Título:
Lessons In Love
Autora:
Blanche Malfoy
Tradutora:
Celly M.
Beta
da Tradução: Blanche Malfoy
Retratação:
obviamente, os eventos descritos aqui pertencem à Blanche.
Eu só traduzi. Por conseqüência, os personagens
aqui descritos, com a exceção dos criados por ela,
pertencem à J.K. Rowling e associados.
Agradecimentos:
como não poderia deixar de ser, eu faço aqui
minha habitual reverência à uma das escritoras que mais
admiro no fandom de Harry Potter. Além de minha amiga, a
Blanche é uma daquelas autoras que simplesmente
escrevem bem, sem firulas ou rodeios. E eu só tenho que
agradecer por ela me deixar traduzir suas fics, que são
maravilhosas!
Sumário:
Encarando seus próprios demônios, Harry não
percebe como seu filho é solitário.
Quando James Potter, seu filho de 16 anos, volta para Hogwarts
para seu sexto ano na escola, ele encontra um aluno
transferido que pode ser o que ele
precisa para se abrir para a vida. Mas o que Harry irá dizer
quando souber que seu filho se apaixonou por outro garoto?
Capítulo 1:
A viagem até a Estação de King's Cross foi tão longa e cansativa como sempre. James desejava o contrário. Pelo menos uma vez na vida, ele queria que o pai deixasse o laptop e o minúsculo celular e se dirigisse a ele como se realmente se importasse com o filho. Mas o grande Harry Potter não tinha tempo para o garoto, apenas para seu trabalho como um empresário do mundo do Quadribol.
Harry Potter, uma vez herói do mundo, estava agora completamente envolvido com o mundo do Quadribol. Ele era dono de muitas lojas que forneciam qualquer tipo de material para o esporte: vassouras top de linha, Pomos-de-Ouro mais velozes, Balaços, Goles e inúmeros uniformes. Ele até mesmo possuía um time de Quadribol em Londres. Os Chudley Cannons haviam sido sua última aquisição. Ele estava determinado a fazer com que eles ganhassem a taça naquele ano. O pai de James e seu melhor amigo, Ron Weasley pareciam animados com seu novo brinquedinho e estavam muito ocupados comprando novos jogadores para o time. O único que não estava empolgado com aquilo tudo era James.
Chegava a ser irônico que o filho do Apanhador Mais Jovem do Século odiasse completamente qualquer coisa a respeito do Quadribol. No entanto, não era tão difícil assim de entender. Se Harry tivesse parado para prestar atenção nele pelo menos uma vez, ele iria perceber que seu filho não queria nada com o esporte que ele gostava tanto.
Quadribol era tudo o que Harry pensava, falava e respirava.
Quadribol parecia ser a única coisa que Harry realmente amava.
James suspirou pesadamente em seu assento, e apreciou os prédios à sua volta, enquanto o carro deslizava pelas ruas apinhadas de Londres. Passou os dedos pelos cabelos ruivo-escuros e consultou o relógio. Para seu absoluto alívio, conseguiria chegar à Plataforma Nove e Meia a tempo. Não podia esperar para deixar a cidade. Hogwarts parecia muito mais com um lar de verdade para ele do que a mansão que dividia com Harry.
Hogwarts ainda permanecia a mesma desde que fora construída. Ainda era um lugar de contos de fadas. Era o único lugar onde James se sentia relaxado.
— James? Você está me ouvindo?
O garoto virou-se para encarar o pai e encontrou os severos olhos verdes fitando-o. Ele não havia percebido que o pai deixara de falar ao telefone e estava tentando ganhar sua atenção há algum tempo.
— O quê foi? –James perguntou lentamente, seus olhos tentando focalizar o pai ao invés de se desvirtuarem para outro lugar.
— Eu falei com o capitão do time de Quadribol. –Harry declarou. — Ele disse que você pode entrar para o time quando quiser.
James sentiu-se ultrajado, mas conseguiu manter-se extraordinariamente calmo. Levara anos para adquirir controle sobre suas emoções. Ele já havia presenciado o lado irracional de Harry antes e nunca mais queria ver aquilo novamente. Não importava quanto o pai o irritasse, ele sempre conseguia manter-se calmo e não entrar em pânico. Ele apenas ouvia, assentia e ignorava.
