Nome da Fic: Até as ultmas consequências
Autora: Crik Snape
Gênero: romance/drama
Shipper: Draco/Hermione
Classificação: Nc-17
Tipo: concluída
Ano: novembro de 2008
Postada no FFnet em: abril de 2010
Resumo: As coisas nem sempre terminam da forma esperada, e para eles o desfecho daquela história iria muito além do desejado. Movidos por impulsos, por desejos, pela atração... Movidos pela sede de prazer e pela necessidade de viver um sentimento que jamais esperariam nutrir um pelo o outro... Foi assim que a relação deles ganhou forma e sentido. Foi assim que eles decidiram que se amavam e que iriam viver juntos a todo custo.
O que eles simplesmente não esperavam era que pudessem agir tão desmedidamente por esse amor.
Esta fic foi escrita especialmente para o Amigo Secreto 2008, dedicada exclusivamente à Serena Black, minha amiga secreta. Postada originalmente no site Floreios e Borrões.
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-- Amigro Secreto 2008 --
Foi uma iniciativa muito interessante, partida de um grupo de ficwriters sedentos por algo que pudesse uni-los ainda mais. Este grupo era, e permanece sendo, formado por:
Crik Snape, Ju Fernandes, Artemis Granger, Claus, Serena Black, Imogen e Maris. Deste projeto nasceram ótimas fics, escritas especialmente para seus respectivos amigos secretos. Minha fic presente foi escrita pela minha grande e melhor amiga Ju Fernandes, intitulada Apenas Meros Detalhes.
Até as Últimas Consequências
CAPÍTULO 1
00:30, 14 de novembro, sábado, apartamento
Pressionou a faca sobre o tomate mais uma vez, ainda mais firme do que das vezes anteriores, retirando mais uma fatia finíssima para, logo em seguida, retirar muitas outras iguais àquela. Estava visivelmente irritada, seus atos rudes naquela cozinha demonstravam isto perfeitamente bem. Soltou um suspiro cansado, levando para longe uma mecha de seus cachos que insistia em cair diante de sua visão, com as costas da mesma mão que segurava a faca. Sentiu dois pares de olhos grudados em si. Ele estava irritando-a mais do que o normal.
- Por que foi mesmo que nós voltamos mais cedo, Granger? – ouviu-o dizer-lhe, quebrando o silêncio quase constrangedor que havia entre eles.
Estavam no pequeno apartamento que dividiam em uma cidade interiorana da Inglaterra. Sounthend não era o melhor lugar para se viver, nem tão pouco o lugar em que eles gostariam de estar, mas não havia opções para eles. Estavam em tempos de guerra, eram membros importantes da Ordem e precisavam de um lar suficientemente seguro. Na realidade, aquele apartamento não era completamente desprezível dessa forma, recebiam muitas visitas ali e era onde passavam a maior parte do tempo.
- Você não precisava ter vindo, Malfoy. – respondeu áspera a ele, dedicando-se quase completamente ao sanduíche natural que preparava - Poderia ter ficado com as suas garotas.
Draco revirou os olhos diante do comentário, terminando de lavar as últimas folhas de alface. Estampou o seu tão costumeiro sorrio no canto dos lábios, o mesmo que deixava Hermione terrivelmente fascinada e o mesmo que esboçava em casos de puro deboche. Mudaram-se para aquele apartamento há cerca de três anos e meio, assim que terminaram os estudos em Hogwarts e assim que a guerra havia explodido catastroficamente no mundo bruxo, obrigando muitas pessoas a escolherem definitivamente o lado em que desejariam lutar. Draco tivera possibilidades diante de si, poderia ter escolhido lutar ao lado das trevas, como havia sido orientado desde muito pequeno, mas havia sido capaz de perceber a tempo o quanto aquela escolha seria errônea, desistindo da mesma e optando por se juntar à Ordem, onde seria bem mais reconhecido e, por mais incrível que parecesse, respeitado.
- Minhas garotas? – riu divertido, aproximando-se dela e ajudando-a com o sanduíche, detestava os métodos de vida trouxa que ela fazia tanta questão de aplicar à própria vida deles. - Elas só queriam uma rodada a mais de bebida, Hermione.
- Você perdeu a oportunidade de levar uma delas pra cama, Draco. – atiçou-o, suas expressões estavam irritadiças, não havia nenhum sorriso ou mesmo demonstrações de divertimento.
- Eu não me importo. – respondeu a ela, seu sorriso faceiro brincando distraidamente no canto de seus lábios.
Não havia amizade alguma entre eles, apenas um sentimento de cumplicidade e um tipo de relação improvável que nem mesmo eles saberiam definir. Há muito haviam deixado de se detestar como nos tempos de Hogwarts, quando os princípios básicos de cada um deles falava mais alto em todas as situações possíveis. Hoje, se tratavam com um tipo de respeito e consideração mútua, sem xingamentos e ofensas, sem olhares superiores e sem manifestações de preconceito por questões de sangue. Haviam, finalmente, percebido o quando podiam ser mais parecidos um com o outro do que imaginavam.
Hermione fitou-o de soslaio por alguns instantes, observando-o curvado sobre a pia com os cotovelos apoiados contra a mesma, os cabelos loiros aparados reluzindo o tipo de brilho que a encantava profundamente, os olhos azul acinzentados vagando pelos azulejos e emanando um tipo de divertimento que ela desconhecia. Era uma madrugada incrivelmente quente e visualizá-lo vestindo apenas uma camiseta regata e uma calça jeans azul desbotada parecia a sua visão perfeita do paraíso. Draco era realmente encantador, sua beleza extrapolava todos os limites possíveis, até mesmo os da razão. Era algo espontâneo e do qual Draco fazia questão de usar a seu favor.
Quando havia sido mesmo que ele se transformara em um homem tão atraente? Ainda tinha viva em sua mente as lembranças do sonserino magricela e irritante que adorava ofendê-la pelos corredores e inferiorizá-la desmedidamente, quando ainda eram meros estudantes em uma escola bruxa aplicada.
Observou-o remexer distraidamente em alguns copos sobre a pia, seu meio sorriso estendendo-se por toda a extensão de seus lábios. Sabia que ele diria algo agora, e que iria constrangê-la profundamente.
Desviou seus olhares dele e focou-os novamente no trabalho que voltava a executar sobre a pia, queria estar a mais distraída possível quando a voz rouca dele ecoasse novamente muito próxima de seus ouvidos.
- Você sabe que eu não quero qualquer uma na minha cama, Granger.
Previu que isto aconteceria, Draco vinha fazendo isto com ela muito freqüentemente. Sentiu seu corpo todo queimar diante das recordações que invadiam sem permissão alguma sua mente, transportando-a para as lembranças mais recentes que tinha do loiro. Ruborizou de leve e, sem conseguir evitar, afundou sua faca sobre os legumes impiedosamente o bastante para que errasse o alvo e cortasse o próprio dedo. Sentiu a ardência sobre o local, retirando o dedo dali rapidamente e fitando o estrago que havia feito com seu desleixe. Era inevitável não sentir-se desconfortável diante dos fatos e sabia que ele fazia tudo isto de propósito, queria obrigá-la a não esquecer, de forma alguma, o quanto estavam diretamente ligados agora.
