ao sofá pela mulher e esta agarrou-lhe as duas mãos que tremiam.

- O que se passa, mãe? Estás tão nervosa. - parecia realmente importado com o estado em que a mãe se encontrava.

- Quero-te contar uma coisa muito importante, Draco… - Narcisa suspirou como se a sua vida dependesse daquilo que ela ia contar. – Eu preciso que me ajudes, só tu o podes fazer…

Draco consentiu com a cabeça e deixou um sorriso formar-se nos lábios finos como incentivo para Narcisa continuar.

- Há cerca de onze anos atrás… eu cometi um erro… - Narcisa estava com as lágrimas a formarem-se nos olhos e Draco começava a ficar preocupado com o que iria ficar a saber em momentos, isso era visível pelos lábios secos e os olhos cinzentos abertos sem pestanejar. - Houve uma altura em que eu e o teu pai discutíamos muito. Tu não te apercebias de nada porque eras uma criança. Mas houve uma discussão que foi um pouco mais violenta. – as palavras de Narcisa eram pronunciadas com cuidado.

Flashback on

Lucius gritava com Narcisa no cimo das escadas do primeiro piso da mansão. Pareciam discutir, pois este usava expressões furiosas bem como o tom da sua voz que era aterrador.

- Eu já disse que vou levá-lo comigo, Cissy.

- Lucius, não estás a ser minimamente racional… o Draco só tem cinco anos! – Narcisa parecia implorar à medida que subia as escadas.

Embora estivesse com medo de Lucius, Narcisa subiu até ao fim da escadaria e ficou a poucos centímetros do seu marido. Por vezes Lucius tornava-se um tanto agressivo. E em certos assuntos, Narcisa já nem se aventurava a questioná-lo ou a opor-se. Todavia, quando o assunto era o seu filho, Draco Malfoy, Narcisa era capaz de tudo, até mesmo enfrentar Lucius.

- O Draco tem de começar a saber qual é o lado certo, Narcisa. – disse rudemente, olhando furiosamente para a bela mulher que tinha à sua frente.

- Saberá… mas mais tarde. - a voz de Narcisa saiu tremida, demonstrando que não tinha qualquer segurança quanto a isso.

Narcisa olhou para o piso de baixo, onde estava o seu pequeno filho, Draco Malfoy, a rebolar no chão entusiasticamente. Draco, apesar de ouvir os berros dos pais, parecia não perceber que estes discutiam por sua causa. Lucius desviou o olhar de Narcisa para ver o filho brincar com a snitch dourada que o menino tentava em vão apanhar. Quando voltou a olhar para a mulher, notou um sorriso triste a dançar-lhe nos lábios trémulos.

- Arranja o Draco… não quero que ele apareça todo sujo na presença do Senhor das Trevas. – Lucius virou as costas, fazendo o seu manto escuro rodopiar com o movimento brusco.

- Ele não vai. – a contestação de Narcisa soou baixa, mas não o suficiente para que Lucius não a ouvisse.

Em apenas meros segundos, Lucius voltou a virar-se de frente para a mulher e esticou o braço para esbofeteá-la. Narcisa soltou um gemido de dor e um grito de pavor ao sentir o seu corpo cair pelas escadas. Draco aproximou-se da mãe, com um ar assustado traçado no rosto. O pequeno começou a chorar e olhou para o pai que estava ainda no cima das escadas sem qualquer vestígio de arrependimento na face. Narcisa levantou-se desajeitadamente e, antes de abandonar a divisão, olhou para Lucius que a fuzilou com o olhar.

- Sai daqui, Cissy. – ordenou Lucius que ao ver a mulher fitar Draco acrescentou – Mas não leves o Draco. Não lhe toques! – gritou, furioso, ao ver Narcisa se aproximar de Draco que parecia ainda muito assustado.

Narcisa correu para fora, sem pensar sequer para onde iria. Lucius, sem dúvida, tinha ido longe demais. Por vezes já o tinha visto nervoso, furioso… já tinha gritado com ela. Mas aquela tinha sido a primeira vez que ele lhe batia. As lágrimas deixavam um rasto na face que estava suja pelo sangue que lhe escorria da cabeça. Doía-lhe a cabeça, o golpe parecia ser fundo. Passou os portões de ferro da mansão e, inconscientemente, apartou para Londres muggle.

Flashback off

Draco observou a mãe que não conseguia controlar as lágrimas à medida que lhe ia contando episódios de há onze anos atrás. As imagens pareciam passar na mente de Narcisa como se ela estivesse a reviver tudo, até a dor na face parecia surgir ao ser mencionada a bofetada que levara de Lucius. Tinha sido realmente a única vez que Lucius lhe tinha batido, mas isso não diminuía a dor no seu coração.

