Título: Noiva do Desejo

Disclaimer: Esta é uma fic sem fins lucrativos, adaptada do livro "Noiva do Desejo" da autora Sarah Morgan e da editora Harlequin Books. Todos os direitos pertencem a autora e a editora, respectivamente.

Os personagens de Harry Potter e cia pertencem a J.K Rowling, Warner e Editora Rocco.

Esta é uma fic que se passa num universo alternativo...

N/A – Bom, esta é a minha primeira fic James e Lilian e espero que vocês gostem. Tenho minhas próprias fics escritas, mas sempre que leio os livros da Harlequim Books, consigo imaginar personagens diferentes para os protagonistas dos livros. Acho que muitos já leram adpatações de livros desta mesma editora, sendo assim, Boa leitura.

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Resumo: Duas das mais tradicionais dinastias gregas estão prestes a se unir pelos laços do matrimônio. Após décadas de inimizade entre suas famílias, James Potter e Lílian Evans vão se casar... Mas tudo não passa de um acordo de negócios. Oferecida con­tra a própria vontade por seu avô, ela foi comprada para gerar um herdeiro. Mas qual será a reação de James quando descobrir que isso jamais aconte­cerá?

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CAPITULO UM

— James Potter?

Lílian ficou abismada com as palavras do avô, um homem que era um estranho para ela.

— Em troca do dinheiro que preciso, pretende que me case com James Potter!

— Exatamente.

O avô de Lílian sorriu sem graça enquanto ela ten­tava recuperar o fôlego e controlar as emoções que a assaltavam. É claro que criara expectativas quando decidiu enfrentar o avô, mas nada se comparava a isso... Potter. O magnata grego que assumira o pe­queno negócio do pai e o transformara num império comparável ao do avô. O bilionário com a mesma fama de irascível que ele. O homem que trocava de mulher na mesma velocidade dos carrões que dirigia e dos jatos em que viajava. O homem que...

— O senhor não pode estar falando sério! - gri­tou ela, com os dentes cerrados e os olhos lacrimejantes. Ela se sentia mal só de pensar na situação.

— A família Potter foi responsável pela morte do meu pai!

E ela os desprezava tanto quanto menosprezava o avô.

Aliás, como desprezava tudo o que fosse grego.

— E por essa razão, minha descendência acabou

— acrescentou o avô, áspero.

— Agora preciso assegurar o mesmo destino para a família Potter. Se ele se casar com você, sua fa­mília acabará no filho, exatamente como a minha.

Lílian sentia dificuldade em respirar, chocada com o que ouvira. Ele sabia. De alguma maneira, ele sabia.

A pasta que ela tinha nas mãos caiu e os papéis se espalharam pelo chão de mármore. Ela não notou.

Quando seu cérebro conseguiu perceber o que im­plicavam aquelas palavras, Lílian empalideceu e sua voz tornou-se quase um sussurro.

— Sabe que não posso ter filhos?

Como ele saberia? Como poderia saber de um de­talhe tão íntimo?

Ela sempre tinha escondido o fato. O único conso­lo para sua dor era que essa angústia era só sua, e nin­guém precisava ter pena dela.

Sentiu a respiração acelerada. Chegara confiante e decidida. De repente, se sentia vulnerável e expos­ta. Nua perante um homem que, apesar de ser da família, sempre fora um estranho desde sua infância.

Agora, esse homem a encarava, com uma expres­são de presunçosa satisfação.

Seu avô, Dimitrios Philipos.

— Faz parte dos meus negócios saber tudo sobre todos.

O tom da voz era duro e frio enquanto ele percebia com evidente satisfação o sofrimento que causava. - Ter informação é o segredo do sucesso.

Lílian engoliu em seco. Como uma desgraça pes­soal poderia ser considerada um "sucesso"?

Casamento.

Não poderia haver piada mais cruel. Ela já havia se convencido de que, não importava o que o futuro lhe reservasse, casamento estava fora de cogitação. Como uma mulher na posição dela poderia se casar?

Ela tentou se manter alerta, para acompanhar a mente perversa do avô.

— Se realmente sabe tudo sobre todos então deve saber por que estou aqui. Minha mãe está cada vez mais doente e precisa de uma operação.

