Disclaimer: Saint Seiya e todos os seus personagens pertencem ao tio Kururu e a TOEI. Infelizmente não pertencem a minha pessoa, pois dessa maneira eu estaria podre de rica.
Resumo: A maior preocupação de um homem honrado deve ser sua família. A Máfia é, acima de tudo, uma família. Uma família com um código de honra próprio. Se o código for quebrado, não á outra pena senão a morte.
Avisos: Universe Alternative Fic com conteúdo Yaoi/Lemon Kamus/Milo, Máscara da Morte/Afrodite e Não-Yaoi Aiolia/Marin, Shura/Pandora . Se não agrada, por favor, feche a janelinha.
Avisos II: Fic com conteúdo meio violento. Se não agrada, já sabe o que fazer ;3
Avisos III: Boa leitura ;º
Máfia do Santuário
Capitulo 1
A sala era, no mínimo, um lugar desagradável de tão pequena e escura. Os móveis eram poucos, apenas o considerado necessário para sala com a finalidade que aquela tinha. Uma mesa metálica simples e quadrada ao centro; duas cadeiras do mesmo material fosco e uma lâmpada miserável que iluminava, mesmo que bem pouco, aquele ambiente.
Uma simples, porém eficiente, sala de interrogatório.
- Muito bem. – Disse um dos homens presentes no cômodo. Tinha um sotaque italiano indescritível, carregado e um pouco (mesmo que ligeiramente) rude. Com movimentos rápidos, tirou um cigarro de dentro do casaco negro que vestia, e o acendeu com o isqueiro dourado que até então abria e fechava displicentemente. Parecia impaciente. – Pode começar a falar, pirralho.
O garoto oriental, de cabelos castanhos curtos e revoltos, sentado do outro lado da mesa, estremeceu ao ouvir as palavras do italiano a sua frente. Não parecia nada a vontade ali, e constantemente lançava olhares desesperados para a porta fechada a sua direita. Suava e mexia as mãos com nervosismo.
- E-eu já disse! – Gaguejou o garoto, limpando o suor da testa com as costas da mão. – Eu não sei de nada, Máscara!
Máscara da Morte era a alcunha e a reputação do homem a sua frente. Obviamente, não nascera com tão macabro nome, no entanto, a tempo abandonara o verdadeiro. Máscara da Morte definia como ninguém o que aquele homem era, e o que fazia.
Diziam as más línguas que ele mesmo esquecera a verdadeira identidade. Boato infundado, como a maioria. Guardava o seu nome real para si só, e jurara que nunca o diria para mais ninguém.
Embora bonito e jovem, Máscara não possuía o tipo de olhar mais agradável que alguém poderia ter. Pelo contrário. Seus olhos azuis marinho faiscavam de maneira ameaçadora. E carregava consigo um constante sorriso cínico.
E não parecia acreditar no que o garoto falava.
Tragou o cigarro e deu uma baforada, fazendo o oriental tossir. Encostou-se displicentemente na cadeira e pôs-se a olhar o garoto nos olhos. Os próprios, faiscando furiosamente.
- Alguém nos dedou, Seiya. – Disse, naquele tom de quem explica algo a uma criança de cinco anos. – Tem noção de quanto foi difícil abafar tudo o que poderia ter caído na boca da imprensa a respeito da Santuário?
Uma terceira pessoa na sala suspirou, impaciente. Porém, nada disse.
Seiya, o garoto interrogado, começou a tremer.
- Eu sei disso, e-eu sei! – Disse, em meio a soluços. – Mas eu só fiquei sabendo disso ontem! J-juro!
- Não diga bobagens! – Por fim o terceiro na saleta falou, interrompendo o que Máscara da Morte tinha a intenção de começar a falar. – Mentira! Eu tenho fontes que dizem que um garotinho japonês com nome de Seiya, abriu a boca pra algum jornalistazinho qualquer, em troca de algum dinheiro. Quem poderia ter feito isso a não ser você, moleque?
Seiya estremeceu e encolheu-se na cadeira. A presença daquele que acabara de falar parecia perturba-lo ainda mais que o italiano ameaçador, e não era para menos. Tal criatura, tão estupidamente bela e tão intrigantemente andrógina passaria com extrema facilidade como mulher, se não fosse o tom grave de voz.
