Atenas/Grécia
Sendo uma das cidades mais turísticas da Terra, Atenas carrega não só historias antigas como também objetos que fizeram parte destas historias. Quase como um legado para seus sucessores. O Museu da Acrópole de Atenas era um dos mais conhecidos da cidade e bem freqüentados, os turistas eram sempre tragos ali com freqüência e até mesmo alunos de varias escolas iam ali para aprender mais sobre sua própria historia.
Porém, naquele dia, o museu não abriria as portas.
Ao menos, não enquanto não resolvessem o pequeno problema que ocorria.
Com seus pisos de granito em cor bege e preta próximo aos rodapés das paredes, o chão agora se encontrava com sujeira até onde suas vistas se perdiam. Parte da parede havia caído levando junto o teto, aquela cratera aberta no museu se encontrava em uma ala especifica do mesmo. A ala era bem no centro do museu, em seu coração por assim dizer, onde objetos – jarros, lanças, escudos, colares e elmos – se encontravam. Os espelhos que protegiam os artefatos estavam agora cobrindo o chão com seus cacos. Alguns objetos se quebraram com o desabamento do teto e parte da parede. Pilastras que sustentavam o teto e adornavam ao redor das mesas estavam trincadas e duas caíram.
Fora um estrago sem tamanho, o dono do museu, o senhor Heitor, quase deu um ataque do coração quando o segurança ligou para ele dizendo que o museu havia sido atacado e que parte dele havia sido destruído. A ala dos objetos antigos estava toda arruinada, com exceção de uma única peça que ainda continuava inteira. Um bloco de granito marrom resistente – ao que parece, já que sobreviveu ao desastre – em cima dele um baú pequeno e de cor creme, e detalhes em sua borda de dourado. O vidro que o cercava e o protegia também se encontrava intacto. No entanto, ninguém conseguia se aproximar daquela peça.
Exceto alguém que Heitor conhecia e que ele não pensou duas vezes antes de ligar para ela.
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O carro preto luxuoso parou diante do museu, faixas da policia cercavam a área e a praça que havia diante do mesmo. A porta fora aberta por Tatsume e estendendo sua mão, ajudou a senhorita Kido a sair do veiculo. Ela usava um conjunto de saia preta que ia até seus joelhos e marcava bem sua cintura, uma blusa regata e um pouco folgada. Alguns anéis de ouro enfeitando os dedos, uma pulseira também cara em seu pulso e um sapato preto de salto. Seus longos cabelos lilases estavam soltos.
Outro carro parou logo atrás do dela e do mesmo três rapazes saíram. Apesar de aparentarem ser jovens, já estavam na casa dos trinta. Principalmente o terceiro rapaz a sair, seus trinta e oito anos não se mostrava naquela face jovial. E ele era ninguém menos do que Saga de gêmeos. Junto dele se encontravam Aioros de sagitário – já com seus quarenta anos – e Mú de Áries – sustentando muito bem seus trinta e dois anos.
— O estrago deve ter sido bem feio – comentou Aioros olhando ao redor e vendo a policia em peso ali e inúmeras faixas isolando o local – Será que o guarda noturno sobreviveu? – indagou, enquanto acompanhava os demais.
Seguiam em direção ao museu.
— Por pouco ele sobreviveu – Tatsume alegou, andando sempre ao lado de Saori – Mas ele ainda deve ficar em estado de observação por alguns dias no hospital. Além do mais, ele machucou a perna também – contou – Ele teve sorte de não ter perdido uma delas – emendou.
Subiram as escadas frente ao museu e adentraram pela porta dupla de vidro. Policiais ainda faziam a pericia para achar marcas ou digitais dos invasores, mas no fundo os três guerreiros dourados sabiam que eles nada encontrariam. Quem quer que tenha entrado ali não deixou marcas, apenas rastro de destruição. Continuaram a seguir pelos corredores, a poeira ainda parecia se erguer e deixando o local com um cheiro forte.
Logo chegaram a entrada da ala dos artefatos e nela ao menos cinco faixas da policia grega bloqueando o lugar. E a parte de dentro estava deplorável. O teto praticamente cobria o chão, tudo estava destruído assim como Heitor havia dito a ela, exceto por uma peça.
Eles apenas observavam as coisas da porta, mas já dava para ver o baú intacto e cercado pelo vidro protetor. Ou aquele vidro era realmente resistente – o que Saori duvidava -, ou algo além da compreensão humana o protegia.
— Senhorita Kido! – Heitor exclamou, vindo do final do corredor longo e lotado de policias e investigadores – Obrigado por ter vindo! – agradeceu pegando na mão da jovem moça.
— Fiquei preocupada com o seu chamado, mas vendo a zona que está instalada aqui, vejo que as coisas parecem mais sérias do que realmente são – Saori comentou, sua voz era calma e não transparecia nenhuma alteração ou preocupação – O que realmente houve aqui? – indagou.
Heitor suspirou, apenas andou em direção a porta cheia de rachaduras nas paredes e suas bordas lascadas. A porta dupla se encontrava no chão também e toda arrebentada. Ergueu as faixas para poderem passar e após todos terem feito isso, foi a vez dele. Percorreram o amplo espaço que agora não passava de ruínas e se aproximaram da peça intacta.
— O vigia que toma conta do museu à noite me ligou de madrugada. Achei estranho, porém, os barulhos que vinham ao fundo não davam para negar... Era um ataque de verdade! – contou, guiando-os pela aquela bagunça – Quando cheguei aqui, o vigia estava desmaiado e tudo estava... Bem, desse jeito – mostrou – Exceto por essa peça, nenhum dos policias e nem mesmo eu conseguimos nos aproximar dela. Parece haver uma barreira, foi então que lembrei da senhorita e liguei o mais rápido possível que pude – alegou – Lamento se pareci desesperado demais!