Suspirou irritada com sua reação tão incrivelmente ridícula diante das palavras dele, foi quando Draco se endireitou ao lado dela e puxou-a para próximo, visualizando o corte que ela havia feito em seu dedo. Antes que Hermione pudesse protestar ou impedi-lo, Draco capturou o dedo dela e levou-o em direção à sua boca, pressionando seus lábios sobre o corte e deixando que seus olhares caíssem de encontro aos dela, que estavam assustados.
Aquela atitude havia sido imprevisível para ela, e não entendia muito do que ele estava fazendo. Estancar o sangue que escorria de seu dedo com os próprios lábios não parecia algo apreciador para ela, mas aquele contato havia sido suficientemente forte para que muitos do seus pêlos se arrepiassem e causassem um tipo de euforia tão bem conhecida em seu estômago.
A troca de olhares que estavam mantendo era tão profunda a ponto de Hermione poder, até mesmo, ler muito dos pecados de Draco, assim como ele parecia conseguir penetrar sua mente e tomar conhecimento de muitas das dúvidas que a atormentavam internamente. Não era algo que eles faziam por realmente desejarem, era espontâneo na verdade. Era um tipo de capacidade que haviam adquirido desde que estiveram tão próximos, há algum tempo atrás, quando descobriram que eram capazes de manterem uma relação diferente da que havia entre eles e de qualquer outra que pudessem imaginar ser possível existir entre duas pessoas de personalidades tão fortes e diferenças tão visíveis.
Com um meio sorriso audacioso esboçado nos lábios, Draco afastou o dedo de Hermione de seus lábios e ergueu-o a altura de sua face, segurando a mão dela pelo punho. Hermione estava estupefata diante da cena, sem qualquer tipo de reação, e ele parecia perceber isto perfeitamente bem.
- Você não devia brincar com essas coisas, sabia? – disse a ela, sorrindo agora largamente e percebendo que havia conseguido estancar o sangue no dedo dela. – Ou então a cozinha simplesmente não é o seu lugar.
- Por que fez isso? - indagou curiosa, ameaçando alargar um sorriso nos lábios - Por acaso você tem presas ai, e eu nunca reparei nelas?
- Eu só quis ajudar.
Vê-lo dizer isto, causou um tipo de desconforto ainda maior em seu estômago, adorava a forma educada e, muitas vezes, doce, com que ele se dirigia a ela, era um tipo de tratamento que ele sempre negara.
- Obrigada. – respondeu quase sussurrante, sem conseguir desfazer o contato visual que havia entre eles, apenas retirando sua mão do domínio dele. - Não teria sido mais fácil se...
Antes mesmo que pudesse terminar seu questionamento, Draco retirou sua própria varinha do bolso traseiro de sua calça e apontou-a para o dedo dela, murmurando um feitiço mudo e observando o corte cicatrizar no mesmo instante, sem deixa marcas algumas de que havia existido. Hermione sorriu fracamente, era sobre aquele método que ela iria sugerir em sua fala interrompida. Fitou-o novamente, desfazendo os traços do leve sorriso que havia esboçado em seus lábios e observando a expressão marota de Draco.
- Eu gosto de inovar, Granger. – sorriu para ela, afastando-se e apoiando-se contra a pia, enquanto vasculhava nos bolsos de sua calça pelos seus maços de cigarro, um tipo de vicio que se repudiava por ter, agora. - E você tinha deixado de ser tão irritante desse jeito, sabia?
Ouviu-a suspirar irritada com seu último comentário quando, no mesmo instante, alcançou sua carteira de cigarros e retirou um dos cigarros dali, depositando-o sobre os lábios entreabertos. Precisava do isqueiro agora e não fazia a mínima idéia de onde o havia posto.
Aquela noite poderia ser dada por encerrada, na verdade, não havia mais resquícios algum de que ela havia valido a pena. Uma festa trouxa mal sucedida, bebidas em exagero que ainda pareciam fazer efeito em seus organismos, tudo faria um grande sentido agora se não estivessem tão irritados. Hermione encostou seu quadril contra a pia e abocanhou um grande pedaço do sanduíche natural que havia acabado de preparar, suspirando pesadamente e deixando que sentisse apenas o gosto das alfaces, do pão e tomates, fechando os olhos por alguns instantes e limpando qualquer pensamento raivoso que estivesse surgindo em sua mente.
Ainda neste ato, Hermione ouviu o ruído fraco do isqueiro de Draco e, logo em seguida, sentiu a fumaça altamente tóxica invadir suas narinas, precisando conter uma tosse que ameaçava desprender-se de sua garganta. Mastigou toda a porção de sanduíche que havia em sua boca, engolindo-a em seco. Ouviu passos pesados aproximando-se de si, e cada vez mais próximos. Antes que pudesse abrir os olhos e fitar quem quer que estivesse vindo em sua direção, sentiu dois lábios úmidos selarem um beijo rápido em seus lábios, enquanto mãos acariciava-lhe os cabelos de forma suave.
- Eu estou indo dormir, Mione. – uma voz rouca soou ao pé de seu ouvido, baixo para que somente ela escutasse. – Nós conversamos melhor amanhã, certo?!
E um novo beijo rápido foi depositado contra seus lábios, assim como mais algumas leves caricias foram feitas em seus cabelos. Hermione abriu os olhos no momento em que ele já se afastava dela, permitindo que apenas uma rápida troca de olhares fosse feita entre ela e Harry. Ainda sentia a irritação angustiante bombeando seu sangue de forma frenética por suas veias, de modo que parecia querer explodir diante da raiva que estava sentindo dele.
- Vocês discutiram de novo, Granger? – Draco indagou a ela, tragando mais uma vez em seu cigarro e deixando que a fumaça escapasse devagar por entre seus lábios, sem fitá-la ainda.
- Isso é alguma novidade pra você? – respondeu a ele retoricamente, observando-o e percebendo que ele havia estado ali o tempo inteiro.
- Nem um pouco. – deixou que um sorriso faceiro escapasse de seus lábios, tragando mais algumas vezes antes de prosseguir. - Eu só queria entender por que vocês ainda estão juntos.
- Por favor, não comece. – pediu manhosamente a ele, tudo o que menos precisava era escutá-lo gabar-se de si mesmo, obrigando-a a remoer muitas das lembranças que relutava para conter.