Ele deu um sorriso antipático.

— De certa forma, já esperava sua visita. Você não me decepcionou.

Lílian ficou furiosa! Aquelas palavras reforçavam suas limitações.

Ela o odiava.

Lílian ficou olhando para o avô que ela nunca encontrara antes na vida e sentiu repulsa. A cabeça latejava de tensão desde que pusera os pés no aeroporto de Atenas, e o mal-estar que sentia no estômago era um lembrete do nervosismo que a impedira de comer nos últimos dias.

Havia tanto em jogo. O futuro de sua mãe estava nas mãos dela, em sua habilidade em conseguir um acordo com aquele monstro.

Ele se portava como um rei, sentado em uma ca­deira de espaldar alto, ornada de braços entalhados, dando ordens para funcionários aterrorizados por seus gritos.

Lílian observou a opulência da sala e toda aquela riqueza a deixou enojada.

Será que ele não sentia vergonha? Será que sabia que ela tinha três empregos para proporcionar a mãe os cuidados necessários?

Cuidados esses, aliás, que ele não proporcionava havia 15 anos.

Lílian respirou fundo novamente e tentou se acal­mar. Não podia perder o controle. Ela gostaria de simplesmente virar as costas e sair dali, deixando o avô em companhia de seu dinheiro e de sua solitária existência. Mas não podia. Tinha que ignorar o fato de ele ser a pessoa mais egoísta e frívola que já en­contrara e lembrar-se que só estava ali por causa da mãe. Não podia perder o foco.

Nada, absolutamente nada, mudaria a razão pela qual estava naquela casa. Por 15 anos ele não dera importância às necessidades de sua mãe, até sua pró­pria existência, mas Lílian não permitira que ele a ig­norasse para sempre. Já era tempo do avô saber o que significava ter uma família.

— Que cara é essa? Você veio me procurar, não o contrário. É você que precisa do dinheiro.

O sotaque marcante da voz ríspida de Dimitrios fez Lílian enrijecer-se.

— É minha mãe que precisa. Ele soltou um resmungo.

— Ela mesma poderia ter me pedido o dinheiro se tivesse alguma determinação.

Lílian sentiu raiva e engoliu em seco. Se não se controlasse, ele a poria para fora.

— Minha mãe está muito mal.

Dimitrios a encarou, com um sorriso malévolo.

— E essa é a única razão pela qual você está aqui, não é? Você jamais viria. Você me odeia. Ela te ensi­nou a me ê está furiosa e tentando se controlar porque não quer se indispor comigo. Afinal, posso decidir não abrir a porta do meu cofre...

Ele começou a rir, demonstrando a satisfação que sentia.

Chocada com tanta falta de humanidade, Lílian resolveu apelar.

— Ela foi a mulher de seu filho...

— Não me lembre disso!

Ele se empertigou e o riso desapareceu.

— Você devia ter nascido menino. Parece que her­dou o gênio de seu pai. É a cara dele, apesar dos olhos verdes e de ser ruiva. Se você tivesse olhos e cabelos pretos e meu filho não tivesse sido seduzido por aquela mulher, você herdaria a linhagem que merece e não teria vivido longe todos esses anos. Tudo isso poderia ser seu.

Lílian olhou à sua volta. A diferença entre a situa­ção dela e a do avô era nítida. Símbolos de sua rique­za estavam em toda parte: das enormes estátuas que ornavam a entrada da mansão à graciosa fonte que jorrava no pátio interno.

Lílian lembrou-se de onde morava, numa área de­gradada de Londres, num cubículo adaptado para acomodar a mãe.

E pensou na mãe e na sua luta para sobreviver. Luta que aquele homem poderia ter amenizado.

Ela cerrou os dentes e esforçou-se para continuar. - Estou bem feliz com minha linhagem - respon­deu, formal - e adoro a Inglaterra.

— Não retruque! - explodiu ele, raivoso. - Se você retrucar, ele nunca se casará com você. Você não parece grega, mas eu quero que se comporte como uma grega. Você vai ser meiga e obediente e não dará opinião nenhuma sobre nada, a menos que lhe peçam. Entendeu ?