- O meu pai… bateu-te? – Draco finalmente falou, tentando conceber esse acontecimento.

Draco sabia perfeitamente que o pai não era uma pessoa muito afectuosa. Mas nunca imaginara que ele tivesse coragem de bater na mãe, não quando Draco acreditava que Narcisa era uma pessoa maravilhosa que merecia todo o respeito. Por momentos, uma sensação de fúria e uma incontrolável vontade de lançar uma maldição imperdoável ao pai apoderou-se dele.

- Foi a única vez. – disse Narcisa, respirando pesadamente.

- Isso não minimiza o erro. – disse Draco por entre os dentes cerrados. Narcisa conseguiu ver o filho apertar os punhos. – Disseste que eu estava lá… - disse Draco passados alguns minutos, quando sentiu as mãos macias da mãe acariciar-lhe o rosto, acalmando-o. – Mas eu não me recordo. Não é que pudesse ter feito alguma coisa… - disse, sorrindo tristemente para a mãe.

- Eu sempre desconfiei que o teu pai te tivesse modificado a memória.

- Isso é muito provável, porque eu lembro-me vagamente da reunião. – disse Draco, recordando-se de si mesmo, sentado numa cadeira a tentar contar todos os encapuzados presentes. Mas como só sabia contar até dez acabara por desistir. – Mas, o que aconteceu para me estares a contar isto? – disse, tentando não desviar a atenção da mãe.

Narcisa voltou a respirar fundo, antes de continuar a contar. Agora teria de começar a contar coisas que estavam enterradas… que ninguém sabia e que Narcisa nunca tinha ousado contar a ninguém. Ficava envergonhada só de as admitir para si mesma. Todavia, aquela maldita carta havia tornado impossível que ela guardasse este segredo só para si. Assim, teria de contar à pessoa em quem ela mais confiava, o seu filho, Draco Malfoy.

Flashback on

Narcisa parecia perdida naquela cidade tão movimentada. Parou ao avistar um bonito jardim, não que amenizasse a dor que sentia, mas pelo menos alegrava-lhe levemente o coração. Sentou-se num banco e ouviu um homem tocar um instrumento que ela não conhecia. O som era agradável e, embora estivesse despedaçada, não conseguiu desviar a atenção do homem que tocava magnificamente bem.

Era um homem bem aparentado, com cerca de trinta e poucos anos, cabelo de um tom castanho-escuro e de barba rala. Um sorriso perfeito desenhou-se nos seus lábios ao ver Narcisa escutar atentamente a melodia. Narcisa tentou desviar o olhar do homem, mas este parecia ter uma espécie de íman que a hipnotizava. Quando finalmente conseguiu desviar o olhar, Narcisa sentou-se de maneira a ficar de costas para o homem intrigante.

- A senhora está magoada. – disse uma voz encantadora atrás de si.

Narcisa girou ligeiramente o corpo, de modo a fitar a pessoa. Os seus olhos esbugalharam-se ao ver que o homem que estivera observar instantes antes estava a falar consigo.

- Isto não é nada. – ripostou num tom azedo.

Não queria falar com ninguém. Queria estar sozinha, por isso é que inconscientemente tinha vindo parar à Londres muggle.

- Posso tratá-la? – o diabo do sorriso não parava de lhe dançar nos lábios.

- Tratar-me?

O homem riu, achando piada à aflição de Narcisa.

- Moro já ali e posso curar-lhe o golpe rapidamente.

Narcisa suspirou. Por que motivo é que um "não" lhe custava a fluir? Bastava dizer isso, mas o sorriso simpático e o olhar meigo do homem, faziam com que ela não conseguisse negar. Era isso que ela procurava num homem. Simpatia e carinho. Lucius raramente lhe sorria com a vontade que o homem estava a fazê-lo. Lucius nunca sentira sequer preocupação quando Narcisa se cortava num espinho de uma rosa do seu jardim.

Assentiu com um sorriso fraco, mas gentil. Seguidamente levantou-se para caminhar ao seu lado. Caminharam em silêncio até à casa de azulejo velho. A porta castanha foi aberta por uma chave que o homem segurava na mão. Fez gentilmente sinal para que Narcisa entrasse na sua casa. Esta não pôde deixar de reparar na casa tipicamente muggle, pequena mas bonita. Será que ele vivia sozinho? Parecia estar tudo tão organizado e arrumado que Narcisa estranhou ser propriedade de um homem.

- Sente-se. – disse, apontando para a cadeira de madeira. – Eu vou buscar a caixa de primeiros socorros.