Ele já havia ouvido aquela conversa sobre Quadribol antes. Podia muito bem ouvir aquilo novamente sem sair do carro gritando.
— Jeremiah disse que mal pode esperar para tê-lo no time. –Harry continuou, alheio aos verdadeiros sentimentos do filho a respeito daquele assunto. — Eles precisam de um bom Apanhador. Eu disse a ele que ensinei a você tudo o que eu sei sobre voar. Garanti que você é tão bom quanto seu velho pai. Está no nosso sangue; você vai ser ótimo também. É só dar uma chance. Pare de ser tão tímido e reservado. Entrar pro time vai te fazer bem.
"É verdade. As pessoas só vêem o que elas querem", James pensou, lembrando-se de uma música que gostava. "Pai, eu odeio Quadribol. Será que não consegue enxergar que eu desprezo qualquer coisa relacionada a isso? Apenas me deixe em paz! Eu imagino o que ele diria se soubesse o que realmente acho desse esporte. Mas, se pensar bem, eu já sei. Ele iria gritar comigo e me chamar de moleque ingrato. A mesma bobagem de sempre..."
— James! –Harry gritou, irritado pela falta de resposta do filho. — O quê há de errado com você hoje? Eu estou falando com você!
— Desculpa, o quê disse? –perguntou, vagamente.
— Eu lhe pedi para que não me desaponte dessa vez. Você sabe o quanto significa ter você no time. Quadribol é o meu negócio agora. Você faz idéia de quão estranho é ter um filho que não dá a mínima para o trabalho do pai?
James engoliu a raiva para manter a paz. Ele iria conseguir. A estação de King's Cross estava próxima agora.
— James? –a voz de Harry tinha um tom de irritação.
— Eu vou falar com Jeremiah assim que entrar no trem. –respondeu, querendo com isso fazer com que o pai parasse de lhe encher de uma vez por todas. Sua afirmação era mentira. Não faria nada daquilo. Ele nem ao menos diria oi para o Jeremiah. A coisa mais triste era que ele nem se importava em mentir para Harry.
Harry sorriu, mas James não viu amor em seus olhos, apenas satisfação em ter suas ordens seguidas.
— Ótimo. Você vai me agradecer depois. Acredite em mim.
Harry fez um gesto com a mão e James congelou em seu assento, imaginando se o outro iria tocá-lo. O pai raramente o tocava desde que ele nascera. Ele quase não o abraçava ou beijava. Existiam os momentos de afeto, mas eles eram tão escassos que rapidamente eram apagados da memória de James.
Reparando na apreensão do filho, Harry recolheu a mão e colocou-a em seu colo. Então suspirou quase desanimado.
E naquele momento James sentiu pena do pai.
Hermione uma vez lhe disse que Harry fora muito diferente do que era no presente. Seu pai havia sido uma pessoa gentil, alguém que um amigo poderia contar para qualquer coisa. Houve um tempo em que ele sorria livre e sinceramente.
Mas aquilo havia mudado desde a guerra contra Voldemort e ficara pior após a morte de Ginny. O Harry Potter de hoje parecia incapaz de amar qualquer pessoa.
James desejava ter conhecido aquele lado de seu pai que apenas os amigos dele conheciam. Mas não conseguia imaginar Harry sendo diferente do frio workaholic que havia se transformado.
— Ah, finalmente estamos aqui. –Harry disse, como se estivesse aliviado por livrar-se do filho. — Lionel, apenas estacione aqui. Não vou demorar.
"Realmente, pai, você poderia ser mais óbvio? Qualquer pessoa pode dizer que você mal pode esperar para se livrar de mim! Merda! Lionel está olhando pra mim com aquela cara de novo... eu não preciso da pena de ninguém."
James começou a se sentir nervoso. Ele não conseguia suportar mais ficar no mesmo ambiente que seu pai. Precisava sair do carro e rápido. Abriu a porta do carro, descuidado, e seu coração quase saiu pela boca quando viu o carro vindo em sua direção em alta velocidade, pronto para atingi-lo em cheio.
Ele apenas congelou.
— JAMES! –o pai gritou, desesperado.
