Hetalia e seus personagens não me pertencem.
Fanfic AsaKiku (England x Japan). Yaoi, Universo Alternativo.
Boa leitura~
The Prince and the Maid
Os passos ecoavam no corredor de madeira, as sombras serpenteando no chão devido às chamas presas nos suportes da parede com a finalidade de iluminar o caminho dos passantes. O manto negro acompanhava seu guia silenciosamente, os pés cobertos por meias brancas se arrastando com tanta leveza e suavidade que era como se flutuasse, tão silenciosamente quanto uma sombra. Penetrando fundo até sentir aquela sensação opressora típica do final de um corredor, o homem trajado com roupas japonesas tradicionais fez uma profunda mensura, deixando aquela figura misteriosa passar por si com imponência.
Prosseguindo a subir pelas escadas, adentrou um cômodo infinitamente mais iluminado, do centro do teto alto pendendo um lustre que tinha justamente esse objetivo. A sala era ampla, assim como todos os recintos presentes naquele castelo luxuoso e aquele local, em especial, era tão reluzente que cegava e fazia com que a figura de negro destoasse do todo – tal como um borrão de tinta em uma pintura ou uma nuvem escura no céu limpo. Mas o que mais parecia brilhar naquele local era a figura parada no final do tapete vermelho, sentado sobre os próprios pés em uma zaisu chair – uma cadeira preparada para chão de tatame, aquela especificamente tendo estofado arroxeado e franja feita com fios de ouro e braços para apoio em mogno. Com uma postura impecável, havia um rapaz que parecia passar pouco dos vinte anos, com os cabelos escuros amarrados para trás e os olhos castanhos espertos fitando seu visitante. Pareceria um boneco se não fosse um sorriso que brotara nos lábios finos assim que o viu.
Os passos continuavam firmes, embora silenciosos, arrastando-se naquele corredor guardado por duas fileiras de soldados. Somente na metade do caminho o subalterno parou, pousando um dos joelhos e a mão no chão, o outro braço descansando na perna posta em frente ao corpo. Para seu superior, parecia ainda menor, pois estava em um nível mais baixo do que a escada de cinco degraus. Uma risada ecoou e só então a voz cálida se fez presente:
- Já faz tempo, Honda-kun. – Sorria de canto. – Deixe-me ver seu rosto.
- Perdoe-me os maus modos, Hirohito-sama – abaixou o capuz, movendo a face para ajeitá-lo sobre suas costas, erguendo-a em seguida para obedecer ao pedido. – Já faz um tempo, não é mesmo? Fico feliz em vê-lo bem.
- De fato. Como sempre eficiente, Honda Kiku-kun. Uma pena que graças a isso não tenha tempo para descansar.
Hirohito se levantou, descendo os poucos degraus para diminuir a distância instaurada, tomando-lhe o queixo para levantar o rosto do outro e fitar diretamente as feições calmas.
- Já tenho outro dever, meu senhor? – Indagou, pois conhecia o jeito do maior de falar e agir.
- Sim.
Falou neutro, um pouco a contragosto, pois pensava que Kiku trabalhava demais – e todos concordariam com isso. Soltou o queixo dele, mantendo a mão estendida, a qual logo foi segurada pelo japonês que entendeu o gesto e a beijou, em seguida apoiando a testa nas costas da mesma.
- Tudo por ti, Hirohito-sama.
O que estava de pé sorriu, ajoelhando-se para ficar em um nível mais alto – apesar de possuir mais que os 165 centímetros de Honda – tomando os rosto do menor, lançando um olhar cúmplice. Estavam demonstrando intimidade excessiva, mas não tinham medo, pois tudo que acontecia dentro daquela sala permanecia ali, morria ali.
- Você realmente é especial, Honda. Agradeço por tudo que fez e faz por mim. – Inclinou-se, abaixando o tom para nada mais alto que um murmúrio, próximo ao ouvido do outro. – Boa sorte.
- Eu quem me sinto lisonjeado por servi-lo, Hirohito-sama – abaixou ligeiramente a cabeça, envergonhado, apesar de saber disfarçar bem. Não devia demonstrar emoções, mesmo na frente de seu superior. Tomou ambas as mãos dele, beijando as costas de cada uma. – Fui criado para isso. Use-me como quiser.
O chefe desvencilhou as mãos das alheias, presenteando o dono delas com uma ligeira carícia nos cabelos negros.
- Receberá todas as instruções, como de praxe. Que Nosso Deus maior o guie e esteja convosco.
Em silêncio, agradecia às palavras que lhe foram oferecidas, esperando que aquela figura tão importante voltasse ao lugar em que estava outrora. Só quando ele estava de frente para si que se curvou, agora com ambos os joelhos sobre o tapete e as pontas dos dedos apoiadas no mesmo, sem rebaixar demais a cabeça. Postura impecável, reverência profunda, ainda sim elegante. Hirohito sorriu, todavia o compatriota não viu, pois lhe voltara às costas sem olhar para trás, retirando-se do local.
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Ninjas, também chamados de shinobis. Uma espécie de agente secreto, suas habilidades incluem espionagem, sabotagem, infiltração e assassinato, além de combate. Em suas artes secretas, se disfarçar e avaliar a situação do território inimigo ao se infiltrar no mesmo era fácil; descobrir falhas, invadir e matar nem tanto; mas tudo em segredo? Isso sim era o difícil. Mesmo missões vergonhosas eles faziam por seu chefe. Até mesmo aposentar os trajes negros, típicos dos guerreiros, para vestir um... vestido.
- Isso é mesmo... necessário?