Narcisa fingiu saber perfeitamente o que isso era. Não estava minimamente preocupada com a ferida que tinha na cabeça, pois com um toque da sua varinha faria com ela desaparecesse. Mas deixou-se ficar aos cuidados do homem que tinha acabado de conhecer.

- Deixe-me só limpar o sangue para conseguir ver a profundidade do golpe. - disse, pegando num bocado de algodão e banhando-o num líquido que Narcisa desconhecia. – Como é que fez isto? O golpe ainda é profundo… pelo que poderá demorar a fechar.

- Eu caí de um lance de escadas. – disse, o que não era de todo mentira. Só estava a omitir o facto de que tinha sido empurrada praticamente pelo marido. – Isso arde! – disse, contendo um grito.

Por momentos sentiu-se ficar arrependida, se tivesse curado a si própria com a sua varinha não tinha ardido e não ficaria com a sensação de ter a cabeça a latejar. Como é que os muggles conseguiam viver sem magia? Sentiu o homem soprar na direcção do golpe, tentando diminuir a dor.

- Já está o curativo feito.

- Obrigada. – disse Narcisa, levantando-se da cadeira. – Eu… tenho… eu tenho de ir. – disse, atrapalhada com a proximidade. – Não é necessário me acompanhar à porta. – Narcisa apressou o passo na direcção da porta, mas parou ao sentir uma pressão sobre o seu braço.

- Posso… posso ao menos saber o seu nome?

Narcisa tentou esconder um sorriso. E por que não? O homem tinha sido gentil e amável com ela, qual seria o mal de lhe dizer o seu nome? Era tudo o que ele estava a pedir em troca. Além disso, que diferença faria se esta seria a primeira e última vez que se tinham cruzariam? Suspirou, travando uma batalha mental.

- Narcisa.

- John Alinson.

Narcisa correspondeu ao sorriso e virou costas. Não sabia para onde iria, mas deixaria que os seus pés a levassem até onde não pudesse mais. Ainda era cedo e não queria voltar para a mansão. Não sabia qual Lucius iria encontrar. Só estava preocupada com Draco que estava nesse momento no meio de muitos devoradores da morte. Narcisa receava, porque sabia que Lucius não estava a ser aceite por todos os seguidores de Voldemort e tinha medo que se vingassem no filho. Sabia perfeitamente que alguns eram bem capazes disso.

Vagueou na noite fria de Londres e foi parar às tantas da noite à porta de um bar. O que lhe atraíra até lá tinha sido a música que ecoava por toda aquela viela escura e assustadora. Decidiu entrar no estabelecimento e a visão que teve foi que as pessoas que ali se encontravam pareciam se divertir. Umas dançavam ao ritmo da música que tocava e outras apenas conversavam, sendo as suas conversas abafadas pela música alta… Passou por várias pessoas até chegar ao balcão, onde jovens serviam bebidas.

- Vai desejar alguma coisa, senhora? – perguntou um jovem do lado de dentro do balcão.

- Qualquer coisa forte. – gritou para ser ouvida.

O rapaz sorriu e preparou um whisky forte com gelo para a mulher que ele suspeitava que apenas queria esquecer as amarguras.

- Aqui tem. Ao final de duas já não se lembra das mágoas da vida, mas amanhã tudo volta a ser igual. – disse e Narcisa sorriu-lhe. – Ou talvez até volte a ser pior… - disse, piscando-lhe o olho. Não pretendia desincentivá-la para beber.

Narcisa só queria esquecer durante momentos, depois voltaria para casa… para cuidar do seu filho.

Cinco minutos depois de ter sido servida, a bebida já tinha evaporado do copo de Narcisa. O rapaz que a tinha servido trouxe-lhe outro copo com o mesmo líquido.

Já deviam ter passado pelo menos duas horas desde que chegara aquele local que agora lhe parecia ainda mais alegre. Por momentos pareceu-lhe ter visto um rosto conhecido. Mas era impossível, devia de ser o efeito do álcool.

- Narcisa? – alguém chamou. – O que está aqui a fazer?

- John? Oh, John! Que bom voltar a vê-lo. – disse num tom demasiado divertido.

- Você está bem? Quero dizer, é bom vê-la, mas parece-me um pouco alegre demais. – tentou ser simpático e evitou dizer-lhe directamente que parecia bêbeda.

- Essa senhora já bebeu que se fartou.

- Então não deveria ter deixado consumir mais. – disse John, assustando-se com o súbito abraço de Narcisa.

- Ora, a senhora parece-me maior de idade, portanto não lhe poderia proibir de beber.