Heitor era um homem alto, cabelos grisalhos e barba bem feita de mesma cor, um amigo do falecido Kido e no qual o mesmo compartilhou o segredo de Saori. Fora com ele que o cetro de Atena ficou guardado até chegada a hora. Mas Tatsume acabou pegando antes da hora para a Guerra Galáctica. Um homem respeitado na cidade e muito próximo da família Kido. E por saber do segredo de Saori, sabia também sobre os cavaleiros. Por isso ligou para ela.
— Não se preocupe com isso, Heitor – assentiu Saori – Fez bem em nos chamar. O que mais sabe sobre esse ataque? Há vídeos de segurança? – quis saber.
— Sim, na sala de segurança. No final do corredor – mostrou.
Aioros e Saga se entreolharam e assentiram ao mesmo tempo.
— Vamos dar uma olhada na câmera de segurança – avisou o geminiano ao sair.
Após a saída deles, Saori se aproximou do objeto e logo sentiu algo bloqueando-a, não era muito forte, mas o suficiente para mantê-la distante. Qualquer cavaleiro conseguiria destruir aquilo. Tal fato a deixou pensativa, se alguém queria roubar o artefato por qual motivo não o fez? E por que deixaram o vigia vivo? E mais importante: se estão atrás daquele baú tão pequeno, por que o protegeriam com uma redoma tão fraca?
— Muitas perguntas, não é, Atena? – Mú comentou ficando ao lado dela – Compartilho dos mesmos questionamentos. Uma redoma desta seria destruída até mesmo por um cavaleiro de bronze – disse – Seria muito fácil, porém, não compreendo por que criá-lo então! – virou-se para a deusa.
— Me pergunto a mesma coisa – levou a mão ao queixo, logo se virou para Heitor – O que o vigia disse?
— Ele parecia um pouco delirante quando foi levado para o hospital, mas alegou ter visto duas mulheres encapuzadas lutando entre si e foram elas quem destruíram o local. Eu ia ver as câmeras de segurança quando chegaram – afirmou.
— O que há nesse baú afinal? Ouro? – Tatsume indagou – Por que alguém iria querer roubar algo sem valor?
— Podem ser ladrões, todas as peças aqui são valiosas e não é a primeira vez que tentam roubar o museu, no entanto, ninguém nunca chegou a fazer esse estrago todo! Ladrões normais querem ser o mais silenciosos possíveis, mas estes pareciam saber que não seriam pegos... – explicou.
— Eles chegaram a levar alguma coisa? – Mú perguntou, enquanto analisava a pequena redoma em torno do objeto.
— Não. Não levaram nada! – alegou.
— Estranho.
— Francamente, que tipo de ladrões eles são? Quem derruba uma parede de um museu e não leva nada?! – Tatsume novamente reclama.
— Ainda não sabemos se eram ladrões, Tatsume – Saori rebateu, fazendo seu mordomo a encarar surpreso.
- Se não são ladrões, então o que são?
— Vamos esperar Saga e Aioros retornar, aposto que eles terão algo das câmeras – ela falou, se retirando do recinto.
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Na sala das câmeras, Saga e Aioros averiguavam os vídeos da noite passada e estavam próximo da hora do ataque. Inúmeras TVs estavam pregadas na parede, uma em cima da outra e possuía todos os ângulos possíveis do ataque. No qual não tardou a acontecer. Quando o relógio marcou 3:00 AM, a tela pareceu tremer e quinze minutos depois a parede da sala ao lado dos objetos foi quebrada, mas não por um ladrão e sim por uma mulher que fora literalmente arremessada contra a mesma e como conseqüência acabou acertando outros artefatos no caminho.
— Viu isso, Saga?! – Aioros exclamou, o amigo apenas assentiu – E se não queriam roubar nada e o museu fora apenas um palco de uma luta? – sugeriu.
— Pode ser, mas eles não deixariam um único artefato protegido – comentou desconfiado.
— Ás vezes foi o único que conseguiram "proteger" – moveu os dedos em aspas.
As cenas seguintes foram de luta intensa, ambas as mulheres que lutavam eram fortes, pois a cada golpe o chão ou a parede ganhava rachaduras enormes e trincados que se alastravam pelo museu todo. Somente pessoas treinadas para utilizarem os cosmos é que conseguiriam fazer algo daquele tamanho. Porém, algo ali chamou a atenção deles. Uma das moças, que possuía uma capa branca, tentava arduamente se aproximar do baú protegido pela redoma. E a outra mulher de capa vermelha não permitia, arremessava a outra constantemente contra os pilares, paredes, blocos e portas.
Não era a toa que havia rastros delas por todo o museu, mas somente a ala dos objetos parecia ser o foco delas.
A luta árdua acabou quando a de capa branca derrubou - sua aparentemente inimiga - com um golpe certeiro com um arco e flecha. Mas não era uma mera flecha, a mesma era feita de gelo, o mais puro e cortante gelo. Só de olhá-lo dava para sentir a pele ser rasgada pela ponta da flecha. Depois disso a moça parece criar algo em torno do baú e saiu correndo, no mesmo instante em que o vigia – todo manco e sangrando – apareceu no local segurando um celular contra a orelha. Minutos depois, como se fosse fumaça, a mulher de capa vermelha desapareceu.
As imagens seguintes eram sem importância.
As feições de Saga e Aioros eram as mais complexas. Cada um preso em sua própria teoria.
— De que tipo de ladras elas são? Aquele baú pertence a alguma deusa e elas querem de volta? – Aioros questionou – Artemis, por exemplo?