Tinha longos cabelos louro-platinados, olhos absurdamente azuis e um rosto perfeitamente simétrico, alvo e delicado. Vestia-se de maneira que parecia que queria acentuar ainda mais sua própria androginia, com um longo sobretudo branco sobre uma camiseta da mesma cor.
Embora com a aparência tão feminina e aparentemente frágil, aquele homem conseguir meter mais medo que o próprio Mascara da Morte.
- A-h-h... A-Afrodite... – Seiya falou, evitando o olhar daquele rapaz que se aproximava com passos lentos. – T-tem tanta gente que n-não gosta de m-mim.. t-talvez tenham te dito só pra me ferrar!
Afrodite virou os olhos e deixou escapar uma exclamação sarcástica. Tirou o cigarro dentre os dedos de Máscara (que por sua vez, não conseguia tirar os olhos do loiro) e deu uma tragada rápida. Devolveu o objeto a Mascara e apoiou-se na superfície lisa da mesa, ao lado de ambos.
- Pff. De fato, entenderia muito bem se alguém quisesse te ferrar. Criaturinha mais irritante e intragável como você, não há. – Falou, com os olhos fixos em Seiya. – Mas, acredite, rapazinho... minhas fontes são bem confiáveis.
- E-eu j-juro..!
Afrodite exclamou algo, impaciente. Máscara lhe lançou a um olhar de entendimento . Apoiou as mãos na mesa e tornou a falar:
- A mafia é uma família. Você sabe disso, não sabe? - Mascara da Morte disse, ainda com as mãos apoiadas sobre a superfície metálica e gelada da mesinha que o separava do rapaz.
- É-é.. é obvio que eu sei, M-mas-c...
- E família... - Interrompeu o italiano, fingindo não ter ouvido as lamurias do garoto. - É o bem mais precioso para um homem honrado. Você tem que colaborar com a sua família pra ela colaborar com você também...
- Eu s-sei!
- Então... - Desapoiou-se da mesa e puxou o rapaz pela gola da camiseta num gesto brusco. O cigarro ainda entre os dedos. - Desembuxa-logo, cacete!
- Não posso falar! – Seiya deixou escapar, debatendo-se e tentando afastar as mãos que o segurava pela camiseta.
- Ah, cansei, Máscara. – Afrodite bufou, virando os olhos. Deu dois passos e encostou de maneira nada delicada na cabeça de Seiya a arma que até então jazia quieta dentro do sobretudo claro que usava. – Seiya, fala agora ou eu juro que estouro teus miolos aqui mesmo!
Seiya parou de se debater, no entanto, tentava, sem sucesso, esquivar-se a ponta fria da arma que Afrodite pressionava em sua cabeça. Com os olhos cerrados por puro medo, o garoto acabou dando-se por vencido:
- Eu falei porque me mandaram falar!
Tanto Máscara quanto Afrodite não puderam evitar de arregalar os olhos. O loiro acabou baixando a arma, mesmo que com o dedo ainda no gatilho.
- Como assim? – Máscara perguntou, inclinando-se ainda mais para cima da mesa. – Quem mandou você fazer isso?
- Me ligaram! Falaram que se eu desse alguma informação para aquele jornalista, eles me ajudariam a achar minha irmã!
- Puta merda, Seiya! – Máscara esmurrou a mesa, fazendo-a tremer. – Como se a Santuário não ajudasse com isso, cacete!
- E nem deveria ajudar! – Afrodite disse, guardando a arma no bolso interno do sobretudo. – Quem mandou você fazer isso?
- Não sei! Ligaram pro meu telefone, mas não me falaram quem era! – Disse, respirando de maneira descompassada e ofegante. – Juro que n-não sei!
Máscara levantou da cadeira e afundou o rosto entre as mãos. Murmurou algo que nem Seiya nem Afrodite puderam escutar e passou as mãos pelo cabelo, arrepiando-o ainda mais. Afrodite fez menção de ir até ele mas não o fez.
- Era homem ou mulher, Seiya?- Afrodite perguntou, com os olhos parados no italiano.
- Não sei... mas a voz parecia de homem!
- E o que mais ele falou?
- Não muita coisa... só disse que era pra mim falar, e não contar pra ninguém sobre o telefonema.
O loiro cruzou um dos braços e apoiou a mão no queixo com o outro, pensativo.
- Hm. Se o cara mandou falar, quer dizer que ele já sabia de alguma coisa. Porque ele próprio não disse, ao invés de induzir o idiota a fazer isso? – Indagou, mais falando para ele mesmo do que para os outros. - Mask?