Os reflexos de Apanhador funcionaram bem. Harry puxou o filho para dentro do carro e fechou a porta um segundo antes que o carro pudesse atropelá-lo.
Todo o corpo de James estremeceu ao perceber o quão perto esteve da morte. Levou outro minuto para reparar em quão firme Harry o estava segurando em seus braços, e como seu coração batia acelerado. Ele fechou os olhos, tentando impedir que as lágrimas caíssem. Ele não era mais uma criança, era um homem. E homens não choravam em circunstância alguma. Não importava quão assustado estava, não iria derramar uma lágrima sequer.
Mas, mesmo conseguindo controlar as lágrimas, ele não conseguia controlar o tremor de seu corpo, nem as batidas descompassadas de seu coração.
— Jesus! –Harry estava furioso. — Acorda! Qual o seu problema? –questionou o filho. — Você poderia ter morrido!
James sabia muito bem daquilo. Ele não queria que Harry gritasse com ele. Ele só queria ser abraçado. Por que era tão difícil para seu pai ser gentil com ele?
Ele fugiu dos braços do pai desajeitada mente e abriu a porta do lado de Harry, saindo do carro do lado da calçada da estação. Então, olhou para Lionel – que estava visivelmente pálido – e perguntou como se nada tivesse acontecido:
— Lionel, meu malão.
O homem obedeceu imediatamente. Enquanto James tentava segurar as lágrimas teimosas que ameaçavam cair, Harry ficou ao seu lado. Ele podia perceber que o pai estava nervoso. Era a primeira vez que ele via o outro sem ter a mínima idéia do que falar ou fazer.
— James... –Harry disse suavemente, colocando uma das mãos no ombro do filho.
O garoto ignorou a inexperiente tentativa do pai de tentar conforta-lo. Vendo Lionel arrumar o malão em seu carrinho, James apenas o empurrou apressado na direção da estação.
— James! –Harry chamou. — Espere! Eu vou com você até a plataforma.
Ele parou, olhou para trás, e respondeu como se fosse um robô:
— Você não precisa. Sei que tem uma reunião. Pode ir agora, obrigado por me deixar aqui, pai.
Harry não parecia muito satisfeito com aquilo. Caminhou até James e o puxou para um abraço.
— Você está bem? –perguntou, tocando o rosto do filho suavemente.
James reparou nos transeuntes observando-os curiosamente. Seus lábios tremeram e ele os mordeu com força. Balançou a cabeça em aprovação para garantir a Harry que estava tudo bem. Ele não estava, mas não queria passar mais tempo ali. Naquele momento ele realmente tinha vontade de chorar.
Ele se afastou dos braços do pai gentilmente, despedindo-se, e correu para a estação. Antes que Harry pudesse chamá-lo, ele já havia desaparecido no meio da multidão.
Como ainda tinha alguns minutos antes do trem partir, James parou atrás de uma enorme pilastra e colocou o carrinho à sua frente como uma barricada, e começou a hiperventilar. Algumas lágrimas escaparam do canto de seus olhos, mas ele limpou-as rapidamente. Então, respirou profundamente e começou a empurrar o carinho na direção da plataforma nove e meia.
— Você está bem? –uma mulher perguntou, colocando a mão em seu ombro.
James deu um pulo, como se o toque o tivesse queimado. Ele fitou a mulher e então encontrou os gentis olhos castanhos de Hermione Weasley, sua madrinha.
Ele teve a urgente vontade de abraçá-la firmemente. Hermione era como uma mãe para ele. Sempre que ele ficava chateado com Harry, era para ela quem ele corria. Ela sempre sabia exatamente o que dizer para fazer com que o garoto se sentisse melhor.
— Olá, querido. –ela o recebeu com um sorriso calmo. — Você está horrivelmente pálido. Você está bem?
— Sim, eu estou. –ele mentiu. — Onde estão Max e os outros?
Max era seu melhor amigo e filho de Hermione e Ron. Depois dele havia Eliza, uma garota de 12 anos que era apaixonada por James. Havia mais um bebê a caminho, mas aquilo ainda não podia ser notado.
