Todos os personagens da saga "Harry Potter" pertencem a J.K. Rowling e a quem mais tiver direito, menos a mim.
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Severus estava sentado na biblioteca quando a porta abriu e uma figura pequena, vestindo uma camisola chegando quase aos pés apareceu segurando um livro. Seu braço curto, esticado para alcançar a maçaneta. Os cabelos, desgrenhados, como eram os da mãe.
- Papai. – Ela o chamou com sua voz infantil.
Ele já tinha parado a leitura, ergueu os olhos.
- O que faz fora da cama a essa hora Serena? – Severus indagou colocando o livro na pequena mesa ao lado da poltrona onde o abajur repousava.
- Estou sem sono. Você pode contar uma história para mim? – a menina indagou.
- Claro. – O pai afirmou ao sinalizar para que ela se aproximasse.
Serena saiu em disparada até o pai que a pegou e a levantou no ar antes de sentá-la em seu colo. A garota gritou de alegria e isso não passou despercebido.
- Senhorita Serena. – A babá a repreendeu disfarçadamente ao aparecer por entre a fresta da porta.
- Não tem problemas Mary, pode deixar. – O sempre sisudo homem respondeu com um sorriso intruso.
A babá sentiu-se envergonhada pela falha, mas ao mesmo tempo ficou feliz por poder desfrutar de tal visão. O seu patrão, o senhor Severus Prince Snape sorrindo era algo raro de se ver e somente Serena tinha o poder de fazer isso com ele.
- Com licença. – Pediu antes de sair e fechar a porta com cuidado.
- Então? Qual será a nossa história hoje? – ele perguntou acomodando a pequena Serena em seu colo e pegando o livro da mão dela – Hum... deixe-me ver, A Tartaruga e a Lebre?
- É. – Serena respondeu fitando os olhos do pai, vendo-se espelhada neles.
- Posso começar? – Severus questionou.
- Papai, antes de começar a ler, conte a história da mamãe, de como a conheceu. – A filha pediu aninhando-se mais no colo dele.
Era sempre assim, quando Serena não conseguia dormir o procurava pela casa, onde ele estivesse. Chegava sempre com um livro pendurado na mão e pedia para que ele lesse, mas ao fim era a história dele e de Hermione que reinava. Serena tinha apenas quatro anos, mas a perda precoce da mãe a tornou mais esperta do que as outras crianças da sua idade. Hermione tinha sido assassinada quando Serena era apenas um bebê, foi em uma rua trouxa de Londres, na véspera do Natal, enquanto fazia compras. Alguns Comensais ainda soltos a renderam e iam seqüestrar Serena, porém Hermione reagiu e uma batalha ocorreu na via comercial. Mary, que já naquela época trabalhava para família, também reagiu, contudo, Hermione foi atingida por um Avada bem no momento em que Severus apareceu. Ele ainda conseguiu vê o brilho da vida nos olhos caramelados dela. Hermione olhou diretamente para Severus e numa despedida silenciosa partiu e o que era vívido tornou-se opaco. A fúria do homem custou a vida dos quatro Comensais e por pouco ele também não matou os Aurores.
Depois da tragédia, sua vida tornou-se uma imensidão de apatia profunda e foi apenas Serena quem conseguiu trazê-lo do lugar distante no qual ele estava. Um toque, com apenas um toque, o ato de segurar o grande dedo do pai na sua mão minúscula, foi o milagre que a pequenina de um ano fizera na vida do homem. Ele voltou a trabalhar, a dedicar-se às pesquisas gradualmente e sua existência que tinha perdido um dos eixos foi preenchida totalmente por Serena que crescia em saúde e alegria.
- Papai? – a acordada garota o chamou puxando sua roupa.
- Por onde você quer que eu comece? – Severus perguntou.
- Do começo ora, da primeira vez em que viu a mamãe.
Severus a olhou levantando a sobrancelha para o tom da filha.
A menina riu, adorava quando o pai fazia aquilo. Ele assustava a muitos com aquele gesto, mas a ela não.
- Então vamos – falou abraçando-a mais, estava frio – a primeira vez que vi sua mãe ela tinha onze anos, cabelos como os seus, mas castanhos, e olhos que cintilavam como os seus, porém não eram negros.
- O nariz também, o nariz também. – Serena lembrou o pai.
- Ah, sim, o nariz também e essa mesma irritante mania de interromper-me. – Completou ao puxar o nariz da filha.
A garota riu em resposta. Os traços do rosto de Serena lembravam profundamente Hermione, mas os olhos e cabelos negros contrastando com a pele de alabastro devido à aversão dela pela luz solar deixavam claro que era filha de Severus Snape. O interesse pelo saber ela herdara de ambos, só tendo como identificar uma característica de Hermione quando a menina o interrompia durante alguma explicação ou quando seus olhos quase saltavam das órbitas diante de algo novo que o pai ensinava.
- Continua pai! – ela pediu chateada.
Severus a olhou, a filha não tinha dimensão do quanto àquela história significava para ele.
