Alguns podiam chamar de psicopata, assassino, cruel, frio, mas para ele tudo aquilo era uma conseqüência da natureza humana, um troco. Miro é um famoso detetive de uma cidadezinha americana que tenta desvendar uma série de assassinatos brutais. (YAOI KamusMiro)

Cap. 1 - Sweet Home

Acordou suando e sentindo náuseas, era a terceira vez na semana que tinha o mesmo sonho. Já se acostumara com os rostos jovens e imutáveis que o visitavam durante os pesadelos incontáveis, mas no último mês a frequência com que ocorriam tinha aumentado exponencialmente.

Respirou fundo, tentando afastar a náusea, os olhos focaram-se nos números vermelhos do despertador, 3:15 da manhã. Voltou a fechar os olhos, tentando espantar as imagens que o assombravam havia sete anos. Sabia muito bem o porquê da frequência dos pesadelos ter aumentado, era a ansiedade. Apenas mais alguns dias e estaria de volta aos Estados Unidos, voltaria à cidade que lhe trazia as piores lembranças e finalmente teria sua vingança, doce vingança.

-o-o-O-o-o-

Oh baby don't you know I suffer?

Oh baby can you hear me moan?

You caught me under false pretenses

How long before you let me go?

…[1]

A mão sonolenta de Miro tateou o criado-mudo até encontrar o que queria, esbarrou no despertador fazendo o objeto cair no chão, quebrando-se em dezenas de pedacinhos. Precisava trocar aquela música, além de sempre acordar assustado com os primeiros acordes, ouvi-la em ocasiões casuais já começava a lhe causar arrepios. Aquela era uma ótima maneira de começar a odiar uma música que entes achava divertida.

"Droga" Resmungou ainda sonolento, criando coragem para levantar da cama aconchegante. Uma das poucas coisas de que Miro definitivamente não gostava era acordar cedo, se dependesse de sua vontade ficaria na cama até meio dia, mas o dever o chamava.

Levantou-se da cama, pisando nos pedacinhos do despertador espalhados pelo chão do quarto o que fê-lo praguejar ainda mais. Nota mental, comprar um despertador mais resistente da próxima vez. Cambaleou até o banheiro para tomar um banho gelado e quem sabe despertar de vez.

Entrou no banheiro ainda com os olhos semicerrados, despiu a calça de moletom azul marinho que usava como pijama e ligou o chuveiro. Ficou parado um tempo sentindo a água gelada escorrer por seu corpo.

Geralmente não tinha que acordar tão cedo, mas naquele dia recebera um recado, ou melhor, uma intimação, chamando-o a comparecer a delegacia às 8 da manhã. Miro era detetive, um dos melhores de cidade, diga-se de passagem. Tinha acabado de resolver o roubo de um artefato grego, que reza a lenda havia pertencido à deusa grega Athena. O dito báculo sagrado fora roubado da mansão da riquinha e mimada Saori Kido, filha adotiva de um japonês milionário. O caso não fora muito complicado, em resumo fora apenas uma tentativa do ex-namorado da garota de se vingar pelo fim do relacionamento. A garota resolvera dar uma festa em homenagem ao detetive e de festas Miro gostava, e como gostava. Não que fosse um "baladeiro" irresponsável, mas também não perdia a oportunidade de se divertir. Via as festas como oportunidades de comemorar o encerramento de um bom trabalho.

Geralmente Aldebaram, o delegado apelidado carinhosamente de Deba pelos subordinados, que apesar de ser brasileiro, um latino em uma típica cidade americana, tinha conquistado o respeito de todos, lhe daria o dia seguinte de folga, mas dessa fez ele queria Miro lá, para apresentar o novo parceiro ou algo do gênero, não tinha prestado muita atenção quando o chefe falou, já devia estar meio alto a essa hora da noite.

Desligou o chuveiro e andou até a pia, debruçando-se sobre a mesma. Os olhos fixaram-se em seu reflexo no espelho. Olhos azuis, cabelos loiros caindo em longos cachos pelas costas, físico perfeito com músculos nos lugares certos. Sabia que era bonito, na verdade tinha certeza, Miro era um perfeito narcisista. Sorriu amarelo quando seus olhos pousaram no toque final, as olheiras profundas debaixo dos olhos, resultados das muitas noites mal dormidas devido ao trabalho, e mais recentemente, à ressaca.

Respirou fundo, tirou os olhos de seu reflexo, tinha que se arrumar logo, ou chegaria atrasado.