— Ele já está no trem, ajudando Eliza com sua enorme bagagem. –ela informou, com uma piscadela. — Eu resolvi esperar por você aqui porque não o vi em nenhum lugar próximo ao trem. Onde está Harry? –ela perguntou.
James olhou para todos os lugares menos nos olhos de Hermione quando respondeu:
— Ele tinha uma reunião importante, mas me deixou aqui.
Hermione fez uma careta de desagrado. Ela não parecia satisfeita com as notícias.
— Um dia eu vou espancar Harry, eu juro por Deus! –disse, com as sobrancelhas erguidas, demonstrando aborrecimento.
— Eu não me importo, de verdade. Eu prefiro vir sozinho. –James disse, apressadamente, como se estivesse justificando o pai. Ele não sabia porquê havia feito aquilo. Ele queria amaldiçoar o pai, não defendê-lo.
Mas ele percebeu que já era velho demais para agir como uma criança de oito anos de idade, desesperado por um pouco de aprovação e amor do pai. Ele não gostava da idéia de que era fraco, solitário e precisava de afeto. Ele era quase um adulto. Podia cuidar bem de seus problemas.
— Esse é o problema. Você não se importa. É isso que me preocupa. Muito. –ela suspirou. — Bem, vamos ou você vai perder o trem! Max e as gêmeas já estão esperando por você. Eles sentiram muito a sua falta durante o verão. Max ficou devastado quando você recusou passar algum tempo conosco.
— Sinto muito. –ele respondeu, quando cruzaram a barreira.
E foi tudo o que disse. Não tinha uma boa desculpa. Ele havia passado o verão inteiro em casa sem fazer nada. Havia considerado a hipótese de passar algum tempo com os Weasley, mas quando a idéia de ter a pequena Eliza perturbando-o 24 horas por dia apareceu em sua cabeça, James imediatamente recusou o convite.
— Bem, você terá que passar o Natal conosco. Todos os Weasley vão estar reunidos. Vai ser uma enorme e barulhenta festa!
James sorriu diante daquele pensamento. Os Natais com os Weasley eram sempre divertidos.
Ele encontrou Ron e Mia – a esposa de George – próximos a uma das entradas do trem. O homem despenteou os cabelos de James, dando suas boas vindas, depois perguntou por Harry. Quando James respondeu que ele tinha uma reunião, Ron apenas fez uma careta.
— Eu sei sobre a reunião. Eu deveria estar lá também, mas meus filhos são mais importantes. Harry merece ter o traseiro chutado. Ele trabalha demais.
James gostava de toda aquela preocupação, mas sempre que falavam aquele tipo de coisa, ele só se sentia pior. Ficava claro para ele que seu pai não se preocupava com ele.
— George também não veio. –Mia disse para fazer com que James se sentisse melhor.
— É, mas você está aqui. –Ron replicou.
Naquele ponto, James apenas desejava que os adultos ficassem quietos. Ele ficou mais do que agradecido pela chegada tempestuosa das gêmeas Weasley. As ruivas de quinze anos o abraçaram uma de cada vez e beijaram suas bochechas, fazendo barulho. Ele apenas sorriu.
— Você parece mais magro. –Vanessa disse, maternalmente. — E seus olhos estão um pouco vermelhos.
— Mas você ainda é uma graça! –Vivan exclamou, segurando uma das mãos do garoto e arrastando-o para o trem. — Vamos, vamos. Estamos quase partindo.
— Se você não tivesse aparecido, nós teríamos que encontrar um jeito de parar o trem. –Vanessa comentou, segurando a outra mão de James.
— Garotas! Deixem ele respirar! –Mia, a mãe delas, ralhou.
As garotas reviraram os olhos e disseram em uníssono.
— James está mais do que acostumado em ser arrastado por aí por nós duas. Certo, James?
— Eu acho que sim. –ele respondeu.
Mia balançou a cabeça.
— De qualquer maneira, comportem-se, garotas! Não quero receber cartas de McGonagall todas as semanas como no ano passado! Me ouviram?
— Não se preocupe, mãe. Vamos tentar fazer com que você as receba uma vez por mês! –Vanessa, a mais espevitada, gritou, acenando para eles antes de embarcar no trem.
— Uma vez por mês? Você está exigindo muito de mim, Vanessa! –Vivian reclamou, entrando no trem logo após a irmã.
