Anime: Fruits Basket.
Casal: Kyo x Yuki.
Classificação: Yaoi/ Lemon/ Angust
Capítulo: 1 / 2
Autora: Aiko Hosokawa.
Co-autora: Dark Annek.
Beta: Yume Vy
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Verdade ou conseqüência
Capitulo 01 – Verdades Que Libertam.
Os olhos violetas de Yuki perdiam-se no horizonte do lado de fora da biblioteca, a mão direita dava apoio ao queixo e os pensamentos iam longe... Muito longe, mais precisamente em um passado recente...
Kyo e Haru haviam armado uma grande confusão no almoço, não conseguia se lembrar nem do motivo, mas o fato era que estava próximo quando a professora chegou, assim como Momiji e, como conseqüência daquilo tudo... O quarteto foi castigado e estava na biblioteca.
Como sempre o pequeno Coelho estava elétrico, nada parecia roubar-lhe o ânimo! Cantarolava uma canção com o próprio nome enquanto retirava alguns livros das prateleiras, folheava e depois os recolocava no lugar.
Enquanto o tempo parecia não passar, olhou para Kyo e Haru. Tinha vontade de socar os dois! Nunca sofrera sequer uma repreensão e agora estava ali graças a eles... Graças ao inconveniente Gato!
"Tinha que ser realmente um estúpido como você pra começar aquela confusão.". Falou lançando um frio olhar para o primo ruivo.
Kyo estava entediado, ficar parado ali sem algo para fazer e para piorar com a companhia se seus primos... Lançou um rápido olhar para Haru que estava com cara de bobo sentado ao lado de Yuki, praguejando algo ininteligível e logo colando as pernas sobre uma cadeira próxima, cruzando-as, assim com os braços, fechando os olhos escarlates em seguida e pouco tempo se passou até que ouvisse a voz do Rato.
"Fala isso pra aquela besta, ali!". Praguejou alto colocando os pés novamente no chão com força, apontando para Haru com o indicador esquerdo, guiando um fulminante olhar para o príncipe Yuki.
Haru piscou calma e inocentemente os olhos fixando-os em seu amado Yuki, vendo-se repentinamente inserido na conversa, tentando pensar em um modo de se desculpar com aquele que era tão importante para si.
"Desculpe Yuki, não queria te meter nessa confusão...". Disse em seu habitual semblante calmo, quase bobo, enquanto mantinha os braços cruzados recostados displicentemente na cadeira.
"Não precisa que preocupar, Haru... É que aqui tá muito chato! Já acabaram as aulas, mas acho que nos esqueceram aqui...". Disse vagamente Yuki desviando o olhar do Boi, guiando-o para fora novamente, não queria discutir, queria ir embora.
"...!". A face de Kyo contorceu-se em tédio enquanto via Momiji se aproximando novamente deles.
"Podemos brincar todos juntos pro tempo passar mais rápido!". Sugeriu um empolgado garoto e no mesmo instante os olhos de Haru brilharam ante a possibilidade de matar o tempo.
"Tem algo em mente?". Perguntou o Boi.
A face de Momiji tornou-se ainda mais jovial e iluminada, realmente era MUITO chato ficar olhando para aqueles livros sem figuras ou para os primos emburrados.
"Podemos jogar Verdade ou Conseqüência!!!!!!!!!! Vi outro dia num filme é tãoooooo legal!". Disse muitíssimo empolgado, erguendo os braços em torcida por um 'sim' de todos.
"Seria maldade tirar o brinquedo dele". Yuki pensou, olhando para o garoto que mais parecia uma pequena criança empolgada com um brinquedo novo, conformando-se.
"Eu topo...". Respondeu o Rato.
"Tô dentro!". Foi à resposta de Haru.
"Que seja... É melhor do que não fazer nada.". Disse Kyo entediado, mas pensando consigo mesmo.
"Pode ser uma boa oportunidade de vencer aquele maldito Rato!". Maquinou o Gato em pensamento.
"AAAAAÊÊÊÊÊ!!!!!!!!!!!!!!!!!". Momiji gritou empolgado.
"Ainda estamos na biblioteca, Momiji.". Disse Yuki querendo que o garoto falasse mais baixo.
"Tudo bem...". Falou apenas um tom mais baixo, já que não conseguia conter a empolgação. Sem demora, o jovem Coelho retirou de dentro do bolso uma caneta.
"Então é assim, sentamos em círculo e giramos a caneta no meio. Para quem a ponta que escreve apontar será feita à pergunta e o que estiver na outra ponta faz a pergunta.". Explicou o pequeno enquanto todos se ajeitavam em suas cadeiras ao redor da mesa.
"Prontos? Então vamos lá!". Perguntou, recebendo afirmação de todos e a caneta girou, girou e girou até que...
A ponta esferográfica parou em... KYO!!!!
"Wahh! O Kyo vai ter que responder uma pergunta!". Disse Momiji empolgado.
"Ainda bem que não fui o primeiro.". Yuki pensou, vendo a irritação de Kyo.
"Aaahhhh... Tinha que ser eu logo de cara?". Reclamou, vendo que a outra ponta ia em direção a Haru. Estranhou ao notar que o primo não mais tinha aquele ar de bobo, mas sim, sorria de uma maneira muito enigmática.
"Faça logo essa maldita pergunta!". Kyo falou apressado, não estava gostando nem um pouco daquilo.
"A pergunta é minha!". Haru sorriu maliciosamente, seria hoje que ajudaria seu amado Yuki a ser feliz! Comemorou internamente sua vitória, pensando... Tinha que perguntar algo que o bichano não quisesse responder... Então ele pediria Conseqüência! Os olhos castanhos do Boi brilharam ante a idéia.
"Por que ele não faz logo a pergunta?". ¬¬ Kyo já estava impaciente.
"Kyo... O que sente, de verdade, por Tohru Honda?". Disse curvando-se sobre a mesa.
"O quê?", Assustou-se Kyo ante a pergunta de Haru.
"Lembre-se! Não vale mentir... Sei quando alguém mente, por isso não queira me enganar.". Falou sério o Boi, encarando os escarlates olhos do bichano.
Yuki revirou os olhos, nervoso. Aquela era a única pergunta que não desejava ouvir a resposta.
Kyo sentiu um frio enorme percorrendo sua coluna vertebral, enquanto uma gota de suor escorria em sua testa. Estava tenso, as palavras sumiram de sua garganta, não esperava aquela pergunta e pelo que sabia só havia uma forma de fugir dela.
"Quero Conseqüência...". A voz rouca soou baixo, mas inteligível.
"Bingo!!!". Comemorou Haru em pensamento, o Gato realmente era facilmente manipulável!
Yuki sentiu uma forte dor no peito quando ouviu aquela resposta. Lentamente ergueu os olhos, fitando a face do possuído pelo Gato, discretamente admirando sua beleza, enquanto sentia seu coração se comprimir... Se Kyo não queria responder só poderia significar uma coisa...
"Ele está apaixonado por ela...". Concluiu em pensamento não demonstrando na face o que sentia.
Momiji quase explodiu em alegria, Conseqüência era sempre uma tarefa engraçada e Kyo fazendo uma seria hilário! Rapidamente fitou Haru, que olhava para Kyo e depois para Yuki... E novamente para o Gato.
"Acho que é bom lembrar também que é um jogo. Todos toparam e de acordo com as regras...". Haru sempre sentiu que fazia pouco por Yuki, e agora queria fazê-lo feliz do mesmo modo que ele próprio era quando estava com a sua amada Rin.
"Que demora.". ¬¬ Yuki já se entediava.
"... Kyo... Quero que beije Yuki! Um beijo de língua por dez segundos...". Disse calmo e confiante.
"O QUÊÊÊÊ???????????". A indagação soou alto, criando um misto das vozes de Kyo e Yuki.
Quase que instantaneamente o Rato corou, sentindo a face queimar intensamente, estava atônico, de pé, olhando para Haru que mantinha aquele semblante calmo... Irritantemente calmo. Como ele podia fazer isso com ele?