Quase levou um susto ao olhar o relógio, 15 para as 8, levando em conta a distancia de sua casa à delegacia já estava atrasado. Trocou de roupa rapidamente e saiu correndo, depois compraria alguma coisa para comer, não queria irritar o chefe logo de manhã.

Vale frisar que Aldebaram era um Brasileiro grande, muito grande, do tipo de cara que impõem respeito só com a aparência. Apesar de todo o tamanho, Deba era calmo, Miro mesmo nunca o tinha visto estressado, mas era como dizem, melhor prevenir que remediar.

Chegando à delegacia, logo encontrou Marin, sua belíssima colega de trabalho. Se ela já não fosse comprometida com seu amigo, Aioria, já teria chamado a ruiva para sair há muito tempo. Sim, Miro tinha uma queda por cabelos cor de fogo, queda não, mais que isso, amava aquela cor de cabelo, desde o colegial quando conhecera... Balançou a cabeça afastando os pensamentos, não sabia por que essas lembranças estavam voltando agora. Há coisas que é melhor deixar guardada na memória e essa era uma delas.

"Marin, bem a pessoa que eu queria ver. Você está bonita hoje, alguma surpresa especial pro Aioria?" Cumprimentou a ruiva.

"Bom dia pra você também Miro." Sorriu para o loiro. "Se eu fosse você ia correndo pra sala do Deba, você já está atrasado."

"Eu sei, eu sei, mas é que eu ainda não tomei café da manhã e a minha cabeça tá explodido." Reclamou como uma criança mimada.

"Ressaca de novo?"

"Tá tão na cara assim?"

"Só um pouco, mas pode deixar, eu pego um comprimido e alguma coisa pra você comer."

"Valeu Marin, eu não sei o que eu faria sem você" Fez menção de abraçar a ruiva, mas ela o empurrou dando risada.

"Tá bom Miro, agora vai logo, antes que o Deba fique estressado"

Miro continuou sua caminhada pelos corredores da delegacia até chegar à sala de Aldebaram e foi logo abrindo a porta.

"Bom dia Deba, desculpa o atraso, quebrei meu despertador" Falou de forma displicente sem reparar no estranho sentado na frente do delegado.

"Mais um? Esse dever ser o que... o quinto só esse mês?" O Brasileiro continuou a conversa casual, como se não estivessem em um ambiente de trabalho.

"Na verdade o quarto" sorriu o loiro. Aldebaram retribuiu o sorriso.

"Bom, vamos logo ao assunto" Falou o brasileiro, tomando uma postura mais séria e indicou a cadeira para Miro se sentar. Só então o loiro percebeu a que havia mais alguém na sala. A primeira coisa que chamou sua atenção foram os cabelos lisos e longos do outro, tão longos quanto os seus e ruivos, de um vermelho intenso. Só tinha visto um cabelo daquela cor uma vez, mas isso tinha sido há sete anos, nos tempos de colegial. Mais uma vez aquelas lembranças voltavam para atormentá-lo. "Miro, eu quero lhe apresentar o seu novo parceiro, Kamus." Aldebaram continuou falando, mas Miro não prestava mais tanta atenção assim, estava perdido nos próprios pensamentos, olhando boquiaberto o ruivo a sua frente.

O grego estava paralisado, era ele mesmo, o francês com quem estudara no colegial. Era o mesmo cabelo vermelho, os mesmos olhos castanho avermelhados, a mesma pela branca, mas esse Kamus estava mais alto, não era mais aquele adolescentezinho magricela e desajeitado, tinha ganhado músculos. Eram iguais, mas ao mesmo tempo muito diferentes.

"Não acredito! Kamus? Do colegial? O mal humorado que não falava com ninguém?" Falou num tom brincalhão. Kamus não respondeu, apenas continuou olhando para loiro a sua frente com um toque de desprezo. "Qual é? Não vai falar nada? Não é todo dia que se encontra um colega de colegial!"

"Você non mudou nada." Falou sem demonstrar sentimento algum na voz. Esse Kamus além de mais atraente, também estava mais frio e altivo.

"Eu sei, continuo o mesmo loiro irresistível" Piscou para o colega. Apesar da fama de anti-social, Kamus costumava conversar com Miro, arriscava até dizer que eram melhores amigos, pelo menos até o último ano do colegial quando a turma toda resolveu acampar no litoral. Adolescentes podiam ser bem cruéis e algumas brincadeiras não eram exatamente engraçadas para todos.