Lílian não podia acreditar.

— Está falando sério? Acha mesmo que vou casa­rei com James Potter?

O avô sorriu com escárnio.

— Acho, se quiser mesmo o dinheiro. Você se casa e tenta esconder sua infertilidade. E eu provi­denciarei para que o acordo amarre vocês dois até que nasça um herdeiro. Como isso nunca vai aconte­cer, ele ficará preso para sempre num casamento sem filhos.

Dimitrios Philipos deu uma risada sinistra.

— A retribuição perfeita. Como se diz, a vingança é um prato que se come frio. Esperei 15 anos por este momento, mas valeu a pena. Perfeito. Você será o instrumento da minha vingança.

Lílian ficou chocada com o plano diabólico do avô. A mãe tinha razão quando a alertou sobre a sua perversidade. Ele não tinha compaixão.

— Não posso fazer isso. O senhor não pode me pedir uma coisa dessas - argumentou ela, quase sem ar.

Lílian não podia se casar com James Potter. Ele tinha tudo que ela desprezava em um homem. Pe­dir que passasse a vida inteira ao lado dele...

Ela fechou os olhos e tentou se lembrar como se envolvera nessa situação. Nunca acreditara em vin­gança e guerra entre famílias.

Afinal, ela era inglesa.

— Se quiser o dinheiro, tem de se casar - repetiu o avô.

A cabeça de Lílian girava num turbilhão de pensa­mentos.

Ela queria o dinheiro. Precisava dele.

— Mas, não está certo...

— É o justo - afirmou o avô, num tom áspero. - Justiça que a família Potter devia ter sofrido há mui­to tempo. E você, apesar de ser só metade grega, devia saber que os gregos sempre vingam seus mortos.

Lílian sentiu-se fraca.

Será que já não estava na hora de dizer que detes­tava tudo o que era grego? Que nunca se sentiria uma grega?

Ficou calada, não podia se indispor com o avô.

Qualquer coisa.

Faria qualquer coisa para conseguir o dinheiro. Decidira no momento em que pisara na mansão sun­tuosa. Mas subestimara a habilidade do avô em aproveitar-se de seu desespero em benefício próprio.

Observou-o atentamente, reparando o brilho dos olhos e os lábios finos. Seria tolice tratá-lo como ini­migo. Sempre tinham sido inimigos. Desde que sua mãe sorrira para o pai dela e o conquistara, estragan­do os planos de Dimitrios de casá-lo com uma boa moça grega.

— Potter nunca vai concordar em se casar comi­go - argumentou ela.

E assim, não teria que passar o resto da vida ao lado de um homem que odiava. Ele jamais aceitaria.

Descartava as mulheres sem pestanejar. Casamento não fazia parte de seus planos.

Por que se casaria logo com ela? Ainda mais, com as desavenças entre as famílias.

— James Potter é antes de mais nada um ho­mem de negócios - continuou o avô, em tom zombeteiro - e as vantagens que ofereci para que ele se case com minha neta são tentadoras demais.

— Que vantagens? O avô sorriu.

— Tenho algo que ele quer, que é a base do suces­so nos negócios. E Potter é um homem que está sempre querendo conquistar uma mulher atraente. Não sei o motivo, mas ele gosta de ruivas. Por isso, você tem sorte. Trate de tirar esse jeans e vestir algo mais arrumado. E se quiser o dinheiro, conquiste-o. Agora, pegue esses papéis do chão.

Sorte? Será que o avô realmente achava que atrair a atenção daquele grego arrogante era ter sorte?

Lílian recolheu os papéis, pensando na situação. Que escolha tinha? Não havia outro jeito de conse­guir o dinheiro. Se tivesse, não estaria ali. E não seria um casamento de verdade. Talvez, nem precisaria conversar com ele...

— Se eu aceitar, o senhor me dá o dinheiro?

— Não - grunhiu o velho. - Mas, Potter lhe dará. Será parte do acordo. Ele lhe dará uma mesada para você gastar como quiser.

Lílian ficou boquiaberta. O avô tinha planejado um acordo em que não precisaria nem entrar com di­nheiro...

James Potter não só teria que casar com a neta de seu inimigo como também pagaria pelo privi­légio.