— Não. Atena saberia de algo se fosse o caso – Saga respondeu – Isso não parece que tem haver com objetos que pertencem aos deuses! Parece mais uma rixa particular. Viu como elas lutavam?
— Ambas tem um controle perfeito do cosmo. Seriam amazonas? E se são, de qual deus elas pertencem? – indagou.
Saga suspirou, passando as mãos pelos fios rebeldes e longos.
"Seria a era de paz acabando e uma nova guerra se aproximando?" pensou.
~0~
O salão em que se encontravam agora estava mergulhado no mais profundo silencio. Três mulheres se encontravam ajoelhadas diante de uma exuberante ruiva, sentada em seu trono. Sua expressão era séria, seu olhar tão mortal quanto a ponta de uma lança, a mesma não se encontrava em seu melhor humor naquele momento. Olhava para as suas três guerreiras diante de si, todas com a cabeça baixa e esperando alguma palavra dita com fervor, gritos ou berros pela missão ter saído errado.
Mas nada veio, apenas aquele olhar que dizia mil coisas e ao mesmo tempo nada. Parecia olhar para elas com pura irritação, mas também parecia que ela olhava para o nada. Vagando pelos pensamentos que a consumiam. Depois de minutos, longos minutos em silencio, a ruiva enfim levantou-se do trono. Desceu os quatro degraus de seu altar e caminhou, passando pelas três guerreiras.
— Confesso que estou desapontada com o final desta missão, porém, estou ainda mais desgostosa com o fato de haver realmente uma traidora entre nós – comentou ela, parando diante de uma varanda ampla e que dava uma visão do local em que se encontravam – Como está nossa amazona? – indagou, ainda de costas a elas.
— Bem, minha deusa. Ela ainda pode lutar – afirmou uma delas, que possuía cabelos platinados – A redoma posta ao redor do artefato não deixará ninguém se aproximar, podemos pegá-lo ainda! – alegou, erguendo-se do chão.
— Terão problemas! – virou-se para ela – Já chamaram atenção desnecessária, se retornarem lá haverá uma proteção ainda maior. Atenção é tudo o que menos quero nessa missão – disse, retornando para seu trono.
Ela suspirou assim que se sentou novamente, seus fios ruivos e lisos caiam a frente de seus ombros. Sustentar aquele cetro parecia algo pesado demais de repente, a preocupação era evidente em sua face e isso preocupava as outras. Tanto que uma das três, se ergueu e a encarou.
— Não seria o caso de falar com Atena? – sugeriu.
— Não. Aquela criança já teve problemas demais para ficar se preocupando com mais um – afirmou – Além do mais, isso é assunto nosso. Aquela traidora é responsabilidade nossa e de mais ninguém – emendou.
— Então, qual o próximo passo? – outra perguntou.
— Recuperem aquele artefato, nem que tenham que enfrentar os humanos! Pelo bem deles devemos fazer o possível para recuperá-lo – alertou – Chame Kassandra e peça a ela para formar um grupo pequeno, ela dará proteção e suporte para Aneta – ordenou.
— Sim, minha deusa! – as três disseram juntas.
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Santuário
O sol intenso já castigava o céu da Grécia, eram quase meio-dia e o calor infernal daquelas terras já começava a derreter a mente e os corpos dos aprendizes e seus mestres. Alguns já estava acostumados, outros nem tanto e os desmaios repentinos eram comuns para os novatos. Algo habitual nos primeiros dias de treino.
Mas naquele momento, quatro cavaleiros tiveram que interromper seus treinos para ir ao templo do grande mestre. Normalmente era sobre missões ou alguma ronda que teriam que fazer, mas depois do rumor do ataque ao museu de Heitor, as coisas ficaram meio tensas ali. Saga e Aioros compartilharam com seus amigos a respeito do viram nas câmeras de vídeo, deixando os outros dourados com a mesma sensação estranha.
Até mesmo Kanon, que sempre conseguia enxergar nas entre linhas e ter uma linha de raciocínio mais rápido que os demais estava sem ação e sem idéias de quem elas poderiam ser. Nenhum Deus louco ou que quisesse o mal de Atena lhe vinha mente e isso era estranho, levando em conta que metade do Olimpo não gostava dela e queria ou destruir a Terra ou governá-la no lugar de Saori.
O quarteto se aproximava agora do templo de Shion, a passos calmos, apesar da urgência com que foram chamados. Na varanda do templo, avistaram uma mulher de aparência de uns quarenta anos, cabelos escuros e sempre presos em um coque bem arrumado. Trajava um conjunto de uma blusa branca com mangas e uma saia longa e negra. Havia um broche preso no colarinho de sua blusa. Não importava o calor que aquele lugar fazia, a governanta do templo de Shion estava sempre se cobrindo e usando roupas pesadas e de cores escuras.
Milo costumava dizer que era um reflexo da vida amarga e escura que ela possuía. Pois a mulher sempre aparecia para lhe infernizar.
A conversa foi interrompida quando se aproximaram, até por que a jovem moça com quem Agnes, a governanta, conversava. Notando não ter mais a atenção da menina, ela se virou vendo Camus, Milo, Aioria e Shura. Sua feição logo se fechou ao encarar o cavaleiro de escorpião.
— Boa tarde, cavaleiros! – disse ela educadamente, logo virou-se para a serva – Vá, términos de conversar depois – foi ríspida e a menina praticamente saiu correndo, mas não antes de lançar um ultimo olhar e um sorriso para Milo, que devolveu o sorriso apenas – Você não toma jeito, não é mesmo, senhor Milo – ralhou, levando as mãos a cintura.
— Nunca me deram, então... – deu de ombros e Agnes respirou fundo.
— O grande mestre os aguarda no salão principal – avisou – Com licença! – passou por eles, seguindo o mesmo caminho que a menina.
