Hey gente. Estou de volta com um novo projecto.

Espero que tenham tido saudades minhas e das minhas ideias mirabolantes, eu também tive saudades das vossas reviews.

Dedicada, novamente, à minha pokemon. Porque tu me ajudas em tantas coisas e me fazes rir com as imagens que encontras, fazendo-me esquecer os meus problemas de organização de capítulos.

Daisuki.

E vocês que lerem deixem reviews e dêem fav. Mas não dêem só fav! Recebo o alerta de qualquer maneira, mais vale dizer algo nem que seja um "gostei, continua. Beijos."

E já estou a falar de mais…

Boa leitura!

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A jovem rosada estava sentada no chão, as costas encostadas à cama, os joelhos ao peito e o rosto enterrado neles para esconder as lágrimas. A porta do quarto estava aberta para que ela pudesse ouvir o que se passava no corredor. Ouvia passos de um lado para o outro, ouvia gritos mas ela não conseguia identificar o que estavam a dizer. A chuva lá fora batia no vidro e nuvens escuras cobriam o céu, ignorando o facto de que o Verão deveria ser uma estação solarenga.

Sentiu uma mão sobre a sua cabeça, ouvindo de seguida a voz rouca do pai a chamá-la. Levantou o rosto dos joelhos para puder encarar o homem à sua frente. O pai tinha o rosto cansado, olheiras debaixo dos seus olhos e parecia que no espaço de cinco meses lhe tinham nascido rugas em todo o rosto apesar de ter apenas quarenta e dois anos. Sakura olhou-o esperançosa por entre as lágrimas, recebendo em troca um aceno negativo e um sorriso triste.

Sentiu o coração parar ao perceber que o inevitável tinha acontecido. No seu íntimo sabia que mais cedo ou mais tarde aquilo iria acontecer, sabia que a sua mãe ia ser levada deste mundo sem sequer ter hipóteses de lutar, tinha-se até mentalizado de que isso ia acontecer mas mesmo assim…

Levantou-se rapidamente e saiu do quarto a correr. Os pés descalços em contacto com o chão frio não a incomodavam de maneira nenhuma e o vestido que ela usava rodava a cada passo que ela dava. No fim do corredor a porta do quarto estava aberta. Sakura no cómodo parando de andar assim que encarou o que se passava lá dentro. O médico que o pai tinha contratado estava de pé junto da janela trocando impressões com uma enfermeira, duas outras enfermeiras estavam de pé junto à cama também a falar. Junto à cama estavam um monitor, que sempre apitava e agora estava desligado, e uma máquina que ajudava a respiração. Na cama estava deitada a sua mãe, com um lençol branco puxado até à cabeça e cobrindo-lhe o rosto.

Sakura caiu de joelhos no sítio onde estava de pé, chorando compulsivamente e abraçando o corpo.

Doía-lhe tanto. Queria tanto que fosse tudo um sonho. Queria tanto que tudo o que lhe estava a acontecer desaparecesse e tudo voltasse ao normal. Porque aos dezasseis anos nenhum adolescente devia perder a mãe para uma doença maldosa como aquela.

- Sakura, querida, vou sair agora. – Disse o pai dela entrando no quarto.

- Está bem pai…Eu fico bem. Não é como se vá sair daqui…- Murmurou a rosada sem olhar para o pai, continuando a encarar o tecto do quarto, rastos de lágrimas nas suas bochechas.

O homem encostou a cabeça ao batente da porta encarando a filha que estava deitada na cama na mesma posição de há cerca de duas horas atrás. Suspirou. Desde que a sua esposa tinha morrido há três semanas Sakura recusava-se a sair do quarto. Não saía com os amigos, não falava com ninguém, não aproveitava o Verão para se divertir e Deus tivesse piedade ele já não sabia o que fazer.

