Título: Tudo o que ele quer é.

Autora: Miss Dartmoor

Sinopse: Sam está com um problema sério, muito sério. Ele não poderia estar apaixonado pelo próprio irmão, poderia? Poderia. Mas será que é recíproco? E pra piorar tudo, surge uma garota e ela parece disposta a conquistar Dean.

Shipper: Sam e Dean Winchester – A fanfic contém Slash e Incesto, ou seja, dois homens, no caso irmãos, se pegando ou pretendendo se pegar. Não gosta? É bem simples: Não leia.

Capa: http(dois pontos)(barra)(barra)i241(ponto)photobucket(ponto)com(barra)albums(barra)ff20(barra)Lemooni(barra)Tudooqueelequer(barra)jpg

Disclaimer: Supernatural, Sam e Dean não me pertencem, tá legal? Mundo injusto! ¬¬'

Observação: Essa é minha primeira fanfic de Supernatural e meu primeiro Slash, então sejam pessoas adoráveis e dêem um desconto pra mim, tá? x)

Classificação: Se você sente que tem maturidade suficiente para ler uma fanfic com um conteúdo desses, eu não vou te proibir de ler. Mas depois não vai reclamar no meu ouvido se você achou nojento, obsceno e blá, blá, blá.


Tudo o que ele quer é - Capítulo Um


O cheiro de gasolina queimada impregnava o local, e se misturava com o cheiro de chuva. A chuva caía tênue, molhando o chão, os carros e suas roupas. Ele estava parado na guia da calçada, sentindo as gotas de água molhando seu rosto, deslizando do seu cabelo e se perdendo no tecido da sua roupa, ou algumas delas chegando aos seus lábios, no que ele passava a ponta da língua em volta deles e continuava a olhar fixo para nada em especial, alheio a tudo o que acontecia ao seu redor. Os carros continuavam a passar, e o cheiro vinha de alguns deles, os mais antigos, ou os mais velhos.

Carros antigos lhe lembravam ele, assim como o cheiro de gasolina também.

Não tinha idéia de que horas eram, mas sabia que já era de noite. Ergueu o rosto e olhou para o céu escuro com algumas poucas estrelas, a lua quase escondida por algumas nuvens quase invisíveis naquele azul escuro. Mas o jovem parado em frente à rua não estava interessado em apreciar o céu.

Aquilo era errado, e "errado" era uma das palavras que estavam sendo repetidas dentro da sua cabeça agora. "Doentio" era outra delas. Não parava de repeti-las, na esperança que aquilo se apagasse de dentro dele, e que tudo voltasse a ser normal, ou como sempre foi. Mas sempre que fechava os olhos, o rosto dele vinha à sua mente, olhos idênticos aos seus o encarando, e Sam poderia então ouvir a voz dele repetindo milhares de vezes a mesma coisa: que o protegeria. Mas ninguém podia proteger Sam dele mesmo, muito menos seu irmão. Podia sentir como se acontecesse agora, as mãos do primogênito dos Winchesters tocando seu rosto para ver se ele estava bem, analisando cada detalhe seu com preocupação e cuidado, se certificando que o caçula estava inteiro, que estava bem.

Chegava a sentir nojo de si mesmo por pensar essas coisas do seu próprio irmão. Repulsa pelo que sentia, porque o que sentia era errado, era pervertido e ele se via como o pior dos seres por sentir algo parecido com isso. Porque ele não podia desejar a pessoa que tem o mesmo sangue que ele correndo pelas veias.

Sam estava com um problema, um problema sério.

Repreendia-se quase rotineiramente quando pensava as piores besteiras quando Dean se aproximava, quando fazia alguma brincadeira de mau gosto, quando olhava para o rosto dele e via aquele sorriso sarcástico estampado naqueles lábios, aqueles lábios que o perseguiam todas as noites em seus sonhos.