Milo olhou a mulher se afastar e então rolou os olhos.
— É sério, aquela mulher me odeia! – reclamou, apertando a ponte do nariz – Ela consegue ser pior que a Shina. Dá pra acreditar?! – exclamou.
— Ela não te odeia, apenas quer matar você, pois sempre dá em cima das servas que ela supervisiona – Shura falou, em um tom divertido e arrancando risadas dos demais.
— Não tenho culpa se elas não resistem ao meu charme – se vangloriou e fora a vez de Camus rolar os olhos.
— Modéstia nunca foi seu forte, né Milo! – a voz de alguém ecoou na varanda.
Logo uma mulher alta, pele bronzeada e olhar cativante apareceu. Saindo do templo do grande mestre. Seu cabelo preso em varias trancinhas rastafári e se unindo em um rabo de cavalo parecia dar a ela uma exuberância além do normal. Não era a toa que era a mestra mais sensual do santuário e fazia muitos dourados babar por ela.
— Diana, minha linda! – Milo exclamou, correndo até ela de braços abertos.
Diana retribuiu o abraço enquanto sorria, mostrando seus dentes brancos e perfeitos.
— O grande mestre te chamou também? Vamos fazer uma missão juntos? – o escorpião falava animado.
— Infelizmente não, meu amado escorpião – piscou e tocou de leve na ponta do nariz dele – Vim apenas entregar um relatório dos novatos que estou treinando – contou – Vão sair em missão? – fitou a todos.
— Ao que parece, vamos sim – Aioria respondeu.
— É verdade o que estão dizendo? Alguém atacou o museu de Heitor? – indagou ela, adotando uma postura mais séria.
Todos ali no santuário conheciam Heitor, ele visitava Saori frequentemente – por ser um grande amigo do falecido Kido -, poucos tinham contado com ele, mas sabiam que era um amigo de Atena.
— Ás vezes fico surpreso como os rumores correm nesse santuário – Camus confessou – Mas sim, o museu de Heitor foi atacado e não parece que foi por meros ladrões. Por isso vamos em missão.
— Já sabem de que tipo?
— Ainda não – alegou – Melhor irmos, o grande mestre Shion não vai gostar se nos atrasarmos! – o aquariano alertou e começou a andar em direção a porta do templo.
Despediram-se de Diana e foram para o salão principal onde Shion normalmente recebia pessoas importantes e os cavaleiros de Atena. Aprendizes não tinham a permissão de subir as doze casas a menos que seja uma ordem em especifica de Shion, mas isso nunca aconteceu. Por sorte nenhum aprendiz subiu aquelas escadas, o que dizia que nenhum deles se meteu em encrenca, ao menos não séria. Até mesmo a arena fora mudada de lugar, ela agora se localizava ao lado das doze casas.
Os cavaleiros dourados tinham que descer as escadas e ia para a arena, que apesar de estar ao lado deles ainda se encontrava um pouco afastada.
A porta dupla de madeira pesada foi aberta por um dos dois guardas que ficavam de prontidão ali, o salão fora estendido para eles e não tardaram a ver Shion sentado no trono e como de costume ao lado dele estava Dohko, seu melhor amigo.
Os quatro se ajoelharam em respeito a posição e soberania de Shion.
— Obrigado por virem, cavaleiros – Shion se pronunciou – Acho que uma explicação da situação seja desnecessária. Saga provavelmente contou tudo a vocês – o quarteto assentiu – Pois bem, depois de discutir o assunto com Atena, ela deixou tudo em minhas mãos e mandarei vocês para uma missão importante – contou.
— Que tipo de missão? – Shura indagou.
— Achamos que o museu que fora atacado será visitado pela nossa misteriosa amazona novamente. Não há outro motivo a não ser esse, caso contrario ela não teria protegido aquele artefato e deixado os outros serem destruídos – explicou – Sem contar que... Não sabemos se as duas amazonas do vídeo são amigas ou inimigas – emendou.
— Então tudo o que temos que fazer é proteger o tal artefato delas? – Milo ergueu uma sobrancelha – Parece fácil! – alegou, sorrindo de canto – Não seria melhor mandar os cavaleiros de bronze para essa missão? – questionou.
— Sei que olhando por fora a missão parece simples e fácil demais, mas não sabemos o motivo delas quererem aquilo então o melhor é usar os recursos que temos. E sobre os cavaleiros de bronze, eles estarão lá, três deles na verdade! – disse Shion – Ikki de fênix e Hyoga de cisne ficarão do lado de fora bloqueando a entrada e a saída do museu. E Shun ficará na cobertura do prédio ao lado, não terá como elas entrarem sem serem vistas – Shion afirmou.
— Sendo assim – deu de ombros – Quando vamos nessa missão?
— Hoje à noite!
Todos assentiram em concordância.
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O decorrer do dia no santuário não fora afetado pelo rumor que corria aos arredores, os ânimos daqueles que conheciam – até mesmo de longe – o senhor Heitor, foram acalmados. Entre treinos, descansos e entre outras coisas, o dia foi passando e logo a noite tomou conta da cidade. Carros andavam pelas ruas iluminadas, bares começavam a encher de pessoas assim como as calçadas. Letreiros iluminados se acendiam e a noite agitada da maioria apenas começava.
Pela calçada dava para ouvir as conversas entre as pessoas, mas pouco se entendia. O aroma de comida era inalado pelas narinas, assim como o cheiro costumeiro da cerveja fazendo a garganta pedir por apenas um gole.
A boca de Milo chegava a salivar só pensar em beber daquele liquido amarelado escuro e a espuma tocando sua boca como se fizesse um carinho. Sem contar nas inúmeras companhias que poderia arrumar naquela noite e ainda nem era sexta-feira. Ele lamentou.