Fechou a porta do quarto da filha caminhando ao longo do corredor para as escadas. Desceu os degraus lentamente, detendo-se junto do móvel do corredor da entrada onde estava a fotografia da sua esposa, uma pequena vela e uns pauzinhos de incenso ao lado. Sorriu para a fotografia. A sua esposa tinha sido tão bela. Com a sua pele branquinha e os olhos verdes brilhante, o cabelo daquela cor completamente anormal e aquele sorriso capaz de iluminar o mundo. Sempre alegre e feliz, sempre a precisar de fazer alguma coisa porque não aguentava estar quieta. Nos últimos cinco meses a sua esposa tinha sofrido tanto e ele não tinha conseguido fazer nada. A esposa tinha ficado com a pele ainda mais branca e os olhos verdes tinham perdido o brilho, o cabelo tinha caído como consequência do tratamento radioactivo e o sorriso tinha sido substituído por uma expressão de dor que estava sempre presente no seu rosto. Tinha ficado confinada àquela cama sem se puder mexer e isso tinha-lhe arrasado o espírito, o dela e o seu…

Depois de se meter no carro conduziu até ao centro da cidade, só estacionando em frente a um grande edifício de escritórios. O edifício tinha uma grande altura e a entrada estava coberta por um toldo vermelho sangue, um segurança de cada lado a proteger a porta. Atravessou a porta e quando já estava dentro do edifício caminhou até ao balcão fazendo com que a jovem sentada lá atrás levantasse o olhar do computador e perguntasse:

- Posso ajudar?

- Estou aqui para ver a Uchiha-san. – Respondeu ele sorrindo levemente para a jovem.

- Tem reunião marcada?

- Diga-lhe que o Haruno Shunsuke está aqui.

A rapariga agarrou no telefone e carregando numa tecla levou o objecto ao ouvido. Falou com a pessoa do outro lado da linha uns quinze segundos antes de desligar.

- Pode subir. A Uchiha-san está à sua espera. – Falou sorrindo-lhe docemente.

Agradeceu à jovem caminhando para o elevador, premindo o botão do último andar e esperando calmamente que o aparelho parasse no andar destinado. Quando as portas se abriram encontrou-se de frente para um corredor, não muito extenso, que levava a uma porta, junto à porta uma secretária e uma mulher de aparentemente meia-idade sentada lá atrás. A mulher fez-lhe sinal que podia entrar no gabinete. Levou a mão à maçaneta e abriu a porta, entrando no local.

- Shun-chan! – Exclamou a mulher que estava sentada atrás da secretária do gabinete. – Começava a pensar que ia voltar para Yokohama sem falar contigo!

- Shun-chan era um miúdo rechonchudo com borbulhas e um otaku que se alimentava de rámen e gomas. Agora sou apenas Shunsuke. – Retorquiu ele caminhando para se sentar numa das cadeiras em frente à secretária. – Como estás Mikoto-chan?

- Pronto, Shunsuke. Estou bem, obrigada. Cheia de trabalho e problemas com as doações das minhas obras de caridade, por isso é que estou em Tóquio, mas estou bem. Tu como estás? – Perguntou largando a caneta em cima dos papéis que estava a preencher.

- Estou bem na medida do possível. – Respondeu passando a mão pelo rosto. - Mas custa, sabes? Saber que nunca mais a vou ver sorrir ou ouvir chamar o meu nome.

- Eu sei. – Disse estendendo o braço para lhe agarrar na mão. - A Machiko-chan era uma mulher espantosa, vamos sentir a falta dela. Nós queríamos ter vindo ao funeral mas o Fugaku não conseguiu fugir das suas reuniões com os investidores dos novos projectos, lamento muito.

- Eu entendo. Mas recebi as vossas mensagens e as vossas flores, obrigado. – Agradeceu Shunsuke agarrando-lhe na mão. – Como está ele e os teus filhos?

- Ele está bem. A cada dia que passa está mais velho e rabugento e faz questão de mo esfregar na cara. – Respondeu Mikoto sorrindo. – Os meus filhos estão óptimos. O mais velho acabou agora o último ano da universidade e o mais novo vai para o último ano do secundário para o ano.

- A última vez que os vi o Itachi estava determinado a deixar crescer o cabelo e o Sasuke carregava aquele peluche de dinossauro para todo o lado.