Os sonhos. Quando teve o primeiro sonho a respeito de Dean, que nada tinha a ver com relação irmão mais velho versus irmão mais novo, chegou a pensar que estava ficando louco. Mal conseguiu olhar para Dean o resto do dia, sem conseguir lembrar com absoluta clareza cada detalhe do sonho mais pecaminoso que tivera em toda sua vida. Mas ele achou que ia parar e que devia ser porque andar pela estrada sem parar, dormir em motéis baratos e caçar feito um doido sem nem descansar direito fossem culpa suficiente para um comportamento desses. Mas não parou, e ficou pior a cada dia porque ele se pegava pensando naquilo em plena luz do dia, olhando para o irmão e imaginando se podia ser recíproco.

É claro que não era recíproco, Dean não gostava de homens, isso era óbvio. Nem mesmo Sam se lembrava de alguma vez na vida ter se interessado por homens, e tinha que se interessar justo agora, e tinha que ser justo pelo seu irmão? Sua vida já não era um mar de rosas ou um conto de fadas, e ainda tinha isso para piorar ela mais ainda. Imaginem então se Dean descobrisse? Provavelmente se afastaria, achando Sam uma perfeita aberração da natureza.

O pequeno Sammy já tinha motivos suficientes para se achar uma aberração da natureza, um problemático perturbado.

Precisava de um psicólogo, e rápido. Mesmo Sam não acreditando que conversar com um estranho fosse à solução dos seus problemas. Isso se ele tivesse coragem suficiente de contar o que sentia a respeito do próprio irmão - ele fazia questão de frisar. – a um especialista, um desconhecido.

Suspirou, resignado, e começou a andar pelas calçadas sujas da rua de volta para o hotel barato onde estava hospedado, com Dean. Imaginando se teria coragem de olhá-lo nos olhos.

- Sam, aonde diabos você se meteu? – Dean perguntou, bastante impaciente, quando Sam finalmente chegou ao hotel e girou a maçaneta, abrindo a porta e entrando no quarto. Era compacto, um pouco melhor do que os últimos em que eles tiveram o "prazer" de passar a noite. Havia duas camas de solteiro, uma de cada lado da outra, havia também uma pequena escrivaninha com um abajur cor creme acesso, a televisão de 20 polegadas ficava em frente às camas, e logo ao lado estava à porta que levava ao banheiro que também não era tão ruim assim. Os olhos inexpressivos do caçula se fixaram nos de Dean por meros segundos, antes dele os desviar para o chão e entrar no quarto, deixando a ação de fechar a porta para Dean que estava ao seu lado, observando ele como se o visse pela primeira vez na vida.

Sam não tinha coragem de olhá-lo nos olhos.

– Tudo... Tudo bem com você?

Dean perguntou meio hesitante, porque a cara do caçula não era das melhores, ou talvez porque ele parecia extremamente cansado e porque ele também tinha saído do quarto há algumas horas atrás sem dar satisfações a Dean, ou até mesmo porque ele acabava de se trancar no banheiro, novamente sem dar satisfações de onde estava a Dean. Esse gesto de Sam aparentemente o irritou, porque Dean caminhou decidido até a porta e girou a maçaneta, constatando sem nenhuma surpresa que ela estava trancada.

Bateu uma, duas, três vezes e nada.

- Porra Sam, se você está pensando em cortar os pulsos dá pra pelo menos me dizer o motivo?

Nada.

- Mas que droga... Eu fiz alguma coisa errada, foi isso? – Dean caçou na memória tudo o que se lembrava de ter feito antes de Sam sair do quarto do hotel feito um fugitivo da policia. Não se lembrava realmente de ter feito algo errado, Sam estava discutindo com ele por causa da pizza estragada em cima da escrivaninha, - que, aliás, Dean já tinha tratado de jogar no lixo - dizendo pela centésima vez que Dean deveria se importar em manter a higiene dos locais onde eles ficavam. Dean também se lembrava de ter retrucado alguma coisa sarcástica a respeito dele manter sim a higiene do local, e dizer em seguida que a pizza estava em ótimas condições. E o que mais? Sam tinha voltado a usar seu laptop e Dean tinha aumentado o volume do rádio, recomeçando a ler alguns jornais antigos sobre o caso em que eles estavam trabalhando agora. Lembrava-se que Sam parecia mais mal humorado que o normal, portanto Dean concluiu que ele não tinha feito nada fora do normal e nada de errado, o problema era com Sam.