— Tem certeza de que temos que ir tão cedo para lá? – ele indagou, virando a cabeça para cada estabelecimento que via ao redor.
— Milo, estamos aqui para uma missão e não pra encher a cara! – Camus rebateu – Shion não ia gostar nada de saber que você foi bêbado para uma missão – acrescentou em tom de aviso.
O escorpião fez uma cara emburrada e cruzou os braços.
— Ainda sim, são apenas sete horas! Duvido que aquelas amazonas irão roubar algo com a cidade tão agitada desse jeito – alegou.
O trio de bronze que os acompanharia na missão vinham mais atrás, Shun estava calmo e retribuía educadamente a cada piscadela que ganhava de moças mais ousadas e ignorava – apesar de ficar todo corado – para os assobios. Hyoga esboçou um sorriso de canto e o cutucou discretamente, Ikki vinha ao lado dos dois, mas sua feição séria e desinteressada não permitia nem mesmo que alguma jovem se atrevesse a olhar para ele.
As armaduras já não se encontravam mais em urnas como antes, graças as mentes de Mú e Shion e ao cosmo de Atena, eles conseguiram colocar todas as armaduras – até as prata e ouro – em pequenos colares. Ficava mais fácil carregá-las, eram discretas e não chamariam a atenção por onde andassem. Mas todo cuidado era pouco, ainda eram colocares e a facilidade de saírem de seus pescoços continuava grande.
— Se queria tanto entornar uma garrafa que tivesse cedido seu lugar ao Kanon – Ikki falou, o mesmo andava de braços cruzados e pouco prestava atenção no resto.
Mas não podia negar que também sentia vontade de beber um pouco e relaxar, os cavaleiros de bronze andam ajudando Saori com a fundação já que ela agora cuida tanto dos negócios da família Kido quanto do santuário. Shion a auxilia com o santuário e os bronze com a fundação, mas eles pouco entendem daquela papelada, mas fazem o melhor para ajudá-la.
— Puf! Como se ele fosse vir – Milo rebateu – Saga anda pegando no pé dele, mora na casa de gêmeos, mas não faz nada – comentou – Afinal de contas, ele é um de nós ou ainda é um marina? – indagou.
— Meu irmão disse que Kanon está do lado de Atena, mas que se Poseidon chamar ele atenderá o chamado! – Aioria contou – Acho que Kanon luta pelos dois deuses, mas não vejo problemas, uma vez que Poseidon é nosso aliado agora – garantiu.
— Entendo – Shun se pronunciou.
Seguiram pelas ruas à frente ainda conversando banalidades, o que era melhor do que ficar em silencio absoluto. À medida que iam avançando a cidade, iam chegando próximo a rua do museu. Ficava fora do centro de Atenas e a movimentação ali era quase nula. A iluminação se dava pelos postes com luminárias redondas e a praça enorme a frente do museu. Poucas pessoas andavam por ali, mesmo ainda sendo cedo. Apenas casais que queriam privacidade, caminhavam pela praça e eles nem perceberam a presença dos guerreiros.
O museu se estendeu a frente deles, a iluminação estava precária por causa das rachaduras que iam até a entrada. Todos se espantaram com as fendas no chão e teto só na parte de fora do Museu. Ultrapassaram as faixas da policia que se cruzavam, subiram com cautela os degraus da frente e aguardaram. A porta estava fechada, havia dois policiais ali dentro, mas eles ficariam somente até dez horas, depois disso trocariam de turno com os cavaleiros.
Milo suspirou e sentou-se no degrau, apoiando seu queixo na mão. Ikki e Hyoga acharam alguma pilastra intacta para se apoiarem, rezando para ela não cair. Shun pareceu ter entrado em uma conversa boa com Aioria e Shura, enquanto Camus ligava para um dos policiais avisando que estavam na porta e aguardariam pelo horário de troca.
— Eu falei que era cedo demais – reclamou de novo.
— Por isso viemos – Camus falou, sentando ao lado dele – Se elas querem realmente aquele artefato, podem tentar roubá-lo mesmo com a cidade toda acordada! – argumentou.
— Será que elas seriam loucas a esse ponto? – foi a vez de Hyoga questionar – O que há dentro desse baú, mestre? – perguntou.
— Não sabemos. Mas provavelmente algo de valor – alegou virando-se para o pupilo – Senão, não teriam tido o trabalho de protegê-lo tão bem daquele jeito – emendou.
— Mú não conseguiu quebrar aquela barreira? – Ikki questionou.
— Meu irmão disse que a redoma foi feita com um campo de força criada por telecinese, porém, ela parece ser mais forte que a do Mù – contou o leonino.
— Alguém que é mais forte que o Mù – Ikki comentou, mas parecia falar consigo mesmo do que com os demais – Se chegarmos a enfrentá-las, talvez precisaremos de mais do que o sétimo sentido – avisou.
A frase dita por fênix deixou todos preocupados, além de estarem lidando com duas garotas misteriosas teriam que enfrentar inimigas poderosas. Seriam elas mais fortes do que os cavaleiros de ouro?
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Atenas / 11:00 PM
Aos poucos as luzes das cidades iam se apagando, com exceção do centro da cidade onde ficavam os bares, as baladas e restaurantes que ainda ficavam até tarde da noite. Casas e prédios já haviam moradores dormindo, repousando em um sono enquanto que acima de suas cabeças as coisas começavam a ficar apressadas. Vultos passavam como sombras por sobre os telhados, utilizavam mais os prédios, pois assim não fariam barulho e tudo o que menos queriam era chamar a atenção ou ter a policia atrás delas.
