Opostos

Quando Deus resolve mandar sua filha à terra para ganhar conhecimento na mesma época em que demônios começam a aprontar pela cidade as coisas podem não sair como planejado. UA

Disclaimer: Bleach não me pertence, deveria, eu cometeria erros menos bestas.


Capítulo 01 - Divindades em Tokyo

Em uma grande sala branca, quatro pessoas conversavam. Na verdade, não eram exatamente pessoas. Kami estava sentado em seu trono com detalhes dourados, observando impacientemente um anjo loiro de cabelos compridos lhe reportar as novidades. Ao fundo, em poltronas menores, Uma jovem com cabelos negros que lhe caíam até o chão e outra anjo loira de cabelos curtos repicados comentavam o que estava acontecendo.

"Mas isso não pode ser normal!"

"Meu senhor," - O anjo começou, seus olhos azuis frios como gelo, vestia roupas brancas com detalhes em preto. - "Já fizemos uma busca por todo aquele país e encontramos indícios de energia maligna em várias regiões, principalmente na capital."

O Kami massageou as têmporas, respirando fundo. Seus cabelos eram negros e longos assim como os da filha, mas os prendia em um rabo de cavalo baixo. Olhou por todos os cantos da sala, papéis acumulados encima de uma grande escrivaninha, uma grandiosa estante que parecia ter mais livros a cada segundo e as poltronas que sua filha e sua anjo protetora estavam. Observou a bela jovem, esta vestia um vestido longo roxo claro com flores na cabeça; sua beleza era capaz de enfeitiçar até mesmo os mais frios corações.

"Temos que fazer alguma coisa..." - Murmurou, seu olhar passando dos anjos para a filha. Até que um meio-sorriso brotou em sua face. - "Já sei o que fazer."

"O que, meu pai?" - A jovem falou, levantando-se e caminhando até ele.

"Você precisa de treinamento para saber como são os humanos para se tornar uma verdadeira Deusa." - A menina consentiu, não entendendo aonde exatamente o pai queria chegar. - "Então, sua primeira missão será ir para o Japão e encontrar o demônio que estiver causando toda essa confusão. Vocês dois irão com ela para protegê-la. Mas assumam aparências mais humanas e comuns com as pessoas japonesas. Será menos suspeito."

"Sim, meu pai. Com licença."

Kami, observou calmamente sua filha se retirar, sabia que ela havia gostado da idéia, por mais que não demonstrasse nada. A anjo baixinha a acompanhou, murmurando coisas que não o interessavam ouvir. Suspirou, observando uma grande janela mostrando o céu azul e cheio de nuvens parecidas com algodão. Dali ele podia observar qualquer lugar do mundo que quisesse. Virou-se para o anjo ainda parado à sua frente, sabia que ele aguardava maiores detalhes.

"Você e sua irmã irão proteger Momo de qualquer perigo. Assim que encontrarem quem está acabando com o equilíbrio, matem-no imediatamente."

o.o.o

"Muito bem pessoal, sentem-se!" - O professor ordenava, enquanto colocava suas coisas encima de sua mesa.

Os alunos resmungavam, mas obedeceram à ordem rapidamente. Era uma sala bem cheia no colégio Hokurei, um dos melhores de Tokyo. Mesmo com alguns alunos delinqüentes que faziam questão de repetir de ano, as médias da escola eram excelentes. Logo a sala do 2º ano estava em completo silêncio, todos apenas esperando pelo pronunciamento do homem de cabelos longos amarrados e barba por fazer. Seu nome era Kyouraku Shunsui.

"Hoje teremos duas alunas novas!" - Ele comentou alegremente, suas bochechas ficando estranhamente vermelhas. - "Elas vieram de uma cidade do interior, espero que se dêem bem com elas. Podem entrar!"

A porta da sala foi aberta e duas garotas mais ou menos da mesma estatura entraram. Os meninos ficaram boquiabertos, comentando uns com os outros sobre como eram bonitas. A primeira tinha o cabelo preso em um coque com enfeites verdes e seus olhos eram grandes e intensos e sorria levemente, um pouco constrangida. A segunda andava duro, possuía feições bem sérias, cabelo repicado e curto de cores bem escuras e olhos azuis impressionantes. Pararam na frente de todos e fizeram uma pequena mesura.