Que ainda estava trancado no banheiro e se recusava a falar com o irmão mais velho.

- Saaaaam!

- Me deixa em paz Dean! – Ouviu uma voz abafada dizer lá de dentro, uma voz abafada e meio falha. Esperem aí, Sam estava chorando? A coisa era pior que o premeditado então.

- Sam, o que aconteceu? Você está chorando? – Infelizmente não conseguiu esconder a indignação e o deboche na própria voz, e tinha desistido de bater na porta também. Ah sim, se lembrou que um pouco antes de Sam sair do quarto uma garota tinha batido na porta do mesmo, uma garota que estava hospedada ali também. Dean tinha puxado um papo com ela naquela manhã, ficaram um bom tempo conversando sobre carros, - ela tinha gostado do carro dele – a garota parecia entender do assunto, além do que, ela não era de se jogar fora, pelo contrário, e também estava ali fazia um tempo, ou seja, poderia dar informações básicas sobre o novo caso. Dean só foi unir o útil ao agradável, só não esperava que ela chegasse lá com duas cervejas, bem quando Sam e ele tinham acabado de sair de uma pequena discussão. E como ele já não estava no seu melhor humor...

Mas, esperem aí de novo, Dean não tinha feito nada de errado! O vidente ali era Sam e não ele, como ele ia adivinhar que a garota ia chegar justo àquela hora e por Deus, o que isso tem de errado? Sam já estava cansado de saber que Dean costumava se divertir um pouco, e isso incluía conhecer garotas novas. Não que ele tivesse avançado com ela após o irmão ter saído do quarto daquele jeito, o que era uma coisa bem notável se tratando de Dean Winchester.

- Você devia ser mais profissional às vezes, Dean!

Ele quase podia ouvir a voz de Sam gritando aquilo na sua cara e ver ele saindo do quarto na mesma hora. A voz muito diferente dessa aí, aquela voz tinha um tom claro de irritação.

A porta do banheiro se abriu de repente e Dean deu um passo para trás, visivelmente assustado por ter os pensamentos barrados. Sam segurava a maçaneta com força e olhava fixo nos olhos de Dean, olhos idênticos. Dean reparou que alguns dos fios castanhos estavam ensopados, e não úmidos como o resto do cabelo, sinal de que ele devia ter molhado o rosto mais de uma vez. Reparou também que o branco dos olhos dele estava levemente avermelhado, talvez de cansaço, ou talvez porque o mais novo estivera chorando, embora agora não houvesse vestígios de lágrima alguma. Reparou também que ele tinha trocado de roupa, provavelmente para dormir.

- O que você quer? – Ele perguntou irritado, pra variar. Desviando o olhar em seguida, porque só manteve contato visual com Dean por meros segundos, como quando entrou.

Dean abriu a boca e a fechou em seguida. Estava tão preocupado com o irmão, com o que poderia estar acontecendo com ele, que não pensou nas perguntas do interrogatório para quando Sam chegasse. Pensou rápido, abrindo a boca em seguida:

- Oras, é óbvio não é? Onde você se meteu?

- Estava andando por ai.

- Por que saiu daqui daquele jeito, feito um louco?

- Pra você poder se divertir melhor com a sua nova garota. – Ele quase cuspiu as palavras, fazendo menção de fechar a porta em seguida. Mas olha lá, ninguém fecha a porta na cara de Dean Winchester! O mais velho barrou a porta com o pé, a forçando a se abrir totalmente com a mão, fazendo com que Sam soltasse a maçaneta.

Seu cérebro projetou a mensagem, projetou rápido demais.

- Espera aí, você está com ciúmes? – Havia sarcasmo na sua voz. Esqueceu-se completamente que nessas horas era melhor ser natural ou se fingir de desentendido, nunca usar seus sarcasmos quando Sam está com o pior dos humores. Era pedir para o caçula soltar os verbos, não medir as palavras na hora de dizer tudo o que devia estar entalado na garganta. Dean mordeu a parte interna da bochecha, se amaldiçoando por ter feito a brincadeira e prevendo que daqui a pouco estaria se arrependendo amargamente por ter sido sarcástico.

Mas ao contrário do que deduziu, Sam não disse nada.