Permaneceram em silêncio por alguns instantes a mais, cada um preso ao seu próprio momento de distração, seus pensamentos vagando serenamente por muitas das lembranças que afloravam em cada um deles. Foi o momento perfeito para que Hermione deixasse que sua visão recaísse sobre o loiro a sua frente novamente, observando-o atentamente e da forma tão critica como costumava fazer. Cada pequeno detalhe, cada pequeno traço facial e físico, nada disso passava despercebido pelos seus olhos. Adorava admirá-lo dessa forma, sem o menor tipo de precaução ou temor por ser pega no flagra. Suas constatações, a cada vez que se perdia dessa forma sobre a fisionomia do sonserino, eram sempre profundas e extremamente atormentadoras, era inevitável não admitir a si mesma o quanto ele era infinitamente atraente. Os cabelos recentemente aparados, o brilho que reluzia dos mesmos, era fascinante a tonalidade loira deles, a mesma de sua barba que agora ela reparava estar por fazer. Suspirou ainda mais profundamente, um tipo de desabafo por querer tocá-lo e não ter a mínima certeza se poderia fazer isto.
- Discutiram por ciúmes de novo, Granger? – perguntou a ela, tragando uma nova vez e despejando toda a fumaça bem diante da face dela, obrigando-a a fechar os olhos e conter mais tosses.
- Talvez. – respondeu duvidosamente, afastando toda a fumaça para longe de si com as mãos.
- Você não precisa passar por isso. – disse a ela, sério, aproximando-se agora bem mais do que em qualquer outro momento anterior.
Qualquer tipo de aproximação ousada demais como aquela era motivo para que Hermione se sentisse extremamente desconfortável e precisasse relutar com seus indesejáveis impulsos de querer tê-lo ainda mais próximo do que poderia. A parte desagradável de dividir aquele apartamento com Draco era o fato de que estar perto dele era um tipo de tentação inadmissível para ela e, ao mesmo tempo, impossível de não ser levada em consideração. Draco colou seu corpo ao dela, segurando-a pela cintura com apenas uma mão já que a outra estava ocupada mantendo o seu cigarro aceso entre os dedos. Roçou sua face de leve contra a face dela, roçando, conseqüentemente, sua barba não-feita e eriçando muitos dos pêlos dela, era uma forma nova de atiçá-la que ele havia acabado de descobrir.
Harry deveria estar bem longe dali agora, deitado no quarto que era dele e de Hermione, e era exatamente por ter essa certeza que ela permitiu que Draco ousasse daquela forma. Sentiu-o mordiscar o lóbulo de sua orelha de forma provocativa, enquanto alisava audaciosamente sua barriga por baixo de sua blusa, sua mão tão macia tentando invadir sua calça jeans de forma petulante.
Suas respirações começavam a se tornar ofegantes com aquela simples aproximação e sabiam que se quisessem poderiam extrapolar todos os limites novamente, da forma como eles já haviam experimentado fazer antes. Correr riscos sempre foi algo com a qual ela esteve acostumada, mas não era algo que estimava verdadeiramente, principalmente quando agindo de maneira espontânea. Sentiu a respiração do louro colidir sensualmente contra sua face e sabia que ele diria algo agora. Fechou os olhos, apoiando cada uma de suas mãos sobre os ombros dele, ainda sentindo o roçar da barba do rapaz em suas bochechas, e esperou pacientemente até que ele desse continuidade ao diálogo iniciado anteriormente. Não importaria o que ele viesse a dizer, estava decidida a dar qualquer tipo de atenção a ele e, se necessário, retribuir-lhe da forma que mais achasse conveniente.
- Ele não é a pessoa certa pra você. – disse ele, muito próximo ao ouvido dela, sua voz soando rouca e provocativa.
Hermione permaneceu em silêncio, sentindo apenas as mordiscadas leves que ele dava em seu pescoço, acariciando-a cada vez mais atrevidamente por baixo de sua blusa e brincando distraidamente com o cós de sua calça. Ela sabia bem quais eram as reais intenções dele, e resumia-se basicamente em desnorteá-la de prazer e excitação o suficiente para que ela cedesse a ele novamente. O que ele queria dizer com seu noivo não ser a pessoa certa para ela? Quem ele era para querer opinar a respeito de seu relacionamento com Harry? Talvez o sonserino ousado com quem ela se relacionou uma vez apenas e que estava prestes a repetir a experiência. O sonserino que conseguia, no menor dos contatos ousados, transportá-la para uma realidade onde podia apenas entregar-se de todas as formas possíveis aos pensamentos mais pervertidos e às sensações inebriantes ao extremo que a invadia sem permissão alguma.
- E quem seria? – perguntou a ele, sentindo sua voz fraca pelo tempo em que permaneceu em silêncio, ecoando diretamente no ouvido dele e provocando-lhe uma corrente de arrepios que ia desde os pêlos da nuca até os do baixo ventre, o que foi o suficiente para excitá-lo por definitivo. - Posso saber?
Aquele tipo de pergunta tinha apenas uma resposta para ele, e estava na ponta de sua língua, desde o primeiro instante em que percebeu que ela era capaz de proporcionar-lhe os maiores prazeres que já havia sentido com alguém, alguma vez antes. Um tipo de descoberta que o perturbava terrivelmente, não era o tipo de sentimento que deveria nutrir por ela, sabia perfeitamente bem disso.
- Eu sou a pessoa ideal pra você, Granger. – respondeu a ela, sua voz baixa o bastante para que se tornasse até mesmo inaudível.
Hermione sentiu as águas se tornarem turvas nas profundezas de seus sentimentos e pensamentos, ainda precisava acostumar-se com a sinceridade das palavras que Draco lhe dirigia, mesmo sabendo que ele não era digno de confiança alguma. Apenas o fato de ouvi-lo se referir a ela dessa maneira era suficiente para que ela acreditasse que ele poderia mesmo ter se tornado uma pessoa melhor do que sempre fora em tempos de Hogwarts.
- Eu realmente queria que você fosse... – sussurrou próxima à curva do pescoço dele, abraçando-o firmemente e sentindo a retribuição pelo abraço. - Mas você não é, Draco.
Talvez aquelas fossem as palavras mais difíceis que já houvesse precisado dizer a alguém, mas era um tipo de verdade incontestável. Sentiu uma pontada forte em seu peito, sabia que não havia ferido os sentimentos dele com a rudeza de suas verdades, mas os seus sentimentos pareciam estar em frangalhos, agora.
- Você nunca vai saber se não me der uma chance, Granger. – não iria desistir fácil de seus objetivos.
Mesmo indesejavelmente, Draco afastou seu corpo do dela o bastante para que apenas se fitassem. Aproveitou a oportunidade e tragou novamente em seu cigarro, mandando a fumaça para bem longe dela dessa vez.
- Nós já tivemos uma chance, Draco. – disse a ele, certo tom de irritação em sua voz.
Ele teria se esquecido disso? Estaria ignorando este fato?
- Não, eu digo uma chance de verdade, agora. – fitou-a profundamente, esperando por algum tipo de reação dela que demonstrasse alguma aceitação quanto a sua idéia.