- O Itachi agora usa rabo-de-cavalo e o maldito peluche de dinossauro do Sasuke perdeu um dos olhos e ainda está numa caixa no fundo do armário dele. – Resmungou a mulher recostando-se na cadeira.

Shunsuke soltou uma risada ao que Mikoto tinha dito.

- Como está a tua filha a aguentar-se?

- Não muito bem. Está muito em baixo. Não sai do quarto, não se alimenta como deve de ser, não quer ver os amigos…Na verdade foi por causa dela que vim falar contigo.

- E eu a pensar que era porque tinhas saudades da tua velha amiga de escola. Em que posso eu ajudar com a Sakura? – Perguntou sorrindo docemente.

- Vocês ainda têm aquela casa em Konoha?

- Sim. A cada era da mãe do Fugaku acho que mesmo que a quiséssemos vender ele não iria conseguir.

- Estava a pensar se vocês se importavam de me emprestar a casa por umas semanas. Acho que iria fazer bem à Sakura mudar de ares.

- Oh lamento imenso mas o Itachi e o Sasuke já lá estão e vão lá ficar o resto do Verão. – Disse Mikoto.

- Compreendo, era um tiro no escuro de qualquer maneira.

- Mas porque não mandas a Sakura para lá na mesma? – Perguntou Mikoto a sorrir. - A namorada do Itachi vai ter com eles daqui a uns dias e os empregados também estão lá, então ela não ficaria sozinha com dois rapazes. E talvez fosse bom para ela afastar-se um pouco de ti também, estar com pessoas da idade dela, espairecer um pouco.

- Ela nem quer estar com os amigos Mikoto-chan.

- Talvez voltar a ver o Itachi e o Sasuke seja bom para ela. Eles eram tão amigos antes de nos mudarmos.

- Eu acho que ela não se lembra deles. – Disse Shunsuke soltando uma risada.

- Mais uma razão para ela ir, reatar amizades perdidas.

- Estás a tentar fazer um arranjinho entre o teu filho mais novo e a minha filha não estás? – Perguntou ele estreitando o olhar.

- Disparate Shun-chan! – Exclamou abanando a mão. – Então, está combinado?

- Sim, está.

Mikoto sorriu abertamente.

Sakura estava zangada. Muito zangada. Muito zangada e revoltada. Ela estava perfeitamente confortável e bem no seu quarto, na sua casa. Porque raios precisava de ir para uma terra perdida no meio de nenhures para puder ficar bem? Não precisava! Aí é que estava o problema!

Quando o pai tinha voltado naquele dia e dito para ela fazer as malas porque ia para Konoha, ela não quis acreditar. Tinha soltado uma risada, a primeira em três semanas, e ignorado o que o pai tinha dito. Mas quando percebeu que o pai estava a falar a sério tinha começado aos gritos como se lhe tivessem dado uma sentença de morte completamente injusta. Tinha tentado negociar alguma coisa que deixasse ambos felizes mas o homem tinha-se mostrado irredutível. E agora ali estava ela…

Tinha a cabeça encostada ao vidro do carro, um capuz a envolver-lhe os cabelos e os headphones nos ouvidos, o ipod no volume máximo. Pela janela ela via a paisagem. Florestas de grande dimensão, uma vila com lojas, prédios, pequenas vivendas e ao longe, ligado por estradas, grandes casarões que certamente pertenciam a pessoas com a bolsa mais larga.

Quando o pai tinha dito que ia para Konoha ela tinha pensado que ele também ia e iam ficar num hotel ou pensão mas quando se viu numa das estradas que levavam às casas de pessoas com a bolsa mais larga interrogou-se o que raio o pai tinha feito. Certamente ele não tinha comprado uma daquelas casas, quer dizer, como poderia? Para começar o pai nem gostava do campo, era um homem da cidade até à última célula do seu corpo, e o dinheiro era neste momento algo escasso na conta do pai.

Foi arrancada dos seus pensamentos quando o pai estacionou o carro em frente a uma casa.

A casa tinha grandes dimensões. Tinha uma cor branca e as armações das janelas eram de madeira. Junto à porta estavam plantas e um pequeno relvado ao longo do lado esquerdo da casa.