Por que motivo concordaria com uma idéia tão ul­trajante?

O que será que o avô tinha que Potter queria tanto?

Seus pensamentos estavam confusos.

Ela conhecia o avô o bastante para saber que James Potter aceitaria o acordo.

O que significava que, se ela queria o dinheiro te­ria que se casar, algo que jurara nunca fazer.

E, agora, não se casaria com qualquer um, mas com um homem que pertencia à família responsável pela morte de seu pai. , Um homem que ela odiava.

— Por que Dimitrios Philipos nos procuraria? - James Potter andava pela varanda de sua bela casa em Atenas e parou para observar o pai. Ele aprendera desde cedo as vantagens de parecer impas­sível. - A rivalidade entre nossas famílias já dura três gerações.

— Por isso mesmo - respondeu Leandros Potter, com cautela. - Ele acha que chegou a hora de passar uma borracha no passado. Publicamente.

Passar uma borracha no passado? Como as­sim? Dimitrios Philipos é diabólico e completamente insano - estranhou James.

Só o fato do pai estar considerando a possibilidade de recebê-lo o surpreendia. Mas ele estava envelhecendo, reconhecia James, e deixar o comando dos negócios da família tinha sido uma perda irreparável para ele.

— Já é hora dessa briga terminar, James. Que­ro me aposentar e viver em paz com sua mãe, saben­do que o que é nosso por direito, será devolvido. Não tenho mais disposição para brigas.

A idéia de estar frente a frente com seu inimigo animou James. Era diferente do pai, adorava o confronto e toda a animosidade envolvida. Se Dimitrios Philipos achava que faria seu jogo habitual de intimidação, descobriria que finalmente encontrara um adversário a sua altura.

O pai pegou uns papéis.

— O acordo que ele está oferecendo é inacredi­tável.

— Mais uma razão para desconfiar — acrescentou James.

— Seria tolice não saber o que ele propõe - con­tinuou o pai, medindo as palavras. — Ele pode ser o que for, mas continua sendo um grego. Não deixa de ser um elogio o convite para um encontro.

— No dia em que Dimitrios Philipos me fizer um elogio, é melhor ter uma arma por perto - disse James, observando os sinais de preocupação no ros­to do pai.

De repente, notou como o pai tinha envelhecido. Deu-se conta que aquela desavença era demais para ele.

— Aceitei encontrá-lo por sua causa.

O pai olhou para o filho, e James jurou para si mesmo que terminaria de uma vez por todas com aquela disputa.

— Está certo. Já é tempo mesmo de acabar com essa história. Qual é a oferta dele? - perguntou James, objetivo.

— Ele está devolvendo o que é seu por direito de herança. Está abrindo mão da empresa.

O pai deu uma risada amarga e jogou os papéis na mesa.

— Ou seria melhor dizer, "nossa empresa", já que foi Philipos quem trapaceou seu avô?

Philipos abrindo mão dos negócios? James es­condeu o espanto do pai. Era simples demais.

— E em troca...

— Você casa com a neta dele - respondeu o pai, desviando o olhar.

— O senhor está brincando! - reagiu ele, sem acreditar. - Em que século estamos?

— Infelizmente, esses são os termos do acordo - concluiu o pai, reunindo os papéis.

— Então, é sério.

Não havia qualquer traço de humor em sua voz.

— Nesse caso, o senhor precisa saber que não há ninguém menos indicado para casar comigo do que alguém com sangue de Philipos.

O pai massageou a nuca, tentando se livrar da ten­são.

— James, você tem 34 anos. Já está na hora de casar. A menos que queria passar o resto da vida so­zinho e sem filhos.

— É claro que quero ter filhos. O problema é a es­posa. Infelizmente, gostaria que as mulheres tives­sem certas qualidades que parecem não existir.

Ele lembrou da ginasta linda com quem ele passa­ra as últimas noites. E da dançarina antes dela. Ne­nhuma tinha conseguido manter seu interesse.

— Ora, se você não se casar por amor, que tal se casar pelo bem dos negócios? - perguntou o pai, grosseiro. - Se casar com a moça, a empresa será nossa.