"Sou Hinamori Momo, muito prazer."

"Kuchiki Rukia."

"Muito bem, meninas." - Shunsui começou, olhando pela sala. - "Sentem-se naquelas duas carteiras vazias ao fundo e vamos começar a aula."

Ambas sentaram-se e Rukia bufou, não estava tão perto de Momo como queria. Reparou nos colegas à sua volta e praguejou por ter mudado a cor de seu cabelo, se todos ali possuíam cabelos de diferentes cores, por mais que ela tivesse gostado de ser morena. Ao seu lado havia um garoto de cabelo laranja! Dois lugares à frente o cabelo de outro que cumprimentava a jovem deusa parecia pegar fogo, entre outras cores. Havia até um estudante que aparentemente descolorira por completo os fios!

"E que garoto estranho..." - Pensou.

A baixinha não queria aprender matérias humanas e suspirou alto, virando-se na direção da janela para poder observar o céu e quem sabe achar alguma nuvem com forma de comida, eram as suas favoritas. Seu colega do lado não deixou de perceber e a encarou, arrancando-a de seus pensamentos. Rukia franziu o cenho e se perguntou o que ele observava tão interessadamente em seu rosto.

"As aulas são realmente chatas, mas com o tempo você se acostuma."

"É, quem sabe."

"Sou Kurosaki Ichigo."

"Prazer." - Rukia falou desinteressadamente, observando as equações que Shunsui escrevia no quadro. Imediatamente agradeceu pelo fato de ter poderes celestiais e conseguir fingir que sabia de tudo aquilo sem problemas, porque parecia realmente chato e complicado.

"Momo-sama, você consegue entender alguma coisa ali?"

Hinamori observou a Kuchiki por cima do ombro, sorrindo levemente. Não precisavam conversar em voz alta, podiam usar telepatia quando quisessem.

"Na verdade, não muita coisa... Parece bem complicado."

"Eu espero que isso acabe logo para podermos sair pela cidade à procura daquele demônio logo." - Rukia suspirou.

Atrás de Hinamori, um garoto de olhos verdes e cabelos brancos fitava-a intrigado, como se a conhecesse de algum lugar. Não seguia as regras do uniforme e a gravata verde escura estava completamente frouxa, as mangas arregaçadas até os cotovelos e vários cintos com correntes. Não era exatamente popular, muitos alunos o temiam, inclusive evitavam sentar perto durante as aulas, o que a garota não o fez. E aquilo o intrigara muito.

"Hinamori Momo..."

o.o.o

"Finalmente aquilo acabou!" - Rukia exclamou alto, jogando sua bolsa para cima.

Momo riu, no fundo concordava. Não imaginava que desde pequenos os humanos tivessem que se esforçar tanto. Escola era realmente uma palavra assustadora para quem tinha de freqüentá-la todos os dias. Observavam os alunos que saíam aos montes do prédio, muitos apressados para chegarem em suas casas e ter algumas horas de merecido descanso, se as tarefas permitissem.

"E agora... Vamos procurar um lugar bem alto para podermos começar." - Rukia falou, seriamente. Momo apenas concordou e a seguiu.

"Aquela torre?" - Hinamori apontou, parando no meio do cruzamento.

"Hum..." - Rukia murmurou, analisando a altura da mesma. Poderia servir. - "Ac-"

"Ei!"

E antes que a baixinha pudesse terminar, era empurrada rapidamente para a calçada, assim como Hinamori. Ambas se assustaram e se depararam com alguns colegas de sala, olhando-as confusos. Rukia pensou em voar em um deles e arrancar-lhes a cabeça com os dentes, mas anjos não faziam coisas como aquelas. Não ainda.

"O que pensam que estão fazendo? Assustando Momo-sama desse jeito!"

Ichigo pareceu mais irritado do que sua cara permitia. Abaixou o rosto para ficar em um nível mais próximo do da menina e arqueou uma das sobrancelhas. Logo em seguida, olhou para Hinamori, assustando a garota, enquanto ignorava as reclamações da Kuchiki.

"Vocês são estranhas." - Rukia ficou estática. - "Param no meio do cruzamento. E tem alguma coisa a mais. Não sei dizer o que é."

"C-como assim...?" - Hinamori murmurou, seus ombros encolhidos.