Hermione respirou fundo por alguns instantes sentindo um desconforto ainda maior. Não resistiria a ele nem mesmo se desejasse, era tentador demais ouvi-lo sugerir algo como uma nova chance, mesmo quando a culpa por ter traído Harry a invadia de forma absurda, sufocando-a aos poucos, e sabia que chegaria um momento em que não suportaria mais essa situação.
Separou-se dele em um ato rude, focando toda a cozinha com seus olhares vagos e extremamente inexpressivos. Draco não parecia abalado com absolutamente nada, ao menos não externamente. Hermione o visualizou tragar o seu cigarro mais uma vez e sentiu um tipo de necessidade até então desconhecida por ingerir toda aquela toxidade. Alcançou o cigarro dos dedos de Draco e depositou-os sobre seus próprios lábios, sugando o máximo que conseguiu. Foi inevitável não conter uma tosse, seu organismo ainda precisaria se acostumar com aquele tipo de droga.
Draco sorriu diante da atitude de Hermione, puxando-a para próximo e beijando-a nos lábios demoradamente, sem invasões de línguas, apenas um beijo firme. Havia se passado tanto tempo desde o último beijo deles que temiam não lembrarem mais do gosto um do outro.
Lembranças surgiram atormentadoras em suas mentes, em um ritmo exagerado, sem que eles pudessem impedi-las de se firmarem em torno do momento.
Separando os lábios por um breve espaço de tempo, Draco sentiu a necessidade de dizer-lhe algo que parecia engasgado dentro de si, um desejo que estivera adormecido em seu peito e agora mostrava-se vivo dentro de si.
- Você vai ser muito infeliz com o Potter... – ouviu-o dizer-lhe entre beijos - E quando perceber isso, você vai vir atrás de mim.
Era algum tipo de profecia? Hermione esperava, sinceramente, que não, mesmo que seu íntimo gritasse por sim.
Flash Back
23:45, sexta-feira, 6 de novembro, uma semana atrás, apartamento
Um dia cansativo como qualquer outro, uma sexta-feira de puro tédio e trabalhos extras do Ministério que Hermione havia trazido para casa. Dos três, ela era a única que mantinha um trabalho respeitável no Ministério, algo como um estágio temporário como aurora. Harry e Draco haviam optado por apenas prestar serviços à Ordem, sem se envolverem em casos maiores que não fossem a caça incessante pelo Lord das Trevas. Quanto aos comensais, Hermione e os demais aurores poderiam se encarregar perfeitamente bem.
Hermione escutou passos provavelmente partindo da escadaria próxima ao sofá onde estava sentada, perdida entre pilhas de papeladas que precisava organizar. Suspirou pesadamente por alguns instantes, desejava que não fosse ele a estar descendo aquelas escadas e, certamente, dirigindo-se até ela, não suportaria mais nenhum tipo de discussão e desentendimentos com ele. Resolveu concentrar-se no trabalho e ignorá-lo caso ele resolvesse juntar-se a ela, ali. Foi quando sentiu duas mãos agarrarem cada um de seus ombros e uma respiração colidir de encontro a sua face.
- Não acha que é um pouco tarde pra estar trabalhando, Granger?
Sentiu seu coração sobressaltar-se com a rouquidão daquela voz soando sensualmente muito próximo de seu ouvido. Não deveria sentir o tipo de desconforto que estava sentindo pela presença dele, deveria apenas demonstrar uma reação de susto pelo inesperado, mas sabia que não era disso que se tratavam os seus batimentos cardíacos acelerados, algo a mais estava sobrepondo-se naquela situação. Sentimentos, talvez? Não! Atração, muito provavelmente. Era algo inconsciente, mas Hermione o admirava de uma forma que nunca julgou ser capaz.
- Pensei que estivesse dormindo, Malfoy. – respirou aliviada, afinal, não era ele que descera aquelas escadas, o seu noivo, era apenas Draco.
- Já ouviu falar em insônia? – respondeu retórico a ela, contornando o sofá e sentando-se em uma poltrona bem de frente para ela.
- Sim, eu também estou sofrendo desse mal. – sorriu cansada, fitando-o.
- Que bom... – sorriu largo, retribuindo o contato visual. - Então a gente pode ir lá pro meu quarto, conversar enquanto o sono não chega, o que acha?
Hermione esboçou um sorriso verdadeiramente divertido pela piada, desviando seus olhares dele e deixando que caíssem sobre suas papeladas novamente. Aqueles tipos de brincadeiras sempre a deixava sem muitas reações e se detestava profundamente por isso, sabia que poderia estar passando falsas idéias a ele.
- Acho que você é um grande cara de pau, Draco. – respondeu a ele, sorrindo abertamente por estar caindo no jogo dele, apenas mais um dos tão constantes jogos de indiretas e comentários atrevidos.
- É, mas eu sei que você adoraria que eu realmente propusesse isso a você, né? – ousou, sorrindo meio lábio e observando-a ainda mais atentamente, estava ansioso pelo tipo de reação que ela teria com aquela provocação.
- Se o Harry escutar você dizendo esse tipo de coisa... – Hermione comentou, deixando transparecer um pouco da irritação que sentia pelo comentário pretensioso do louro.
- O que ele faria? – perguntou ligeiro a ela, fitando-a fundo nos olhos, gostava de provocá-la dessa forma. - Apontaria a varinha e duelaria comigo?
- Não. – respondeu direta, certo sorriso faceiro brincando em seus lábios, erguendo sua visão e prosseguindo. - Ele seria mais pratico e cruel: socaria você até a morte.
Sem conseguir conter, Draco soltou um riso nada discreto, alcançando seu cigarro e levando-o até os lábios, acendendo-o por fim. Não havia sido a melhor atitude que ela poderia ter esperado dele e por isso se demonstrou tão irritada com aquele aparente deboche.
- Grande coisa, Granger. – disse a ela, contendo mais risos abafados. - Eu acabaria com ele antes mesmo que o primeiro soco me atingisse.
- Você é patético. – sorriu contrariada, sabia que Draco era bem mais forte que seu noivo e que venceria muito fácil qualquer disputa de forças físicas.
Tragou mais algumas vezes seu cigarro, dando-se por vencido e retirando-se dali, deixando-a só novamente. Draco seguiu até a cozinha entre passos sorrateiros, mesmo que estivesse com insônia ainda tinha o leve cansaço de um dia frustrante na Ordem. Era verdade que adorava irritá-la, sentia um tipo de prazer interessante atiçando-a com suas palavras muitas vezes maliciosas, mesmo sabendo que esse tipo de atitude era desprezível para ele, afinal, nunca havia demonstrado interesse algum por ela.