"Non, o mesmo loiro inconveniente eu diria" A frieza na voz do francês se tornava mais evidente.

"Que maravilha, vocês estudaram juntos? Então vão se dar bem como parceiros. Que sorte" Deba sorriu para os dois ignorando a tensão no ar.

"Delegado, isso é mesmo necessário? Eu tenho tanta experiência quanto ele, posso cuidar de um caso sozinho, pode ligar para os meus superiores na França e eles dirão que..." Sabia muito bem porque o francês não queria trabalhar com ele, mas esperava que pudessem superar o infeliz mal entendido de tantos anos atrás.

"Kamus, eu sei que você é competente, mas eu sou o chefe aqui, e vocês dois vão trabalhar juntos, quer queiram, quer não. Entendido?" O francês não respondeu, apenas olhou indignado para o delegado. "Já que estamos entendidos, podem ir. E Miro, fecha a porta quando sair."

Mal tinham saído da sala, Marin veio ao encontro dos dois.

"Hey Miro, aqui está sua aspirina, e essa rosquinha foi tudo que sobrou." Entregou a mercadoria ao colega. "E o MM disse que precisa falar com você, na verdade vocês, já que vão der parceiros e tal. Até mais tarde garotos."

A barriga do loiro até roncou ao ver a rosquinha. Kamus lançou um olhar de reprovação para o novo parceiro.

"Que foi? To com fome, não tive tempo pra tomar café da manhã ainda." Kamus balançou a cabeça negativamente.

"Quem é MM?" Perguntou de maneira seca.

"Máscara da Morte, é nosso médico legista."

"E por acaso ele non teria um nome?"

"Ter tem, mas ninguém sabe realmente, quer dizer, o Deba sabe, mas não conta..."

"Deba? Que falta de respeito com um superior!" O francês pareia inconformado.

"Calma pingüim certinho, ele não se importa..." Kamus lançou outro olhar de reprovação para o colega.

"Mas eu me importo, e gostaria que me chamasse de Kamus." A voz do ruivo era de congelar os ossos.

"Ui, o pingüim de geladeira está de volta, ta bom Kaaamus." Falou o nome de maneira jocosa para irritar o francês. Tinha esquecido como isso era divertido, quase podia se sentir com 18 anos de novo. "Vamos, se não o Mask vai ficar irritado." Saiu arrastando o colega com cara de poucos amigos pelos corredores da delegacia.

Máscara da Morte era um descendente de italianos e como tal falava alto e gostava de uma boa massa. Corria o boato que ele tinha feito parte da máfia quando era mais novo, boato espalhado por ninguém menos que Miro. O que não era verdade, mas as feições cruéis e o apelido do italiano acabavam por reforçar o boato, e poucos sabiam que no fundo ele era uma boa pessoa.

"Hey Confete! Como andam os negócios da máfia?"

"Miro, eu já disse pra parar de espalhar essas histórias ridículas. Não consigo nem chegar perto das novas policiais que elas saem assustadas."

"MM... isso é problema da sua cara, até eu tenho medo de falar com você as vezes..."

"Cala a boca Miro. E quem é o ruivo? Nova babá?"

"Ah é... tinha esquecido, Máscara esse é Kamus, meu novo parceiro. Kamus esse italiano louco aqui é o MM."

"Prazer." Kamus estendeu a mão para o legista, que a apertou com um sorriso sádico.

"Meus pêsames Kamus, trabalhar com o loiro aí trás muita dor de cabeça."

"Eu já tinha reparado"

"Vocês dois, podem parar com o complô contra mim. MM o que você tem pra nós?" Miro falou fingindo estar irritado. Máscara andou até uma das macas, acompanhado de perto pelos detetives.

"Homem, mongólico, em torno de 25 anos, foi encontrado morto na própria casa essa manhã. Causa da morte, envenenamento por glicosídeo cianogênico."

"Glico-que?" Miro perguntou meio perdido. Detestava quando máscara falava aqueles termos técnicos. Qual era o problema com a palavra veneno hoje em dia.

"Glicosídeo cianogênico, substância tóxica encontrada nas folhas ou flores de algumas plantas, como Hortência, pessegueiro, mandioca brava e samambaia-das-taperas. Causa vômito, cólicas, sonolência, convulsão, coma e asfixia." Miro ficou surpreso pela respostar ter vindo do francês e não do legista. Como ele sabia dessas coisas?