"Isso não pode ser verdade! Beijar Yuki?! Sem possibilidade!". Kyo falou revoltado, aquilo estava indo longe demais!
"Haru quer mesmo que eu faça isso?". Perguntava-se em pensamento, sem saber o que pensar e então... Yuki saiu de seu torpor silencioso.
"Nunca!!! Mas é nunca que vou deixar esse Gato estúpido me beijar... Não vem com essa história, Haru. Essa brincadeira passou dos limites!". Falou irritado, não poderia aceitar aquilo.
"Mas as regras do jogo...". Momiji disse choroso, não via nada demais ali, afinal era só uma brincadeira, não?
"Você está louco se pensa que vou enfiar minha língua na boca da ratazana!". Vociferou Kyo, apontando para Haru.
Yuki sentiu o rubor subir-lhe as bochechas, por mais que aquilo fosse uma brincadeira não desejava de maneira alguma ouvir o Gato falando daquela maneira!
"Ei, olha como fala!". Protestou irritado.
Haru sorriu quando o Rato falou, isso demonstrava que estava realmente certo!"Ahhhh... Kyo vai jogar a toalha assim tão fácil? Irá perder...". O Boi disse calmo, sabia que aquele era o ponto fraco do bichano. Kyo era ainda mais previsível quando se tratava de qualquer tipo de disputa.
"Não vou perder coisa nenhuma!!!". Rosnou um determinado bichano.
"Anda! Vamos logo acabar com isso de uma vez...". Falou batendo a mão direita na mesa com força.
"Acho que estou fazendo estágio de manipulação humana com o Shigure". Admitiu para si mesmo em pensamento Haru.
"Ficou louco, bichano?" Praguejou Yuki. Não poderia permitir uma coisa daquelas! Jamais, jamais!
Kyo apenas cruzou os braços, irritado.
"E se ele perceber?". Pensou temeroso.
"Ahhhhhh... Yukiiiiii!!! O Kyo já topou! Anda logo! Quero continuar.". Momiji falou, fazendo manha.
"É! Anda logo, ratazana...". Disse Kyo, visivelmente irritado.
Yuki apenas o fitou, ainda indeciso...
"... Ou você não sabe como se faz?". Kyo perguntou em tom provocativo.
Os olhos violetas de Yuki brilharam de maneira desafiadora, esquecendo todo o resto e se firmando na figura de cabelos cor-de-fogo. Quem Kyo pensava que era pra falar assim com ele?
"Tá legal, Gato estúpido, mas... Tente não me deixar entediado!". Falou sério e frio esperando que o ruivo viesse.
Haru olhou satisfeito... Enfim aconteceria!
Kyo se aproximou temeroso, olhando dentro daqueles olhos tão violetas quanto duas pedras de ametistas, sua garganta seca... Era melhor acabar com aquilo logo! Era só fechar os olhos e pensar em uma garota...
"Não deve ser tão difícil...". Pensou enquanto os corpos se aproximavam de uma maneira calma e tímida.
Yuki sentiu o corpo enrijecer, o que faria afinal? Não sabia responder... Kyo estava tão perto, só havia chegado àquela distância do primo em lutas! Gelou quando sentiu as mãos dele envolvendo seu pescoço de maneira suave...
"É de língua por dez segundos...". Lembrou Haru.
As faces rubras foram se aproximando lentamente e então os lábios se tocaram e... Instintivamente ambos fecharam os olhos. Yuki estremeceu completamente, entreabrindo os lábios, sentindo a língua do bichano adentrar em sua boca timidamente e da mesma maneira foi correspondendo, sem notar guiou as mãos para a cintura do rapaz mais alto enquanto sentia a tímida carícia em seu interior, deliciando-se com o sabor do bichano.
"Um... Dois... Três...". Haru contabilizava o tempo e Momiji somente olhava louco para continuar a brincadeira.
"Mas o que é isso?". Kyo perguntava-se em pensamento.
Sentia algo estranho dentro de si, pareciam pequenas correntes elétricas... Algo prazeroso lhe sendo oferecido em dose tão ínfima que o fazia desejar por mais daquilo! Apertou uma pouco mais as mãos na nuca do primo indo mais fundo em seu interior, exigindo mais do beijo.
"O que estou fazendo?". Uma voz gritava na mente do Gato, mas não conseguia parar.
"Não quero! Não quero! Não, não... Sim... Quero... Desejo...". Um enorme dilema consumia o interior de Yuki. Estava completamente dividido entre sua mente e seu coração, não compreendia como deixara aquilo acontecer, mas quando notou já estava apaixonado por Kyo, não podia negar! Ficou surpreso quando sentiu a voracidade do ato do primo, mas deleitou-se, segurando mais firme na esguia cintura, correspondendo ao beijo mais intenso... Simplesmente não conseguia parar!
"... Quatro... Cinco... Seis...". Haru falava baixinho, mas de forma audível.
O Coelho olhava curioso. Realmente aquilo já deveria ter acontecido há muito tempo, afinal só Kyo mesmo para não perceber...
"... Sete... Oito...".
Uma batalha se apossava da mente de Kyo, enquanto duas vozes se combatiam em seu interior... Uma voz lhe dizia... 'Isso é tão bom... Continue...' E então a outra gritava... 'PARE COM ISSO IMEDIATAMENTE!!!'... E ele não sabia qual seguir.
"... Nove... Dez". Terminou a contagem em um murmúrio.
Há muito Yuki já não ouvia mais a voz do primo Boi, na realidade já não prestava a atenção em nada ao redor, apenas sentia aquele toque maravilhoso e inebriante, não queria parar... Queria apenas continuar sentindo Kyo, seu cheiro... Seu gosto...
"A contagem ac...". Momiji ia falar, porém Haru colocou o indicador direito na frente dos lábios pedindo silêncio e sorrindo feliz.
Kyo sentia o corpo se aquecendo absurdamente, parecia uma forte febre a lhe consumir latejando em seu baixo ventre... Estava perdendo o controle de seu próprio corpo, seu desejo só crescia e...
"Tenho que parar!". Refletiu afoito, abrindo os olhos e afastando o primo de si, quebrando todo o contado que havia entre eles, respirando entrecortadamente. Encarou a face de Yuki que havia perdido a clara cor para ser tomada pelo rubor com a respiração também acelerada.
"Ele sentiu o mesmo que eu? Será possível? E o que foi isso?". Questionou-se ainda em pensamentos o ruivo, sentindo-se completamente perdido.
Os olhos violetas de Yuki encararam por um instante o escarlate olhar, notou que, apesar da pele morena, Kyo também estava corado, no entanto, teve sua atenção tomada por um barulho... Era a porta se abrindo e logo vieram passos apressados seguindo na direção dos garotos.
Yuki olhou novamente para Kyo, ambos se recompondo rapidamente, não poderia ter sido só pela brincadeira! Foi intenso demais, porém não sabia o que dizer, não sabia o que pensar e muito menos o que fazer...
"Ahhh vocês estão aqui!". Falou aliviada a professora que dera o castigo.
"Salvo pelo gongo!". Pensou o Rato olhando para a professora, tentando conter o abalo que o tomara.
"Acabou a brincadeira...". Momiji disse desanimado, nem havia tido tempo de perguntar ou responder algo.
"Vamos, podem ir pra casa". Falou a professora, contente por nada demais ter acontecido.
"Eu acho que ela só está começando...". Murmurou Haru de maneira inaudível a todos os presentes enquanto caminhavam em direção à porta.
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Nunca a casa onde moravam pareceu tão distante para Yuki e para Kyo. O sol já se escondia completamente, deixando apenas alguns vestígios dourados no céu que mesclava nuanças de azul e laranja. Com exceção ao dois o caminho estava todo deserto e caminhavam sempre de lados diferentes nas ruas.
