Disclaimer: Os personagens de Yu Yu Hakusho não me pertencem. Esta estória foi traduzida com a permissão da autora, publicada originalmente em inglês, neste site, sob o pen name de Dragonflyr, título original "The Crystal Heart".


Comentários: No meu normal, eu não traduzo fictions. Eu acho que traduzir é um trabalho bastante árduo e não é porque você entende inglês que está autorizado a traduzir. A tradução exige não apenas um conhecimento muito bom da língua fonte, como um conhecimento ainda melhor e mais profundo da gramática e do funcionamento as língua alvo. Mas... Como eu amo o casal Kurama e Hiei e me apaixonei por esta fic, acabei entrando nessa. Faço por prazer. Se alguém mais gostar, fico feliz. Se não, já por mim valeu a pena.


Review to my dear Dragonflyr: Thanks for allowing me to translate such nice writing into my language. I'm delighted and I hope you appreciate my translation as much I loved your originals. Hugs!


YAOI / ROMANCE/ ANGST

O CORAÇÃO DE CRISTAL

Capítulo I

O Coração de Cristal

"Por que!" Hiei gritou num misto de furor e amargura. Ele não devia ser capaz de amar. Ele não devia, mas era. E agora, que finalmente era capaz de admitir seus sentimentos, era assim que ela o recompensava?

Mukuro não respondeu; manteve os olhos fixos na janela. Ela o havia rejeitado. Tinha dito a ele que estava sendo tolo, que o amor não trazia nada além de fraqueza; podia sentir os olhos flamejantes dele contra suas costas, mas nada podia ser feito. Ela tinha fechado seu coração e não sabia como reabri-lo. Na verdade, não queria reabri-lo para ninguém. Depois de um longo silêncio, Hiei conseguiu, enfim, controlar sua raiva o bastante para ser capaz de falar outra vez.

"O que posso fazer para provar para você o que eu sinto?" falou com a voz mais calma que pôde.

Mukuro não sabia o que dizer. Ela podia não amar o pequeno demônio, mas ainda o considerava como um amigo e doía-lhe vê-lo daquela maneira, pronto para fazer qualquer coisa para se mostrar para ela. O que podia fazer agora? Não queria magoá-lo. Ele tinha passado tanto tempo se escondendo, cercando-se de um gelo que ninguém podia derreter. E agora, que tinha finalmente emergido das trevas onde se escondera, ela sabia que se o machucasse ele se enterraria mais fundo. Dessa vez, para nunca mais sair. Ela não queria ver aquilo.

Mukuro encarou seu reflexo em silêncio por um longo tempo. O que fazer? O que fazer? Então, teve uma idéia: daria a ele uma tarefa. Uma tarefa impossível.

"Hiei", falou serenamente, observando o reflexo do pequeno demônio ao lado do dela na janela. "Me traga o Coração de Cristal e aceito seu amor."

"O Coração de Cristal?" repetiu Hiei, como que temeroso de que pudesse esquecer aquelas palavras e perder sua chance.

"Dizem que quem quer que possua o Coração de Cristal, segura a própria felicidade em suas mãos." Mukuro recitou o conto infantil que ouvira tempos atrás.

"Eu vou voltar com esse coração, Mukuro," foi tudo que Hiei disse antes de ir. Ela suspirou e fitou a janela outra vez, imaginando se algum dia voltaria a ver o pequeno demônio ludibriado.

(xxx)

"O Coração de Cristal... Se alguém sabe o que é isso, esse alguém é a raposa." Hiei pensou consigo mesmo, correndo de telhado em telhado na cidade Ningenkai de Tóquio. Não demorou até estar sobre o galho de árvore que ficava do lado de fora da janela de seu amigo.

Kurama lia em sua escrivaninha. Sentiu a energia de Hiei e olhou para cima com um sorriso, pousando o livro. Atravessou o cômodo e abriu a janela para que o outro pulasse para dentro.

"Hiei. Quanto tempo... O que te traz aqui?" perguntou, ainda sorrindo.

"Você já ouviu falar do Coração de Cristal?" Hiei inquiriu direto no ponto. Os olhos de esmeralda de Kurama dilataram-se em sobressalto.

