Escrito por: Kanemaki Tomoco (texto em japonês)
Plano Original: Nomura Tetsuya and Nojima Kazushige
Tradução (inglês): Gold Panner
Adaptação (português): Sorinha Phantasie
Nomes originais e fatos foram alterados pelo bem da adaptação, fiquem atentos. Todos os direitos reservados por Disney, Square Enix e Touchstone Pictures. Eu não ganho nada com essa adaptação/tradução.

CAPÍTULO 01

- VAMOS PARA A PRAIA -

Nessas férias, por que

não vamos todos para a praia?

{ . . . }

Enquanto todos tomavam seus picolés de sal-marinho juntos em seu ponto de encontro, Lexci pensava distraidamente sobre suas memórias das últimas férias de verão.

Memórias... sim, isso me lembra como

foi terrível a forma como todas aquelas fotos

sumiram, ontem. Fotos — todas cheias de

memórias sobre mim se foram, completamente

perdidas. E eu também não tenho sido

eu mesmo, ultimamente.

De repente, Braska começou a falar, retirando Lexci de seu devaneio.

Braska: Fico pensando... será que poderemos ficar juntos para sempre?

Garnet logo virou o olhar para ele, notando um tom de suspiro em sua voz.

Garnet: Eu espero que sim. Seria muito bom, não é?

Ela tentou sorrir, mas a atmosfera estava diferente do normal — Lexci podia notar pelo olhar na face dos dois. Quando virou o rosto, percebeu que Zell também parecia estar pensando no mesmo.

Zell: Huh? De onde é que você tirou essa?

Braska: Oh, bem, sabe como é — só estava pensando alto...

Braska voltou a morder seu picolé, uma expressão melancólica em seu rosto. Zell se mostrou, porém, firme.

Zell: Bem, eu duvido que a gente possa ficar juntos para sempre..

Lexci, Braska e Garnet desviaram o olhar para ele.

Estávamos todos aqui pensando em como

seria bom se pudéssemos ficar sempre juntos,

desse jeito... por que Zell diria algo assim?

Lexci tinha decidido dizer algo em troca, o que era bem raro para ele, quando Zell continuou falando.

Zell: Mas é isso que significar crescer, afinal, não é verdade? Quero dizer, o que importa não é o quanto vemos uns aos outros, mas o quanto pensamos uns nos outros — é isso.

Com as palavras de Zell, Lexci sentiu como se seu coração tivesse dado um estrondo, e ele derrubou levemente sua cabeça para o lado.

O importante não é o quanto nos

vemos, mas o quanto nos lembramos —

Sinto algo estranho no meu peito.

Braska: Tirou isso de um biscoito da sorte?

Braska deu uma breve risada e, ouvindo suas palavras, Garnet também abriu um longo sorriso. Na verdade, era um fato inegavelmente engraçado.

Zell: O que foi?! Quer saber, devolvam esses picolés!

Zell lançou um furioso olhar para o rosto de todos, mas quando seus olhos pausaram junto à face sem qualquer expressão de Lexci, ele suspirou. Certamente, o ponto de encontro se encontrava com uma atmosfera bem pesada.

Zell: Véi, como o dia hoje tá uma droga.

Garnet: Talvez seja por causa da memória daquele ladrão de ontem.

Garnet tombou com a cabeça sobre os ombros, uma triste expressão em sua face. Sim, o ladrão de ontem — o ladrão de fotos. Aquela estranha criatura prateada que roubara todas as fotos com memórias sobre o Lexci.

O que será que foi aquilo?

Zell: Nuh-uh. Sabem o que é?

Lexci voltou a si com as palavras de Zell, e ergueu o olhar. Zell, que deixou clara sua declaração, tinha estampado em seu rosto uma expressão cheia de certa confiança.

Zell: A gente só não quer que as férias de verão acabem. Só isso!

Dessa vez sua voz realmente estava enraivecida.

É verdade, é mesmo uma lástima que as

férias de verão logo vão se acabar.

São só uns poucos dias de férias, mais

cinco e acabava... e isso é tão... lastimável.

Zell: Bem, eu tenho uma ideia! Vamos todos para a praia!

