VII
Almas violentas. Agressores, suicidas, blasfemadores. Oh a violência.
Aqui o Sol é silencioso. Reverencia seu Senhor. O Senhor dos Mortos.
Aaron aprecia tais coisas. Aprecia o Sétimo Círculo. Em geral, é o que mais lhe lembra o mundo de fora. Os violentos. Os que destroem. A guerra. E todo o sangue. Quanto sangue. Todos os mortos naquela Guerra Santa deviam ir para o Sétimo Círculo.
Aaron não costuma frequentar o Inferno. Mas, certamente, se o faz, vai direto ao Sétimo Círculo. Se tiver de ser considerado um flagelo pela humanidade, que assim seja. Ele salvará o mundo da Violência. Não haverá mais pessoas matando pessoas. Não haverá mais pessoas tirando a própria vida. O Senhor dos Mortos é piedoso. Que o mundo seja tragado por um Infinito de Cor Negra. Não mais blasfêmias, nem o genocídio, ou a degradação do Ego. O Senhor dos Mortos é gentil. Ele tomou as dores do mundo sobre seus ombros. O preço a pagar será vagar pela eternidade. Sozinho.
Kagaho. Tenma. Pandora. Todos eram tão violentos. Fugiu de todos eles, mas foi parar justo no Sétimo Círculo. Lentamente, sem que percebesse, seus propósitos deixaram a nobreza. Aos poucos, ele se entregava, se moldava. Com pouco tempo Aaron percebeu que não seu objetivo já não era uma paz utópica. Talvez fosse a influência do deus que jazia aprisionado em seu interior. Talvez fossem as longas horas de puro deleite no Sétimo Círculo. Onde podia ver assassinos, suicidas e blasfemadores sendo castigados.
Por fim, sabia que Pandora viria buscá-lo. O tomaria pela mão como se faz com uma criança. Levaria o Imaculado Invólucro de volta para o castelo. E o trancafiaria na mais alta torre. Castigo ao Senhor dos Mortos. Mas ao menos ele teria tempo de sobra para terminar o Quadro. Teria tempo de sobra para castigar lentamente o mundo violento que tanto odiava. Agora Aaron era exatamente como o mundo. A única diferença é que ele usava uma máscara de Cristo, fingindo ser um Salvador, ao invés de Algoz.