Hermione permaneceu em seu sofá, entre bocejos e papeladas que pareciam cada vez maiores. Era um tipo de sacrifício válido, tudo o que menos desejava era voltar para o seu quarto, onde Harry estaria. Tinha suas razões e elas eram fortes o suficiente para que quisesse permanecer ali, mesmo que isso incluísse a presença quase irritante de Draco.
Após alguns minutos que pareceram eternidades para Hermione, Draco retornou para a sala, sentando-se na mesma poltrona de antes, novamente, dessa vez com um copo de vidro nas mãos contendo um líquido que Hermione reconhecia de longe.
- Isso é vinho, Malfoy? - perguntou a ele, devorando o copo nas mãos do louro apenas com os olhos.
- Quer um pouco? – estendeu o copo na direção dela, oferecendo-lhe o seu vinho, um leve sorriso nos lábios.
- Não. – sorriu falsamente, queria arrancar-lhe o copo das mãos. - Perguntei só por curiosidade mesmo.
Draco sabia que aquela havia sido uma mentira deslavada, mas se ela havia dito "não", ele não iria discutir a respeito. Bebeu mais um gole de seu vinho e tragou mais uma vez em seu cigarro, soltando toda a fumaça muito lentamente. Seus malditos vícios trouxas. Ainda queria lembrar quando realmente havia aderido a eles. Fitou-a por alguns instantes longos, aproveitando o momento em que ela parecia concentrada o bastante nos papéis. Deixou que seus olhares críticos caíssem sobre cada pequeno centímetro do corpo dela, analisando-a apreciativamente.
Nunca havia parado para reparar nela da forma como estava fazendo agora, e não entendia exatamente por que. Talvez seus malditos princípios e preconceitos tenham o impedido de perceber o tipo de beldade que dividia o mesmo apartamento que ele, embora os dois não fossem os únicos ali, ainda havia a presença de Harry, o noivo de Hermione. Até onde a palavra "noivo" poderia ter algum tipo de influência? Para um Malfoy, compromissos nunca significaram muito e não iria se privar de prazeres por conta de um noivado qualquer.
- Você vai deixar o Potter dormir sozinho hoje Hermione? – quebrou o silêncio que havia se formado em torno deles, ainda sem tirar os olhos de cima dela.
Hermione precisou de alguns segundos para absorver as reais intenções para aquele tipo de pergunta. Levou uma mecha dos cabelos para trás da orelha e suspirou, era algo como um misto de cansaço, indignação, irritação e incertezas. As últimas por ouvi-lo chamá-la pelo primeiro nome tão constantemente e não entender como ele era capaz disso, uma vez que fora tão repudiada por ele em épocas escolares.
- Vai se ferrar, Draco. – despejou levemente irritada com o comentário, arrumando as papeladas sobre a mesa até mesmo de qualquer jeito.
O simples ato de mexer nos cabelos não passou despercebido por ele, havia sido um momento de completa admiração na verdade. Adorava a forma como os cachos dela caiam sobre os ombros, assim como adorava os seus olhos amendoados tão excessivamente grandes. Definitivamente, ela era uma completa perdição, ainda mais estando em trajes de pijama naquela noite.
- Boa noite, Malfoy. – disse ela, bocejando e espreguiçando-se com os braços erguidos.
Ela o estava provocando, afinal? Draco sentiu todo seu corpo arder diante da visão parcial da barriga esguia da castanha, no momento em que ela levantou os braços para se espreguiçar e sua camiseta se ergueu alguns centímetros no corpo. Levou a ponta do cigarro até a boca novamente e se intoxicou o máximo que pôde para não demonstrar o quanto estava fascinado com ela.
Hermione sentiu o sono surgir impiedosamente, deitando-se ali mesmo sobre o sofá. Trouxe uma almofada para próximo e repousou a cabeça sobre a mesma, enquanto aninhava as pernas em torno de outra, era uma mania que tinha desde muito pequena. Draco observou-a atentamente naquela posição, podia ver os olhos dela cerrados e a expressão sonolenta em sua face.
- Você vai dormir ai, Granger? – indagou, surpreso pela atitude dela.
Draco se ajeitou sobre a poltrona, entreabrindo as pernas e deixando que seu corpo deslizasse sobre a mesma, deitando a cabeça no encosto da poltrona logo em seguida, enquanto equilibrava o copo de vinho em uma mão e seu cigarro com as cinzas excessivamente grandes em outra. Hermione respirou relaxada, aninhando-se ainda mais no sofá. Os suspiros que Draco estava ressoando com a visão que tinha era algo diferente, quase excitado. Hermione vestia apenas um short de pijama que ele diria ser curto demais e uma camiseta de alças finas, já que aquela era uma noite quente. Draco, por sua vez, vestia apenas uma calça de moletom cinza extremamente larga e uma camisa de mangas curtas branca, estava irresistível aos olhos dela, mesmo que ela não gostasse de admitir isso.
- Eu disse boa noite, Malfoy. – repetiu, fingindo irritação por não ter sido cumprimentada de volta.
Juntando todas as pequenas peças do quebra-cabeça que tinha bem diante de si, Draco soube de imediato o que estava acontecendo de verdade, e foi inevitável não sentir certo tipo de prazer internamente.
- Vocês discutiram, por acaso, Hermione? – indagou a ela, tentando esconder ao máximo um pequeno sorriso que teimava em seus lábios.
Hermione suspirou indignada, novamente, detestava quando ele ironizava sua relação com Harry. Abriu os olhos repentinamente e fitou-o séria.
- Você pode apenas me desejar boa noite? – Hermione bronqueou o louro.
- Não sei... – respondeu a ela, como se estivesse em dúvida, revirando os olhos e encarando o teto. - A noite não está tão boa assim...
Ele sabia irritá-la, e estava conseguindo isto muito facilmente. Observou-o lançar alguns arcos de fumaça sobre a cabeça e constatou o quanto ele parecia jovial naquela noite. Não que ele não fosse jovem, era apenas um rapaz de 20 anos de idade, mas emanava um tipo tão grande de maturidade que era como se fosse bem mais velho do que isso. Talvez a guerra tenha o ajudado a amadurecer daquela forma, o que não havia sido diferente com ela, ainda mais após a perda de Rony, melhor amigo seu e de Harry, de forma tão trágica e sofrida.
- Mas a gente pode dar um jeito nisso, não pode? – escutou-o dizer-lhe, interrompendo toda linha de raciocínio que ela estava tentando manter.
- O quê, Malfoy?
- Vem! – Draco se ergueu depressa de sua poltrona, apagando o cigarro sobre um cinzeiro próximo e parando bem de frete para ela. - Eu sei que você gosta de vinho.
Sem que ela pudesse protestar, foi rapidamente erguida de seu sofá, deixando que as almofadas caíssem sobre o chão. Foi impossível não deixar escapar um riso divertido, ainda mais sendo carregada pela mão por ele, direto para a cozinha, onde sabia que o vinho estava esperando por ela.