Lexci: A praia...?

Falando em praia, isso me lembra aquele sonho

que eu tenho toda noite. O som das ondas. O brilho

luminoso na água. A gente correndo pela areia

pura e branca... calma... a gente? Não, não sou eu

que apareço nesses sonhos. É um garoto que se

chama Sora quem aparece... E então — outros.

Eu não me lembro o nome deles. Passei momentos

bem divertidos com eles nesses dias. Não... não "passei",

eu "sonhei" que passava. Porque eu venho tendo

esses sonhos sem parar ultimamente, e eles parecem

tão reais, que é como se estivessem acontecendo

de verdade. E é por causa disso que eu quero ir para

a praia com todo mundo. Eu realmente queria ir —

Mas para a praia que eu quero ir, eu não posso.

Zell: E sabem por que a praia? Porque não fomos pra praia nenhuma vez nessas férias inteiras! O mar azul! O céu azul! Vamos pegar o trem e ir pra praia!

Zell disse com força, levantando-se a toda do lugar onde estava sentado — o topo de algum tipo de maquinário no canto do local. Tomados por uma estranha força, Lexci e os outros também se levantaram sem nem perceber.

Mas foi Garnet quem percebeu algo, logo em seguida. Ela logo abaixou sua cabeça, abatida. Entendendo a situação, Braska fez o mesmo.

Zell: Não? Ah, qual foi!

Zell timidamente os observou, sentindo-se balado pela expressão na face de seus companheiros.

Lexci: Talvez você tenha esquecido, mas estamos quebrados...

Já era quase o fim das férias, e ele já tinha gastado quase tudo o que tinha guardado. Ele imaginava que Zell, Garnet e Braska estivessem na mesma situação. Não havia mais nada sobrando em suas carteiras, nada além do suficiente para comprarem seus picolés de sal-marinho que tomavam todos os dias.

Zell: Talvez você tenha esquecido, mas eu sou espero! É só deixar tudo comigo! Vem, vamos para a Rua do Mercado!

E então, Zell saiu correndo do Ponto de Encontro. Os outros três olharam um para o outro. Braska lançou um olhar preocupado para Lexci.

Braska: Ele disse para deixar com ele, mas...

Lexci: Vamos atrás dele.

Braska e Garnet balançaram a cabeça, totalmente de acordo com Lexci — e então correram todos para fora.

{ . . . }

Seguindo Zell através da ladeira até a Rua do Mercado, Lexci encontrou seu amigo de frente para um quadro de notícias.

Zell: Faltam só dois dias...

Zell olhava para o pôster colado no quadro de notícias. Era um pôster sobre um campeonato conhecido como Confronto, que aconteceria na cidade dentro de dois dias. O Confronto era um tipo de festival que acontecia na Cidade Crepuscular todo ano, nas férias de verão, onde o vencedor era eleito através de batalhas com espadas exclusivas. As preliminares já tinham acabado, e Lexci e Zell haviam sido escolhidos para seguir em frente.

Zell: A gente tem que chegar nas finais! Assim, seja lá quem vença, nós quatro poderemos dividir o prêmio!

Lexci: Isso aí!

Ambos levantaram as mãos e se cumprimentaram.

Zell: É uma promessa!

Lexci: Sim — uma promessa.

Irradiando e sorrindo, Zell apertou a mão livre do amigo, deu um pequeno salto e se posicionou diante dos três.

Zell: Estão todos aqui?

Todos balançaram a cabeça. Zell foi andando para o centro do grupo.

Zell: Muito bem, então vamos aos negócios! Uma passagem para a praia custa 900 dinheiros. Para nós quatro, quanto seria?

Garnet: 3600 dinheiros...

A jovem respondeu logo em seguida, como se a resposta estivesse na ponta da língua. Isso meio que fez Zell se sentir como um professor do colégio, fazendo perguntas assim.

Zell: E mais uns 300 para cada um, para gastarmos por lá. Quanto seria isso, para nós quatro?

Braska: 1200 dinheiros. E juntando com os custos do trem, dá um total de... 4800 dinheiros, certo?

Lexci: Pra gastar com o quê...?