O clima era tenso, chegando a ser desconcertante para qualquer mortal, ora ou outra um encarava o outro de canto de olho, mas mantinham a distância corporal e mental, já que cada qual estava envolto em seus próprios pensamento.
"Maldita brincadeira!". Kyo praguejava mentalmente.
"Não pensei que a situação poderia piorar... Estava enganado...". Admitiu Yuki em pensamento, vendo o abismo entre eles se torna intransponível.
Finalmente chegaram em casa, e lá dentro o silêncio também imperava, causando estranheza em ambos os garotos. Então Yuki foi até a cozinha e, pregado na geladeira, encontrou um bilhete de Tohru...
"Boa noite!!! Vou à casa de Hana-chan e dormirei lá. O Shigure foi ver o Ayame, parece que ele está um pouco gripado. A comida está pronta, é só esquenta. Comam direitinho! Tohru.".
"Para piorar tudo estamos sozinhos em casa...". Praguejou Yuki sem perceber que falara aquelas palavras em voz alta.
Kyo foi até a cozinha, queria saber o que estava acontecendo, parou na porta quando ouviu as palavras de Yuki.
"Agora isso...". Disse desgostoso, deixando escapar um suspiro exasperado.
A melhor idéia que passou pela mente do ruivo foi não jantar, ao invés disso tomaria um bom banho e depois se trancaria em seu agradável quarto, não dava para ficar olhando para a cara de Yuki depois de tudo o que aconteceu, ficaria revivendo cada segundo daquela... Tortura!
O Rato viu o outro reclamar e subir, de imediato supôs que ele iria para o banho e não desceria novamente. Ficou parado no mesmo lugar olhando para o bilhete, mas sua mente já não mais se fixava naquelas letras e sim em indagações.
"O que devo fazer? Devo perguntar algo? Sim! Não posso deixar a situação como está!". Concluiu determinando, deixando o pequeno pedaço de papel sobre a mesa e subindo as escadas.
Logo notou que suas suposições estavam corretas, o chuveiro estava ligado, por um segundo vacilou, mas no outro retomou a firmeza de sua decisão. Parou diante a uma porta que não era a de seu quarto, colocou a mão direita na maçaneta, respirou fundo e abriu...
O quarto de Kyo se vez visível completamente e tudo era simples como em seu próprio quarto, entrou e fechou a porta atrás de si, dando alguns passos, parando próximo à janela, abraçando a si mesmo. Esperaria pelo ruivo ali.
"Nem que seja para pôr uma pedra em cima desse assunto...". Pensou olhando o horizonte que já tinha um azul muito escuro predominando sob um azul mais claro, vendo algumas das poucas estrelas mais brilhantes já se mostrarem e sentindo a terna e fresca brisa noturna.
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A água morna caía sobre as belas madeixas possuidoras do tom das chamas. Seguindo seu intento, escoriam pelo dorso e torso nus para em seguida moldarem as nádegas insinuantes descendo pelas coxas morenas e roliças.
Já a mente jovem vagava pelas lembranças recentes... Via a face rubra de Yuki durante a aproximação dos corpos... Era quase como se o primo estivesse ali dentro com ele! E logo os lábios estavam colados e as línguas se tocavam de uma maneira cálida... O calor do corpo menor misturando-se ao seu, transmitindo uma sensação deliciosa e...
"Droga! O que estou pensando?!". Praguejou, socando a parede diante de si, fechando firmemente os olhos, deixando que a água agora caísse em sua nuca.
Não adiantou lutar! Novamente aquela recordação veio lhe perturbar a mente, sentindo uma pequena corrente elétrica latejar em seu baixo-ventre, revivendo a sensação de ter aprofundado o beijo. Perdido nessas lembranças, Kyo entreabriu os lábios buscando por ar, sentindo o sabor da morna água cair em sua boca, enquanto sua mente ia mais longe... Formulando fantasias sobre a continuação daquele ato. O que teria feito? E se estivessem sozinhos? Se não houvesse Momiji, Haru ou a professora?
"Deixa de ser estúpido, Kyo!!! Se eles não estivesse lá aquilo nunca teria acontecido!!!". Afirmou convicto em pensamento.
No entanto, não foi capaz de conter a imaginação e seqüências de imagens, completamente ilusórias, perpetuavam em sua cabeça. Nelas não havia Boi ou Coelho ou mesmo a biblioteca, apenas ele próprio, Yuki e uma mesa...
Os braços fortes de Kyo envolviam a esguia cintura de Yuki, colando seus corpos, sentindo o roçar leve entre as peles... As línguas se entrelaçavam de maneira voraz, enquanto as mãos do Rato abraçavam o Gato por cima dos ombros deixando que os dedos finos se agarrassem às madeixas ruivas. Então Kyo deu um forte impulso, tirando os pés do 'príncipe' do chão e, em movimentos hábeis, as pernas de Yuki envolveram a cintura do rapaz maior. O beijo não cessava mesmo quando o voraz bichano caminhava em direção à mesa e lá fez com que o primo sentasse... E de repente ambos os corpos já estava nus e Yuki gemia tomado por um rubor encantador enquanto Kyo, em êxtase, entrava e sai do corpo apertado de seu rival...
"Aaaahhhh... Yuki...". Gemeu Kyo, sentindo novamente aquele líquido morno dentro de sua boca... Então os olhos escarlates se abriram arregalados, enquanto as pernas moviam-se para trás.
"O que estou fazendo!?". Sussurrou assustado, só então percebendo que acariciava a si mesmo enquanto pensava no ser que mais odiava no mundo!
"Estou louco?!". Disse recostando-se a parede oposta ao chuveiro vendo a água cair levantando vapor.
Estava completamente excitado, mas não queria aceitar, não PODIA aceitar! Engoliu seco tentando por as idéias em ordem, foi até a ducha e mudou a temperatura, pondo-a no frio e logo se enfiou debaixo dela para se acalmar, estremecendo ao sentir o contato da água, mas permanecendo firme debaixo dela.
"Só podem ser os hormônios... Maldita adolescência!". Convenceu-se em pensamento respirando fundo.
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Um leve barulho interrompeu as divagações de Yuki. O jovem de belas madeixas gris voltou-se para trás ao ouvir o som da porta se abrindo e, no exato momento em que pôs os olhos sobre a figura que adentrava ao local, sentiu todos os músculos enrijecerem!
Obviamente era o Gato, mas não esperava vê-lo daquela maneira despudoramente tentadora! O bem trabalhado torso estava completamente nu, algumas gotículas de água ainda escorriam pela pele amorenada, contornando cada músculo delineado... Baixou um pouco mais o olhar, reparando que os quadradinhos do abdômen eram levemente definidos, e logo abaixo do umbigo viu uma felpuda toalha que descia apenas até o meio das coxas roliças e tentadoras.
Yuki sentiu o coração falhar uma batida, perdeu o ar e toda a sua linha de raciocínio simplesmente desapareceu, mas foi forte! Respirou fundo, recompondo-se, e focou-se apenas nos olhos escarlates que o deixava tão desconcertado quanto o resto de Kyo.
"Yuki...?". Murmurou Kyo, completamente paralisado ainda segurando a maçaneta. Dentro do peito moreno o coração mais parecia um tambor de tão forte que batia, a respiração parecia ter desaparecido completamente. Tudo o que não queria era ver o primo depois das idéias que havia tido.
"Acho que precisamos conversar...". Como um tiro, veloz e certeiro, as palavras deixaram os lábios do jovem Rato.
Kyo encarou confuso e atordoado, não queria aquele momento, não tinham nada para falar um com o outro, sempre se odiaram, lutariam até o fim dos dias, a única coisa a ser feita era expulsar o Yuki dali.
"Não temos nada pra conversar, ratazana...". Sibilou em tom irritado.
"...!", Yuki estreitou os olhos. Como assim 'não temos nada pra conversar'?
"... Agora saia do MEU quarto!". Gruiu ficando de lado na porta apontando para fora.