- Não sei. Talvez a pessoa não quisesse estar metida diretamente, por precaução, e acabou resolvendo usar alguém facilmente influenciável, como o imbecil ai. – E apontou com a cabeça em direção ao japonês que levantava-se discretamente da cadeira. – Quem mandou você levantar?
- Deixa ele ir, Mask. – Afrodite disse, antes que Seiya pudesse encolher-se na cadeira da saleta novamente. – Ele não tem mais nada a dizer.
Máscara olhou para Afrodite, receoso. O loiro, sem dizer palavra alguma, apenas acenou com a cabeça. O italiano retribuiu o gesto e abriu a porta da sala. Seiya saiu dali o mais rápido que conseguiu.
Sozinhos no cômodo, Afrodite pode finalmente deixar transparecer a procuração que carregava consigo, e buscou em Máscara algum consolo.
- Mask, eu tenho um pressentimento ruim que quem mandou fazer isso é da Santuário. – Disse, deixando o moreno acariciar-lhe sem jeito a nuca.
- E eu tenho certeza... – Falou, com os dedos entre os fios loiros de Afrodite, enquanto olhava para a porta que fechava com o vento encanado do outro cômodo que abrigava a saleta. – Certeza...
Afrodite aninhou-se no peito de Máscara, que por sua vez abraçou o loiro com um carinho que demonstrava com ele e só para ele. Continuaram algum tempo ali até um maldito celular tocar.
Máscara caçou o celular no bolso, afastando Afrodite. Atendeu-o e trocou palavras rápidas com a pessoa do outro lado da linha. Quando desligou, falou antes que Afrodite pudesse perguntar qualquer coisa:
- Era a Pandora. Ela conseguiu as informações com o Radamanthys.
x.x.x.x.x
Já era noite, e o vento forte balançava a persiana da janela.
Os passos calmos de Shura mostravam se havia algo que ele não tinha, era pressa. Usava calças escuras e um casaco marrom que lhe descia até os joelhos. Numa das mãos segurava uma longa e afiada espada, com uma curvatura ínfima mas ainda sim perceptível. No punho da espada, esverdeada e brilhante, podia-se ler entre a mão firme que a segurava, e cuidadosamente talhada, a palavra Excalibur. Na outra mão, segurava a bainha da mesma, no mesmo tom negro esverdeado.
Um cigarro no canto da boca, a fumaça quase impossível de se sentir por culpa do mesmo vento que batia nas cortinas e nos cabelos pretos de Shura.
Seus olhos vidrados num único ponto, no fim do elegante corredor em que com tanta calma caminhava. Uma única pessoa, deitada numa sinuosa cama de casal o ultimo cômodo daquela casa.
Segurou com mais força a bainha da espada e deu uma ultima tragada na bituca de cigarro. Cuspiu-a no chão, continuando com a caminhada.
Gostava daquilo. Não que sua consciência não pesasse ao ver ao ver a lamina ensangüentada da Excalibur. Pesava sim, mesmo que por poucos segundos. O suficiente para faze-lo ter plena consciência que aquilo que chamava de trabalho era assassinato. Mas o peso sumia com a brisa, logo depois. Sempre sumia.
Por fim na porta do quarto, Shura parou. A pessoa, a vitima, jazia deitada, dormindo, com a respiração pesada e hipnotizante. Não demoraria para que ela percebesse a presença dele ali
Um, dois, três.
Um passo propositadamente mais pesado. O suficiente para causar um baque no chão e acordar a vitima adormecida, que, num pulo, levantou-se dos lençóis, com o cobertor protegendo a parte de cima do tronco. Era uma mulher, de longos cabelos cor de lavanda e olhos puxados (denotando a clara descendência oriental) da mesma cor. A acharia atraente se não soubesse o destino certo que ela teria em suas mãos, aquela noite mesmo.
- Quem é você? O que faz aqui? – Perguntou ela, com a voz tremula, cobrindo os seios com o cobertor e afastando-se o máximo que podia de Shura. – Eu vou chamar a policia!
Sempre do mesmo jeito.
- Cavaleiro das armas escuras, onde vais pelas trevas impuras, com a espada sangüenta na mão? (1)– Declamou, num ritmo de cavalgada, com um acentuado sotaque espanhol. A mulher o olhava num misto de medo e curiosidade em entender as palavras ditas por Shura. - Por que brilham teus olhos ardentes, e gemidos nos lábios frementes, vertem fogo do teu coração?