"Então, você sabe o que é." Concluiu Hiei.

Kurama suspirou. "Por que você quer saber do Coração de Cristal, Hiei? Você vai achar bem complicado roubá-lo, se é o que está pensando em fazer."

"E por que isso?" Hiei queria saber todos os detalhes. Nada ia ficar entre ele e seu Coração. Nada.

"Hiei, me diz porque você quer saber." Insistiu Kurama, suas feições ficando mais circunspetas.

"Por que seria complicado de roubar?" perguntou outra vez. Ele não tinha paciência para se explicar para o antigo ladrão do Makai. O olhar fixo de Kurama progrediu para um longo encarar e momentaneamente ele manteve seus olhos alinhados com os de Hiei; mas foi apenas um momento e logo Kurama sentou-se na beirada de sua cama com um suspiro.

"Hiei, se me disser porque isso é tão importante para você, então eu respondo tudo o que quiser." Ele suspeitara logo que Hiei lhe perguntara sobre aquilo, mas o que viu no olhar pequeno demônio confirmou seus temores.

Já amava Hiei há um bom tempo agora, mas tinha medo de dizê-lo ao meio Koorime e acabar por afastá-lo. Agora que ele via que Hiei queria o Coração de Cristal não para ele, mas para outra pessoa, isso só podia querer dizer que não era correspondido. Kurama quis gritar com Hiei, agarrá-lo e forçá-lo a entender o quanto aquilo o machucava. Mas tinha jurado há muito tempo que, não importando o que fosse, ele ia cuidar para que Hiei fosse feliz. Não tinha outra escolha senão ajudá-lo, mesmo que isso quisesse dizer abrir mão de seus próprios sentimentos.

Hiei contou a Kurama toda a estória, sem poupar um único detalhe, confirmando o que a raposa já havia lido naqueles olhos vermelho sangue. Kurama queria poder dizer o quão pouco Mukuro se importava com Hiei, que ela apenas havia lhe designado aquela tarefa na esperança de que ele jamais a completasse, mas sabia que o pequeno demônio não lhe daria ouvidos – Hiei era um teimoso.

"Então, eu já te disse. Agora responda minhas perguntas." Hiei replicou áspero. Kurama o olhou de esguelha. Isso tinha sido... demais. Precisava de tempo para digerir aquilo que Hiei havia lhe dito. Olhando o relógio, encontrou seu álibi.

"São quase duas da manhã, Hiei. Por que a gente não dorme agora e te digo tudo o que quer saber amanhã de manhã?" perguntou com um falso bocejo de exaustão.

"Você vai me dizer agora!", grunhiu Hiei, levantando-se. Kurama suspirou e forçou um sorriso.

"Hiei, eu prometo que o Coração de Cristal vai estar aqui pela manhã," Kurama garantiu, a voz quase súplice. Hiei ia dizer algo, mas Kurama o interrompeu: "Você pode ficar com a minha cama. Eu durmo no chão." Com aquilo, a astuta raposa deixou o quarto para apanhar mais lençóis e travesseiros no closet.

Hiei, agora sozinho no quarto, olhou para a cama vazia. A verdade era que estava mesmo cansado; tinha passado a última semana elucubrando sobre todas as maneiras pelas quais poderia confrontar Mukuro. E agora que ela havia feito pouco do seu amor, ele sentia-se esgotado, vencido, exausto. Ele de súbito realizou o quanto a idéia da cama já fazia suas pálpebras deslizarem para baixo e mal pôde reter um bocejo.

"Maldita raposa," murmurou, puxando a colchas, rastejando na cama de Kurama. Adormeceu quase que imediatamente.

Kurama voltou ao quarto pouco depois e sorriu ao ver o meio Koorime enrolado em sua cama. Colocou os lençóis e travesseiros no chão, vestiu seus pijamas e escovou os dentes. Quando se deitou, porém, nada estava mais distante da sua mente do que o sono. Encarava o teto, remoendo em sua cabeça tudo o que Hiei lhe dissera. Uma onda de ódio e ciúmes quebrava contra ele quando pensava em Mukuro, mas logo envergonhou-se por isso.