"Isso mesmo Kamus. Continuando, morreu por volta das dez horas da noite, e levando em conta a quantidade de glicosídeo encontrado no sangue, ela deve ter sido ingerida por volta das oito horas. Os policiais que acharam o corpo disseram que foi suicídio." Máscara tirou o lençol que cobria cadáver e os detetives puderam ver de quem se tratava. O homem possuía cabelos castanho-claros muito longos, olhos verdes e duas marcas avermelhadas no lugar das sobrancelhas.

"Ah meu deus, é o Mu!" Miro parecia chocado, Mu tinha estudado com eles no colegial, sempre fora uma pessoa simpática e alegre, atualmente era um jornalista bem sucedido e às vezes trocava e-mails com Miro, um dos poucos contatos que ainda tinha daqueles tempos. Definitivamente não podia ser suicídio e também não acreditava que alguém pudesse fazer uma coisa dessas com o pobre tibetano.

"Encontraram mais alguma coisa fora do comum na casa?" Kamus perguntou com sua frieza habitual. Sem demonstra nada, nem espanto, nem pena, nem indignação, tristeza, nada.

"Não me trouxeram nada, só o corpo. Sabe como é, esses policiais tomam conclusões precipitadas. Eles juram que o cara se matou."

"Isso significa que temos trabalho de campo."

-o-o-o-o-O-o-o-o-o-

Não foi difícil encontrar a casa o tibetano e logo Miro e Kamus estavam a caminhos de um dos bairros mais seguros da cidade.

"Não acredito que Mú tenha se matado, ele nunca demonstrou nenhuma tendência suicida." Miro ainda estava indignado com a morte do ex-colega de colegial.

"As pessoas mudam Miro."

"Está insinuando que ele se matou então?"

"Eu não disse isso, só disse que as pessoas mudam. Além do mais Mú era jornalista, alguém deve ter ficado infeliz com alguma de suas matérias."

"Eu duvido, só se algum chefe psicótico não gostou da crítica que o Mu fez ao restaurante dele. Chegamos." Miro parou o carro em frente a uma casa branca com um grande gramado na frente e uma cerca viva contornando a propriedade, típica arquitetura americana. A porta estava enrolada em uma fita amarela e preta, sinal claro pra manter os curiosos a distância.

A casa estava em perfeita ordem, nenhum móvel revirado, nenhum sinal de briga, tiros ou qualquer coisa que indicasse a entrada de um assaltante ou marginal do gênero.

"Não há sinais de arrombamento na porta. Nada está fora do lugar. Não me admira que tenham levantado a hipótese de assassinato." Kamus disse exatamente o que Miro estava pensando.

O ruivo foi revistar o quarto enquanto Miro olhava a cozinha. Em cima da mesa ainda jazia o restos de bolachas e um bule de chá e duas xícaras. Aparentemente Mú tinha recebido uma visita recentemente. Recolheu amostras do líquido que sobrara em cada uma das peças de porcelana, assim como as digitais.

O restante da cozinha parecia estar na mais perfeita ordem, assim como o resto da casa. Entrou no quarto, onde o francês revirava algumas gavetas.

"Encontrou alguma coisa?" Miro perguntou, se posicionando atrás do ruivo. Kamus respirou fundo antes de responder.

"Só aquele Buda dourado." Apontou para a cama, onde a estatueta estava jogada. "E essa foto." Miro pegou a foto das mãos do francês. O papel era novo, devia ser uma cópia recente, mas a foto em si era velha, mais precisamente tinha sete anos. Lá estava Miro com seus 18 anos, sorridente, com um dos braços em volta de um ruivo um pouco mal humorado. Seria uma boa lembrança, se a ocasião fosse outra. Podia ver também Mu, com Shaka ao seu lado, os gêmeos Kanon e Saga, Shura, Shina, a única garota da turma na época namorada de Shura, e num cantinho afastado Afrodite. Miro nunca entendera o que o sueco tinha ido fazer naquela viagem, ele não era exatamente parte da turma, mas pensando bem, Kamus também não.

O rosto do Mú estava riscado com caneta vermelha, como um sinal de que tinha sido eliminado. O barulho da gaveta sendo fechada com força tirou o loiro de seus devaneios.

"Acho que acabamos por aqui." Miro pode perceber um tom de frustração na voz do colega.

"Agora só falta interrogar os vizinhos..."

"Eu espero no carro." O francês mal deu tempo para que Miro pudesse responder. Pegou o Buda e a foto e saiu da casa. Pelo jeito o francês ainda não era muito bom em falar com as pessoas.