— O que eu faço com essas garotas? – Mia suspirou.
Hermione deu um tapinha em seu ombro.
— Elas vão crescer.
— Quando, exatamente? Isso tudo é culpa de George! Ele as mima demais.
O trem assobiou. James rapidamente disse adeus às pessoas que estavam na plataforma e embarcou. As gêmeas o esperavam para lhe mostrar sua cabine. Elas o carregaram por entre a massa de alunos, que se cumprimentavam, antes de sentarem.
Ele acenou para alguns de seus colegas de quarto e amigos. Finalmente, ele arrumou suas coisas em um dos compartimentos do trem, onde Max o recebeu com um amistoso sorriso. James apertou a mão do amigo e quase suspirou em alívio quando percebeu a ausência de Eliza.
— Ela está com as amigas. –Max disse, ajeitando os óculos. — Eu a convenci a ficar por lá.
Max era solidário com ele quando o assunto era Eliza e sua paixão nada saudável por James. Ele sabia que a irmã ficava fora de controle quando o assunto era o ruivinho e a insistência em ganhar o coração de seu melhor amigo estava interferindo na amizade dos dois garotos.
James sorriu ao se sentar ao lado do amigo.
— Obrigado.
— Eu não posso prometer que ela não vai pular em cima de você assim que chegarmos a Hogwarts.
— Está tudo bem. Eu posso cuidar dela em Hogwarts. Mas agora eu estou... exausto. –James disse, encostando a cabeça em seu assento e fechando os olhos.
Max suspirou.
— É seu pai de novo, não é? Ele pediu que você entrasse para o time da Grifinória, não foi?
James abriu os olhos e viu Max fitando-o diretamente com seus penetrantes olhos azuis escuros.
— É, é meu pai sim. Mas eu não quero falar sobre isso.
— Você nunca quer. –Max apontou, com uma expressão tristonha. — Isso não é bom pra você, sabia? Você precisa conversar com alguém. Se não pode falar com seu melhor amigo, então deveria procurar ajuda profissional.
— Max, não é bem assim! –James negou rapidamente. — É só que... qual a finalidade? Nada vai mudar.
— É claro que vai! Quando você vai enfrentá-lo? Você precisa expressar o que sente! Ele precisa saber quão desprezível ele é! Não é bom ficar guardando emoções. Eventualmente, elas vão destruir você! Você nem ao menos quis passar o verão comigo. Aposto que passou as férias inteiras deprimido.
— Você tem lido livros de psicologia? –James perguntou divertido, mas também tocado pela preocupação do amigo.
Max apenas deu de ombros.
— Bem, alguém tem que fazê-lo. Eu não vou ficar olhando você sucumbir. Não se puder ajudar!
— Eu estou bem, Max. Mas obrigado. –James sorriu, contente de estar em meio às pessoas que realmente o amavam. — Eu senti sua falta.
Max corou ligeiramente.
— Eu também senti sua falta. Você deveria ter aceitado meu convite nesse verão. Eu teria mantido Eliza bem longe de você.
— Sinto muito. Mas eu prometo que vou passar o Natal com vocês.
— Eu te mataria se você não o fizesse!
James sorriu abertamente. Era o primeiro sorriso genuíno que figurava em seus lábios desde que deixara Hogwarts, no início do verão.
— Se precisar conversar, James, saiba que eu estou aqui.
James assentiu. Era óbvio que ele sabia. Max era o amigo perfeito. Sabia que podia contar com ele a qualquer momento. O ruivo apreciava a preocupação de Maxwell, mas não queria pensar em Harry. Doía muito e ele já havia feito aquilo dezenas de vezes enquanto estivera na mansão. Naquele momento, ele só queria se envolver nas triviais conversas dos amigos.
Ele despenteou os cachos castanhos dos cabelos de Max, provocando-o.
— Então, você continua trocando cartas com Mandy?
Mandy era a filha do Professor Neville. Ela também era da Grifinória e tinha a mesma idade que eles, com cabelos loiros claros e gentis olhos caramelos. A bondade da menina havia ganhado fama por toda a escola. Sua personalidade era como a de Max e não foi surpresa alguma para James quando seu melhor amigo contou-lhe que estava apaixonado por ela.