— É só isso? - perguntou Potter, desconfiado. - Não pode ser tão simples assim.

O pai pareceu relaxar.

— Ele está velho. A empresa enfrenta dificulda­des. Existem poucos profissionais competentes parar resolver os problemas, e ele sabe que você é um de­les. Reconhece como você é brilhante nos negócios. O casamento garantirá o futuro financeiro da neta, no caso da empresa falir. Mas isso não acontecerá com você no comando. É uma oferta generosa.

— É justamente este ponto que me preocupa. Dimitrios Philipos não é conhecido pela generosidade.

— Ele está oferecendo grandes vantagens para você se casar.

— Eu preciso de vantagens enormes para me casar com uma moça que nunca vi - respondeu James, o cérebro arguto trabalhando rápido.

Por que Philipos lhe entregaria a empresa? E por que fazia questão desse casamento?

— Está na hora de abandonar as suspeitas e apren­der a confiar. Philipos começou nos negócios com meu pai e, depois, os roubou dele. Ele diz que está ar­rependido pelo passado e pretende consertar tudo an­tes de morrer.

O pai deu de ombros.

— Nossos advogados estão examinando os termos do acordo. Por que não deveria acreditar nele?

— Talvez porque Dimitrios Philipos sempre foi um megalomaníaco diabólico que só pensa em si pró­prio - retrucou James aborrecido, tirando a gra­vata de seda. Ele estava tenso. A adrenalina inundava seu corpo. Quanto mais altas eram as apostas, melhor o jogo. — Será que eu preciso reavivar sua memória sobre o que ele já fez a nossa família?

— Ele está velho. Deve estar arrependido. James soltou uma risada.

— Arrepender-se. Aquele inescrupuloso não deve saber o que isso significa. Sou capaz de continuar com essa história só para ver qual é o jogo dele desta vez.

James desabotoou a camisa e acenou para um dos empregados para trazer os drinques. O calor de julho em Atenas era insuportável.

— E por que será que a neta ainda não encontrou um marido? Philipos nunca comentou sobre a exis­tência dela. Jamais ninguém a viu, nem ouviu falar a respeito dela. Ela é só feia, ou tem ainda alguma doença grave que transmitiria para meus descen­dentes?

— Descendentes dela também — ressaltou o pai -, e até agora, você também não encontrou uma es­posa.

— Não estou procurando uma esposa - acrescen­tou James gentilmente - e muito menos uma es­colhida pelo meu inimigo.

O pensamento provocou risadas nele. Tinha certe­za que a herdeira de Philipos devia ter algum proble­ma sério, do contrário já teria se casado há muito tempo.

— Tenho certeza que ela deve ser uma moça ado­rável -murmurou o pai, provocando um ar de riso no filho.

— Não concordo. Acho que ela tem duas cabeças e personalidade zero. Se fosse adorável, Philipos não a esconderia. A imprensa a perseguida como faz comigo. Afinal, ela é extremamente rica.

— A imprensa o persegue porque você dá motivo -replicou o pai, sério -a herdeira de Philipos sempre viveu na Inglaterra.

— É na Inglaterra que existem os tablóides mais sensacionalistas do mundo — lembrou James, franzindo a testa. - O que torna a situação ainda mais interessante. Se eles a deixaram em paz, então certamente tem duas cabeças e personalidade zero.

O pai suspirou, exasperado.

— Certamente, ela prefere ter uma vida discreta. O oposto de você. A moça estudou num colégio interno. Não sei se você se lembra, mas a mãe dela é inglesa.

— Claro que me lembro!

James esvaziou o copo, as lembranças anuviando sua mente.

— Lembro também que ela morreu quando nosso barco explodiu. Junto com o marido, o filho único de Dimitrios Philipos.

Imagens vividas ressurgiram em sua mente: uma criança sem vida em seus braços, quando a puxou para a superfície da água; sangue, gritos, um verda­deiro caos...

James cerrou os dentes.

— Ela perdeu o pai e a mãe de uma vez e Philipos nos culpou pelas mortes. E agora, ele quer que eu me case com a neta dele? - perguntou, sarcástico. - Se herdou o DNA da família, é melhor dormir com uma faca embaixo do travesseiro. Não posso acreditar que o senhor aceitou essa sugestão com tanta serenidade.