Miro foi em direção a uma das casas vizinhas e tocou a campainha.

"Pois não?" Uma velhinha simpática abriu a porta.

"Bom dia, eu sou o detetive Miro. Será que eu podia fazer algumas perguntas para a senhora?" Sorriu simpático enquanto mostrava o distintivo.

" Claro, claro. Entre."

-o-o-o-o-O-o-o-o-o-

Duas horas depois, Miro saiu da última casa da vizinhança e encontrou Kamus parado em frente o carro.

"Então. O que descobriu?" O francês perguntou sem olhar para o loiro.

"Quase nada, nenhum dos vizinhos percebeu qualquer movimentação estranha ontem, ou qualquer outro dia. Só uma velhinha disse ter visto alguém bater na porta ontem por volta da sete da noite. De acordo com ela o homem tinha um sotaque estrangeiro, mas ela não conseguiu ver como ele era porque estava muito escuro. E eu tenho certeza que ela era muito míope..." Era impressão sua ou Kamus parecia preocupado com a nova informação?

"Pelo jeito esse estrangeiro é o assassino. Mas o que a foto e o Buda têm a ver com isso?" Mu tinha sido morto por um estrangeiro, um estrangeiro que o tibetano conhecia. Pela foto podia supor que fosse alguém do colegial. Devia ser alguém que participara do acampamento, mas todos lá de certa forma eram estrangeiros. Os gêmeos eram descendentes de gregos como Miro, Kamus francês, Shina italiana, Shura espanhol, Shaka indiano e Afrodite sueco, isso não ajudava muito. E o Buda? O que aquilo queria dizer?

-o-o-o-o-O-o-o-o-o-

De volta à delegacia Kamus foi analisar as impressões digitais enquanto Máscara da Morte se ocupava da analise do chá que o grego tinha encontrado. Miro ficou sentado em sua sala olhando para a foto antiga. Imagens de sete anos atrás começaram a povoar sua mente.

Flashback

Era dia 23 de junho, as férias de verão estavam chegando ao fim e a turma de adolescentes tinha decidido acampar no litoral para se despedirem. Afinal quando agosto chegasse a maioria sairia da cidade para fazer uma faculdade.

Acamparam por uma semana em uma pequena praia deserta que ficava na propriedade dos gêmeos. Kanon e Saga eram os amigos ricos, um pouco metidos e arrogantes, mas no fundo eram boas pessoas, e excelentes amigos.

O grupo se resumia nos populares Kanon, Saga, Miro e Shura, a namorada o espanhol, Shina, e os "nerds" Mú e Shaka, que apesar de um pouco excluídos do resto da sala eram bons amigos do quarteto fantástico. Kamus, o anti-social da sala fora arrastado para a viagem por Miro, que era o único que conseguia tirar uma frase com mais de duas palavras do francês. E por fim Afrodite, o sueco não era nada popular, geralmente o centro das gozações e piadinhas dos colegas. Todos o achavam meio estranho, os gêmeos tinham certeza que o garoto era apaixonado por Shura, e não perdiam uma oportunidade de "humilhar" o colega em público.

Afrodite era vizinho dos gêmeos e seus pais eram amigos, dessa forma não conseguiram viajar sem levar o pobre garoto com eles. O que não foi muito bem aceito pelos outros adolescentes.

A viagem correu bem, Kamus começava a falar mais, Afrodite até que estava se enturmando. Estava tudo bem até que no último dia algo inesperado aconteceu.

Miro estava sentado em uma pedra à beira mar olhando o por do sol. Uma brisa fresca fazia seus cabelos balançarem. Tinha um segredo e não queria contar para ninguém, não iriam entender, e isso o estava torturando. Demorara pra admitir, mas gostava mais do ruivo do que só como amigo. Suspirou e apoiou o queixo nas mãos.

"Miro" O grego quase teve um ataque cardíaco ao ouvir a voz do seu objeto de desejo. "O que você ta fazendo aqui sozinho?" Perguntou, sentando-se ao lado do loiro e oferecendo uma garrafa de cerveja.

"Pensando" Respondeu sem olhar pra Kamus. Pegou a garrafa que lhe era oferecida e levou-a aos lábios.

"Em que? Posso saber?" Miro podia sentir aqueles olhos gelados sobre si. Respirou fundo, era agora ou nunca, sabia que não teria outra oportunidade. Tomou outro gole da cerveja e virou para olhar o amigo.

"Kamus, somos amigos não somos?"