John aproveitou o abraço de Narcisa para arrastá-la até à porta, mas foi travado por um segurança que tinha um papel na mão. John espreitou para o papel e pagou a quantidade que o segurança lhe exigiu. Pela conta, John suspeitou que Narcisa tivesse bebido pelo menos cinco whisky.

- Onde vamos? – Narcisa perguntou, com um sorriso nos lábios.

- Vai descansar, Narcisa. Mais um pouco e entrava em coma alcoólico.

Apesar de não ter percebido o que John queria dizer, Narcisa riu-se como se ele tivesse contado uma piada. Estavam iluminados pelas luzes dos candeeiros de Londres e Narcisa ficou a fitar John por longos minutos, enquanto era arrastada até algum sítio que ela desconhecia. O homem parecia-lhe agora ainda mais bonito, com a testa franzida e com um hálito agradável de vinho. Quando finalmente chegaram à casa de John, este deitou-a na sua cama, por cima dos cobertores.

- Descanse, Narcisa, por favor.

- John… fica comigo. – pediu com os olhos quase a fecharem-se.

- Como queiras. – disse, sorrindo de lado e começando a tratá-la por tu também.

Por meros segundos, sentou-se na beira da cama e observou a mulher loira que estava deitada na sua cama. Era tão bonita, mesmo que marcada por um arranhão vermelho na face. Os olhos escuros a tentarem manter-se abertos para poderem fitar John. Era a preocupação extrema do homem que a levava a desejá-lo tanto. Levou a mão até à dele e puxou-o para mais perto de si.

- Deixa-me sentir o teu gosto. – Narcisa falou tão baixo que John queria que ela repetisse.

De seguida, aproximou o rosto para mais perto do dela e sentiu o hálito do whisky. Os olhos de Narcisa concentraram-se nos lábios perfeitos de John e este sorriu ao vê-la naquela perspectiva. Ele também queria sentir o gosto dela, mesmo que modificado pelo álcool. Desde o primeiro segundo que desejara aquela mulher. A verdade é que não sabia nada sobre ela, até mesmo o seu nome duvidava que fosse verdadeiro. Mas aquele lado misterioso de Narcisa tinha aguçado o seu desejo.

- Não esperes que me arrependa… e beija-me. – aquilo era uma ordem e não um pedido que John pudesse replicar.

O homem deixou os seus lábios roçarem nos dela e ouviu um gemido que ela tentara em vão reprimir. Segundos depois, as mãos passeavam pelo corpo de Narcisa, desapertando-lhe o vestido verde-esmeralda que ela vestia. Os corpos envolveram-se, fundindo-se num só. O prazer estava estampado na cara de ambos.

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Narcisa não pensou em Lucius. E como lhe tinha dito o rapaz do bar, por momentos tinha esquecido tudo. Mas no dia a seguir quando acordou, sentiu a cabeça a doer. Estava sozinha e nua, embrulhada apenas pelo lençol. Uma imagem passou na sua cabeça, quase como um flash, onde ela estava a fazer amor com um desconhecido. Levou as mãos à boca em desespero. Onde estava com a cabeça para ter feito uma coisa dessas? O que Lucius estaria a pensar por ela não ter passado a noite em casa?

Instantes depois, os seus pensamentos de loucura foram interrompidos por John que entrava no quarto com um tabuleiro nas mãos. O mesmo sorriso perfeito no rosto fez Narcisa sentir-se pior. Não estava a ser justa com ninguém, nem com ela mesma.

- Cissy, trouxe-te ovos mexidos para o pequeno-almoço.

- O que é que me chamaste? – perguntou, endireitando-se na cama e tapando o corpo.

- Pediste-me para te chamar assim ontem… - disse, confuso. Embora soubesse que seria possível ela não se lembrar da noite anterior, pois sabia que estava afectada pelo álcool, John desejava interiormente que ela se lembrasse.

- John, eu não posso. Oh meu Merlin… Eu tenho de me ir embora. – disse, aflita, começando a vestir as roupas que estavam no chão ao redor da cama.

- Não vais voltar. – era uma constatação.

Narcisa não disse uma única palavra apenas seguiu o caminho até à saída da casa. Não poderia voltar a ver John. Embora lhe doesse o coração por ter traído Lucius, doía-lhe ainda mais por ter de dizer adeus a John.

Flashback off

- Traíste o meu pai. – disse Draco, custando-lhe a acreditar no que acabara de ouvir.

Poderia até parecer uma linda história de amor, se não houvesse outras pessoas por trás.

- Eu… não queria, Draco. Acredita em mim. – disse, chorando compulsivamente.

- Nunca contaste ao pai? – perguntou, embora já soubesse a resposta.