Zell: Biscoitinhos de polvilho, é claro! O que mais tem de bom na praia?

Lexci: Bom, podíamos comprar umas melancias.

Zell: Muito caro. São, tipo, 2000 dinheiros cada uma.

Lexci: Opa, biscoito de polvilho tá ótimo!

Zell: Então, aonde estávamos?

Zell perguntou, usando sua voz no mesmo tom de importância de antes.

Garnet: Precisamos de 4800 ao todo. Mas tudo o que temos é...

Braska: Huh... eu tenho 800 dinheiros.

Garnet: ...650.

Lexci: 150. Desculpem...

Os três pareceram desapontados consigo mesmos — Lexci principalmente.

Zell: Isso dá 1600 dinheiros! Só precisamos de mais 3200. Vamos procurar uns trabalhinhos chatos pra ganhar uma grana! Temos até a hora que o trem parte para conseguir pelo menos 800 dinheiros cada! Encontrem comigo na estação quando tiverem o dinheiro na mão!

Terminando de falar Zell correu para a praça, como se estivesse escapando. Olhando sua retirada, Braska inclinou sua cabeça, confusa.

Braska: Uhh... Zell não tinha dito para deixarmos tudo com ele…?

Junto a Garnet, Braska deu de ombros e começou a rir. Zell provavelmente tinha gastado todo o dinheiro que havia guardado para as férias. Ele não tinha nem um único dinheiro sequer.

Lexci: Tá beleza. Aqueles biscoitos de polvilho estão me parecendo ótimos, agora!

Braska e Garnet consentiram com as palavras de Lexci e os três olharam de imediato para o grande quadro de notícias diante deles, procurando os anúncios de empregos de período único.

Garnet: Acho que vou entregar cartas...

Braska: Eu posso carregar algumas bagagens...

Lexci: Eu... eu vou dar uma olhada na praça do bonde...

Garnet: Tudo bem, nos vemos depois!

Os três trocaram sorrisos e, quando seus amigos foram embora, Lexci saiu correndo pelo mesmo caminho que Zell tinha ido.

{ . . . }

Haviam, no total, três trabalhos noticiados no quadro de notícias da praça do bonde, e Lexci tentava se decidir.

Lexci: ...se livrar de ferro velho... colar pôsteres...

Lexci decidiu que tentaria colar alguns pôsteres, e correu até o sujeito que havia feito o anúncio. Já havia mais alguém que tinha ido ver o homem.

?: O quê, você vai fazer esse trabalho também, Lexci?

Lexci: Você também, Zell?

Sim — era Zell quem estava lá, esperando. Parecia que Zell, que havia saído correndo antes dos outros, já tinha escolhido seu trabalho no quadro de notícias da praça do bonde. O empregador parecia feliz.

Empregador: Se vocês fizerem isso para mim juntos, provavelmente vão terminar mais rápido.

Lexci: Sim, dessa forma ninguém sai perdendo.

Zell: Claro que sai, um de nós dois tem que acabar perdendo!

Lexci: Isso não é uma competição, tá? Bem, eu não me importo que você tenha a intenção de entrar nas semifinais preliminares depois de amanhã, mas tem tantos lugares para colar os pôsteres...

Zell: A gente tem que colar quantos?

Empregador: São vinte pôsteres...

Lexci: Sendo assim, o que me diz de dez para cada?

Por um instante, o empregador ficou um pouco pensativo quanto às palavras de Lexci, até que resolveu abrir a boca.

Empregador: Na verdade, são quarenta e cindo quadros de notícia.

Zell: Então vinte não é nem a metade...

Empregador: Pois é. E então, se vocês dois vão colá-los para mim, eu ficaria feliz se colassem todos. Se o fizessem, eu pagaria aos dois 100 dinheiros.

Lexci e Zell trocaram olhares, ainda mais animados do que antes. Zell logo se pôs a frente, sorrindo para o homem.

Zell: Beleza, então! Então, você pode dar, uh... vinte e três pôsteres para cada?

Empregador: Sim, tudo bem. Vocês os colariam até nas paredes das casas?

