-

-

Koe

-

-

Alice...

Só tinha aquilo para se apegar. Esse nome rodava em sua cabeça há tempos, a voz que ecoava no vazio não era sua (ela não se lembrava de sua voz). Essa voz a guiava, a seguia, a cegava (de quem era essa voz?).

Tentou achar a fonte dela, olhando para os lados. Só se tinha aquele vazio (Vazio?). Só aquela cor (ou a ausência dela). Não se tinha nada, nada além dela.

Quem era ela?

Não sabia nem ao menos quem era. Por algum motivo não-conseguia-lembrar-qual-era. (Ou por que não queria lembrar, talvez.)

Mas ela queria se lembrar (Queria?).

Ela ouvia vozes. Bem ao longe, bem longe mesmo. Não sabia diferenciar de qual lado elas viam, poderia vir de todos os lados, mais não sabia dizer. A única coisa que tinha certeza era que elas gritavam (de dor? De saudade? Gritavam por gritar?).

Será que tinha outras pessoas (pessoas?) que também estavam na mesma situação que ela?

Alice...

Quem era ela?

Não entendia ao certo, mais a idéia de ficar sozinha estava lhe fazendo ficar assim (sua carne trêmula, seus olhos sem foco, sua garganta seca, suas mãos e pés gélidos, seu coração em um bombear frenético e enlouquecido) estava fazendo com que o medo brotasse de suas entranhas e se espalhasse por entre seus poros.

Do que adiantava abraçar seu próprio corpo, se ainda continuava desprotegida?

Aquelas vozes (em sua mente? A sua volta?) gritavam por ela.

Sentia-se triste (sufocada), solitária (esquecida) e gelada (congelando).

Não adiantava tapar os ouvidos (aquelas vozes passavam por entre seus dedos), não adiantava pedir para pararem (elas tinham o prazer mórbido de lhe atormentarem).

Não tinham mais voz para gritar.

-

-

-

Ninguém ouvia sua voz quando ela gritava.

-

-

-

N/a: Koe – Voz. Título inspirado na música de Amano Tsukiko, da qual a minha fanfic herdou o nome. Ficlet bobinha, feita em uma tarde gélida de segunda-feira.

Para mais informações sobre a música, joguem Fatal Frame. Uma dica: Nunca joguem a noite. Sozinhos.