Yuki cerrou os olhos ameaçadoramente, fechando os dedos com força, querendo se conter para não voar em cima do primo e socá-lo, afinal, como ele poderia dizer um absurdo desses depois de tudo que havia ocorrido?
"Não adianta tentarmos ignorar ou esconder. Nos beijamos, isso é fato! Essa história precisa ser esclarecida... Agora!!!". Falou com firmeza o jovem de aparecia frágil dando alguns passos para frente, não iria desistir!
Os olhos de Kyo estreitaram de maneira ameaçadora e mortal enquanto adentrava ao local, caminhando em direção a seu guarda-roupa para ficar a uma distância segura do Rato. Naquele momento não queria... Não arriscaria nenhuma aproximação! Aquela face impassível e ao mesmo tempo arrogante de Yuki era tão irritante que não conseguia formular palavras para definir o que sentia, quando a via tudo que Kyo sabia era que estava fora de si e precisava manter distância daquela ratazana!
"Aquilo não significou nada, Yuki! Nada mudou, ainda sou o Gato e você o Rato e principalmente... EU TE ODEIO!". Gruiu entre os dentes tentando conter sua ira.
Yuki sentiu o coração doer com a frase do primo, Kyo parecia mais arredio que o normal, pareciam os velhos tempos... Antes de Tohru... Quando havia apenas lutas e mais lutas corporais... E nada mais do que isso.
"Bichano estúpido! A questão não é essa! Não quero que Tohru fique sabendo...". A única opção que encontrou foi se esconder atrás do suposto sentimento pela menina, não dava pra falar pra Kyo o que realmente desejava... O que realmente sentia!
O ruivo fitou o jovem mais baixo, estava completamente incrédulo. Era obvio que jamais contaria para Tohru. De onde o primo tirou aquela idéia? Mas aquilo não era realmente importante, tudo o que queria era que Yuki saísse dali o mais rápido possível! Já estava ficando desconcertado e não confiava em seu próprio corpo e razão, ainda mais com ele tão perto.
"Tá na cara que não vou contar, Rato maldito!". Com a irritação explícita na voz, tentava mascarar seus desejos.
"É que você é tão burro e cego... É provável que solte sem nem perceber. Imagina o Shigure sabendo disso... Ou pior... Meu irmão!". Ao imaginar isso Yuki gelou, sem querer dando alguns passos para perto do ruivo, diminuindo a distância, sentindo a cabeça girar em confusão, a conversa seguindo rumos que não pretendia dar.
O Gato ficou ainda mais atordoado quando percebeu que o Rato diminuiu a distância existente entre os eles. Queria dar uma resposta bem malcriada para Yuki, mas sua mente não processava nenhuma... E uma força que Kyo não pôde suprimir o obrigou a dar alguns passos para frente, em direção ao primo, fixando seus olhos vermelhos nos violetas profundos que o encaravam brilhantes e enigmáticos.
Yuki engoliu seco quando percebeu que já estavam perto um do outro, apenas dois passos os separavam, talvez fosse menos, porém já não conseguia pensar direito devido à proximidade que lhe trazia recordações daquela tarde e, para piorar, dessa vez a única coisa que cobria o corpo do Gato era a precária toalha felpuda.
"Kyo... Eu...". Não conseguia formular palavras, apenas encarava aquele lindo jovem dando mais um passo a frente ao qual não havia planejado.
Em um movimento veloz as mãos de Kyo envolveram novamente a nuca de Yuki puxando-o para si, sem esperar nada, novamente colando seus lábios. De imediato as línguas se chocaram voluptuosamente, buscando o interior um do outro.
"É yuki! O que está fazendo???". Uma voz ecoou alto na cabeça do ruivo trazendo-o de volta a realizada e, rapidamente separou os corpos, então deu as costas ao outro rapaz, estava confuso e totalmente perdido!
Yuki senta-se estremecer por dentro devido a caricia, derreteu-se completamente sentindo um calor gostoso e então tudo lhe foi arrancado abruptamente, como se o paraíso lhe houvesse sido negado após um instante de contemplação.
"Kyo...". Murmurou ainda mais perdido.
"Não posso deixar as coisas assim!". Pensou decidido e então avançou contra o outro, o segurando pelo dois lados do pescoço, fazendo os corpos irem para trás, logo ouvindo o som das costas de Kyo contra a madeira do guarda-roupa.
"Quê?!?!", Kyo assustou-se, sentindo o choque de suas costas contra a madeira, olhando atordoado para Yuki.
"Não brinque comigo!". Enquanto falava, olhava apenas para aquele lábios que tanto desejava e então os tomou, invadindo-os com a língua, sem prévio aviso.
Novamente Kyo sentiu-se fraco e incapaz de lutar contra aquela vontade e correspondeu com ardor, mas sentindo um pequeno medo brotar em seu coração... Ficar assim com Yuki depois de tudo... Dessa vez o beijo estava mais intenso, profundo e prolongado, sentia o corpo se aquecendo e seu membro latejou levemente, então abriu os olhos, vendo o ser tão entregue diante de si, piscou e o afastou, dessa vez lentamente.
"Não... Não devemos...". A voz saiu mais trêmula e fraca do que imaginava, abaixando o olhar sem ter coragem de fitar o outro.
Yuki olhou para aquela cena e sentiu toda dúvida do mundo pesar em seu ombro. Sua respiração estava ofegante e os olhos violetas brilhantes em um misto de medo e decepção, enquanto dava um passo para trás.
"Não devemos...". Repetiu atordoado praguejando contra si mesmo em pensamento.
Kyo ainda estava ofegante, tentando recompor sua respiração.
"Idiota, Idiota, Idiota! É Claro que Kyo nunca vai querer!". Concluiu em pensamento sentindo o peito doer de uma maneira profunda e muito intensa como nunca antes em sua vida.
O Gato viu um lampejo de... Algo que não conseguia definir nos olhos possuidores do tom de ametistas.
"Se é o que você acha...". Disse baixinho, dando as costas para o bichano, caminhando para sair dali. Iria colocar uma pedra sobre aquela estória!
"Droga! Por que eu disse isso? Sou um idiota!". O ruivo estava pronto para chamar o primo de volta quando o viu sair pela porta, até pensou em ir atrás, mas resolveu deixar a situação como estava, pelo menos por enquanto, estava atordoado demais e a calma de Yuki dava nos nervos!
"Como será que ele se mantém sereno numa situação dessas?". Perguntou-se em pensamento virando de costas, finalmente pegando algumas peças de roupa limpa e levemente perfumadas.
Após se vestir, Kyo jogou-se em sua cama quentinha e cobriu-se com os lençóis. Aquela estúpida brincadeira havia mexido, e muito, em seus sentimentos. Foi de tal intensidade que começava a se perguntar o que realmente sentia.
"Seus olhos... Seus olhos amedrontados até parecem recusar-se a reconhecer... a verdade".
Kyo gelou quando as antigas palavras de Shigure lhe vieram à mente! Estava em uma confusão de sentimentos, não conseguia definir nada além da raiva de si mesmo... Sentia raiva das palavras que proferira, não entendia o motivo, mas sabia que não deveria ter falado daquele jeito. Ele apenas queria... Ele queria... O sono tornou o raciocínio lento e ininteligível, as pálpebras ficaram pesadas e acabou se entregando ao sono antes mesmo de conseguir definir o que realmente desejava...
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Já do lado de fora do quarto Yuki recostou-se à porta abraçando a si mesmo, fechando os olhos e deixando sair de seus lábios um suspiro de cansaço, tendo como companheiro apenas o silêncio daquele lugar, ressaltando mais a sensação de angustia que se apoderava de seu coração.
"É está cada vez mais difícil esconder toda admiração que sinto por ele...". Constatou mentalmente, deixando a posição a qual estava indo em direção a seu quarto.
"Tomarei um bom e relaxante banho, depois vou me enfiar debaixo de confortáveis cobertas!" Decidiu consigo mesmo.