O homem parecia estar bastante otimista com tudo aquilo, enquanto contava os pôsteres de um pacote ao lado.

Zell: Bom, tá certo que o trabalho é só colar os pôsteres, mas... isso é uma batalha!

Lexci: Como assim?

Zell: Quem colar os vinte e três pôsteres primeiro vence! O perdedor vai comprar picolé para quem vencer!

Zell abriu grande sorriso, enquanto pegava os pôsteres que o empregador já tinha em mãos.

Lexci: Então esses meio que serão os preliminares para o Confronto...

Zell: Então você tá de acordo?

Lexci: Sim, mas sem essa do picolé! Já quase não tem mais empregos sobrando, e queremos todos ir para a praia, não é?

Enquanto dizia, Lexci também pegava os seus pôsteres do empregador. Zell parecia desapontado.

Zell: Ah, não vai faltar pra praia — são só uns vinte dinheiros!

Lexci: Acho que é o jeito, então...

E enquanto falava, Lexci começou a alongar as pernas. Era um aquecimento muito importante.

Se isso é uma competição, eu

não posso perder pro Zell.

Empregador: Tem muitos quadros de notícia espalhados por muitos lugares, então, deem o melhor de si! Eu vou fazer a contagem para começar.

Zell: Deixa comigo!

Zell se posicionava para que pudesse sair correndo a qualquer momento. O homem levantou as mãos.

Empregador: Muito bem, vamos lá — Vamos ao Confronto!

Ao som do grito, os dois saíram correndo imediatamente. Lexci estava bem concentrado, enquanto corria pelas ruas.

Definitivamente deve ter um quadro de

notícias ao lado da loja de doces!

Zell: Você tá vindo por aqui também, Lexci?!

Lexci: Pois é!

Notando Zell correndo ao seu lado, Lexci aumentou um pouco a velocidade, tentando chegar lá antes dele. Zell também parecia frenético.

Zell: Esse quadro de notícias é meu!

Haviam seis espaços para pôsteres no quadro de notícias diante deles. Lexci também viu outro quadro, mais adiante, aonde cabiam mais três pôsteres.

Zell: Hah, cheguei primeiro!

Zell começou a colocar os pôsteres no lado mais perto dele, e Lexci tratou de correr para a parede mais em frente.

Zell: Ei, então você tava de olho naqueles lá!

Lexci colou três pôsteres de uma vez, antes de dar a volta pelo prédio onde se encontrava o quadro.

Para onde agora?

Zell: Porque isso tinha que estar num lugar desses?!

O grito de Zell podia ser ouvido vindo de algum lugar lá atrás. Lexci precisava se apressar. Olhando ao seu redor, ele viu uma construção de dois pavimentos com quadros de notícias nas paredes.

Parece que vamos ter que passar por uns

lugares bem ridículos para colar os quarenta e

cinco pôsteres — Mas eu não posso perder!

Lexci colou mais alguns pôsteres nos quadros de notícias em frente, e então saiu correndo na direção dos próximos.

{ . . . }

Enquanto isso —

Garnet: Eu tenho que entregar para cinco pessoas, né?

Garnet tinha recebido cinco cartas. Ela terminaria o trabalho se as levasse a algumas caixas de correio ao longo da ladeira, até chegar ao topo.

Garnet: Seria mais fácil se eu soubesse andar de skate...

Zell e Lexci costumavam andar de skate pela cidade. Mas Garnet não tinha muita confiança para parar quando pegava certa velocidade.

Garnet: Tem feito um clima muito agradável ultimamente...

Garnet depositou uma carta na primeira caixa de correio.

Eu não escrevo uma carta faz anos.

Quando foi a última vez que eu escrevi uma...?

De repente, um pombo pousou a meio caminho do topo da ladeira, e ficou parado, como se olhasse para Garnet.

Garnet: Olá. Por acaso você gostaria de uma carta?

Garnet falou com o pombo, que a assistia tão continuamente, apesar de ela não saber de fato qual era a razão. Garnet depositou uma segunda carta.

Garnet: Será que conseguiremos mesmo ir para a praia...?

