Era apenas mais uma manhã como todas as outras. No entanto, era tudo diferente. Ela sabia a verdade. Encarando o espelho do banheiro do dormitório, Ginny sabia exatamente o que deveria fazer.

Não usava maquiagem, mas sabia que havia uma máscara. O rosto tranqüilo, puro e sardento que a encarava não era verdade. A timidez de Ginny Weasley não era verdade. A sua inocência não era verdade.
Aquela não era mais Ginny Weasley de Verdade.

Ela era um monstro. Ela tinha feito coisas terríveis.

Respirando firme, ela saiu, sabendo o que deveria fazer.

(Esperava que fosse ser como curar-se de uma doença, mas doeu como se arrancassem seu coração batendo)

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A morte não era mais assustadora que a vida.

Sabia que seu corpo estava ficando gelado, sabia que morria pouco a pouco.

Tom parecia tão nítido, tão cheio de cores, tão quente. Ele alimentava-se de sua vida, deixando-a seca. Toda saúde que já tivera se esvaia para o rosto belo e cruel dele.

Mas não fazia diferença: antes disso ele conquistara sua alma. Aquele rapaz com olhar sem pena era um reflexo do que ela fora há algum tempo.

Ginny Weasley e Tom Riddle foram espelhos desde o começo. O preto e o branco, o direito e o esquerdo, opostos e iguais. E conforme um lado movia-se para a vida, o outro seguia inexoravelmente para a morte.

E Ginny não tinha medo, não mais.

Não poderia ter sido diferente.

(Ela alimentara-se de Tom, agora era a vez dele alimentar-se dela)

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Acordar viva fora o pior de tudo

Antes, a resignação era o suficiente. Agora a amargura ganhava espaço.

Ela perdera absolutamente tudo. Não que tivesse muita coisa – por isso mesmo agarrara-se tanto em Tom, ele era a único que era exclusivamente dela – mas era ainda pior.

Os olhares que desviavam-se dela.

A percepção de que ninguém notara enquanto ela ia morrendo aos poucos.

Entender que era apenas bondade e não carinho que motivara Harry a salvá-la.

Era sua culpa, sim, e seu coração doía pelo mal que fizera. No entanto, como todos podiam tê-la abandonado de tal forma? Não deveriam estar lá por ela? Não era esse o significado de família? De amizade?

No final, todos tinham traído-a tanto quanto Tom.

Ou mais até, ele jamais tinha se esforçado para esconder quem ele realmente era.

Com todo o mal, Tom Riddle, futuro Lord Voldemort, fora o amigo mais fiel que tivera. E ele jamais a abandonara.

(E ela jamais o esqueceria)