Depois de tomar banho e se vestir, Yuki deitou-se, mas não conseguiu dormir pensando no que acontecera, por diversas vezes revendo e revivendo tudo. Em certo ponto da noite até pensou em ir acordar Kyo para conversarem, mas não o fez, afinal não faria sentido depois do que o primo disse...
As horas passavam e passavam e logo o dia já estava clareando quando por fim o jovem Rato resolveu se levantar, sentindo todo o corpo cansado. Aquele seria um longo fim de semana... Como não havia aula, teria que ficar o dia todo em casa com o estúpido Gato. Sua mente tentou formular escapatórias, no entanto, não conseguiu, caminhando para a sacada e permanecendo no local, vislumbrando a paisagem.
"Ver o Ayame seria pior, ele notaria que tem algo errado só de olhar n minha cara". Admitiu em pensamento saindo na pequena sacada de seu quarto, respirando fundo o fresco ar matinal, sentindo uma brisa gostosa tocar-lhe a face brincando suavemente com suas madeixas gris. Voltou para dentro e trocou de roupa, descendo para tomar café da manhã sem conseguir disfarçar as olheiras que contornavam as belas orbes violetas.
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Estranhamente Kyo levantara bem cedo naquela manhã, como não queria ficar em seu quarto, como tempo para refletir, desceu para preparar seu café da manhã. Quando chegou na cozinha viu tudo completamente deserto e só então lembrou que Tohru e Shigure não dormiram em casa.
"Aquele Cão sarnento deve passar o fim de semana fora... Talvez a Tohru também...". Supôs em seus devaneios o bichano, indo até a geladeira.
Olhos escarlates percorreram tudo o que havia ali dentro e então sentiu o estômago roncar reclamando da falta de alimento imposta desde o tarde do dia anterior. Kyo suspirou, não estava com paciência para ficar preparando muita coisa, por isso, foi direto à caixa de leite que estava na porta, logo em seguida fechando a geladeira.
Com a caixa encostada nos lábios, inclinando a cabeça para trás, o Gato virou-se, trombando em um corpo menor que o seu próprio, fazendo o líquido branco cair de seus lábios, escorrendo pelos cantos dele e pingando na camiseta preta e justa que vestia.
"SUA RATAZANA MALDITA... OLHA POR ONDE ANDA!!!!". Berrou a plenos pulmões com a marquinha branca em seu bigode.
Yuki segurou-se para não rir, mantendo na face uma expressão de indiferença.
"Gato estúpido! Foi você que bateu em mim!". Disse com arrogância, desviando do outro, indo a um armário.
Kyo pensou em retrucar algo, porém achou melhor limpar aquela bagunça. Jogou a caixinha, já vazia, dentro da pia, lavou as mãos e olhou para o estrago em sua roupa, felizmente não havia sido muito, pois havia pouco leite, mas não poderia deixar aquilo como estava. Em movimentos hábeis retirou a peça que lhe cobria, revelando o torso esguio, no entanto, bem delineado pelos árduos treinamentos de artes marciais, aproveitando para secar as mãos e limpar os lábios.
Yuki teve que se esforçar bravamente para não demonstrar o quão abalado havia ficado com aquele ato, o corpo do primo estava mais lindo do que podia imaginar, cada movimentos ressaltava um músculo deixando a visão ainda mais pecaminosa. Então usou de toda a força de vontade que possuía para não encarar o ruivo, voltando sua atenção para o pacote de biscoitos que desejava.
O Gato saiu rapidamente, deixando a roupa onde devia, voltando em seguida ainda seminu e viu algo que fez seu corpo estremecer. Yuki estava de costas e se esticava todo para pegar qualquer coisa no armário, o movimento colou a roupa, principalmente a calça ao corpo delgado, deixando em evidência as formas delicadas e só então percebeu que as nádegas do primo eram redondinhas e chamativas, por instinto mordeu o lábio inferior, porém no segundo seguinte lhe veio o absurdo daqueles pensamentos e desviou, não só o olhar, como também a mente do corpo do outro jovem.
Finalmente o Rato pegou o que queria, havia sentido algo diferente... Era como se estivesse sendo observado, porém não se sentiu incomodado. Virou-se vendo Kyo pegando a caixa de leite na pia para jogá-la fora e passou por ele sem nada dizer, mantendo seu ar de superioridade, não iria ficar rastejando pela atenção daquele estúpido! O melhor a fazer era ir para a base secreta cuidar de suas plantas.
"Fui ignorado?!". Kyo pensou sentindo-se um pouco enraivecido, também não daria o braço a torcer, iria para o telhado e ficaria lá!
Já no telhado, olhando para o límpido céu azul, Kyo refletia em como tudo poderia mudar por causa de uma brincadeira idiota. Não sabia como deveria agir de agora em diante e a fria atitude de Yuki pela manhã apenas o confundia e o irritava mais.
"Ele me ignorou completamente... Mas na noite passada me beijou... O que isso quer dizer?". Os pensamentos não lhe abandonavam a mente confusa e então se lembrou daquela boca macia tocando a sua, aquela língua curiosa invadindo seu interior e as formas daquele corpo tão quente...
"MALDITA RATAZANA!!!". Berrou ao vento pondo-se de pé, se continuasse daquele jeito iria enlouquecer!
ooOoo
Mecanicamente Yuki retirava alguns vestígios de erva daninha de sua horta. Não sabia dizer há quanto tempo já estava ali, mas lhe pareciam horas sem fim... Em sua mente indagações brotavam. O que faria agora? Não seria possível evitar aquele estúpido bichano para sempre. Será que deveria sair dali? Voltar para a sede da família? Balançou negativamente a cabeça lembrando-se do patriarca.
"Kyo ou Akito... Não sei qual opção é pior...". Murmurou para si, se sentindo muito angustiado e a noite mal dormida apenas piorava seu estado de espírito.
Yuki havia decidido caminhar um pouco, estava cansado de ficar parado pensando naquilo tudo. Andava tranqüilo pela propriedade querendo tirar aquelas idéias e acontecimentos de sua mente quando ouviu um grito alto vindo da casa. Ficou surpreso e logo identificou, mesmo à distância, o primo sobre o telhado.
Os olhos escarlates viram no horizonte aquela irritante figura parada a lhe encarar, sentiu o sangue ferver... Tinha que fazer algo, tinha que tirar aquelas coisas da sua cabeça! Desceu rapidamente as escadas e passou sobre o telhado do primeiro andar da casa, pulando e caindo tal qual um felino no chão, disparando em corrida na direção do Rato.
Yuki arregalou ligeiramente os olhos violetas, olhou para os lados na esperança de encontrar outro alvo para a investida do ruivo, porém nada existia ali além dele mesmo. Engoliu em seco e manteve-se no lugar com semblante sóbrio e ligeiramente indiferente... Não iria fugir!
Por um instante Kyo vacilou vendo o primo tão firme, mas não parou, seguiu em frente até que apenas alguns passos separavam um do outro. Tinha a respiração acelerada, não devido à corrida, mas por algo estranho que revirava em seu peito.
Um clima de tensão se instaurou enquanto se encaravam em silêncio, longos instantes se passaram quando Yuki sentiu um frio em sua barriga, aquele encontros eram inevitáveis, sabia, afinal moravam na mesma, porém porque o Gato veio correndo em sua direção? Definitivamente não era um bom momento para ficarem sozinhos.
"O que você está querendo, Gato estúpido?". Perguntou mantendo o ar de superioridade e indiferença.
"Então é assim?". Os olhos cor de sangue se estreitaram ameaçadoramente. Então a princesa queria começar uma discussão? Ok! Aceitaria jogar aquele jogo.
"Quem você está chamando de estúpido?". Rosnou entre os dentes, erguendo o queixo desafiadoramente, mas sentiu a voz vacilar.
Yuki olhou de cima sentindo o sangue ferver, se tinha que tirar aqueles pensamentos da mente, àquela era a melhor maneira, derrotar Kyo e fazê-lo se afastar, percebeu algo estranho, uma pequena dúvida no rubi olhar, mas não recuaria.