Se Lucius alguma vez sonhasse o que tinha acontecido naquela noite, Narcisa já tinha sido posta fora de casa. Draco estremeceu ao pensar que Lucius seria bem capaz de matá-la. Uma luta mental travava-se na mente de Draco. Sabia que Lucius tinha sido incorrecto por ter batido em Narcisa. Todavia, também não aplaudia o facto da mãe ter dormido com outro homem.

- Jamais. Draco, eu confio em ti, peço-te que não lhe contes. – a voz de Narcisa, afectada pelo choro, pareceu ainda mais desesperada do que no início da conversa. - Eu queria ter fugido com o John.

- Por que não o fizeste? – Draco apenas perguntou serenamente.

- Por ti, querido. Eu até poderia ter esquecido o Lucius… poderia ter fugido com John que jamais sentiria a falta dele. Mas eu não me poderia esquecer de ti.

Draco não respondeu, apenas sorriu. Não era um sorriso rasgado, cheio de vontade. Era um sorriso de agradecimento pelo facto da sua mãe ter renegado o amor da sua vida por ele. Sabia que jamais teria sido tão feliz se Narcisa o tivesse abandonado.

- Draco, tu és quem eu mais amo neste mundo. Seria incapaz de te abandonar. Não pensei nisso nem por um único segundo. – Narcisa tentou ter a voz segura e firme, pois não queria que Draco duvidasse disso.

- Mãe, mas não foi apenas para te relembrares que me estás a contar isto. Além disso, disseste-me que precisavas da minha ajuda.

- Filho, eu engravidei do John. – afirmou, apertando os olhos com força para impedir que as lágrimas caíssem.

- E tiveste… o filho? – perguntou, verdadeiramente espantado.

- Sim, querido. Tu tens uma irmã.

- Como escondeste isso do pai? – os olhos cinzentos de Draco não quiseram desviar o olhar da mãe nem por um único segundo.

- Eu disse que a tua avó estava doente, gravemente doente. E quando a barriga se começou a notar, eu mudei-me para uma casa no centro de Londres.

- Onde ela está agora? – não queria parecer preocupado com a irmã que não conhecia.

- Com o John. Ele jurou cuidar dela, por nós.

- Contaste-lhe sobre o meu pai?

- Acabei por ter de contar a verdade. Ele ficou muito triste ao início, quando regressei para lhe contar que ia ser pai ficou eufórico. – disse Narcisa, limpando as lágrimas.

- E a… minha irmã… - pareceu difícil para Draco dizer isso – conhece-te?

- Não! – exclamou Narcisa. – Mal a tive fui levá-la ao pai que a cuidou com a ajuda de uma velha amiga de infância. Acho que ela também teve uma filha três dias antes e acabou por alimentar a Lexie.

- Lexie? É esse o nome dela? – Draco parecia distante e esforçou-se por não se mostrar curioso.

- Lexie Melanie. Eu e o John não nos decidíamos, eu queria Lexie… mas ele teimava que tinha de ser Melanie. Acabou por ficar Lexie Melanie.

Draco não sorriu. Ainda estava em estado de choque por ter acabado de descobrir que tinha uma irmã.

- A Lexie insiste com o pai para me conhecer. Mas eu não quero… não quero estar presente na vida dela. – disse Narcisa, abanando levemente os ombros.

Narcisa queria estar presente na vida da Lexie, Draco sabia perfeitamente disso. Por momentos deu por si a pensar que não era justo… a irmã não ter tido uma figura maternal, tal como ele teve.

- Draco… há dias eu recebi uma carta. Eu tinha dito ao John para só me enviar cartas caso fosse mesmo urgente. – Narcisa procurava na bolsa o envelope já um pouco amarrotado. Quando o encontrou, passou-o a Draco com as mãos trémulas.

"Querida Cissy,

Espero que não me tenhas enganado quanto ao teu endereço.

Eu sei que já passaram onze anos e que tu me disseste quando partiste que só te poderia escrever caso fosse realmente importante. Acredita, isto trata-se de uma urgência.

É sobre a Mel. Há dias que tenho reparado que ela tem comportamentos estranhos. Não sou o único a reparar, porque também tenho recebido alertas da escola.

Não te quero assustar, mas a Mel ultimamente isola-se muito por achar que é anormal. Sou eu quem começa a ficar assustado com estes comportamentos. Apesar de ela não te ter a ti presente, tem-me sempre a mim. Mas acho que afinal não consigo desempenhar os dois papéis.

Com esta carta queria pedir-te, Cissy, urgentemente que passasses cá. Como eu sei que não a queres ver, amanhã depois da escola vou levá-la a casa da avó para tu poderes vir falar comigo. Espero-te às 18h em ponto.