Max corou violentamente.
— Não. Bem, um pouco. Ela me mandou uma carta da Grécia onde também mencionou que havia encontrado uma pessoa por lá... –ele disse, melancolicamente.
O sorriso de James desapareceu.
— Ah, isso é...
Ele não sabia o que dizer. Nunca fora muito bom em confortar as pessoas.
— Tem certeza? –James perguntou.
— Sim, mas está tudo bem. Por que ela iria se apaixonar por alguém como eu?
— Do que está falando? –James não podia acreditar no que estava ouvindo. — Você é perfeito!
Max ergueu uma das sobrancelhas.
— Sou? Como?
— Bem, você é o primeiro da turma. É inteligente, bonito... tem um coração enorme. Você...
Max fez uma careta.
— Garotas gostam de músculos, não de cérebro.
— Isso não é verdade!
Mas o que James sabia do assunto? Ele nunca havia se apaixonado. Não sabia nada sobre garotas porque nunca prestara muita atenção a elas. Na maior parte do tempo, elas o desagradavam. As únicas meninas de quem gostava eram as gêmeas Weasley, mas não de uma maneira sexual. Elas eram como irmãs pra ele.
Ver que os amigos estavam animados com as meninas no ano anterior, havia feito com que ele se sentisse incomodado. Enquanto todos pareciam ter um tipo em suas cabeças, ele, por outro lado, não conseguia achar nenhuma delas atraente. James começava a achar que havia algo de errado com ele, mas evitava pensar naquele tipo de coisa; já tinha muito com o que se preocupar.
— De qualquer maneira, não me importo. Há um infinito número de garotas interessantes na escola. –Max disse, mas James podia perceber que ele estava chateado pelo fiasco com Mandy. — Certo?
— Sim, é claro. –James respondeu.
Max fitou-o, pensativo.
— Você gosta de alguém, James?
O garoto sentiu suas faces queimarem.
— Não exatamente. Quero dizer, garotas são legais. Eu só... gosto delas no geral.
Se Max achara aquela resposta estranha, não disse nada. Mas havia algo nos olhos do amigo que fez com que James não se sentisse à vontade.
Foram interrompidos pela chegada das gêmeas Weasley. Mais uma vez, ele sentiu-se agradecendo às meninas por terem livrado-o de mais uma situação constrangedora. Da próxima vez, James estaria preparado, com o nome de uma menina na ponta da língua.
— Garotos, temos novidades para vocês. –Vanessa anunciou, sentando em frente a eles e cruzando as pernas elegantemente.
— Max, parece que Mandy ainda está livre. –Vivian disse.
Vanessa lançou um olhar enviesado para a irmã. Ela queria ter dado aquela noticia ao garoto. A outra apenas deu de ombros.
— O quê? Eu não podia mais suportar ver nosso primo sofrendo. Seu amor por suspense acabaria causando um ataque cardíaco nele.
— Eu não estava sofrendo! –Max exclamou, enquanto Vanessa fazia uma careta.
— Tá bom, a gente finge que acredita. –as gêmeas disseram ao mesmo tempo.
Max tentou protestar, mas elas não permitiram.
— Parece que o Deus Grego dela virou uma abóbora bem antes da meia-noite. Então, agora é sua chance, Max. –Vanessa disse. — Ela precisa de apoio! Ela sairá com qualquer pessoa que possa curar seu coração partido!
— O quê? Quem você pensa que eu sou? Eu quero sair com ela porque ela gosta de mim, não porque precisa ser confortada!
Vivian revirou os olhos.
— Ela gosta de você. Só precisa ser lembrada disso. E se eu fosse você, me apressaria em convidá-la para sair antes que alguém o faça.
Max mordeu o lábio inferior e James deu um tapinha em suas costas.
— Oh, James, querido! Nós não esquecemos de você! –Vanessa comentou, com um sorriso maligno.
O garoto tremeu.
— Vamos encontrar alguém ótimo para você. É só esperar.
James sentiu calafrios percorrerem por seu corpo. Ele não queria que as meninas encontrassem alguém para ele, mas sabia que era inútil tentar convencê-las do contrário.