"Se é para por fim a essa história que seja...". Pensou sentindo o coração doer.
"Eu sou O cara que sempre te derrota!". Afirmou com firmeza, a voz soando fria e superior.
De imediato o furor brilhou nos olhos de Kyo, que fechou então os punhos. Sentia o coração doer, mas partiu para o ataque com tudo o que tinha, no momento o que mais queria era acertar um bom soco naquela cara cínica.
De imediato o Rato tomou posição de defesa, desviando facilmente do golpe que veio, o punho esquerdo fechado então seguiu para a face mais morena que a própria, acertando a maçã direita, fazendo o corpo maior ir pra trás de encontro a uma árvore.
"Sempre me deixando entediado... Não importa o campo de batalha...". Disse sério sem emoção, vendo que Kyo sorriu desdenhoso, enquanto limpava uma gota de sangue que escorria do lábio inferior.
"É o máximo que pode fazer? Acho que está perdendo o jeito, ratazana!". Levantou-se e o desafiou em silêncio, partindo para cima do rapaz menor. Era disso que precisava, uma boa dose de adrenalina para o fazer esquecer dos seus problemas!
Novamente Yuki se postou, esquivando-se com facilidade, agora o punho direito foi de encontro à face esquerda do rapaz que, por mais que tentasse, jamais seria forte o suficiente para derrotá-lo, no entanto... Sentiu o coração se acalentar, queimando agradavelmente, sentindo o perfume do corpo maior e então tocou a face amorenada... Porém os dedos antes fechados agora estavam abertos e força alguma aplicou ao contato, deixando a mão tocar levemente aquela bela face.
Kyo o fitou consternado ante ao gesto gentil. Esperava que o golpe lhe viesse com agressividade. Sem dúvidas aquela era apenas mais uma maneira de Yuki lhe humilhar... De certo, achava que ele não era um oponente a sua altura! Tal pensamento apenas alimentou seu ódio ainda mais! Queria atacá-lo, porém uma força maior o impedia, sentiu então os olhos arderem tomados por um misto de aversão, frustração, decepção e algo que não conseguia definir e lágrimas brotaram deixando os escarlates olhos ainda mais brilhantes.
Yuki sentiu o peito doer profundamente quando viu o olhar rubi banhado em lamentação. De uma forma misteriosa aquilo mexia com ele, porém não compreendia qual o significado das lágrimas e tudo que lhe restou foram dúvidas.
"O que faço? Ir embora? Ou ficar?". Perguntou-se em pensamento.
"Não dá pra fugir...". Murmurou baixinho chegando mais perto do Gato, quase colando os corpos, levando a mão que estava na face amorenada para a nuca do ruivo.
Kyo estava paralisado com o toque suave, sentindo os dedos em sua nuca e...
"... Kyo... Chega de lutar...". Disse, ainda baixinho, olhando dentro de seus amados rubis, deixando as faces muito próximas, quase se tocando.
O Gato corou ao perceber finalmente que estava chorando na frente de seu rival. Nunca poderia ter feito isso perante ele! Ao ouvir as palavras de Yuki, conteve as lágrimas, engolindo-as de uma fez, automaticamente seus punhos fecharam-se com violência. Então era isso o que o Rato achava?
"Para quê lutar? O resultado seria sempre o mesmo, não é?", Pensou, raivoso. Não importava o quanto se esforçasse, o quanto treinasse... E por que raios, ele o olhava daquela maneira? Por que estava tão perto dele? Ele queria mesmo consolá-lo?
"Oh, inferno!" Praguejou baixinho.
"...!". Yuki ficou sem saber o que fazer. Estava praticamente se declarando para o ruivo e ele parecia não compreender!
"Isso nunca vai dar certo...". Pensou tristonho, levemente afastando a mão da nuca do rapaz maior, separando também os corpos.
"Gato burro!". Afirmou dando as costas para o mesmo.
Kyo pensou em ir atrás do primo enquanto o via se afastar, queria dizer-lhe aos berros quem era o burro ali, mas pensou melhor e decidiu que por hora o mais sensato seria deixar as coisas como estavam. Sentia um forte latejar na cabeça, o coração se comprimiu involuntariamente e teve uma forte vontade de chama Yuki de volta, contudo não o fez. Ficar perto dele era sempre sinônimo de confusão e sua mente e sentimentos eram o exemplo vivo disso.
Yuki caminhou de volta para casa, provavelmente Tohru já havia voltado e seria bom ficar próximo a garota sempre muito agradável, isso ajudaria na árdua tarefa de esquecer aqueles episódios. Chegou e entrou na residência com o olhar baixo e pensativo, sentindo de imediato dois braços a lhe apertar.
"Meu amado Yuki, o seu admirável e mais esperto irmão está aqui para livrá-lo de toda a infelicidade!!!". Disse Ayame em tom alto e empolgado como de costume.
O Gato também fez o caminho de volta para casa, tendo a mente consumida pelos pensamentos a cerca dos mais recentes acontecimentos. Já na entrada do local, ante aos três degraus de entrada, balançou negativamente a cabeça querendo afastar aquelas idéias, entrando em seguida, chegando a tempo de ver a ratazana com cara de tédio nos braços do irmão, espalmando as mãos contra o peito do rapaz mais velho, que mais parecia uma criança empolgada e inconveniente.
"Me larga, seu maluco!". Bufou irritado, havia levado um grande susto com a presença daquela serpente.
Em movimentos calmos um jovem de brancas madeixas saiu de trás da do Souma mais confiante de todos.
"Olá, Yuki!". Disse Hatsuharu com o ar mais calmo do mundo.
"Haru?! Você também?". Indagou Yuki surpreso, aquilo estava estranho demais...
"Isto só pode ser um pesadelo!". Ainda parado à porta, Kyo disse, suspirando resignado ao ver que o primo Boi também estava ali.
"Como vai, Kyon-Kitty-kun?". Ayame sorriu ao perguntar.
"Pior agora!". ¬¬ Afirmou o ruivo caminhando a passos largos e pesados para a cozinha.
Hatsuharu levantou a sobrancelha, intrigado. Kyo tinha o olhar mais perdido que já vira e a cara do Yuki não era nada boa.
"Não deu certo...". Constatou em pensamento.
O Boi sempre tivera muito apreso por Yuki e desejava muito fazê-lo feliz. Há muito percebera que essa felicidade residia em outro primo, um estúpido bichano que era burro o suficiente para não perceber.
"Vou ter que tomar providências mais drásticas...". Pensou sorrindo safadamente, aquilo seria muito agradável...
Yuki viu Kyo passando por eles, mas desviou o olhar, saindo de perto do irmão, passando por Hatsuraru indo também a cozinha, provavelmente Honda estaria lá, tudo o que mais queria era uma ilha de paz no meio daquela bagunça que estava sua mente, seu coração e agora sua casa...
"Bom dia, Kyo!". A doce voz feminina chegou aos ouvidos do ruivo assim que entrou no cômodo, estranhamente aquele som desintegrou toda a raiva e frustração que tinha no coração.
"Bom dia!". Respondeu com um tímido sorriso na face, esquecendo-se completamente da dor de cabeça e de que pretendia pegar um remédio em algum lugar.
"Olá, senhorita Honda!". A suave voz veio das costas do bichano, o assustando. De imediato olhou para trás vendo Yuki sorrindo calidamente, não conseguiu conter a irritação ao ver aquela cara falsa e novamente a cabeça latejou.
"Senhor Yuki! Bom dia! Está tudo bem?". A meiga garota perguntou se aproximando da dupla, olhando para ambos que tinham expressões de cansaço, sobretudo Yuki que estava com fortes olheiras ao redor de suas belas orbes violetas.
"Heim???". Kyo ficou confuso, será que havia alguma possibilidade da menina ter percebido algo?