Ele se sentou e virou-se para o adormecido na cama ao lado. O rosto de Hiei estava voltado para ele, tão inocente e franco como o de uma criança. Sorriu triste, estendeu a mão em uma tentativa de tocar a bochecha do pequeno demônio; Hiei fez um ligeiro ruído ininteligível, sem acordar.

"Ah, Hiei..." sussurrou Kurama, sentindo seus olhos começarem a arder. Por que? Por que tinha que ser assim? Talvez... Talvez se tivesse dito a Hiei como se sentia antes, talvez as coisas fossem diferentes agora.

"Tudo o que eu quero é que você seja feliz." Sussurrou suavemente, inspirando o intenso e fino aroma que vinha de Hiei.

(xxx)

Hiei acordou na manhã seguinte e encontrou Kurama sentado na beirada da cama, olhando-o com uma estranha expressão no rosto. Hiei teve a impressão de que a raposa não tinha dormido, mas que tinha estado ali olhando-o a noite toda.

"Hiei." Kurama disse docemente, sua voz cheia de uma emoção que o demônio não pôde identificar.

"Hn. O quê, raposa?" perguntou, tentando rechaçar Kurama menos do que seria o seu normal.

"Tem certeza de que isso vai mesmo te fazer feliz? Mukuro vai te fazer feliz?" Kurama perguntou. Sua cabeça estava baixa, a franja cobria seu rosto em uma sombra.

"... Sim" , hesitou. O que é que Kurama queria com aquilo? Quando o ruivo levantou a cabeça, Hiei viu que seus olhos estavam brilhantes de lágrimas.

"O Coração de Cristal," começou Kurama, " é o símbolo do amor de uma pessoa por outra. Quem quer que possua o Coração de Cristal..."

"Segura a própria felicidade em suas mãos." Completou Hiei. "Mukuro também disse isso, mas o que quer dizer?"

Kurama deu um curto sorriso diante a pergunta do outro; as lágrimas continuavam a correr pelo seu rosto.

"Eu só queria que você fosse feliz, Hiei." Kurama disse em um quase cicio, levando sua mão para tocar o rosto de Hiei. Chocado, o demônio tentou escapar, mas antes que conseguisse, Kurama debruçou-se sobre ele e gentilmente colou seus lábios com os do meio Koorime.

Kurama manteve seus olhos cerrados e os de Hiei arregalaram-se. Logo o choque pela atitude da raposa se desfez e Hiei empurrou a ruivo furiosamente, fazendo-o cair da cama.

"Mas que diabos foi isso?" grunhiu Hiei. Kurama apenas o encarou com um sorriso.

"Sua felicidade é tudo o que eu sempre quis." Disse brandamente, levantando uma das mãos em direção ao peito. Os olhos de Hiei arregalaram-se em horror quando Kurama enterrou a mão no próprio peito.

"Kurama?" ele deu um passo para trás atordoado.

"Eu... tentei... te dizer... antes..." Kurama conseguiu gemer, retirando devagar a mão ensangüentada de dentro do peito, "Você não pode ... roubar o Coração de Cristal. Ele precisa ser... ser... dado. Eu te amo... Hiei. Seja... feliz."

A raposa caiu com o corpo projetado sobre a poça que seu próprio sangue formara no chão; seus olhos de esmeralda, outrora tão brilhantes, estavam opacos e sem vida e na mão estirada, o Coração de Cristal. Seu coração.

(xxx)

"Senhor Mukuro?"

"Sim, o que é?"

"Se não se importa que pergunte, o que é o Coração de Cristal?"

Mukuro suspirou. "Quando uma pessoa ama alguém com todo seu coração e alma, seus sentimentos se cristalizam e o coração dessa pessoa se transforma em uma linda gema, a máxima expressão de seu amor."


Se alguém estiver a fim de conferir os originais em inglês, fique à vontade: a estória é linda. Mas se for esperando uma tradução letrinha por letrinha igual a do inglês, já vou avisando: tradução é coisa séria. E eu faço direitinho. E tenho dito!

Beijinhos... Tia Vê.