Assim que adentraram a cozinha Draco depositou seu copo sobre a mesa e virou-a em sua direção, segurando-a firme pela cintura e impulsionando o corpo dela para cima da mesa, onde a deixou sentada. Hermione gargalhou abafado, teria que controlar os ruídos para que Harry não despertasse, mas era incrivelmente inédita a forma como Draco estava se comportando com ela. Draco se afastou da mesa e alcançou a garrafa de vinho ainda cheia, enchendo um novo copo e estendendo-o na direção dela, que apanhou no mesmo instante.
- Talvez não seja uma boa idéia. – Hermione hesitou com o copo nas mãos, sorrindo divertida, sabia que se ele permitisse, ela iria ingerir mais vinho do que deveria naquela noite.
- Eu não sabia que você era estraga-prazeres, Granger. – fingiu irritação, esboçando uma falsa expressão de raiva, bebendo boa parte do seu vinho em um gole só.
Estavam mantendo um tipo de relação que nunca havia existido entre eles. Naquele momento, Hermione teve a certeza de que se arrependia profundamente de não ter cultivado nenhuma amizade com ele antes, mesmo que soubesse que entre grifinórios e sonserinos amizades não existiam. Hermione estava tão encantada com a forma como os cabelos louros bagunçados dele caiam sobre os olhos, naquela noite, que esqueceu completamente de sua bebida. Percebeu que ele tinha a barba muito bem feita, um detalhe notável, já que ele costumava ser desleixado em relação a isso.
- Você não está mesmo com sono, Draco? – sorriu divertida, cruzando os pés que pendiam da mesa, balançando-os de leve.
- Não. – respondeu igualmente divertido, aproximando-se perigosamente dela. - Agora eu tenho quem me distraia.
Hermione nunca o vira tão próximo dela dessa forma, mas não iria impedi-lo de aproximação alguma, ele estava sendo simpático o bastante naquela noite para que merecesse um desconto e ao menos um pouco de atenção. Sem medir muito a conseqüência de seus atos, Draco repousou seus braços sobre as pernas de Hermione, encurvando-se diante dela, suas faces muito próximas e na mesma altura.
- Você deveria prezar mais a sua vida, sabia, Malfoy? – zombou, sorrindo meio lábio e sentindo certo desconforto agradável com aquela proximidade.
- E você deveria beber o seu vinho. – apontou para o copo dela com os olhos, sorrindo vitorioso ao perceber a expressão envergonhada dela.
Hermione levou o copo a sua boca e bebeu um longo gole do vinho, era uma de suas bebidas favoritas. Draco a observou atentamente, até perceber uma gota do líquido escapar pelo canto do copo e escorrer pelo queixo dela. Hermione não se deu conta disso até o momento em que sentiu os lábios macios de Draco aparar essa mesma gota, limpando o pequeno rastro que havia se formado ali. Sentiu seu coração bater acelerado, suas mãos suarem de nervosismo, seu corpo todo arder de... Excitação. Era inadmissível, mas ele estava proporcionando sensações boas a ela. Draco pareceu perceber isto, servindo como um tipo de permissão para que ele ousasse ainda mais. Afastou seus lábios da pele dela e, com ambas as mãos, conseguiu afastar as pernas dela, encaixando seu corpo entre elas e diminuindo ainda mais a pouca distância entre eles.
- Você merece um noivo bem melhor que o Potter, sabia? – atiçou-a, divertido pela expressão irritada que ela esboçara com o comentário, revirando os olhos para ele.
- Eu não tenho que discutir esse tipo de coisa com você. – tentou parecer a mais séria possível, tudo o que queria era um momento só deles, estava gostando de tê-lo tão próximo.
- Tem razão. – concordou, sorrindo malicioso e lançando sua face para mais próximo dela. - Podemos fazer coisas mais interessantes.
Hermione sentiu seu coração sobressaltar-se em seu peito, podia sentir o hálito fresco de menta do sonserino inebriá-la completamente. Sabia que perderia a cabeça se ele ousasse mais do que já estava sendo ousado. Observou Draco deslizar as mãos sobre suas pernas desnudas, eriçando muitos dos seus pêlos, enquanto ele aproximava seu rosto do dela com intenções muito bem visíveis: ele iria beijá-la a qualquer instante.
Seus lábios estavam próximos, agora, seus olhares focados sobre suas bocas, esperando pelo momento em que se uniriam e cometeriam aquela gafe. Até que...
- Não vai beber seu vinho, Granger? – quebrou o silêncio, sua voz rouca e sussurrante, desviando seu rosto do dela e bebendo um gole a mais de seu próprio vinho.
Hermione sentiu como se o teto desmoronasse sobre sua cabeça, não era aquele tipo de atitude que esperava dele. Respirou pesadamente, visivelmente irritada pelo papel de boba que ela havia acabado de representar, mas não iria dar o braço a torcer tão fácil. Se ele queria jogar com ela, era isso que fariam.
- Não deveria me atiçar dessa forma, Malfoy. – disse a ele, certo sorriso maroto brincando em seus lábios, enquanto retomava a proximidade de suas faces.
Draco sabia que estava conseguindo alcançar seus objetivos, e resumia-se basicamente em brincar o seu tipo de joguinho malicioso o mais ousado que fosse capaz, para que, no final, não apenas ele desejasse ultrapassar os limites, mas ela também.
-Por que não, Granger? – contrariou, sussurrando muito próximo ao ouvido dela. – Pode me mostrar se quiser.
Aqueles tipos de audácias estavam sendo suficiente para que Hermione perdesse completamente sua razão. Sentir a respiração dele tão próxima de sua face, daquela forma, fazia-a querer realmente mostrar a ele o quanto o estava desejando, mesmo que isto fosse claramente errado.
Hermione sentiu alguns o roçar sensual e macio da barba recentemente feita dele contra sua face, era uma sensação inigualável, precisando revirar os olhos de excitação tendo-o tão perto daquela forma. Draco deslizou suas mãos, ainda mais ousado do que antes, sobre as pernas dela, descobertas, já que usava apenas um short curto. Deixou que seus dedos invadissem o short, acariciando-lhe as coxas internamente, enquanto seus lábios detinham-se em beijos e mordidas leves sobre o pescoço dela, afastando os cachos para que pudesse ter acesso maior àquela região. Hermione agarrou avidamente os cabelos louros de Draco, puxando-os como se pudesse extravasar todo seu desejo.
Enquanto sentia a força que ele aplicava sobre suas pernas e cintura, por vezes em seus cabelos também, enlaçou suas pernas em torno dos quadris de Draco, encurtando todo o mísero espaço que ainda havia entre eles. Foi quando percebeu o quanto ele estava excitado, sabia que ele não deveria estar usando absolutamente mais nada além daquela calça de moletom.
- O que você colocou nesse vinho, Draco? - indagou a ele, tentando ritmar sua respiração novamente, agora completamente ofegante.