Rukia arregalou seus olhos levemente e sem que ninguém percebesse, suas pupilas dilataram-se mais do que o normal. A anjo observou com atenção a aura que o ruivo e três colegas atrás do mesmo emanavam, constatando que a energia que Ichigo emanava era incrivelmente maior do que a de um humano normal. Não se surpreendia que ele conseguia sentir que eram seres diferentes deles.

"Um sensitivo."

Hinamori arregalou os olhos e observou o ruivo com cuidado, constatando que era verdade. Os amigos que acompanhavam Ichigo não entendiam o que estava acontecendo e apenas trocavam olhares confusos. Rukia, percebendo o clima estranho ficando cada vez mais denso bufou, cruzando os braços e levantando o rosto para parecer superior, mesmo que sua estatura dificultasse tudo.

"Que jeito mais antiquado de se passar cantada em alguém!"

O queixo de Ichigo foi ao chão.

"Mas que merda! Como você pode dizer isso sua mini-tábua? Não estou interessado em vocês!"

Uma veia saltou da testa da Kuchiki. Anjos realmente não podiam arrancar cabeças com os dentes? O pescoço do ruivo parecia tão atraente para ser esmigalhado em vários pedaços de carne inútil!

"COMO VOCÊ OUSA ME CHAMAR ASSIM? Não sabe quem nós somos?"

Oh oh! Hinamori pensou, se colocando na frente entre a dupla e sorrindo amarela para ambos. Não tinha muito jeito em lidar com aquelas situações, ainda mais sem poder usar seus poderes. Rukia sempre fora um anjo nervoso e arrogante nas horas mais extremas, mas sabia que a mesma era também muito gentil. Só não contava com o fato de não poder amarrá-la com uma corda celestial bem resistente no momento para evitar acidentes. Ichigo não fazia idéia de como corria perigo naquele momento.

"Nós somos apenas duas estudantes perdidas que quase foram atropeladas. Muuuito obrigada, Kurosaki-san, mas estamos com pressa, temos que encontrar meu primo mais velho ainda. Até amanhã!"

Hinamori empurrou a Kuchiki pelos ombros e saiu correndo, deixando um perplexo Ichigo para trás. Aquelas meninas eram realmente muito estranhas. Rukia parecia nobre demais para quem havia vindo de uma cidade do interior, geralmente eles eram tímidos e reclusos e não falavam como se fossem delinquentes de alta classe. Pelo menos uma delas foi bem educada, mas...

"Como ela sabia meu nome?" - Ichigo perguntou para os colegas, um de cabelos castanhos, outro de cabelos pretos e um jovem moreno e alto, sério. - "Eu não me apresentei para ela."

o.o.o

"Momo-sama, porque fez aquilo?" - Rukia perguntou enquanto se sentava em um banco verde-escuro do parque cheio de pessoas.

"Aqui nós somos só pessoas normais, duas colegiais e primas! Você não pode ficar falando daquele jeito!" - Momo rolou os olhos ao ver a suposta prima arquear os ombros, suspirando. - "E nem me chamar de 'Momo-sama'. Primos não falam assim."

Rukia respirou fundo e se recompôs, sorrindo sem-graça.

"Me desculpe. Fiquei nervosa hoje, com medo de acontecer alguma coisa e eu não conseguir te proteger."

Hinamori soltou uma risada baixa e iria retrucar, mas seu coração pareceu parar por um instante assim que uma energia maligna terrível invadiu todo o parque. Pessoas normais não podiam sentí-la, mas ela e Rukia estavam quase sufocando naquele local. Procurou a fonte de toda aquela energia e viu uma mulher parada em frente à uma pequena lagoa de cabelos negros curtos, com exceção de duas longas tranças brancas. Ela pareceu notá-las e olhou fixamente para ambas, seus olhos atingindo uma coloração vermelha.

Imediatamente, a desconhecida levantou um dos braços e uma grande árvore começou a cair na direção de algumas crianças pequenas que brincavam alegremente com suas professoras ou babás. Momo abafou um grito e Rukia expandiu sua aura, purificando o ar ao seu redor e mandando uma rajada de vento na direção das crianças, as pessoas envolta estavam tão assustadas com o que aconteciam que nem mesmo notavam o que a menina fazia.