John Alinson.

- A Mel… quero dizer, a Lexie é…

- Feiticeira. – completou Narcisa, voltando a cair num choro desesperante.

Draco ficou perplexo, numa espécie de transe, mas logo se inclinou na cadeira para abraçar a mãe. Não poderia lhe faltar agora, ela precisava dele. Tinha-lhe contado o seu segredo mais profundo. O que quer que ela lhe pedisse, ele faria.

- Oh, Draco… o que é que eu vou fazer?

- Ela tem de aprender a controlar a magia, mãe.

- Já recebeu a carta de Hogwarts.

Flashback on

Narcisa chegou à hora combinada à casa de azulejo velho. Ficou breves segundos a fitar a porta. Aquela carta dizia o que ela queria esconder de John e de Lexie. Narcisa nunca tinha contado a John que era feiticeira.

- Vieste, Cissy. – disse John com a voz arrastada.

A preocupação delineava-lhe o rosto mais envelhecido. Contudo, Narcisa não pôde deixar de reparar que mesmo com as rugas ao redor dos olhos e o ar extremamente exausto, John continuava um homem bonito.

- Vais-me convidar a entrar? – perguntou Narcisa, incomodada com o olhar de John preso em si.

John abriu a porta e fez-lhe sinal para que ela se sentasse. A casa estava ligeiramente modificada. Nas paredes estavam colados desenhos a lápis de cera, todos eles assinados pela menina.

Narcisa girou o pescoço para as escadas que levavam ao segundo andar ao ouvir um barulho.

- Não te preocupes, a Mel não está em casa. Deve ser apenas o cão dela. – disse com um sorriso.

- John, antes de começares a falar da Lexie… - disse, hesitando ao dizer o nome da filha. – Quero dizer-te que esses comportamentos são normais. Ela herdou uma coisa de mim, algo que não poderá renegar.

O ar confuso de John fez Narcisa suspirar pesadamente.

- Eu sou feiticeira, John. E a probabilidade da tua filha ser feiticeira era tão grande como não ser, uma vez que tu não és.

- És… o quê? – John estava pálido. Mas deixou escapar uma gargalhada assustada.

- Por isso é que nós nunca iríamos funcionar juntos. E se o meu marido descobrisse? Poderia perfeitamente te matar! Por isso é que me afastei de ti. Compreendes agora? – Narcisa parecia implorar que John a entendesse e a perdoasse.

- Mas… não pode ser… como é que eu vou dizer isso à minha menina? Oh meu Deus, ela julga que é anormal e diferente de todos os meninos da idade dela, mas dizer-lhe que é bruxa? Como é que se diz isso a uma criança de onze anos? – as palavras fluíam-lhe pela boca numa voz rouca e descrente.

- Em breve ela vai receber uma carta de Hogwarts, uma escola de feitiçaria. John… eu aconselho-te a deixá-la ir para lá estudar.

- Isso funciona como?

- Ela fica lá o ano inteiro, vem só no Natal e nas férias de Verão. De resto vive lá com as outras crianças e com professores capazes de lhe ensinar a controlar a magia.

- E se eu não quiser que ela vá, Narcisa? Eu não quero ficar sem ela! – John era muito apegado à menina. E Narcisa sentiu uma pontada de ciúmes da sua própria filha. Afastou rapidamente esse pensamento para encará-lo.

- John… se ela não aprender a controlar a magia, ela poderá fazer coisas muito más acontecerem. Poderá matar pessoas, entendes? – Narcisa tentou ser paciente.

- Não… como queres que entenda uma coisa dessas, Narcisa? – a voz de John saiu abafada pela fúria. – Eu nunca acreditei nestas coisas!

- Eu… eu vou falar com o meu filho… ele estuda em Hogwarts no sexto ano. Vou pedir que ele… tome conta dela. – Narcisa não se apercebeu bem do que lhe estava a dizer, apenas queria acalmá-lo. Esse era o verdadeiro objectivo dela.

- Promete que ela vai ficar bem. – pediu quase desesperadamente.

- Eu prometo. – Narcisa estava a fazer uma promessa que não sabia se poderia cumprir.

- Agora consigo entender… como é que os copos se partiam quando ela estava chateada. Às vezes fazia as luzes se apagarem… as cortinas abanarem como se estivesse vento, mesmo com as janelas fechadas.

- Sim, John. Tem a ver com o temperamento dela que é diferente do teu. Igual ao meu. – disse, suspirando por fim. – Desculpa-me, mas eu vou ter de ir. Tens de prepará-la, o ano lectivo começa a 1 de Setembro. Mando-te uma carta brevemente a combinar.