- Quem é você? Não se aproxime! – Tornou a falar a moça, tentando manter um tom rude, talvez fosse até uma tentativa de soar ameaçadora. Não conseguia, sua voz mostrava medo em insegurança. Esquivava-se para trás, ainda preocupada em cobrir-se, e tropeçando na pressa, no tecido branco das cobertas. No entanto, Shura ficava a cada longa passada, mais perto.
- Onde vais pelas trevas impuras, cavaleiro das armas escuras, macilento qual morto na tumba? – continuou a declamar, com a voz arrastada, no mesmo ritmo de cavalgada. - Tu escutas. Na longa montanha, u m tropel teu galope acompanha? E um clamor de vingança retumba?
- Quem é você, seu maluco? Que diabos você está falando, seu.. !!!
- Cavaleiro, quem és? – Tornou, parando aonde estava, numa pouquíssima distancia entre ele mesmo e a mulher, que, já encurralada na parede, não sabia para onde ir. Com a ponta afiada da espada, encostou o queixo alvo da mulher de cabelos lavanda, a obrigando a levantar o rosto. - Que mistério. Quem te força da morte no império, pela noite assombrada a vagar?
- Tira isso de mim! – A moça gritou, virando a cabeça para o lado, com os olhos cerrados e as mãos tremulas. A ponta da espaça fez um corte fino na pele branca de seu rosto, e um filete vermelho vivo de sangue escorreu. – Quem é você?!! O que faz aqui?!
Por fim afastou a espada. A mulher pousou a mão no peito, respirando descompassadamente. Shura não deixou escapar um sorriso.
- Quem sou eu?
A moça acenou positivamente com a cabeça. Tremia.
- Eu sou o sonho da tua esperança. Tua febre que nunca descansa...
Um ruído surdo cortou o ar. Mais uma cabeça rolara pelo chão e mais uma vez a Excalibur sujara-se com sangue.
- O delírio que te há de matar...
Mais uma.
Virou as costas e saiu daquele lugar com a mesma falta de pressa anterior.
Quando já estava a quilômetros do lugar onde jazia a vitima morta, Shura ligou o celular e discou o numero de Saga Gemini.
x.x.x.x.x
Ás, Rei, Dama, Valete, Dez.
Copas.
Royal Straight Flush.
Saga Gemini sorriu ao olhar para o jogo que segurava nas mãos.
Cinco cartas do mesmo naipe, em seqüência. O mais alto dos Straight Flush e a jogada mais cobiçada, difícil e valiosa do poquêr.
Não podia ser modesto quando o assunto era pôquer. Definitivamente, naquele jogo, ele era o melhor. Ou ao menos considerava-se o melhor, e todos faziam questão de concordar.
Levantou os olhos das cinco preciosas cartas do baralho, e olhou em volta. Era mais que uma simples questão de percepção, era lógico. O jogo estava ganho, e as fichinhas coloridas no centro da mesa chamavam pelo seu nome.
- Mesa. – Disse, sorvendo-se de um longo gole de vinho. Não podia deixar de sorrir, era impossível. Não se faz um Royal todo dia.
Os três outros homens a mesa olharam entre si.
Definitivamente o jogo estava ganho.
- Mesa. – Disse um rapaz de cabelos loiros lisos e compridos, pele morena e ar calmo. Shaka, era seu nome. – Mu?
O jogador ao seu lado, outro jovem rapaz de longos cabelos lisos, no entanto num tom que puxava para um intrigante tom de lavanda. Suspirou, virou os olhos e disse:
- Mesa.
O ultimo jogador, entre Saga e o homem chamado Mu, deu um muxoxo triste. Era alto, tinha cabelos pretos, pele morena e traços faciais marcantes. Sem duvidas o mais forte dos quatro presentes.
- Mesa. – Disse, acrescentando um palavrão mental na sentença. O jogo sequer tinha sido baixado mas sabia que boa grana já havia perdido. Sem chances.
- Mostra o jogo, Aldebaran. – Saga pediu, com um olhar cínico, para o ultimo que falara. Aldebaran suspirou e baixou, sem nenhuma vontade, as cartas na mesa.
- Three of a kind. – Mu exclamou, com um certo entusiasmo na voz, ao observar três cartas iguais e duas diferentes no jogo baixado do moreno.
- Mal, ein? – Saga falou, dando uma gargalhada. – Sua vez, Mu.