"Ora ora, o que temos aqui." - A desconhecida falou, rindo, deixando duas grandes asas negras crescerem em suas costas. - "Um anjo! E o que seria essa menininha atrás de você? Ela parece assustada demais para mostrar sua verdadeira natureza!"

A mulher piscou duas vezes antes de perceber que Rukia havia simplesmente sumido e que Momo agora estava sentada em posição de lótus, séria e com os olhos fechados. Ela segurava as duas mãos fortemente como se estivesse rezando e a energia maligna começou a diminuir. Maldita! Ela está drenando minhas energias!

"Não deveria se distrair no meio de uma luta."

Rukia reapareceu atrás da mesma, suas asas abertas emitindo um forte brilho. Momo permanecia concentrada, não somente dissipava toda aquela energia maligna mas também criara uma barreira impedindo que as pessoas notassem-nas. A Kuchiki segurava uma bela espada de lâmina branca com uma fita de mesma cor pendurada no cabo. Por onde o fio da lâmina passava, apareciam pequenos flocos de neve, como se congelasse tudo ao seu redor.

A demônio tentou escapar, mas a espada da anjo fora mais rápida e cortou a parte superficial da pele da mulher no ombro, fazendo-a gritar de dor com toda aquela energia purificadora enfraquecendo-a. Ela praguejou, levantando-se e acumulando energia no braço esquerdo até que apareceu uma espada na mão da mesma, de lâmina negra.

"Eu sou Soi Fong, uma general-demônio de alta classe, não irei perder para vocês!"

Rukia soltou um riso de deboche e investiu contra a mulher, seus golpes eram rápidos e precisos. Soi Fong defendia-se com facilidade, mas a mão livre estava tentando recuperar o corte que a Kuchiki havia feito. Pegando impulso em uma árvore próxima, a demônio girou no ar e deu um chute no queixo da baixinha, que cambaleou para trás, mas logo voltou a atacá-la.

"Você é dura na queda."

"Não sou um arcanjo protetor por nada." - Rukia respondeu, ríspida.

Soi Fong parou e saltou para longe, fitando-a assustada. Rukia era um anjo dos níveis mais altos, com grande poder em defesa, seus ataques não eram a prioridade! Voltou seu olhar para Momo, que continuava impassível, mantendo a barreira e purificando o lugar. Engoliu em seco ao perceber a imensa luz que rodeava o corpo da menina, era de um branco tão intenso que poderia ficar cega se a fitasse por mais tempo.

"Tch." - A demônio praguejou, abrindo mais as asas e envolvendo-se nelas. - "Uma Deusa. Isso não vai ficar assim!"

Rukia ao perceber a intenção da demônio lançou estacas de gelo na direção da mesma, mas somente uma conseguira acertá-la de raspão na barriga. Soi Fong envolveu-se em uma nuvem negra e desapareceu, assim como toda a energia maligna que rodeava o parque. Hinamori respirou fundo e levantou-se, observando pessoas aglomerarem-se envolta da árvore caída e percebeu que uma criança estava com a perna presa debaixo da mesma.

"Momo-sama!" - Rukia chamou-a, pousando ao seu lado, suas asas desaparecendo imediatamente. - "Desculpe-me, não consegui empurrar todas as crianças para longe à tempo."

Momo virou-se para a mesma, sorrindo docemente. Um homem conseguiu retirar o menino debaixo da árvore e todos observaram surpresos que o mesmo conseguia andar e pular normalmente, sua perna estava intacta. Rukia arregalou os olhos e fitou a jovem Deusa, que continha um riso doce. Sorriu aliviada e fitou o céu azul, assumindo uma feição preocupada.

"Para uma general-demônio estar aqui, as coisas vão ser um pouco mais difíceis do que eu pensava."


Continua.

Tcharam! xD Eu prometi duas fics novas nesse mês de julho, uma já começou. Essa era pra ser a última a ser postada, porque tenho mais resumos prontos, vai ser mais fácil de escrever, mas infelizmente (ou não) não vai ser uma fic pequena. Para não variar é universo alternativo, mais uma das minhas idéias loucas e mirabolantes entrando em ação.

O último capítulo de Meu Fantasma provavelmente sai semana que vem... junto com a outra fic nova! Uma descrição que pode ser mudada a qualquer momento está no meu profile, mas dá pra entender bem a história.

Por enquanto, é isso. xD

Quem gostou desse começo, comente, por favor!

Kissus