Capas de cor branca cobriam seus rostos, pois o manto fazia uma sombra no mesmo. Por baixo trajavam armaduras e os saltos de suas botas causavam ruídos, daí por preferirem os prédios, pois o barulho delas correndo e pulando de um ao outro não afetariam os moradores. Estavam em um grupo de seis garotas, tendo uma mais velha liderando aquela missão sigilosa.
Já se aproximavam dos prédios próximos ao Museu, porém, um delas interceptou o próprio passo e parou de repente, deixando a outras confusas.
— O que houve? – indagou a líder do grupo.
Alguns fios vermelhos escarlate caiam pra fora do capuz de sua capa.
— Sinto sete cosmos energia dentro do Museu – falou ela – Quatro deles se sobressaem, são fortes! Os outros três são menores, mas sinto não devemos subestimá-los – aconselhou.
— Droga! – a líder ralhou – Não era para terem esse tipo de pessoas aqui!
— O que faremos? – perguntou uma que possuía cabelos negros e eles caiam frente aos ombros.
A maioria delas tinham suas madeixas caindo pra fora do capuz. Mas seus rostos estavam bem cobertos assim como suas armaduras, pois o manto era longo e deixava somente os pés pra fora.
— A ordem foi clara: devemos recuperar o artefato custe o que custar – afirmou.
— Mas e os policiais, vamos mesmo enfrentá-los? – outra questionou.
— Eles não são policiais. Se possuem cosmo energia como nós então eles são guerreiros, provavelmente cavaleiros – disse convicta – Consegue sentir em que ponto do Museu eles estão? – virou-se para a menor do grupo.
— Sim – fechou os olhos e se concentrou neles – Quatro estão dentro do Museu, um está no telhado e os outros dois protegendo a entrada e saída do Museu – contou.
— Cuide do que está no telhado – ordenou – Vocês duas, dos que estão do lado de fora. Cuidaremos do restante. Agora vão! – ordenou alto.
E em seguida, se dividiram e sumiram dali.
Uma delas reapareceu no telhado, a poucos metros do rapaz de cabelos verdes e que trajava uma armadura rosa escura e que possuía correntes nos braços. Ela reconhecia aquela armadura, sorriu de canto. O rapaz de repente pareceu perceber sua presença e virou-se deparando com ela.
— O que...
Shun nem teve tempo de questionar nada, logo sentiu as mãos da mulher encapuzada em seu rosto e de repente sua mente começou a rodar. Era como se estivesse sendo puxado para uma escuridão sem fim, mesmo que lutasse até o fim, sentia que seu corpo seria jogado na escuridão e em menos que segundos ele desmaiou.
— Uma pena ter que fazer algo assim a um rapaz tão bonito – comentou ela, o colocando calmamente no chão do telhado.
Logo se aproximou da beirada do telhado e avistou as outras agindo. Uma delas apareceu no gramado do Museu, o capuz escondia sua identidade, mas não impediu que um pedaço do cabelo loiro fosse visto. Hyoga entrou em alerta quando a avistou, já trajando sua armadura de cisne ele nem esperou pelo próximo movimento da moça. Usando seu pó de diamante ele a atacou, mas a mesma se esquivou com graça e leveza, parecendo uma bailarina rodopiando no palco.
Uma cama de gelo se formou no gramado, a tal mulher misteriosa deu um salto pulando alto e caindo frente ao cisne. Ela sorriu lindamente para ele, como se tentasse seduzi-lo, porém, ao invés de fazer alguma investida ela apenas enfiou uma das mãos dentro do capuz e retirou uma flor branca que aparentemente estava presa no cabelo dela. A flor pareceu se mexer, abrindo-se e se mostrando ao mundo e à medida que ela se abria Hyoga ia perdendo os sentidos. Um a um, até que seu corpo veio ao chão.
— Uma pena, não é? Eles são tão lindos – a que estava no telhado agora se encontrava ao lado de sua companheira.
— Não estamos aqui para avaliar a beleza deles – avisou, mas acabou rindo – Mas concordo, são bonitos.
— Será que os outros são tão bonitos também? – indagou.
De repente um grande clarão se fez presente vindo da parte dos fundos do Museu, as duas garotas que conversavam logo entraram em alerta e saíram correndo para a parte de trás do local. Ficaram escondidas na lateral apenas observando uma de suas amigas lutar contra o cavaleiro de fênix. Fogo se alastrava pelo local e o clarão aumentava a cada golpe dele, sua companheira de luta se esquivava bem e repelia qualquer ataque. Ela segurava uma espada em mãos e não tinha piedade de atacá-lo, a rajada que vinha da espada cortava qualquer coisa que estivesse em seu caminho.
Ikki era rápido, tentava bloquear o golpe com seu ave fênix. De tanto se esquivar do fogo daquele cavaleiro, a amazona acabou permitindo que seu cabelo em peso viesse pra frente e suas madeixas negras ficaram a vista, mas aquilo pouco importava, contanto que ele não visse seu rosto, o resto não era problema.
A morena havia visto suas amigas escondidas e viu que precisaria de ajuda, apesar de ser um nível mais baixo, aquele cavaleiro de bronze era forte e não seria derrubado tão cedo. Seria preciso a intervenção de sua amiga com habilidades telecineticas. Com um aceno discreto ela mandou uma mensagem para as outras duas e as mesmas ficaram a postos, a morena atacou novamente forçando assim o cavaleiro recuar para se esquivar e aquele fora seu erro.
Assim que Ikki pousou no chão e ia atacar novamente, uma das amazonas se aproximou dele, movendo suas mãos de forma delicada e o fez apagar assim como havia feito com o outro cavaleiro no telhado.