"Não! Quê isso, Kyo?! É a Tohru!". Ao pensar isso o ruivo ficou um pouco mais calmo, afinal ela sempre foi muito distraída.
"Não tem razão de se preocupar.". Yuki respondeu sem graça.
"É que...". Ela falou temerosa e então olhou com firmeza para o rapaz alvo e, em movimento rápido, colocou a mão na testa do jovem.
"Está tudo bem mesmo? Vocês não jantaram ontem!". Afirmou ainda preocupada, também sabia que não haviam tomado café da manhã, pois não tinha sinal algum na cozinha.
Kyo olhou para aquela cena, Tohru estava bem na sua frente e o Rato a seu lado, eles juntos eram... Eram... Simplesmente perfeito! Estava na cara que seriam um casal feliz, Yuki sempre tão respeitável e Honda meiga, era um típico casal de novelas do tipo que Kagura tanto adorava.
"Aquilo foi apenas uma brincadeira...". Pensou desviando o olhar do casal.
"Realmente não há motivo para se preocupar, senhorita Honda...". Começou a falar o Rato, retirando a mão quente que estava em sua testa, delicadamente.
"... Não Jantei ontem, porque estava casando e queria dormir, porém não tive uma boa noite se sono. Estou apenas cansado, creio que são as provas e o grêmio que estão tomando muito do meu tempo.". Explicou em tom calmo para tentar tranqüilizá-la.
"Estou com dor de cabeça, vou pegar um remédio.". Kyo falou rápido, saindo do lugar.
"Aahhhh... Kyo, o senhor está passando mal?!". A menina ficou surpresa, afinal nunca havia visto o ruivo reclamando de qualquer mal-estar.
Antes que alguém pudesse perceber Hatsuharu entrou onde estava os outros três, havia ouvido a reclamação do bichando, parando à frente dele, olhando bem no fundo daqueles olhos escarlates realmente belos.
"Algo está te perturbando?". Murmurou a pergunta quase inaudivelmente.
Kyo o encarou irritado, colocando a mão no peito do primo mais jovem, colocando-o de lado nem se dando ao trabalho de responder, foi até uma gaveta, pegou um comprimido e jogou dentro da boca.
"Relaxa, eu tô bem!". Falou dando uma rápida olhada para Tohru, saindo em seguida da cozinha, vendo Shigure e Ayame conversando a uma proximidade perturbadora, mas passou direto indo para seu quarto no segundo andar.
"Acho que perdi algo...". Comentou o Cão olhando o ruivo subindo.
"Será?". Ayame também o fitava estranhamente sério.
"Ah, mas o que realmente importa é nosso assunto!". Shigure simplesmente resolveu voltar a assuntos mais interessantes.
"Oh! Mas é claro, Gure-san! Apenas me pergunto... Será que ele vai aceitar?". Uma pequena dúvida brilhou no fundo dos olhos sempre tão confiantes do belo homem que colocou a mão esquerda na cintura e alguns dos dedos da direita entre os olhos pensativos.
"Com você lá...?". Os olhos castanhos do mais manipulador da família brilharam de maneira enigmática, quase sombria.
Ayame o fitou, piscando as orbes douradas.
"... Ele não poderá resistir!". Completou sorrindo maliciosamente.
"Aaahhh... Sim! Às vezes esqueço-me que sou um ser completamente irresistível...". O tom de voz de Ayame começou alto, mas terminou sussurrado enquanto colava os corpos e aproximava as faces.
"Humm... É verdade...". Murmurou Shigure, olhando para aqueles lábios tentadores que se aproximavam cada vez mais...
"Então...". Começou a dizer o homem de belas madeixas cumpridas livres, colocando ambas as mãos no peito do outro.
"Sim?", Sussurou sensual, encantando com aquela estonteante beleza.
"... Irei desfrutar dos últimos instantes com meu amado irmão nesse dia glorioso!". Afirmou cheio de empolgação, separando os corpos rapidamente, já caminhando para a cozinha.
"Aahhh...". Reclamou Shigure vendo o outro se afastar.
Yuki estava sentado em uma cadeira com os braços sobre a mesa a sua frente estava o primo Boi e Honda, andando de um lado para o outro preparando o almoço e trocando algumas palavras com os primos descontraidamente.
"Meu estimado irmão!!!". Ayame chamou a atenção para si chegando de repente, colocando as mãos no ombro de Yuki.
"O que?", Suspirou, perguntando baixo, tentando não se irritar.
"Sinto informar, mas, por hoje, não mais poderá desfrutar de minha gloriosa companhia! Pois tenho uma nobre missão a cumprir!". Afirmou com seus gestos quase teatrais.
"Hum... Tchau...". ¬¬ Foi tudo que respondeu o Rato, achando que o irmão já ia tarde.
"Ohhh!!! Não chore meu amado irmão, em breve retornarei para encher sua vida com meu magnífico e estonteante brilho!". Afirmou Ayame, ignorando completamente a reação do mais jovem.
"Ele não muda..." ¬¬ Constatou em pensamento Yuki, simplesmente ignorando-o.
"Não vai ficar para o almoço, senhor Ayame?". Perguntou Tohru com um vasilhame para ramen nas mãos.
"Sinto muito Honda, mas temos que ir.". Falou Shigure entrando na cozinha.
"O Senhor também vai?". -- A menina perguntou um pouco triste, ia ser tão divertido se todos almoçassem juntos!
"Desculpe, mas vamos visitar o Haa-san e convidá-lo para almoçar.". Falou o Cão com um sorriso no rosto.
"Sim! Nossa nobre missão é retirar Haa-san daquela casa para se distrair um pouco!". Ayame falava muito empolgado, há muito não saiam os três amigos juntos.
"Em outras palavras vocês vão importunar o coitado do Hatori?!". Quando disse essas palavras a voz de Yuki soou moderada e sóbria, banhada por sarcasmo.
"Exatamente!!!". Respondeu Shigure todo animado.
"O pior é que ele admite...". Comentou Hatsuraru reparando num brilho diferente nos olhos do Cão.
"É mesmo uma pena...". Honda disse em tom desanimado.
"Ele só pode tá aprontando...". Pensou Haru consigo mesmo.
"... Mas tudo bem! Mandem lembranças ao senhor Hatori por mim!". Falou Tohru, já recuperando seu ânimo e seu sorriso inocente.
"Tudo bem. Vamos Aaya?!". Chamou Shigure.
"Oh, sim! Sem mais delongas, até breve meus súditos!". Disse o charmoso rapaz, dando uma piscadinha com o olho esquerdo e saindo junto ao amigo.
Toda aquela confusão e o cansaço haviam deixado Yuki completamente esgotado, só piorando a angustia que sentia em seu coração, queria muito desaparecer, sumir da face da Terra ou, pelo menos, ficar um pouco sozinho.
"Não estou me sentindo bem, vou para o meu quarto.". Disse o jovem já se levantando.
"O senhor está precisando de alguma coisa?". Honda indagou preocupada.
"Só de um pouco de descanso, fique tranqüila". Respondeu sorrindo ternamente o Rato.
Hatsuharu apenas olhou.
"Com licença.". Yuki disse educadamente subindo imediatamente para seu quarto, jogando-se sem demora por sobre sua cama.
Os olhos acobreados de Tohru ainda miravam a porta demonstrando toda a preocupação que sentia. Percebia que havia algo de diferente na casa, porém não sabia exatamente do que se tratava, e sabia que os mais afetados eram Kyo e Yuki. Desejava afoitamente ajudá-los a resolver o que quer que estivesse acontecendo, era muito triste ficar completamente impotente.
"Pode ficar tranqüila eu vou resolver isso.". De repente Hatsuharu falou, erguendo-se da cadeira, seu tom de voz era calmo como de costume, porém tinha uma convicção rara de se ver.
"Senhor Hatsuharu?!". Ela piscou os olhos, observando-o.
"Tudo ficará bem!". Disse colocando a mão sobre a cabeça da menina para confortá-la.