— Nós também perdemos gente da família naque­la explosão - lembrou o pai. - O tempo passou. Tempo suficiente. Ele agora é um velho.

— Ele é um homem mau, isso sim!

— Não fomos os responsáveis pela morte do filho dele. O tempo lhe deu a oportunidade de refletir e ele se convenceu.

Leandros passou as mãos pelo rosto, visivelmente perturbado pelas lembranças daquela época.

— Ele quer que ela tenha um marido grego. Quer reconstruir sua descendência.

James apertou os olhos e se perguntou desde quando o pai se tornara tão compreensivo. Se Phili­pos queria que sua neta meio inglesa se casasse com um grego, então devia ter uma razão. E ele pretendia descobrir qual era.

— E a moça, o que ela acha? Por que concordaria com um casamento desses? Ela é a neta de Dimitrios Philipos. E como tal, não deve ter a estabilidade que gostaria que minha esposa tivesse.

— Pelo menos, vá conhecê-la. Você tem a opção de dizer "não" - argumentou o pai.

James tentou acompanhar os pensamentos do pai. Era verdade que queria ter filhos e que sempre quis retomar as Indústrias Philipos para a família.

— E para ela, o que sobra? O tom da voz era duro. - Philipos já tem a neta, eu ganho um filho e uma empre­sa que por direito é nossa. E ela, o que ganha nisso?

O pai hesitou.

— James...

— Fale logo - exigiu ele. O pai sentia-se fraco.

— No dia do casamento você fará um depósito em dinheiro na conta dela. Um valor substancial. E este procedimento deverá se repetir todo mês durante todo o casamento.

Um silêncio tomou conta do ambiente. Depois de alguns instantes, James soltou uma risada incré­dula.

— O senhor está falando sério? A herdeira de Phi­lipos quer dinheiro para casar comigo?

— Os termos financeiros são uma parte importan­te do acordo.

— A mulher é mais rica que o próprio rei Midas, e mesmo assim quer mais dinheiro? — perguntou, in­crédulo, James, o temperamento mediterrâneo vindo à tona.

O pai pigarreou.

— Os termos do acordo são claros. Ela quer di­nheiro.

James foi até a beira da varanda e lançou um olhar pela cidade que tanto amava.

— James...

Ele se virou, a expressão cínica nos olhos pretos.

— Nem sei por que não concordo logo. Todas as mulheres só estão mesmo interessadas no dinheiro, e essa, não podia ser diferente. Pelo menos ela é honesta, qualidade a favor. Como o senhor bem disse, este é um acordo de negócios onde ambas as partes con­cordam com as condições propostas.

— Do jeito que você fala, parece que ela não passa de uma moça fria e interesseira. Por que não espera para julgá-la? - implorou o pai. - Qualquer parente de Philipos estaria acostumado com uma vida rica e extravagante. A exigência pelo dinheiro pode não ser reflexo de seu caráter. Ela pode ser uma boa moça.

James evitou relembrá-lo de que "boas mo­ças" não faziam seu estilo.

— Pai, boas moças não exigem dinheiro dos futu­ros maridos. E se ela é uma Philipos, deve ser perigo­sa. E é melhor eu não ficar de costas para ela, nunca!

— Filho...

— Assim como o senhor, quero recuperar os negó­cios da família, então vou conhecê-la porque estou intrigado. Mas não posso prometer nada - avisou James com um sorriso, colocando o copo sobre a mesa. - Se ela vai ser a mãe dos meus filhos, preciso pelo menos saber como ela é.

— Você deve ficar calada - recomendou Dimitrios Philipos para Lílian, enquanto o helicóptero se aproximava.

— E mantenha esses seus olhos vivos fixos no chão. Você deve parecer meiga e obediente como uma moça grega. Se ficar calada até o casamento, tudo vai dar certo. Depois será tarde demais para Potter mudar de idéia,

Naquele exato momento, Lílian estava mais preo­cupada com seu próprio estado de espírito do que com o do candidato a noivo.

Por que eles tinham que visitá-lo na ilha particu­lar? O que havia de errado com a terra firme?