Kiku fechou os olhos pacientemente, prendendo a respiração para que os ajudantes ajustassem o espartilho em sua cintura. Aquilo doía mais do que um corte de qualquer espada!
- Sim... Foi arranjado para que se infiltrasse como empregada, conseguimos interceptar a novata estrangeira que iria entrar. Tem de vestir roupas adequadas, Honda-senpai.
O rapaz que o ajudava sorriu com gentileza, mas apertava sem dó aquele acessório. O problema era que não era só aquilo, vinha acompanhado de meias pretas longas presas por cinta-liga, um vestido branco com rendas nas pontas e, por cima, uma segunda peça em tom negro. Para completar, um avental com babados amarrado atrás e um pequeno laço vermelho na gola e uma espécie de bota na altura das canelas – anotou mentalmente para treinar a amarrar aquilo depois de tantas roupas postas. Ah, claro, não poderia faltar o headress na cabeça, com os cabelos bem aparados caindo na lateral do rosto. Assim, tudo foi preparado para sua missão.
Falando do objetivo em si não era difícil: se infiltrar em um castelo da região e matar o herdeiro do trono, príncipe Arthur. Seus companheiros já tinham arrumado tudo para que trabalhasse no local, só teria de ser silencioso e executar com perfeição sua função, sem manchar o histórico impecável que possuía.
O japonês suspirou. Mal chegara e já tinha uma tarefa lhe aguardando no jardim – o tempo fez com que aprendesse um pouco de tudo, então não teria problemas para interpretar e executar trabalhos de uma serviçal – e, enquanto aparava os galhos sobressalentes, sua mente funcionava a mil para encontrar um meio de se aproximar do príncipe, ganhar a confiança dele e depois dar o bote. Sendo desconhecido, poderia usar seu nome, pois vivia sempre nas sombras e duvidava que aqueles seres alienados soubessem de qualquer coisa fora daquele mundinho de perfeição – e, claro, ter um nome unissex tinha suas vantagens.
- Hey, você!
O tom era arrogante e, sem saber quem falava consigo daquele jeito, volveu a face na direção da voz. Quem lhe dirigia a palavra era um rapaz vestido com um conjunto branco, com detalhes em vermelho – incluindo um broche de rubi na região entre as clavículas, do qual prendia três pequenas correntes douradas direcionadas até as franjas que caíam pelos ombros, prendendo uma capa vermelha que esvoaçava com a brisa, parecendo maior do que era, pois na verdade batia apenas nos quadris do garoto. O cinto escuro combinava com as botas de cano alto e possuíam um pequeno salto, provavelmente aumentando em uns três centímetros a altura do loiro que carregava uma espada na cintura. Olhos verdes e sobrancelhas espessas. Um sinal foi aceso na cabeça do moreno: alvo encontrado. Aquela tarefa parecia que iria ser bem fácil. Após os poucos minutos de reconhecimento, Honda fez uma profunda mensura, inclinando-se. Já vira fotos, impossível confundir aquela criança.
- Em que posso ajudá-lo, jovem mestre?
Arthur sorriu de canto, avançando em passos rápidos, tomando da suposta garota a tesoura que ela segurava. Largou o objeto no chão, segurando a mão agora livre e puxando-a até que ficasse na altura dos seus lábios, inclinando-se suavemente. Fechou os olhos esverdeados, roçando-os ali antes de entreabrir as pálpebras e fitar o menor.
- O que acha de acompanhar-me em uma xícara de chá, adorável donzela?
Kiku piscou os olhos duas vezes, fitando aquele gesto do rapaz com alguma curiosidade e indagação. Se de início sua opinião era neutra – seu alvo pura e exclusivamente -, agora concluía que aquele príncipe não passava de um idiota metido a conquistador. Sua tarefa se tornaria mais fácil caso aceitasse, só que não podia executá-la naquele momento, pois caso acontecesse algo com o herdeiro do trono, iriam suspeitar primeiramente da nova empregada. A missão não era tão simples quanto parecia: antes de realizar o assassinato, deveria ganhar confiança das pessoas e descobrir um meio de abrir caminho para seus companheiros entrarem quando o escarcéu estivesse armado e o reino despreparado. As pálpebras se fecharam sobre os olhos castanhos e em seus lábios surgiu um pequeno sorriso misterioso, deixando no ar se era de diversão ou escárnio, ganhando de presente um olhar interrogativo dos orbes esverdeados.
- Desculpe-me, mas tenho de trabalhar, jovem mestre – desvencilhou a própria mão da dele.
Em resposta, Arthur franziu o cenho, apoiando as mãos na cintura. Como assim alguém o ignorava? Ainda mais sendo uma garota! Bufou, mas logo sorriu audacioso, com um quê de malícia, abaixando-se primeiro – Kiku ainda não se acostumara totalmente com as roupas – e pegando a tesoura que jogara no chão, cortando uma das rosas embebidas em vermelho. Dessa vez foi a vez do moreno observar, inclinando a face brevemente para o lado, interrogativo.
- Fique com isso como lembrança, my lady. – Estendeu a flor para o menor, beijando-lhe mais uma vez a mão. – Nos vemos depois.
Piscou um dos olhos, afastando-se com um pseudo-riso preenchendo a boca. Quando Arthur estava fora de visão, o moreno focalizou a rosa que tinha entre os dedos, estreitando as pálpebras e estalou os lábios em um gesto que denotava puro desgosto. Sem mais, jogou a flor no chão, pisando em cima e despetalando-a, de modo que aos seus pés se formara um tapete aveludado cor sangue.
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Se alguém leu... me dê reviews. Se não não posto u_u
Beijos~