"Que bom!". Foi tudo que ela respondeu, logo vendo o jovem Boi sair dali, respirou fundo e então sentiu um estranho cheiro.
"Aaahhhh tá queimando!!!". Quase entrou em desespero correndo para apagar o fogo.
ooOoo
Kyo estava em seu quarto, girava de um lado para o outro sobre o colchão macio, a cabeça já não doía, porém não conseguia tirar aquela maldita ratazana da mente! Ainda sentia o gosto dele em seus lábios... Sentia o calor daquele corpo... O perfume daquela respiração... Ergueu-se em um movimento rápido, iria lavar o rosto no banheiro. Passou pelo corredor vazio e quando voltou encontrou Hatsuraru parado diante da porta de Yuki.
"O que aquele Boi tá fazendo ali?". Pensou, intrigado.
Hatsuharu encarou o primo ruivo com um sorriso enigmático na face.
"Você não quis... Perdeu, otário!". Afirmou segurando a maçaneta.
"Quêêê??? Quem é otário aqui?!". Quase gritou o ruivo, sentindo um novo latejar na cabeça.
Porém não houve resposta do Souma mais jovem, tudo o que Hatsuharu fez, para o espanto de Kyo, foi adentrar ao quarto de Yuki sem bater ou pedir licença, fechando a porta atrás de si em movimentos rápidos, mas deixando-a propositalmente entreaberta.
Kyo ficou desconcertado com as palavras e o gesto do primo, se não fosse impossível poderia jurar que o Boi sabia o que havia acontecido após a fatídica brincadeira no colégio, porém agora, não sabia o que fazer. E afinal, porque Hatsuharu entrou naquele quarto?
"Haru?! O que faz aqui?". Yuki perguntou de sobressalto, sentando-se na cama, quase se recostando na parede que servia de cabeceira mantendo as pernas esticadas.
"Huumm... Yuki... Vim lhe oferecer os meus cuidados...". Disse o Boi languidamente, se aproximando do rapaz, ainda sentado, a passos sensuais, no entanto, ágeis, chegando a ele com facilidade para logo em seguida se ajoelhar no futton do primo, inclinando-se sobre o corpo menor aproximando as faces.
"Pessoas doentes não podem ficar sozinhas..." Disse roucamente, deixando que a distância entre eles fossem meros cinco centímetros.
"Haru... Eu... Eu...". Yuki não conseguia responder, estava paralisado!
Enquanto isso do lado de fora estava Kyo ainda confuso com a atitude do primo mais jovem, por mais que se perguntasse não conseguia descobrir o que havia perdido para o Boi falar daquela maneira. Não poderia deixar aquilo passar em branco! E, em um movimento rápido, segurou a maçaneta empurrando a porta e de imediato sentiu o coração gelar e o corpo paralisar.
Yuki sentia o coração acelerado, o ar faltava aos pulmões, estava nervoso, não era a mesma sensação que tivera com Kyo, era algo menos intenso e profundo... Parecia uma coisa mais misturada com a surpresa, jamais esperava aquilo. Hatsuharu estava muito perto quando ouviu a porta sendo aberta, sentiu o peito doer e o coração parar por um instante, a face já rubra queimando fortemente.
"O que faço?". Perguntou-se em pensamento, olhando para Kyo e então para Hatsuharu. O Boi sorria safadamente como se tivesse conseguido uma grande vitória.
"Como esperado!". Pensou olhando de 'rabo-de-olho' para o Gato sempre tão previsível.
Um rubor forte tomou a bela face de Kyo, porém não era por vergonha ou algo parecido, era a mais pura raiva o que sentia. Tudo o que mais desejava era arrancar o Boi dali e socá-lo, socá-lo e socá-lo até não ter mais forças para isso e aquele sorrisinho cínico só piorava a situação.
"O que foi, bichano? Tem algum problema? Se não, cai fora que três é demais! Cê tá atrapalhando a lua-de-mel de um casal feliz!". Disse em tom provocativo Hatsuharu, sentando-se sobre o quadril de Yuki.
"Haru...". De imediato o Rato corou ainda mais, colocando a mão direita no peito do outro no intuito de empurrá-lo, praguejando baixinho e tentando se erguer, vendo que o Boi pegou sua mão que estava no peito dele e deu um leve beijo, encarando-o com carinho.
"Calmo, irei resolver isso. Se ele realmente te quer terá que lutar e provar isso!". Disse sorrindo calidamente.
Yuki estremeceu por dentro, de imediato percebeu toda a verdade explícita nos olhos do primo, desde o início até mesmo aquela brincadeira. Tudo havia sido planejado por Hatsuharu, até podia ser que o jogo tivesse sido apenas uma oportunidade bem aproveitada, mas estava claro, agora, que a 'penalidade' havia sido intencional, pois o mais jovem sabia o que ele sentia! Tudo que pôde fazer foi não resistir, afinal também queria um desfecho para aquela situação!
Os olhos escarlates cerraram-se perigosamente enquanto os punhos se fechavam, bateu a porta atrás de si fechando-a completamente, sem, em momento algum, deixar de encarar aqueles dois. Logo caminhou na direção deles, chegando até o Boi que ainda sorria daquele jeito provocativo e então o segurou pela gola alta da camisa preta.
"Sai de cima dessa ratazana!". Rosnou entre os dentes de modo ameaçador, puxando o primo com força, obrigando-o a ficar de pé e um sorriso ainda mais perturbador se desenhou nos lábios do jovem de madeixas brancas em cima e negras na nuca.
"Por quê?". Disse a voz rouca de Hatsuharu.
"Como?!". Perguntou Kyo piscando os olhos.
"Por quê?". Repetiu a pergunta o Boi, vendo a dúvida brilhar no fundo dos olhos escarlates.
"...!", Kyo simplesmente não sabia o que responder. Ele precisava de um motivo?
"Eu quero um motivo!!!". Quase gritou o Souma mais jovem, fechando o punho direito e acertando-o na maçã do rosto do ruivo, fazendo-o dar dois passos para trás, finalmente o libertando.
"Me diz, Kyo... Por que não posso tomar Yuki pra mim?!". Teve que conter sua voz para não gritar.
O Gato permaneceu de cabeça baixa, aquela pergunta reverberando em sua mente assim como as lembranças dos toques... Das carícias... A presença de Yuki tão próxima de si... Só havia uma resposta para aquela indagação, porém não sabia como pronunciá-la.
Yuki observa completamente atônico a todos os movimentos dos primos, achava tudo aquilo ridículo, completamente desnecessário, porém agora tudo o que queria era ouvir a resposta do ruivo, ficando de pé atrás de Hatsuharu.
"PORQUE ELE É MEU!!!". Berrou Kyo, fechando os olhos, finalmente deixando sair às palavras que estavam presas dentro de si.
Continua...
ooOoo
Nota da autora
Cá estou com mais um Kyo e Yuki. Essa idéia surgiu há muito tempo, a deixei parada por eras até que comecei a jogá-la como RPG yaoi com a Dark Annek, infelizmente não jogamos muito, mal-mal deu para escrever esse capitulo, tive que colocar muita coisa para completá-lo, mas mesmo assim foi muito bom jogar! Gostaria de agradecer a autora por ter a paciência de me aturar.
Repararam que o Yuki está meio 'atiradinho'? Pois é, era eu quem o 'controlava' no jogo, antes havia feito o Kyo e o Hatori, como personagens principais, fazer ukes me dá aflição!!! Eu sou seme!!!!! Gosto de pegar os ukes fofos colocá-los contra a parede, em cima de uma mesa, ou em qualquer lugar e começar a torturar!!! Rsrsrs... Pareço uma louca... Talvez eu seja...
Tudo isso foi apenas para perguntar o que estão achando da fanfic! Estão gostando? Deixe um comentário para eu saber a opinião de vocês, ok?
16 de Março de 2007.
20:50 PM.
Beijocas,
Aiko Hosokawa