- Full House. – Disse, ligeiramente animado, pousando as cartas na mesa. Três iguais, duas iguais.
Sorriu para Mu, e dele para Shaka.
Shaka fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente. Com a mesma falta de entusiasmo de Aldebaran, baixou as cartas:
- Flush. – Disse, evitando olhar o próprio jogo na mesa. Cinco cartas do naipe de espadas, sem nenhuma seqüência. O jogo do loiro aumentou o entusiasmo de Mu, que até ali, tinha o melhor jogo. No entanto, o sorriso no seu rosto se apagou quando Saga virou os olhos, de forma ainda mais cínica.
- Senhores e senhores... – Disse, aprumando-se na cadeira, deixando a traça vazia a sua direita. Com uma lentidão proposital, colocou seu jogo, carta por carta, na mesa. – Apresento-lhes um legitimo Royal Straight Flush.
As cinco cartas na mesa pareciam sorrir para Saga.
E a resposta dos outros três jogadores já era esperada. Aldebaran deu um soco na mesa, com as sobrancelhas franzidas e aparentemente mais frustado por ter o pior jogo da mesa do que pelo fato que Saga havia ganho. Mu cruzou os braços e encostou na cadeira, emburrado, enquanto Shaka apoiou a cabeça entre as mãos, virando os olhos. Saga deu uma gargalhada enquanto puxava para si todas as fichinhas em cima da mesa.
- Merda. – Aldebaran exclamou, bufando. – Qual é, Saga. É sempre a mesma coisa. Perde a graça jogar com você.
- Ah, pra mim é divertido. – Saga cantarolou, empilhando em pilhas as fichas. – Muito divertido.
- Pra você, né. – O moreno resmungou, bebendo todo o vinho num gole só. – Não quero nem imaginar o quanto eu perdi essa noite.
- De fato, perdeu a graça. Cansei. – Shaka reclamou, empurrando para longe a taça de vinho que Aldebaran lhe oferecera. – Sem mais bebida hoje.
- Nem jogo. – Mu completou.
Saga apoiou os braços na mesa e observou os três a sua volta. Após alguns minutos de silencio quase absoluto, se não fosse pelo tilintar das taças e da garrafa de vinho, Saga por fim perguntou:
- E ai, outra partida?
Mu , Shaka e Aldebaran olharam-se. Trocaram um sorriso e os três ao mesmo tempo acenaram positivamente com a cabeça.
- Beleeeeza. Shaka, as cartas estão contigo agora... – Ao ouvir um som vibratório, Saga começou a procurar nos bolsos da calça social que vestia. – Esperem, celular.
Levantou-se e se afastou alguns metros da mesa, e, antes de atender, olhou o relógio que marcava 22:32 da noite.
Era Shura, que ligara simplesmente para falar: "Serviço feito", e desligar logo em seguida.
Odiava aquele gênio taciturno e o jeito misterioso e teatral em que falava, mas tinha que admitir que Shura fazia seu trabalho não só com uma classe absurda, mas com extrema descrição também, mesmo que seus meios fossem tão ou mais estranhos quanto ele mesmo.
Ele, Afrodite e Máscara da Morte faziam o chamado "trabalho sujo" da Máfia do Santuário como ninguém.
Fechou o celular e guardou-o no bolso novamente, e voltou para a mesa como se nada tivesse acontecido. Não esperava perguntas de nenhum dos seus parceiros de jogo, até porque os mesmos sabiam muito bem do que se tratava. E mesmo que tivesse uma enorme liberdade com Saga, aquele belo greco-italiano de personalidade dúbia era nada mais nada menos que o chefe total e absoluto da Santuário.
Sua palavra era lei e esperava todo o respeito de seus comparsas e subordinados.
x.x.x.x
A primeira coisa que Pandora Heinstein fez logo após abrir os olhos, foi levantar da cama com a máxima precaução possível, evitando a todo o custo fazer qualquer barulho ou movimento que pudesse acordar aquele que até então dormia em sua companhia.
Pé ante pé, catou as peças de roupas jogadas aleatoriamente no chão do quarto do hotel. Precisava urgentemente de um bom banho, mas ali não. Embora tivesse que confessar que achara o homem um tanto charmoso, tudo aquilo não passara de uma armação.