Absolutamente nada. Mas então:

- Eu estou cansado. – Ele respirou fundo, passando a mão pelo cabelo castanho e fazendo menção de ir até a cama, esperando que assim que desse o primeiro passo Dean abrisse caminho, saisse da sua frente. Mas ele não saiu. Continuou barrando sua passagem olhando para Sam como se ele fosse um ET que acabara de descer da sua espaçonave, e agora estivesse falando com Dean numa língua esquisita.

Sam hesitou e voltou à posição que estava antes. A aproximação, por mais inocente que fosse de seu irmão, causava um estranho nervosismo nele. Seu olhar ainda estava fixo no chão, mas ele tinha certeza que Dean o estava encarando, podia sentir o olhar do irmão queimando na sua pele, o olhar interrogativo. Suas mãos começaram a suar, ele todo suava frio, desejando do fundo do coração que aquilo fosse um pesadelo, que assim que abrisse os olhos tudo tivesse acabado. Tudo o que sentia estivesse acabado.

Mas Sam já estava de olhos abertos.

- Dean...

Sua voz morreu na garganta quando sentiu os dedos do mais velho dos Winchesters tocarem seu queixo. O toque era quente, familiar, e se fosse em outra época seria um toque reconfortante, mas agora só era perturbador, e quase entorpecente, como tudo em Dean. Sam fechou os olhos por puro instinto, engolindo em seco. Com medo das próprias reações, das próprias palavras, com medo de fazer alguma besteira imperdoável, e com isso acabar com seu relacionamento saudável com Dean.

- Olha pra mim. – A voz dele ecoou dentro da sua cabeça, estranhamente próxima, causando o arrepio dos pêlos na sua nuca. Maldita falta de controle, maldito sentimento estúpido, maldita atração. Ele abriu os olhos, Dean estava perto, podia ver parte do corpo dele no seu campo de visão, mas ainda assim se recusava a olhar o rosto dele, os olhos dele. Não tinha coragem de fazer isso, olhar para ele era como ouvir aquelas vozes gritando na sua cabeça que ele era o culpado de tudo aquilo, que ele era um fraco que não conseguia diferenciar um amor do outro tipo de amor, que aquilo era tão sujo que causava além de vergonha, asco e pena.

E se Dean soubesse, será que ele sentiria pena? Será que ele sentiria raiva? Será que ele se afastaria?

Não conseguia imaginar Dean o odiando, tanto quanto não conseguiria viver caso isso acontecesse.

- Dean... Por favor... Eu só quero dormir...

Esperou que ele resistisse, fizesse várias perguntas, insistisse até Sam se dar por vencido e responder, ou inventar qualquer desculpa plausível, porque Sam nunca diria a verdade. Mas o seu pedido soou tão suplicante que quando Dean abriu a boca, todas as perguntas que tinha pra fazer morreram. Não sabia o que dizer como também não entendia porque Sam estava agindo daquele jeito tão... Estranho.

Mas só se afastou, ficando com as dúvidas na cabeça. Abriu caminho para Sam passar e observou ele caminhar até a cama. Encostou-se no batente da porta do banheiro, reparando pela primeira vez que estava chovendo forte. Não se lembrava de estar chovendo assim quando Sam entrou.

O caçula dos Winchesters se jogou na cama, virando o rosto para olhar as janelas do quarto. As gotas de água da chuva batiam com força contra o vidro empoeirado do quarto, e alguns trovões podiam ser ouvidos de dentro do aposento. Dean desviou os olhos do irmão, agora de costas para ele, para olhar o céu escuro pelas janelas. Dependendo do trovão, o céu se clareava por uma fração de segundos, o som forte ecoando sinistramente pelo quarto.

Seus olhos voltaram à atenção para Sam, e ele o observou por algum tempo até se dar totalmente por vencido e apagar as luzes, indo dormir.


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N/A: Meus parabéns, você teve paciência de chegar até o fim! E já que você está aqui mesmo, sabe, não custa nada deixar uma Review, não é? Faça uma criança feliz! Essa também é a única forma de eu saber que não escrevi uma completa porcaria +.+ Mas se estiver tão ruim assim, não precisa pegar pesado, tá?