— Obrigada – agradeceu a morena – Esse foi difícil, não imaginei que ele era forte – alegou.
— Eu falei para não subestimá-los – a lembrou – Será que as outras estão tendo sorte? – virou-se para o Museu.
— Por onde elas entraram, afinal de contas? – a morena cruzou os braços.
— As laterais do Museu não estão sendo vigiadas, há uma entrada na lateral e além do mais... Não se esqueçam da habilidade de nossa querida amiga – a loira falou sorrindo de canto.
Elas não teriam problemas para entrar, porém, o problema seria sair. Pois os cavaleiros que se encontravam lá dentro eram mais fortes do que aqueles meros bronze.
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As outras três amazonas já se encontravam dentro do Museu, andavam com cautela, pois sabiam que os tais guerreiros poderiam estar a postos, prontos para pularem em cima delas. Enquanto andavam, a líder observava os estragos feitos pela companheira delas e aquela na qual foi chamada de amiga e que agora não passava de uma traidora.
— A coisa foi realmente feia, não é a toa que a Musa do Gelo ficou ferida – uma delas falou, uma mecha do cabelo de cor caramelo claro estava a vista na lateral do rosto.
Logo pararam de andar, no corredor próximo a ala dos artefatos antigos.
— O que faremos, os quatro estão lá dentro – a outra morena falou para a líder.
— Se escondam e fiquem a postos, vamos preparar uma emboscada para eles. Talvez precisemos de suas ilusões – falou para a amazona em questão.
— Sim! – assentiram as duas e logo sumiram pelo museu.
A líder do grupo caminhou para mais perto da ala e após respirar fundo ela se agachou e com apenas um "tapa" no chão, o mesmo começou a tremer.
Os cavaleiros de ouro logo entraram em alerta assim que o chão começou a tremer, parecia um terremoto comum, porém, se não fosse a quantidade de cosmo energia que sentiam no ar jurariam que a Grécia estava tendo um abalo. Eles logo ergueram os punhos, uns mais agressivos e outros mais tranqüilos, como Shura e Camus, eles apenas ficaram parados no lugar esperando que seu inimigo aparecesse. E assim aconteceu.
Na velocidade da luz a líder atacou um dos dourados sem que eles mesmos pudessem fazer algo, Milo apenas teve tempo de cruzar os braços na frente do rosto e sentir o impacto das costas contra as paredes. E não fora apenas uma que ele atingiu, foram varias outras. O Museu era enorme e possuía muitas salas, Milo atingiu ao menos três paredes seguidas até atingir a quarta e parar com uma rachadura enorme da mesma.
Seria talvez impossível, mas eles tentariam lutar contra elas sem destruir o que sobrou do museu. Só esperava não ganhar uma bronca de Atena ou de Shion caso isso não acontecesse.
Por se movimentar bem rápido, Aioria era o adversário da amazona. Milo ainda estava zonzo pelo baque que levou, afinal, foram quatro paredes. Apesar de uma ter sobrevivido. De repente, viu outra amazona encapuzada pular sabe-se lá de onde e cair em cima do pilar que guardava o baú, ela simplesmente tinha passado pela redoma que o protegia e pegado o baú. Mas não quer dizer que ela sairia com ele.
— Hey, você! – Milo exclamou.
Mas a atenção da moça não se voltou para ele e sim para o lado oposto onde uma rajada esverdeada vinha contra ela e a voz grossa do cavaleiro de capricórnio ecoava.
— Excalibur!— exclamou, erguendo o braço e o abaixando.
No chão se formou uma linha invisível e que foi rasgando o granito e indo de encontro a amazona, mas para a sorte dela, a mesma era ágil e conseguiu escapar dali sem ser atingida. Milo quase não teve a mesma sorte, pois se jogou para o lado para poder escapar.
— Shura! – brigou irritado.
— Não seja mole, Milo! Saia daí se não quiser ser atingido – revidou e logo saiu atrás da amazona, que deixara o recinto com o baú em mãos.
Mal ele havia entrado em um dos corredores e ele teve que parar, estranhamente um corredor em especifico se encontrava cheio de cobras, varias espécies se rastejavam por ali. Shura não era muito fã de cobras, mas naquele momento não tinha tempo para suas gasturas e usando novamente seu golpe, abriu caminho pelo corredor. No entanto, enquanto atravessava aquele mar de serpentes, uma delas se enroscou em sua perna e outra em seu pescoço, de repente sentiu uma fisgada na perna e viu que havia uma terceira em sua coxa, mordendo onde a armadura não cobria. Seu corpo caiu enquanto ele se contorcia pela dor e pela agonia daquelas coisas se enroscando nele e lhe mordendo.
Quando Milo chegou ao corredor, encontrou o amigo se debatendo no chão contra algo invisível. Franziu o cenho, não entendendo o que se passava.
— Acho que seu amiguinho não irá participar de nossa luta – a voz da amazona lhe chamou a atenção, ela se encontrava do outro lado do extenso e longo corredor, mas sua voz ecoava – Uma pena, adoraria brincar com os dois – riu.
Milo trincou os dentes e correu na direção dela e atacou com seu golpe Antares. A amazona riu, pois seus golpes não a acertavam, mas logo o sorriso dela se desfez ao perceber o ambiente ficar frio e gelo se formar até metade de sua canela.
— Mas o que... – ela disse, tentando se mover.
— Boa sorte em conseguir sair daí – Camus se pronunciou, ele andava calmamente pelo corredor, sua calma parecia inabalável assim como sua feição séria.
Milo riu de canto, ainda mais quando o efeito que ela causava em Shura havia passado. O capricorniano piscou varias vezes ao ver que o corredor estava vazio e não havia cobras, somente seus dois companheiros e a inimiga. Ele logo se levantou, xingando a si mesmo por ter caído tão facilmente em uma ilusão tão boba.