Eu não pensei que Zell, que disse que queria

ir para a praia antes de qualquer outro, não teria

absolutamente nenhum dinheiro. Bem, como

se trata do Zell, já era de se imaginar,

mas — será que o Zell está se empenhando

em seu trabalho...? Aposto que ele nem terminou

seus deveres de casa das férias, também...

Fora a pesquisa para o trabalho de independência, Garnet já tinha terminado todos os seus deveres.

Se ele disser que vai copiar os meus

no último dia, eu vou me recusar.

Com essa resolução em seu coração, Garnet depositou a terceira carta e seguiu em frente.

{ . . . }

Braska: Hm...

A colina que vai dar na estação é bem

inclinada; eu já me canso subindo

normalmente. Nesse caso, por que foi que

eu escolhi levar essas bagagens enormes para

cima da colina como meu trabalho…?

Braska realmente se lamentava de sua escolha. Embora estivesse carregado tudo dentro de um carrinho, continuava sendo bem pesado. Mesmo empurrando desesperadamente, se ele parasse um pouquinho para descansar, o carrinho cairia pela ladeira.

Braska: Já sei!

Seria mais fácil se eu tirasse a bagagem

de dentro do carrinho, certo?

Com esse pequeno plano em mente, Braska começou rapidamente a retirar todas as grandes bolsas de dentro do carrinho, mas...

Braska: Yaaaaaaaaaargh!

Parece ter sido um grande erro — Braska foi completamente soterrado pelas bolsas que caíram do carrinho.

Braska: Ooh...

Empurrando as bolsas, Braska tentou se erguer novamente. Mas quando as bolsas deslizaram para o lado, o carrinho, sem mais nada que fizesse peso nele, começou a descer pela colina, batendo direto no queixo de Braska.

Braska: Ugh!

Braska tombou no exato lugar aonde estava. Parecia que ainda ia levar um bom tempo até que ele completasse o trabalho.

{ . . . }

Meu próximo alvo é o quadro de notícias

no telhado daquela casa logo ali.

Lexci saiu correndo colina acima, prestes a pular para o telhado. Foi quando, de repente, alguém o agarrou pela gola da camisa, prendendo seu pescoço.

Lexci: Wah!

Não consigo virar o rosto para ver quem

me agarrou — mas eu sei quem é.

Lexci: Zell!

Zell: Cheguei primeiro!

Zell pulou para o telhado antes que Lexci pudesse fazer qualquer coisa. Bem diante de seus olhos, até onde conseguia contar, não havia menos do que cinco pôsteres colados no quadro de notícias.

Eu não posso perder pro Zell agora!

Lexci perseguiu Zell a toda velocidade, e o agarrou no momento em que ele tinha acabado de colar um dos pôsteres.

Zell: O que você tá fazendo?!

Lexci: Devolvendo o seu favor!

Deixando-o para trás, Lexci deu um grande salto para o telhado de um abrigo mais adiante, chegando lá em primeiro. Colando os pôsteres, Lexci seguiu para o próximo telhado.

Lexci: Isso!

Zell: Ei, espera!

Agora era Zell quem o perseguia, tentando agarrar a perna de Lexci.

Lexci: Cuidado, Zell! Isso é perigoso!

Zell: Cale-se! Eu não vou deixar você me derrotar!

Zell se pendurou em Lexci e os dois ficaram se empurrando e brigando por todo o telhado — mas acabaram caindo, rolando ladeira abaixo. Os dois gritaram em harmonia.

- Waaaah! -

Lexci: Ow-ow-ow-ow...

Zell: Vai, sai logo de cima de mim!

Zell havia sido soterrado por Lexci, que batera a cabeça com força. Lexci a esfregava com a mão, enquanto recobrava a consciência.

Zell: Isso é o que acontece quando se é muito violento, Lexci!

Lexci: Eu é quem devia dizer isso!

Os dois começaram a rolar pelo local, brigando por uma segunda vez. Foi quando uma pessoa se aproximou, apartando a briga. Era um morador da cidade que os estava observando.

Morador: Calem-se, vocês dois! Parecem vândalos, com esses atos violentos na frente da propriedade dos outros!

Lexci: — Desculpa...

Zell: É, foi mal...