- Bem, chegamos. – Disse Shunsuke olhando para a casa pela janela.

- Sim, está bem, podes ir-te embora agora. – Disse Sakura tirando o cinto de segurança e desligando a música.

- Sakura…

- Não pai. Vais-me largar no meio de nenhures com estranhos, fim da história. Vemo-nos no fim do Verão. – Resmungou a rosada saindo do carro.

- Eles não são estranhos…- Murmurou Shunsuke.

Sakura caminhou até à mala do carro abrindo-a e tirando cá para fora a mala que continha as suas roupas e coisas necessárias para sobreviver durante o Verão. Caminhou até à porta da entrada da casa e tocou à campainha, esperando pacientemente que a abrissem. Alguns segundos depois a porta foi aberta mostrando a figura de uma velhota, que a olhou de maneira interrogativa antes de sorrir como se percebesse quem ela era.

- Haruno-san? – Perguntou para obter uma confirmação.

- Sakura, por favor. – Revidou sorrindo docemente.

- Sakura-san então. Entre por favor. – Disse dando espaço à rosada para entrar na casa.

Sakura entrou na casa, deixando os sapatos à entrada, e olhando em redor. Deu logo de caras com uma grande sala e um corredor à esquerda que devia de dar para a cozinha ou para uma sala de jantar. À direita estavam as escadas que levavam ao andar de cima.

- O seu quarto é lá em cima, tem uma casa de banho privada para evitar encontros fatídicos entre você e os meninos. Há uma piscina lá atrás e se quiser ir à vila pode requisitar um carro. – Afirmou a velhota gesticulando com os braços. – Já agora, chamo-me Kawasaki Miko. Se precisar de alguma coisa, chame-me.

- Hai, arigato Kawasaki-san. Hum…antes de ir para o meu quarto gostava de agradecer a quem quer que pertença esta casa por me deixarem ficar aqui.

- Oh claro. Os meninos devem estar a chegar, eles foram passear um pouco e…

Antes que ela pudesse terminar a frase a porta da entrada foi aberta e entraram em casa dois rapazes. Os dois altos e com uma musculatura agradável aos olhos de qualquer pessoa. Os dois morenos e com olhos negros como o carvão e com a pele clara. Um deles usava um rabo-de-cavalo frouxo e o outro tinha um estranho penteado que fez Sakura lembrar-se do rabo de uma galinha. Eram tão bonitos que fizeram com que Sakura arquejasse e o coração batesse mais rápido. Mas também a deixaram com a sensação de já os tinha visto em algum lugar…

- Oh! Ela já chegou. – Falou o que parecia mais velho. – Desculpa que não tenhamos estado aqui para te receber.

O outro rapaz parecia que ia abrir a boca para dizer também alguma coisa mas Sakura interrompeu-o começando a falar.

- Não há problema. Eu queria agradecer e pedir desculpa pelo incómodo que o meu pai vos causou. – Disse ela curvando-se na direcção dos dois. – E se não se importarem eu agora vou para o meu quarto, estou um pouco cansada.

- Nós entendemos. Falamos contigo depois então.

Sakura fez outra vénia antes de subir as escadas, seguida por Kawasaki-san que lhe ia mostrar o quarto.

O rapaz mais velho olhou para o outro, suspirando quando o viu o olhar abatido e triste que estava agora estampado no rosto dele. O seu maior receio tinha-se tornado realidade, Sakura não se lembrava deles os dois e isso ia arrasar o seu irmão mais novo.

- Vamos otouto. – Disse passando o braço pelos ombros dele e desmanchando-lhe o penteado. – Falas com ela logo à noite.

Mas isso não aconteceu, porque Sakura não saiu do quarto durante três dias e se saía, soube evitar os dois rapazes com as habilidades de um ninja.

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E aí o primeiro capitulo.

Como foi? Bom, óptimo, horrível, querem cuspir-lhe em cima? Digam nas reviews. O botãozinho aí em baixo está à espera do vosso clique, ele não morde, juro!

Beijo!