Estrondos vindos do fundo chegavam aos ouvidos de todos, a líder do grupo e Aioria brigavam a todo vapor. Ambos rápidos e se moviam na velocidade da luz, a amazona riu internamente, sabendo que sua líder estava se divertindo, pois se quisesse acabar com ele já o teria feito.
— Me deixe acabar com ela – pediu Shura, irritado por ser sido feito de bobo – Congelada do jeito que está não irá escapar – afirmou.
— Faça como quiser – Camus deu de ombros.
Milo recuou e ficou ao lado do amigo, enquanto Shura dava o golpe final. Porém, quando a Excalibur do mesmo rasgou o chão novamente, outra linha tão afiada quando a dele veio em sentido contrario e arrebentou com o gelo que Camus havia feito – tanto nas pernas da amazona quanto no chão e paredes -, os dois golpes se chocaram e uma linha fora formada no chão. Parecia que a linha do equador havia ido parar ali e dividia o lado da amazona e dos cavaleiros. As pernas da amazona estavam agora livres, logo a dona do golpe se mostrou, ela vinha caminhando calmamente enquanto segurava uma espada de lamina fiada e retirava outra de um símbolo que estava localizado em sua barriga.
— Q-Q-Que mulher é essa? Ela tira espadas do corpo! – Milo ficou perplexo.
— Não baixe sua guarda – o aquariano aconselhou.
— Melhor desistirem! Minhas espadas são mais fortes do que seu golpe – avisou ela, parando ao lado da amiga – Além do mais, seus reforços estão caídos! – emendou.
Os três trincaram os dentes, preocupados com o estado dos rapazes.
— Eles estão vivos se isso lhes preocupa – afirmou – Estão apenas desmaiados.
— Como podemos confiar em vocês? – Shura indagou sério.
Antes que ela pudesse dar alguma resposta, a parede daquele corredor ao lado esquerdo dos cavaleiros veio abaixo quando a líder delas jogou Aioria contra o mesmo. Sua armadura dourada possuía rachaduras e ele não estava com seu elmo, sendo assim ele acabou levando os amigos consigo para a outra sala, uma vez que atravessaram a outra parede. Os destroços caíram em cima deles, mas logo se levantaram, com exceção do leonino.
Este possuía um ferimento na lateral da cabeça.
— Por que demorou tanto para derrotá-lo? – indagou a morena.
— Estava me divertindo – riu a ruiva – Mas acho que acabamos por aqui... Pegou o baú? – virou-se para as duas – Ótimo – disse.
— Não vão escapar! – Milo exclamou, pronto para atacá-las.
Mas de repente sua cabeça começou a doer e a pesar, assim como a de Camus e Shura. Seus olhos pareciam pesar uma tonelada e seus corpos pesavam mais, eles até tentaram dar alguns passos na direção delas, mas não conseguiram, pois logo desmaiaram. Menos Milo, que lutava até seu ultimo suspiro para se manter acordado, mesmo seu corpo pedindo arrego.
Ele correu cambaleante atrás delas e chegou a alcançar uma, tanto que puxou a capa de mesma, mas infelizmente ele chegou a apagar antes que conseguisse ver o rosto dela.
— Droga! – a amazona xingou. Catou sua capa e tratou de se cobrir.
— Ele te viu? – indagou sua amiga.
— Não. Espero que não – disse.
Logo as outras apareceram, caminhando calmamente para perto delas.
— Eles foram difíceis de apagar, especialmente este – comentou a menina olhando para Milo – Conseguiram o baú?
A morena apenas ergueu o baú e sorriu.
— Vocês se divertiram, eu fiquei rezando para os deuses para um deles vir para o hall do Museu, mas nenhum apareceu – a de cabelos caramelo comentou emburrada, fazendo as outras rirem.
A líder deu mais uma ultima olhada para o escorpião caído no chão, antes de se virar para as amazonas e saírem dali. Causaram um pouco mais de estrago, porém, fora menos do que a primeira luta que ocorrera ali dentro. Mas agora não importava, elas já haviam conseguido o que queria. E nunca mais os veria.
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O baú fora entregue pessoalmente por elas nas mãos de sua Deusa. A face dela parecia mais calma ao ver o objeto, as três guerreiras que pertenciam a um nível mais elevado que elas também mostravam alivio. Retornaram rapidamente para o Olimpo e com a missão completada.
— Muito bem, meninas. Fizeram um ótimo trabalho – avisou ela – Com isso o mundo está a salvo e não teremos que incomodar Atena com erros nossos – emendou – Mandem guardar o artefato e mandem guardas ficarem de prontidão a todo instante, ninguém chega perto daquela sala a não ser eu! – ordenou para uma das moças atrás de seu trono.
E rapidamente a amazona em questão assentiu, acatando sua ordem.
Notas finais: Espero que tenham gostado do primeiro capitulo, talvez algumas coisas estejam bem confusas, mas é para ser assim mesmo. Ao longo da fic as coisas serão explicadas, não gosto muito de entregar os mistérios logo de cara.
Os nomes das amazonas que lutaram contra os cavaleiros de ouro e bronze, eu mantive escondidos e mostrei apenas algumas características físicas delas de propósito. Mas logo vocês entenderam o motivo de eu ter feito isso!
Bom, não esqueçam de comentar. Quero a opinião de vocês, críticas construtivas lógico. E se tiver algum erro ortográfico que eu não vi, por favor me avisem, revisei o capitulo, mas ás vezes fica alguma coisa para trás. Não tenho data para postar capítulos, vou postando de acordo com que ficam prontos e normalmente faço capítulos longos, então isso leva tempo…