- Nada. – respondeu entre risos, capturando os lábios dela no mesmo instante.
Estavam ultrapassando todos os limites e tinham plena consciência disso, mas iriam além até que satisfizessem seus desejos. Draco pressionou seus lábios contra os dela de forma firme, sugando-os por alguns instantes e provando do gosto dela, era algo inusitado, nunca havia experimentado nada igual. Poderia estar agindo como um louco possuindo-a daquela forma, principalmente tratando-se de pessoas de sangues tão diferentes, um ponto de vista que apenas ele levava em consideração, mas iria adiante. Agarrou a cintura fina de Hermione e trouxe-a para mais próximo, deslizando seus dedos pelas pernas dela e carregando consigo seu short. Hermione não estava mostrando nenhum tipo de resistência. Em um movimento ligeiro, Hermione puxou a camisa de Draco pelos braços e tornou visíveis os músculos tão bem delineados do rapaz. Não tinha idéia de que era isso que ele escondia por baixo de suas roupas, estava ainda mais curiosa pelo restante que iria conhecer. Era insano pensar dessa forma, ainda mais quando seu noivo dormia em um quarto próximo dali.
Draco moveu suas mãos por toda a barriga esguia dela, acariciando-a e sentindo a delicadeza de sua pele, conseguindo retirar a blusa que ela vestia e, assim, expondo os seus seios quase fartos. Era sua visão perfeita, e não queria deixar de admirá-la tão cedo. Decidiu, por fim, despejar beijos sobre todo o colo exposto dela, intercalando entre mordidas suaves e beijos molhados, incitando-a com sugadas nos mamilos e muito próximo ao umbigo, onde ela parecia responder com cócegas.
Era tentador tê-lo com os músculos despidos bem diante de si e não tocá-lo, era ainda mais fascinante aquele tipo de visão uma vez que Harry não tinha aquele mesmo corpo tão definido. Acariciou todo o peito nu de Draco, cravando algumas unhas de leve só para que ele gemesse rouco em seu ouvido, ao mesmo tempo em que descia uma de suas mãos para dentro do moletom dele e o incitava ainda mais ali, em seu membro rígido e ereto, sabia que ele estava pronto e não se importava se ele era seu inimigo ou não.
Draco arfou de leve sentindo o toque excitante de Hermione em si, queria tê-la mais do que tudo. Seria apenas atração e nada mais, era assim que pretendia ver aquela relação... Improvável.
- Você tem certeza de que quer mesmo fazer isso? – perguntou a ela, despejando beijos por todo o pescoço e lábios dela, suas respirações descompassadas.
- Você ainda tem dúvidas, Malfoy? – sua voz soou rouca, era quase um grito mudo de desejo, era tudo o que ela mais queria naquele momento.
Diante das palavras de Hermione, tentadoras ao extremo, Draco teve absoluta certeza de que não iria adiar aquele momento por absolutamente nada, queria tê-la e passaria por cima de seus próprios princípios para isso. Habilmente, Draco puxou-a para si de modo que ela pudesse se posicionar sobre seu colo, ajudando-a a enlaçar as pernas em torno de sua cintura e cuidando para equilibrá-la em seus braços. Capturaram seus lábios ao mesmo tempo em um beijo bem mais avassalador do que todos os anteriores. Mesmo cambaleante pelo peso dela, Draco conseguiu carregá-la de volta para a sala, deitando-a sobre o sofá o mais cuidadoso que pôde. Seus lábios ainda estavam unidos, em uma troca intensa de beijos ardentes, sentindo correntes elétricas os consumindo internamente. Hermione enlaçou suas pernas em torno dos quadris de Draco ainda mais firme, prendendo-o de forma inescapável, queria ter certeza de que iriam até o fim, mesmo que soubesse que sua carga de pecados estaria aumentando.
Deitando-a sobre o sofá, Draco se pôs por cima dela, tentando manter o mínimo de peso que foi capaz a fim de não esmagá-la. Suas mãos passeavam atrevidamente por toda a extensão de pele visível de Hermione, desde as pernas, as coxas, barriga, até os seios, onde se detinhas em massagens excitantes. Hermione não se acanharia naquele momento, sabia perfeitamente bem o que estava fazendo e era tudo o que mais desejava. Acariciava-lhe os músculos peitorais de forma possessiva, cravando suas unhas nas costas dele sem piedade alguma, sentia as pontadas em sua feminilidade bem mais fortes do que antes e sabia que ele deveria estar em um grau de excitação igual ou bem maior do que o dela. Hermione podia sentir o membro rígido do louro sobressaltando-se de seu moletom, ato nada sutil e ainda mais eletrizante.
Separaram os lábios em busca de ar, arfando de puro desejo, explorando com suas línguas cada porção de pele alva que encontravam diante de si. Draco desceu seus beijos pelos ombros dela, deixando rastros de fogo por todo o colo, incluindo seios, até a barriga e ousando bem abaixo disso, mordiscando de leve sobre a calcinha de rendas preta minúscula que ela usava. Agora, definitivamente, ele tinha certeza de que ela era irresistível.
Sem ponderar suas atitudes, agindo tão ou quase impulsivamente quanto ele, Hermione deslizou o moletom de Draco pelas pernas do mesmo habilmente, deixando-o desnudo bem diante de si. Não sabia se deveria se deter em admirá-lo ou se simplesmente buscava satisfazer suas necessidades. Havia uma urgência visível nos toques de ambos, assim como nos beijos.
Draco deslizou a peça intima de Hermione com apenas uma mão, até mesmo rudemente, não se importando em onde iria jogá-la. Acariciou toda a parte interna das coxas dela, sentindo a umidade cada vez mais intensa naquela região. Seus dedos pareciam sedentos por explorar aquela área, mas não sabia ao certo se deveria. Hermione estava desnorteada de prazer o suficiente para não dar a mínima se aquilo era certo ou errado. Com esse tipo de pensamento, Draco deslizou seus dedos para a intimidade dela, acariciando-lhe ousadamente e observando-a arquear o corpo de prazer. Aquela situação não era nada nova para nenhum deles, mas as sensações pareciam extremamente surreais, talvez porque não fizessem a menor idéia de que poderiam proporcionar prazeres um ao outro.
Hermione alcançou os lábios dele e iniciou um novo beijo de línguas, ardente , prendendo-a ainda pela cintura e sentindo-o invadi-la com os dedos ágeis. Queria, na verdade, tê-lo dentro de si, não daquela forma, mas iria seguir as regras do jogo dele.
A impaciência de Draco era visível pela intensidade com que ele a tocava, roçando seus dedos sobre toda a região sensível dela e sentindo-a aninhar-se ainda mais contra seu corpo. Algumas gotas de suor escorriam por suas testas, e sabiam que não poderiam mais adiar aquele momento. Sem aviso algum, Draco desfez o contato de suas mãos com a feminilidade dela e preparou-a para que ela pudesse recebê-lo, desfazendo o beijo que mantinham e posicionando seu corpo sobre o ângulo certo.