Todos os joguinhos, a conversa, a sedução, o sexo, tudo havia sido cuidadosamente calculado para conseguir arrancar valiosas informações para a Santuário. E foi certeiro chutar que Radamanthys era do tipo com tendências de capacho. Foi só Pandora insinuar uma coisa aqui e ali e... na-mosca. Tinha tudo o que precisava em suas mãos, e agora, só restava descartá-lo.
Vestiu-se e arrumou os cabelos como pode. Deu uma olhada rápida no espelho, o suficiente para chegar a conclusão que estava com uma aparência horrível. Definitivamente queria correr para o apartamento e tomar um bom banho. Não calçou os sapatos temendo que o barulho do salto o acordasse, então os segurou com a mão, e colocou a bolsa (que até então estava largada em cima da mesa de cabeceira) debaixo do braço.
Respirou aliviada ao catar as chaves do quarto. Serviço feito.
Mas antes de finalmente ir embora, não pode resistir. Caminhou até a cama onde Radamanthys dormia, com um lençol amarelado cobrindo-lhe as pernas. Pousou o dedo delicadamente nos lábios do rapaz e murmurou:
- Obrigado...
Colou os lábios no dele de leve, e se afastou.
Antes que Radamanthys sequer pensasse em acordar, Pandora já havia pego o carro e ido embora.
Enquanto dirigia, ligou para Máscara da Morte e avisou que tinha sido mais fácil que eles imaginavam que poderia ser.
x.x.x.x.x
Viagens de aviões nunca eram agradáveis.
Não para Camus.
Mas aquela em especial conseguia ser o cumulo do desagradável.
Porque não era só aquelas aeromoças irritantes, que vinham de cinco em cinco minutos perguntar se estava tudo "ok", ou o barulho insuportável das turbinas, ou a pressão que a altitude dava no ouvido. Não. Não era só isso. Conseguia ser ainda mais desagradável porque, Et voilà, por mais que não quisesse acabara justamente na poltrona entre Aiolia e Milo. Porque, sim, o avião era daquele péssimo tipo com fileira do meio.
Ou seja, nem ao menos no avião conseguiria ficar longe dos dois.
Intragável, intragável. Conheceram-se só no dia em que começaram a planejar o roubo, e aquilo fazia apenas mas duas semanas. Mas as duas semanas eram suficientes para chegar a conclusão que simplesmente odiava, detestava as discussões de Milo com Aiolia, ou as próprias discussões dele mesmo com Milo. Em especial as dele com Milo.
Não, quando o vira pela primeira vez, calado, tinha que admitir, o achara encantador. Lindo. Alto, com cabelos loiros compridos e ondulados, com um adorável sorriso meio tortinho. Jurava que as coisas poderiam dar bem mais certo que de fato estavam dando. Bem mais certo.
Mas o jeito caxias do grego já estava levando ele e Aiolia a loucura. Em especial no fatidico dia do roubo do quadro. Tão preocupado em executar cada passo do roubo exatamente como haviam planejado, acabara fazendo eles serem quase, quase, pegos. Mesmo que tivesse repetido milhões de vezes que improvisação as vezes é mais que necessária.
Mas não. Milo tinha que ter começado a discutir com Aiolia. No meio da Capela Cistina, em meio a um roubo
De fato, outra coisa que devia admitir é que por alguma razão as brigas dos dois o incomodavam demais. Principalmente as brigas que não levam os dois a socos, por alguma razão. O jeito que Milo se importava era... insuportável.
Incomodava, lhe dava nos nervos.
Camus olhou de relance para Milo sentado a sua direita. O loiro, com fone de ouvido, olhos fechados, completamente compenetrado na sabe-se-lá que musica ouvia. Voltou a olhar fixamente para a poltrona da frente, já que por alguma razão, que também desconhecia, olhar para ele era desconcertante. Para Camus, não para Milo. Sempre acaba se distraindo e observando demais.
Virou para a esquerda, dando de cara com um Aiolia num sono pesado. Invejava ele, já que não conseguia de jeito nenhum relaxar e dormir num avião. Nem ler, nem ouvir musica, nem dormir, nem nada. Dependendo da vez, nem comer, já que repudiava a comida sem sal do avião, e simplesmente detestava amendoins, comida padrão de aviões.
Voltou a sentar ereto, contemplando o nada adorável nada. Podia dizer até quantos micro risquinhos haviam no encosto da poltrona da frente porque já ficava olhando-a a tempos.