John acenou com a cabeça e viu Narcisa partir.

Flashback off

- O que precisas que eu faça?

- Draco, tens de proteger a tua irmã. Eu tenho medo… que lhe façam mal. Se o Lucius descobre vai querer matá-la a ela e a mim. Tens de protegê-la, filho, por favor.

O tom suplicante usado por Narcisa, fez Draco arrepiar-se ao perceber que a situação era grave. Lucius jamais perdoaria se descobrisse. Mas como evitar que isso acontecesse quando Draco tinha de protegê-la em Hogwarts? Ninguém poderia saber que ela era sua irmã ou então brevemente seria a notícia da primeira página do Profeta Diário.

- Como vamos fazer?

- Eu já comprei o material que ela precisa. Só preciso que dia 31 de Julho vás ter com ela a uma morada que te vou dar. Vais buscá-la a um jardim, o John vai levá-la e tu passas a noite com ela num hotel. Sabes partir para a estação King's Cross, Draco?

- Sim, mãe. Não te preocupes.

Draco queria dizer que não. Queria gritar que não faria nada disso, não queria ser ama-seca de uma menina de onze anos. Mas como negar isso à pessoa que faria qualquer coisa por ele? Como recusar quando era Narcisa que lhe pedia com olhar suplicante? Teria de fazer isto pela mãe, embora soubesse que quando Lucius descobrisse estaria metido em problemas. Seria desonrado certamente. Mas ele faria isso… correria o risco de virar um Malfoy deserdado.

- Obrigada, filho. Nem sei como te agradecer. – disse, enlaçando-o num abraço que fez Draco sentir os pêlos dos braços arrepiados.

Logo correspondeu ao abraço, perdido em pensamentos. Um ano difícil avizinhava-se.

x.x.x

Draco chegou ao ponto de encontro cinco minutos antes da hora combinada. Teria que conhecer o homem com quem a sua mãe tinha traído o seu pai. Embora lhe custasse admitir, Draco amava mais a mãe do que aquilo que amava o pai. Contudo, ele sabia perfeitamente que se assemelhava em termos de personalidade mais com o seu pai.

Rapidamente viu uma menina de longos cabelos loiros lisos. Dava a mão ao pai e parecia extremamente nervosa. Não era muito alta para os onze anos que tinha e era magra. Tinha um vestido de roda vermelho até aos joelhos e calçava umas sabrinas pretas. A roupa que vestia era tipicamente muggle. O que contrastava com Draco que exibia roupas escuras e mais clássicas.

Draco admirou a beleza da irmã quando ela chegou mais perto. Logo se passou na mente que ela era muito parecida com ele. O nariz fino, mas perfeitamente desenhado; o cabelo exageradamente loiro e embora ele não lhe tivesse tocado sabia que o seu toque era como seda e os olhos do mesmo tom que variava entre o cinza e o azul.

- Suponho que sejas o Draco. – disse John, esboçando o seu melhor sorriso.

- Correcto. – afirmou, devolvendo a mão para um cumprimento.

Lexie parecia examinar o irmão mais velho, registando cada traço. Os olhos semi-cerrados e um sorriso tímido nos lábios.

- Parece que estou entregue. – disse a menina, esforçando-se para sorrir para Draco que não retribuiu o sorriso. – Pai, vejo-te em breve. Toma conta do Azkar, por favor. – pediu e Draco não pôde deixar de notar que a menina tinha uma fala muito bem articulada.

- Não te preocupes, Mel. Nós vamos sentir saudades, querida. – disse John, abraçando a pequena.

Draco sentiu-se desenquadrado e por isso desviou o olhar para um casal de namorados que passava ao seu lado direito.

- Prometes-me que a proteges? – os olhos de John estavam marejados de lágrimas, mas Draco manteve-se firme. Não ia ser com aquele homem aquilo que não era com o seu pai.

- Tudo o que tinha de prometer já o fiz à minha mãe.

John não desviou o olhar de Draco e fez um sorriso triste. Compreendia toda a frieza de Draco para com ele. Mas desejava interiormente que ele tratasse bem da sua menina.

- Pai, eu sei cuidar de mim. Não precisas de te preocupar. – disse a menina, sorrindo rasgadamente.

John sorriu e viu Draco e Lexie desaparecerem por entre o caminho afilado de árvores. Draco sabia que tinha de procurar um hotel muggle para que se pudessem instalar. Percorreram o caminho em silêncio… um silêncio aterrador para a menina que estava habituada a falar muito. Draco tentava imaginar como é que a irmã se sentia na sua presença.