Hermione sabia que aquele seria o momento e se quisesse impedir aquela loucura teria de fazê-lo depressa. Repentinamente a imagem de Harry surgiu em sua cabeça, sentia-se uma estúpida por traí-lo dessa forma, mas nas condições em que se encontrava era um pouco tarde querer desistir. Antes que pudesse repensar a situação, Draco a penetrou profundo, em uma estocada vigorosa e nada carinhosa. Ela não se importou com isso, recebeu-o ainda com as pernas enlaçadas contra ele. Seu corpo todo vibrava diante das sensações de puro prazer, parecia entorpecida como nunca antes estivera. Draco moveu-se algumas vezes mais para dentro dela, queria reconhecer aquele novo ambiente. Seu corpo ardia diante do tesão que estava sentindo por ela. Inconscientemente, Hermione deixou escapar alguns gemidos baixos bem próximos do ouvido dele, agarrando-lhe os ombros com força e sentindo seu corpo movimentar junto ao dele. Draco estocou algumas vezes mais, firme e potente, conforme os gemidos dela se intensificavam e, conseqüentemente, os seus.
Queriam entender um pouco do que realmente estava acontecendo com eles. Não se lembravam exatamente do momento em que aceitaram passar dos limites daquela forma. Era tarde para arrependimentos, agora. Permaneceram naquele ritmo por longos minutos, entre estocadas fortes e suaves, gemidos roucos e abafados, outros nada discretos, apertos e puxões de cabelo, mordidas em lugares estratégicos... Até que Draco esbarrasse sua mão, sem a menor intenção, no pequeno vaso sobre a mesa de centro. Por uma infeliz razão, aquela mesinha de centro estava próxima demais do sofá e foi inevitável o estardalhaço do vidro se quebrando sobre o chão. Mas isto não foi motivo para que interrompessem o coito.
Apenas alguns segundos depois, passos foram ouvidos na escada próxima dali. O sofá ficava de costas para a escadaria, portanto, quem estivesse descendo as escadas não veria nada mais do que o encosto do sofá. Apenas uma pessoa poderia descer aquelas escadas, e era Harry quem o fazia.
- Hermione? – chamou uma vez, sua voz um pouco baixa, descendo apenas alguns degraus. - Você está ai?
- Harry! – exclamou para si mesma, um pouco baixo.
As expressões de Hermione eram de profundo susto e certo desespero, tudo o que menos precisava era ser pega no flagra mantendo relação sexual com seu inimigo, sobre o sofá daquela sala.
- Shi! – Draco calou-a com as mãos sobre a boca dela, tentando tranqüilizá-la, sussurrante ao extremo. - Vai ficar tudo bem.
Ela não tinha tanta certeza se tudo realmente terminaria bem, podia ouvir os passos firmes de Harry aproximando-se. Draco diminuiu drasticamente a intensidade dos movimentos, mantendo-se dentro dela imóvel por algum tempo, enquanto ela baixava suas pernas e as descansava ao lado do corpo, ambos aninhados para que não corressem o risco de serem pegos ali. Ouviram mais alguns passos até que eles cessassem, para que logo em seguida retornassem ainda mais fortes, mas agora estavam se afastando, provavelmente retornando para o andar superior.
Draco respirou aliviado, retirando a mão da boca dela e retornando as investidas dentro dela, agora bem mais suavemente, sentindo todo o prazer retornar ainda mais intenso, talvez fosse a adrenalina do momento, estando tão próximos de serem descobertos. Algumas estocadas fortes e atingiram o ápice juntos, gozando prazerosamente ao mesmo tempo. Sentiram espasmos por todo o corpo, a corrente elétrica correndo ainda mais frenética por suas veias. Hermione se aninhou contra ele, ainda sentindo o latejo firme em sua feminilidade, enquanto ele a deixava lentamente. Por mais impulsivos que houvessem agido, entregando-se um ao outro daquela forma, estavam satisfeitos com a relação, sentiam-se misteriosamente felizes por dentro.
Selaram um beijo demorado, sentindo o gosto de seus lábios mais uma vez antes que um sorriso malicioso escapasse pelo canto dos lábios de Draco, que afagava os cabelos castanhos dela de forma carinhosa. Já era tarde agora, o tempo havia passado depressa desde que iniciaram os diálogos e era quase inacreditável que tivessem terminado sobre um sofá, completamente unidos um ao outro.
- Essa foi por pouco, Granger. – disse a ela, sorrindo malicioso e divertido.
Hermione esboçou uma careta, ajudando-o a sair de cima de si. Não havia gostado nada da sensação de temer ser pega no flagra, assim como não gostara de ter admitido a si mesma que havia agido insana traindo seu noivo da forma como fizera. Sentaram-se sobre o sofá, ainda nus, parte de suas roupas estavam na cozinha, seus corpos ainda pareciam responder às sensações prazerosas do sexo. Hermione fitou as escadas uma vez, voltando-se para Draco logo em seguida, queria ter certeza de que Harry não estava mais ali.
- Estamos nos arriscando, Draco. – disse a ele, suas expressões estavam sérias.
- Isso é excitante, não acha? – respondeu retoricamente, enlaçando-a pela cintura e trazendo-a para perto, ao mesmo tempo em que beijava-lhe ardentemente.
Hermione retribuiu ao beijo, não havia como não gostar daquilo, era incrível como ele podia ser tão insaciável. Mesmo a contra gosto, Hermione espalmou suas mãos contra o peito nu de Draco e o afastou de si, obrigando-o a desfazer o beijo.
- Você não vai contar sobre nós a ninguém, né? – pediu, estava visivelmente preocupada.
- Não. – respondeu ligeiro. - Claro que não, Hermione. – sorriu malicioso, dando-lhe uma piscadela em seguida. - Vai ser um segredo nosso.
Era impossível não retribuir àquele sorriso, e fora exatamente isso que ela fizera, se afastando dali e indo direto para a cozinha, onde suas roupas estavam jogadas sobre o chão. Aquela noite seria lembrada para sempre, mesmo que Hermione decidisse esquecê-la ou ignorá-la completamente, afinal, era comprometida e devia lealdade à seu namorado.
- Boa noite, Draco. – sorriu faceira, terminando de vestir suas roupas e seguindo até as escadas.
Até que fosse repentinamente puxada por ele, de encontro ao corpo másculo do rapaz que vestia apenas sua calça de moletom. Estavam sendo cuidadosos para que não provocassem maiores ruídos que pudessem chamar a atenção de Harry novamente.
- Boa... – disse ele, beijando-lhe os lábios demoradamente. - Agora sim... – e sorriu faceiro, beijando-a rapidamente por alguns instantes mais. - Boa noite, Hermione.
Fim do Flash Back
Continua...
N/A: Aguardo comentários ;)