Ambos disseram com uma minúscula voz, tentando ficar de pé novamente e cumprimentar o sujeito.

Morador: Lexci e Zell, não é mesmo? Ser energético é uma coisa, mas saibam como se moderar!

O homem, num tom bastante irritado, voltou para dentro de casa, deixando-os sozinhos novamente.

Zell: Viu só, você irritou o cara!

Lexci: Foi culpa sua, Zell!

Zell: Eu é quem devia dizer isso!

Os dois já iam discutindo novamente, mas então olharam um para o outro, e começaram a rir.

Lexci: E então, pronto para perder?

Zell: Tá perguntando isso pra mim — ou pra você mesmo?!

E então os dois saíram correndo em direções opostas, para finalizarem seus trabalhos de uma vez.

{ . . . }

Faltam só três pôsteres...

Lexci pulou de cima de um telhado e olhou ao seu redor, em busca de mais espaços aonde pudesse colar seus pôsteres.

Isso me lembra que eu não tenho visto o Zell.

Aonde será que ele está colando os pôsteres dele?

Então, enquanto colava um pôster num quadro de notícias que havia atrás de um grande prédio, Lexci viu Zell correndo pelas sombras do local. Sem nem pensar, o jovem se voltou ao amigo e gritou por seu nome.

Lexci: Zell!

Zell parou e se virou para o local de onde ouvira a voz de Lexci vindo. Ele sorriu, levantando o braço.

Lexci: Quantos faltam?

Zell: Um!

E Zell saiu correndo novamente, um ar de vitória em sua voz.

Eu tenho ainda dois pôsteres, então... se eu perdesse,

eu perderia por um pôster... uh... eu vou perder?!

Lexci correu, em pânico, e escalou pelos entulhos de lixo da rua ao lado para chegar a um andar superior. Ele olhou em volta.

Já tem pôsteres colados

por toda parte!

Lexci: Ali!

Ele viu um quadro de notícias bem na sua frente, sem nenhum pôster colado nele. Foi quase um alívio.

Só mais um. Onde está

o ultimo quadro de notícias?!

Lexci pulou de cima da casa aonde estava e saiu correndo, atravessando a praça, sem sucesso. Ele não conseguia encontrar nenhum outro quadro.

Não vejo mais nenhum. Lá na frente, só o que

vejo é o Zell, correndo tanto quanto eu. Ele

também deve estar procurando pelo último quadro.

Ele continuava correndo, mas parecia não ter jeito. Se não se apressasse, o tempo se esgotaria. Lexci parou. Parou e pensou.

Quadrodenotíciasquadrodenotí ciasquadrodenotícias — Ah!

Ele correu rapidamente na direção do quadro de notícias onde tinha visto as informações do trabalho que escolheu. Era como se a lembrança o houvesse batido no meio da cara.

Aquele quadro de notícia tem

algum espaço livre, eu tenho certeza!

Lexci: Encontrei!

E Lexci correu até o quadro com toda a velocidade, chegando primeiro e por fim colando o seu último pôster.

Zell: Ahhh! Lexci!

A voz de Zell fez Lexci abrir um largo sorriso. Ele tinha conseguido chegar ao local, só que um pouco tarde demais. Zell caiu de joelhos no chão, abatido.

Zell: ...eu perdi...

Lexci: Eu venci!

Zell: Eu sei... é melhor eu pagar logo um picolé pra você, né...?

Lexci: Eu não quero um picolé. Ao invés disso, que tal uns biscoitinhos de polvilho lá na praia?

Lexci segurou Zell pela mão e o ajudou a se levantar, dando uma boa risada. Zell também sorriu, logo em seguida.

Se não completarmos pelo

menos mais um trabalho, não

vamos conseguir alcançar a soma

combinada. Eu realmente não

acho que vamos conseguir o

suficiente para a tão desejada

melancia, mas sei que eu consigo

trabalhar um pouco mais, se

for para irmos todos para a praia.

Zell: Beleza, vamos dar o nosso melhor mais uma vez!

Lexci: Isso aí!

E assim, Lexci e Zell bateram um no braço do outro e foram correndo para o seu próximo trabalho.