- Estou cansada. – disse, quebrando o silêncio.

- Devemos de estar a chegar. – Draco esforçou-se para responder, secamente.

- Draco! – exclamou Lexie que fez com que Draco parasse de andar para a encarar.

- O que foi? – Draco perguntou rudemente.

- Eu não aguento mais. Podemos ficar ali? – perguntou, apontando para um hotel do outro lado do passeio. Era pequeno demais para Draco. Mas acabou por consentir com um revirar de olhos.

- Tudo bem. Podemos ficar aí.

Quando entraram para a recepção do hotel foram recebidos por uma senhora de meia-idade que lhes sorriam abertamente.

- Queria dois quartos, por favor.

- Dois? – perguntou, admirada, Lexie.

Draco fitou-a, perplexo.

- Não estás à espera que eu durma contigo, pois não, Lexie?

- Lexie? – perguntou com um sorriso no rosto.

Draco revirou os olhos em resposta.

- Não é o teu nome?

A senhora da recepção olhava para os dois com alguma admiração. Eram irmãos, mas parecia que se conheciam há menos uma hora. Ignorou esse pensamento e chamou-os à atenção.

- Meninos, vai ser um ou dois quartos?

- Um.

- Dois.

Os dois falaram em uníssono, o que fez a recepcionista sorrir.

- Eu não vou dormir sozinha. Nunca dormi fora de casa, por isso… desculpa mas vais ter de levar comigo. – disse Lexie, falando tão rapidamente que só Draco tinha percebido tudo. Estava de braços cruzados e com o nariz empinado.

- Que seja… um quarto, por favor. – disse friamente Draco.

Mal podia acreditar que uma miúda de onze anos acabara de tomar as decisões por ele. Estava a ser pior do que aquilo que ele pensava, Lexie era uma menina de comando e isso irritava-o. A senhora deu-lhes uma chave e indicou-lhes o quarto.

Subiram no elevador, novamente mergulhados no silêncio. Os olhos cinzentos de Lexie fixavam Draco, tentando perceber por que diabos é que ele a odiava se ainda agora se tinham conhecido. Ela tinha imaginado um irmão quando soube que tinha um. Um irmão carinhoso e preocupado, alguém que fosse capaz de a proteger de tudo, mas logo na primeira noite ele tentava descartar-se dela. Como é que ele podia pensar que ela iria dormir sozinha? Tinha onze anos! Abanou a cabeça, desconcertada com os seus pensamentos. Draco fitava-a, um pouco confuso. Conhecia Lexie há tão pouco tempo e já achava que ela tinha uma forte personalidade.

O quarto tinha duas camas e Lexie rapidamente se dirigiu para uma delas. Tirou da mala que trouxera de arrasto, sem qualquer tipo de ajuda de Draco, um pijama de ursinhos e foi vesti-lo para a casa de banho.

- Lexie! Vais demorar? Eu preciso de ir à casa de banho. – gritou Draco do lado de fora.

- Eu já vou.

Cinco minutos depois, Lexie saiu da casa de banho com o pijama vestido. Draco lançou-lhe um olhar furioso.

- Eu já sabia que ia ser uma péssima ideia dividir o quarto… - resmungou, batendo com a porta.

Lexie suspirou tristemente. Draco parecia odiá-la. Deitou-se na cama e tentou adormecer. Quando Draco se foi deitar, meia hora depois, Lexie ainda estava acordada. Ouviu Draco suspirar pesadamente e sentiu que estava a ser um peso nas costas do irmão, sentiu-se completamente como um estorvo.

As meninas na escola ignoravam a presença de Lexie, por acharem que ela era diferente, uma anormal. Quando soube que iria para Hogwarts, estudar magia, onde as outras crianças eram iguais a ela, pensou que tudo iria mudar. Não a olhariam como se ela tivesse uma deficiência. Mas Draco fazia com que ela acabasse de acreditar que afinal tudo seria igual. E se assim fosse, mais valia ter ficado com o pai em casa.

- Draco? – pela voz da menina Draco concluiu que ela estava nervosa.

- O que foi? – perguntou, reprimindo um suspiro.

- Como é que ela é? – após a pergunta ter sido formulada, Lexie sentiu um nó na garganta.

Mas era uma pergunta que ela queria fazer há muito tempo. Uma pergunta que o pai se recusava a responder.

- Como? – Draco perguntou com a voz afectada pelo sono.

- Como é que ela é? A mãe…

Lexie susteve a respiração, aguardando a resposta de Draco. Contudo, rapidamente a desprendeu, pois percebeu que Draco também não lhe responderia.


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Sara Mendes (nikax-granger)