"Claro." Percebeu a hesitação de Miro. "Fala de uma vez Miro."

"Kamus, eu gos..." Mas nesse momento Afrodite chegou correndo.

"Miro, Miro. Finalmente te achei." O sorriso sumiu do rosto do sueco quando viu o ruivo sentado ao lado de Miro. "O que o francês certinho ta fazendo aqui Miluxo?" Perguntou com uma voz manhosa se debruçando sobre o grego. Kamus lançou um olhar de puro ódio pra cima do sueco.

"Dite, para com isso." Miro respondeu, tentando tirar o outro loiro de cima de si.

"Afrodite, sai de cima dele." A voz de Kamus saiu mais fria que de costume.

"A meu deus, mano olha isso." Para completar o desespero de Miro, Kanon apareceu do nada e atrás dele todo o resto da turma.

"Ae Miro, arrasando corações" Saga perguntou com uma voz cruel.

"Sua mãe passou mel em você?" Foi a vez de Shina entrar na conversa. "Veio pra cá reclamando que tava sozinho e olha agora... tão brigando por você." Os garotos riram.

Fim do Flashback

"Credo, que cara é essa Miro?" O grego quase caiu da cadeira ao ouvir a voz de Aioria.

"Cara de quem ta se sentindo nostálgico." Colocou a foto em cima da mesa. "O que você quer gatinho?" Perguntou de volta ao presente.

"Nada, só vim ver se tava tudo bem. A Marin me falou do tal de "Bu"."

"Mú. E ta tudo bem sim." Miro respirou fundo. "Aioria, eu preciso de um favor seu" Voltou a pegar a foto entregando-a ao moreno. "Ta vendo essa foto? Você consegue descobrir quem daqui chegou recentemente ao país? Coisa de no máximo duas semana."

"Claro Miro, moleza. Só preciso dos nomes..."

"Tão atrás da foto. E não comenta com ninguém."

Kamus e Máscara da Morte entraram na sala, interrompendo a conversa dos dois. Aioria escondeu a foto por reflexo.

"As digitais eram todas de Mú." Kamus olhou curioso para Aioria, podia jurar que o moreno tinha escondido alguma coisa. Essa notícia já era esperada, então não recebeu muita atenção dos outros. Estavam mais interessados no que MM tinha a dizer sobre o veneno.

"E só o chá de uma das xícaras estava contaminado. O resto estava limpo." MM continuou com as informações. "E a amostra também estava cheia de impurezas."

"Quer dizer que quem colocou essa porcaria no chá usou um tipo de estrato daquelas plantas estranhas que você falou..." Isso queria dizer que o tal estrangeiro possuía um conhecimento considerável sobre botânica. [2]

"Mais especificamente das flores da hortência." Máscara completou. "E essas não são flores muito comuns nos Estados Unidos."

"Isso não ajuda muito." Miro suspirou.

"Ajuda sim." Kamus, que até então estava só observando, entrou na conversa. "Para o veneno fazer efeito, é necessário que a planta esteja fresca[3]. E eu acho meio difícil alguém passar pela alfândega com um vaso de flores exóticas."

"Aioria, procura as floriculturas que vendam esse tipo de planta." Aioria, balançou a cabeça afirmativamente e saiu da sala seguido por Máscara. Deixando Kamus e Miro sozinhos.

-o-o-O-o-o-

[1] Supermassive Black Hole – Muse

[2] Vamos esquecer por um momento sobre a existência do Google ok galerinha xD

[3] Alguém tem alguma dúvida de que eu acabei de inventar isso? Não... muito bem xD

Hey o/

Lá estava eu, nas férias, arrumando as tranqueiras que sobraram do colegial e do ensino fundamental quando eu encontrei um caderno com uma série de esboços de fanfics, histórias toscas, letras de música zuadas (que, aliás, me dão até vergonha) aí lembrei dessa fanfic e resolvi que ia aproveitar a prorrogação das férias graças a essa porcaria de gripe suína pra terminar a fic... e aqui está o resultado xD

Pra variar eu acho que tah um lixo...mas enfim u.u

Hope you like it ^^

Deixem reviews ok?óò

Até o próximo capítulo xD

Beijos

Ouvindo

Viva La Vida – Coldplay

Perfect Symmetry - Keane

PS: Já disse que odeio o corretor do Word? Pois é, odeio. ¬¬... Tive que escrever MÚ... com assento se não o corretor mudava automaticamente pra "um" ¬¬