Satisfeita com o fato de o helicóptero voar baixo, Lílian relaxou um pouco no assento e tentou respirar melhor. Mesmo sentindo-se relativamente segura, não conseguia afastar os olhos daquele imenso mar azul. Sempre tivera medo do mar. E custava a acredi­tar que concordara com esse encontro.

Subitamente, sentiu-se apavorada. Temerosa que seu ódio pelo avô se revelasse acompanhado do des­prezo que sentia por toda a família Potter. E se ele souber que não posso ter filhos?

Se o avô descobrira que o acidente na infância a impedia de ser mãe, por que James Potter não poderia ter descoberto também?

— Ele não sabe de nada. Até bem pouco tempo, nem sabia que você existia. E não saberá até que vo­cês estejam casados, só então descobrirá que você é estéril.

Dimitrios Philipos sorriu, maquiavélico.

Estava tudo errado.

Ela não devia estar fazendo isso.

E então, lembrou-se do dinheiro. Tinha que conse­gui-lo. Faria qualquer coisa para isso. E afinal, será que o que ela estava fazendo era mesmo tão errado? Se James Potter fosse um homem decente e gentil, seu bom senso não permitiria que ela levasse adiante esta história de casamento, sabendo de sua infertilidade. Mas ele não possuía nenhuma das duas qualidades.

A família Potter era corrupta como seu avô e James era o mais corrupto de todos. Pelo o que sabia dele, era grego em todos os sentidos. Não tinha consciência, era frio e rude, igual ao seu avô. Julgando pela falta de interesse em se comprometer, certamen­te não se preocupava em ter filhos. Aliás, não seria um bom pai. Dar um filho a um homem como ele se­ria um erro. Talvez fosse bom para ambas as partes, reunir tantos interesses, pensou ela com alguma satisfação. Philipos e Potter. Pelo menos a rivalidade seria enterrada com eles.

E todos eles tinham uma dívida com ela. Eram os responsáveis pelo acidente que destruíra sua família. A hora da justiça chegara.

No dia do casamento, Potter depositaria uma grande soma em sua conta bancária e continuaria de­positando enquanto o casamento durasse. O que significava que a mãe poderia fazer a operação que tanto precisava. Adeus preocupações, adeus três empre­gos, adeus pobreza.

Contanto que Potter não descobrisse que a mãe continuava viva.

Lílian mordeu os lábios. Se ele descobrisse, não levaria dois minutos para concluir que o avô não ti­nha qualquer sentimento por ela e que o acordo era suspeito.

Ela parou na porta do helicóptero e sentiu o ar quente. Quase perguntou ao avô se ela era realmente metade grega, por que não conseguia suportar aquele calor. Preferiu ficar calada. Tinha aprendido naque­les últimos dias que manter o silêncio era a melhor maneira de lidar com ele.

— Lembre-se! Você agora é uma Philipos! - re­lembrou-lhe o avô, ríspido.

Lílian escondeu seu mal-estar.

— Engraçado. O senhor nunca permitiu que minha mãe usasse esse nome, mas agora que é conveniente para o senhor, quer que eu use.

— Potter vai se casar com você porque você é uma Philipos - lembrou-lhe com um sorriso malig­no. - Se ele soubesse que você é uma "maria-ninguém", nem chegaria perto. E pare de ficar puxando o vestido!

— Isso não é um vestido, é um pedaço de pano. Não cobre nada - respondeu ela.

— Exatamente. - O avô a observou e soltou um grunhido de satisfação. - Um homem gosta de exa­minar o que está comprando. Potter é esperto, mas não deixa de ser um grego com sangue nas veias. As­sim que puser os olhos em você, esquecerá completa­mente os negócios, pode acreditar. Faça de conta que se veste sempre assim. Nenhuma palavra sobre sua mãe. Não revele o motivo do dinheiro.

— Ele vai querer saber o motivo do casamento - retrucou Lílian, desafiando o avô.

— O ego de James Potter é maior que a pró­pria Grécia. Por alguma razão insondável, as mulhe­res não o deixam ficar sozinho. Provavelmente, por­que é rico e bonito, uma combinação difícil de resis­tir. Ele vai achar que você é mais uma na fila das esforçadas admiradoras, candidatas aos milhões que possui.