— Eu acho que James precisa de alguém novo. –Vivian disse. — As garotas da escola não são boas o suficiente pra ele.
— E por falar nisso, Hogwarts vai receber um aluno transferido esse ano! –Vanessa exclamou, excitada.
— Quem? –James perguntou.
— Não sabemos. Tudo o que sei é que é um garoto da nossa idade, que veio de Beauxbatons. –Vivian informou. — E esperamos que ele seja gostoso.
— Corre o boato de que ele é ótimo em Quadribol.
James fez uma careta. Outro fanático por Quadribol. Ele esperava que o aluno não fosse colocado na Grifinória.
— Por que ele está sendo transferido agora? –James perguntou novamente.
Vivian deu de ombros.
— Não faço idéia.
— Eu acho que ele era problemático em Beauxbatons. –Vanessa disse.
O brilho nos olhos da garota dizia exatamente o que ela queria; ela esperava que a notícia fosse verdade.
— E as garotas estão todas disputando para ficar com ele.
— Eu espero que ele seja metade Veela. –Vivian disse, sonhadora.
— E eu espero que ele goste de perambular pela Floresta Proibida à noite. –Vanessa sonhou.
James e Max trocaram sorrisos.
— Eu apenas espero que ele não seja um bastardo. –Max comentou. — Não precisamos de outro idiota. Já temos o Travis, da Sonserina...
James concordou. Mesmo que a animosidade entre as Casas houvesse diminuído ao longo dos anos, ainda existiam alguns alunos que tentavam manter o espírito da hostilidade aceso. Travis era um deles. Ele gostava particularmente de ameaçar o garoto porque ele era o filho de Harry Potter.
Enquanto os amigos continuavam a conversar sobre os assuntos da escola, James deixou sua mente vagar até Harry, mesmo contra sua vontade. Ele imaginou se o relacionamento com seu pai um dia mudaria. Não iria deixá-lo arruinar aquele semestre. Faria de tudo para se divertir naquele ano.
Quem poderia saber? Talvez ele até se apaixonasse. Ele tentaria deixar o coração aberto. Fechou os olhos, imaginando como seria estar apaixonado por alguém. Se seu pai servisse de exemplo, apaixonar-se apenas poderia trazer dor e um coração congelado.
Porque estava emocionalmente esgotado, ele cochilou. James não ouviu Vanessa, Vivian e Max falando sobre ele. Se assim o tivesse feito, saberia que os amigos estavam muito preocupados com ele e que Vanessa já estava planejando um encontro às escuras entre o primo e uma aluna da Corvinal.
Continua...
Nota da tradutora: nyaaa, sim, postagem da fic original e tradução praticamente ao mesmo tempo! Ficamos chiques! Então sim, eu e a Blanche vamos postar quase que simultaneamente os capítulos da Lessons In Love, pra ninguém se roer muito de ansiedade. Bem, na sexta feira, se todos forem bonzinhos, o capítulo 2 estará online! Então, revisem, ok? Porque dessa vez, realmente quanto mais comentários, mais rápido a tradução vai vir. Será que eu preciso começar com os prêmios para quem revisar? Acho que podemos começar no próximo.
Nota da autora: Pessoal, esse é meu novo projeto. Está saindo do forno agora, e a Celly resolveu acompanhar o progresso da fic em inglês e traduzi-la (brilhantemente como sempre) para o Português. Espero que vocês gostem de Lessons In Love! Traz a história de amor da nova geração de Hogwarts! E também da antiga! Não ia deixar faltar o amor perfeito entre o Harry e o Draco, não é? Um beijo pra vocês! E Celly: Brigadão por traduzir minhas fics!
Tradutora corando que nem um pimentão!
E no capítulo 2...
"Você é gay?"
James instantaneamente deixou o bilhete cair no chão, como se tivesse queimado seus dedos. Estava chocado. Normalmente, ele não se sentiria incomodado por nada daquilo, mas ter sua masculinidade questionada daquela forma – mesmo que fosse em tom de piada – era demais. Ele não sabia o porquê, mas subitamente começou a sentir falta de ar.
E, naquele exato momento, Minerva McGonagall, a Diretora de Hogwarts, interrompeu a Srta. Hallowell para apresentá-los ao novo aluno.