{ . . . }

Na Cidade Crepuscular, o sol brilhava com uma forte luz avermelhada que tomava conta do ambiente enquanto se punha. Sentado ao topo da torre do relógio, Lexci observava o pôr-do-sol vagamente, um picolé de sal-marinho em sua mão. Ao longe, o som do trem podia ser ouvido; os sinos tocavam. A visão aficionada do pôr-do-sol continuava exatamente a mesma de sempre.

Garnet: Seu picolé — tá derretendo.

Garnet parecia preocupada com Lexci. O picolé de sal-marinho nas mãos do jovem estava derretendo já há algum tempo.

Lexci: Eu sinto muito...

O rapaz murmurou, observando seu picolé derretido. No fim, eles não tiveram a chance de ir para a praia. O dinheiro que eles todos trabalharam tão duro para juntar havia simplesmente desaparecido. No caminho para a estação, Lexci tinha se deparado por acaso com um homem vestido com um casaco preto, e caiu. E então, quando voltou a se levantar — todo o dinheiro tido desaparecido.

Acho que o sujeito provavelmente me roubou. Mas,

apesar disso, todos os outros disseram que não tinham

visto o tal homem. Assim como o ladrão de memórias de

ontem, coisas que eu não consigo entender continuam

acontecendo, e isso meio que me faz sentir doente.

Perdido em pensamentos, Lexci curvou a cabeça.

Zell: Ah, para com isso! Anime-se!

Braska: Mas... que foi bem estranho, definitivamente foi...

Garnet: ...foi esquisito...

Zell: Verdade...

Lexci: — "Consegue sentir o Sora?"

Zell: Huh?

Zell lançou o olhar para Lexci, estranhando suas palavras. Na verdade, nem o próprio Lexci sabia ao certo o que queriam dizer. Foi inconsciente — ele havia acabado de falar as mesmas palavras que haviam sido sussurradas pelo misterioso homem de casaco preto, quando os dois se encontraram.

Quem é Sora?

Zell: A gente pode ir amanhã, né?

Braska: Sim... ainda temos alguns dias de férias!

Finalizando seu picolé, Zell se levantou, seguido por Braska, que abriu um largo sorriso. Garnet foi a terceira a se levantar.

Garnet: E então, vamos para casa?

Lexci: Aham...

Lexci se levantou, por fim, uma expressão sombria em seu rosto

Zell: Bem, até amanhã, pessoal!

Junto a Braska, Zell deixou a torre do relógio. Garnet olhou para Lexci por um instante, antes de dar as costas e começar a se retirar.

Garnet: Não se preocupe muito com tudo isso, tá bem?

Ela disse por cima dos ombros, enquanto deixava a torre de relógio para trás. Lexci deu um breve aceno para ela — quando notou que seu picolé ia pingar em seus pés, e rapidamente começou a lambê-lo. Ao longe, o sol já se afundava no horizonte, pronto para desaparecer.

Este pôr-do-sol deveria ser o mesmo de sempre.

Por que, de alguma forma, ele me parece

diferente —? Será que algo está para mudar —?

Eu estou me lembrando desta vista —?

Braska: Lexci —!

O jovem pôde ouvir, ao longe, a voz de Braska, que o chamava lá em baixo da torre do relógio. Isso lhe acordou para a realidade novamente.

Lexci: Já vou!

Lexci se virou e tomou o caminho para descer da torre do relógio.

No fim, a gente não pôde ir para a praia.

Mas, eu ficaria feliz se pudéssemos ir amanhã.

Eu quero ir ver o mar com todo mundo.

Porque prometemos que iríamos todos para

a praia quando as férias chegassem.

Com quem? Eu — eu já decidi. Zell, Braska,

Garnet e eu… Todos nós prometemos que

veríamos o mar juntos. Se eu fechar os olhos, ainda

consigo ouvir o bom e velho som das ondas.

Mar azul, céu azul. Diferente do pôr-do-sol que

sempre vemos, um pôr-do-sol especial.

O pôr-do-sol da Cidade Crepuscular, aquela forte luz vermelha que tomava conta de tudo — agora brilhava sobre as costas de Lexci.