Lílian tremeu. Quanta arrogância! Ser considera­da fútil por julgar um homem pela aparência e pelo bolso era um verdadeiro insulto.

— Não acho que...

— Ótimo! - interrompeu o avô. - Não quero que você ache nada. Nem ele. Você não precisa pen­sar. Só precisa se deitar com ele sempre que ele quiser. E se ele perguntar por que deseja este casamento, você vai responder que é porque ele é um dos soltei­rões mais cobiçados do mundo e você está ávida por redescobrir suas raízes gregas. E se esforce para não encará-lo. Os gregos não gostam de confronto na cama.

Na cama?

Lílian sentiu-se enjoada. De alguma maneira, ti­nha conseguido evitar pensar nas implicações deste casamento. Ficariam íntimos fisicamente. E aí, se lembrou das notícias sobre Potter: sempre tinha três amantes ao mesmo tempo e, como compromisso não era seu forte, seria difícil que ele tivesse tempo de aparecer na sua cama, não é? Seria um marido au­sente e isso interessava bastante a ela. Contanto que depositasse o dinheiro em sua conta corrente todo mês, ela ficaria mais do que feliz por não poder vê-lo.

Ela hesitou por um momento, e se não fosse o avô apressá-la para descer os degraus, teria entrado no helicóptero novamente e pedido para o piloto levá-la de volta.

Porém, foi forçada a pisar na pista de asfalto, pis­cando por causa da luz forte do sol, sem perceber que estava sendo observada a distância por uma figura imponente.

Aquela situação era demais para suportar. Lílian queria parar mais uma vez, mas o avô lhe deu um pu­xão para que continuasse. Ela não estava acostumada com aqueles saltos e teria levado um tombo se braços fortes não tivessem se estendido para segurá-la.

Extremamente embaraçada, Lílian murmurou um obrigada, os dedos apoiados num bíceps musculoso, enquanto tentava recuperar o equilíbrio. O rosto moreno de um homem surgiu em sua frente e seus olhos encontraram os dele, negros como a noite. Uma sen­sação estranha percorreu seu corpo e ela sentiu as fa­ces arderem.

— Srta. Philipos?

Lílian levou alguns segundos para perceber que ele se dirigia a ela.

— Levanta, menina! - O tom impaciente do avô cortou seus pensamentos. - Um homem não pode fi­car segurando uma mulher que tropeça por nada. E por favor! Responda quando falam com você! O que adiantou gastar tanto dinheiro em sua educação se você não consegue nem juntar as palavras para fazer uma frase?

Ela sentiu o rosto queimar pela humilhação. Lílian se aprumou e olhou para seu salvador.

— Desculpe, eu...

— Não precisa se desculpar.

James falou em tom frio e bem pausado, mas a expressão dele observando Philipos, fez com que ela estremecesse.

Estes dois homens eram inimigos declarados...

— Sua desastrada! - O avô a olhou impaciente e virou-se para seu anfitrião. - Pode acreditar, minha neta sabe andar direito quando se concentra. Mas, como a maioria das mulheres, tem a cabeça oca.

Lílian se manteve firme para não demonstrar a rai­va que sentia. Concentrou os pensamentos na mãe querida, para não voltar para o helicóptero e sair dali.

Tinha que esquecer como odiava o avô.

Esquecer como abominava a família Potter.

Esquecer tudo.

A única coisa realmente importante era conseguir se casar com James Potter.

Ela salvaria a mãe. De qualquer maneira.

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N/A Como disse lá em cima, esta é a minha primeira fic James e Lilian e espero que vocês tenham gostado. Ela tem 10 capítulos, que quanto mais reviews eu tiver, mais rápido eu atualizo. Tenho minhas próprias fics escritas, mas amo de paixão os livros da Harlequim Books, e é sempre um prazer poder adaptar minhas histórias preferidas. Caso tenha interesse em ler o livro, ele pode ser encontrado em qualquer banca de revistas...e posso afirmar que todos os livros são maravilhosos..pelo menos os que eu já li.

Até o próximo capítulo =)