- Então, sua mãe foi escolhida para Grifinória, o que eu espero que não ocorra com você e na primeira aula de Poções ela mostrou...
- O quanto era Sabe-Tudo. – Os dois falaram juntos.
- Assim como eu né?
- Sim Serena, assim como você. Posso continuar? – indagou olhando-a.
A menina sacudiu a cabeça mostrando que sim.
- En...
- Pai, conte como foi a primeira vez que mamãe falou que o amava?
Serena não tinha jeito.
- Foi no sexto ano quando ela recebeu uma detenção bem merecida. Eu a pus para limpar caldeirões a moda trouxa e no fim a dispensei sem olhá-la.
- Assim como faz com a babá Mary. – A filha afirmou.
Severo tratou de ignorar o comentário de Serena e continuou.
- Ela era para ter saído, mas em vez disso foi até a minha mesa e parou. Ficou feito uma estátua, de braços cruzados encarando-me.
- E o que o senhor fez? – Serena adorava a parte que viria.
- Eu levantei a cabeça devagar, mostrando minha total indiferença pelo motivo que a levava estar ali. No pior tom que tinha perguntei: Por que diabos ainda está aqui senhorita Granger? – Severus ouviu a filha repetir baixinho a frase – E ela sem falar nada deu a volta na mesa e se aproximou, reagi levantando da cadeira e indagando o que ela estava fazendo.
- E ela continuou – Serena o cortou – Mamãe caminhou até o senhor e com carinho pegou sua mão.
Severus abaixou a visão em direção a filha.
- Sim e eu puxei a mão.
- Mas ela não soltou, né papai?
- Não Serena, ela não soltou. – Severus prendeu mais forte a filha entre seus braços, colando-a em seu peito.
- E... ahh... – um bocejo comprido da parte da menina - ... ela levou sua mão até o rosto dela. – O sono estava chegando.
- E eu senti a pele macia como a sua – seu dedão percorreu a bochecha da filha – Sedosa e quente, minha mão se encaixou tão perfeitamente ao rosto dela. – Severus suspirou tristemente e sentiu Serena ressonar, ela estava dormindo. Pegou a mãozinha que repousava em seu peito – E encarando-me sem o menor medo falou – a garganta secou e ele teve de engolir forte o que quer que tinha tentado sair – Eu te amo Professor Snape. – Apertou com carinho a mão da filha e de leve beijou cada dedo.
Uma batida na porta interrompeu o momento.
- Com licença senhor Snape. – Era Mary. Os olhos castanhos da babá sempre brilhavam ao ver o patrão e seu rosto sempre corava.
- Não precisa se preocupar Mary, eu a colocarei na cama. – Severus avisou.
- Precisará de mais alguma coisa? – a solícita babá perguntou.
- Não, pode se recolher.
- Boa noite, com licença. – Despediu-se antes de fechar a porta.
Severus trouxe Serena até seu nariz e sentiu o odor gostoso da filha, Mary era a responsável por isso. A babá era a figura feminina que Serena tinha como referência, a que poderia chamar de mãe. A senhora Williams, a cozinheira e a senhorita Richards, a empregada, eram muito amorosas, mas como Mary não tinha comparação. A jovem de vinte sete anos adotara Serena desde a morte de Hermione, estando ao lado da pequena em todos os momentos, até mesmo quando Severus não estava por algum motivo de trabalho. A avó de Serena era muito presente, assim como Ginevra Weasley, porém o amor que Mary demonstrava por sua filha superava o de todos. Ele não conseguia entender como uma jovem anulava-se tanto por alguém que não era de sua família. Até mesmo durante as folgas Mary estava em casa, raras às vezes a via sair com alguém e nunca escutara nada sobre namorados.
Serena se mexeu em seu colo, esticando-se e ele viu que era hora de colocá-la na cama. Num murmúrio apagou o abajur e levantou rumando para o segundo andar da casa.
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- Durma bem minha princesa. – Severus desejou ao dar um beijo na testa da garota que reagiu coçando o local.
Afastou-se e viu a filha pegar a companheira inseparável de sono, a boneca. Quase esmagou o brinquedo de pano. O homem sorriu e deu as costas para cama, porém ao chegar perto da porta ouviu algo.
- Mamãe!, olá mamãe!
Severus parou e virou-se, viu Serena sorrir, dormindo, chamando pela mãe como se tivesse vendo-a. Serena estava feliz. O pai saiu do quarto em silêncio deixando a filha passear pelo sonho.
Logo estava no seu quarto, amplo e confortável, um ambiente decorado conforme a vontade de Hermione. Tirou o terno, jogou-o sobre a poltrona, afrouxou a gravata e arrancou o sapato dos pés. Afundou no colchão que só não estava gelado devido à lareira que Mary tinha acendido. "Hermione, Hermione, Hermione", pensava constantemente nela, sua mente girava em torno dela. Tinha de arrumar um jeito de diminuir isso. Levantou e foi para o banheiro, um banho e cama.
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N/A: Gostaram? Eu gostei dessa menininha! Bjoks, perdão pelos erros e até o próximo cap.^^