- Senhor, gostaria de alguma coisa? – Ouviu a voz fina da aeromoça que a quinze minutos atrás viera perguntar a mesma coisa. Já preparara-se mentalmente para dar uma resposta bem arredia quando percebeu que a moça não perguntava a ele, e sim a Milo, que, completamente absorto com sua musica, sequer percebera. – Senhor?
Milo abaixou os fones de ouvido e sorriu para a aeromoça. Camus bufou.
- Amendoins e água. – Respondeu, de modo gentil. Camus cruzou os braços e franziu as sobrancelhas.
- Com gás?
Milo acenou positivamente com a cabeça e a aeromoça sorriu de um jeito nada profissional.
Camus esquecera que outra coisa que detestava era água com gás.
- Já venho trazer, senhor.
- Não me chame de senhor, por favor... – Milo disse, voltando a colocar o fone no ouvido. – Me chame de Milo.
Quando ela saíra de cena, numa corridinha que Camus considerara patética, Milo disse, já novamente com os olhos fechados e batucando com os dedos:
- Não precisa ficar tão nervoso com isso.
- O que? – Camus perguntou, com uma careta, ainda com os braços cruzados. Não que não tivesse escutado. Escutara muito bem.
- Tem algum fone de ouvido invisível ai com você? – Milo tornou, num tom divertido. Olhava com o canto do olho para Camus, com um sorriso prá lá de maroto nos lábios. – Não precisa ficar nerv..
- Eu escutei o que você falou, não sou surdo. – Interrompeu, evitando cruzar o olhar com o loiro. – E eu não fiquei nervoso.
- Oh, sim. – Milo riu, enquanto a aeromoça (que viera, parecia, na velocidade da luz, com o que Milo pedira.) o servia. – E eu sou a Madonna, né.
A esquerda de Camus, Aiolia exclamou algo de um jeito sarcástico. Algo que lembrava muito bem um "até que parece.". O suficiente para o sorrizinho maroto de Milo se apagar de seu rosto e ser substituído com uma expressão nada amigável.
- Repete, seu babaca. – Rosnou, entre dentes.
"Mon dieu." Camus pensou, sacudindo a cabeça negativamente. Nem a uma poltrona de distancia os dois paravam. Talvez, não duvidava, nem a metros, parariam. Irritante.
- Não sou papagaio. – Aiolia replicou, batendo com os all's stars que calçava no chão.
- Re-pe-te. – Milo ordenou, curvando-se sobre Camus, para seu desespero.
- Olha, que inteligeeeente, ele sabe separar as silabas. – Aiolia cantarolou.
- Ora, seu...
Camus bateu nos apoiadores de braço da poltrona com força. Com força o suficiente para chamar a atenção dos dois crianções que brigavam. Aiolia e Milo (quase totalmente inclinado sobre ele) o olharam curiosos. Não parecia feliz.
-Chega! – Falou, num tom que chamou a atenção de outros passageiros. – To de saco cheio de vocês! Nem ao menos aqui vocês não poderiam parar de se alfinetar?
Aiolia encostou novamente na poltrona e Milo fez o mesmo, com os braços cruzados e um beicinho digno de criança birrenta.
- Só paro porque você pediu. – Disse, tomando um longo gole da água com gás. – Porque se...
- Che-ga. – Disse, calando Milo.
Mas não por muito tempo. Porque Camus tinha plena certeza que aquela viagem toda até Londres, para vender o quadro recém roubado a algum colecionador fanático, não seria nada calma ou fácil.
Principalmente para ele.
x.x.x.x.x
(1) - Meu sonho, poema de Alvarez de Azevedo
Nota da Autora: TA-DÁÁÁ! Depois de muito tempo tentando colocar essa fic em pratica, cá estou. Confesso que vai ser difícil manter 3 fics grandes (sim, essa vai ser ;D), mas eu não resisto. Essa ideía implorava pra ser colocada em prática a tempos.
O clima é meio baseado em Snatch, porcos e diamantes, uma aventura/ação meio bizarra com bastante comédia e matança. A principio esse capitulo começou meio darkzinho, mas vai tomar rumos mais aventurescos apartir do proximo.
Obrigada a todo mundo que tava esperando essa fic (porque eu enrolei pacaraio, Lamari e Phil sabem XD), e obrigado a quem tomou um tempo pra ler. Aproveitem e tomem um tempo pra comentarm, porque eu só continuo com ela se o numero de comentarios eu considerar satisfatorio (evil).
Anyways, that's it. Reviews e Reviews x3
