center b Alta Frequência /b
u Melissa Hogwarts /u /center
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i Fic escrita para o /i II Challenge Filmes i do /i Fórum Aliança 3 Vassouras. i Baseada no filme /i Alta Freqüência. i Mas apesar de ser baseada, essa fic não segue necessariamente todo os aspectos do filme /i .
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b Capítulo I – Saudades de casa /bGodric´s Hollow. Era um lugar bonito. Tristemente bonito. Ao olhar aquela vizinhança, aquelas casas, aquelas pessoas, aquele ar de tranqüilidade, Harry sentia o coração doer. Ao ver aquela vida ali sentia saudades de um passado que sequer existira, que só podia precariamente imaginar...
Tentava tirar aquele tipo de pensamento da cabeça sempre que aparecia, mas não havia jeito agora, não agora, que voltava do túmulo de seus pais e observava a casa onde fora tirada a vida que podia ter sido sua. Uma vida de amor e paz, uma vida de família e sorrisos, uma vida cheia de boas lembranças e álbuns de fotografia, de beijos de mãe e abraços de pai, uma vida de Harry Potter sem cicatriz.
Entrou no hall e observou os móveis cobertos de pó, as cortinas meio comidas pelo tempo. Era como Tia Petúnia dissera, ninguém entrara ali nos últimos dezesseis anos. Tudo havia sido deixado como na noite em que tudo acontecera. O tapete que levava até as escadas estava embolado e um ou dois degraus da escada, danificados. Harry subiu ao andar superior. Havia quadros imóveis nas paredes, seria Lily quem os teria colocado ali? Lembrança de sua vida trouxa?
O corredor que dava para os quartos tinha marcas na parede e a cortina de uma das janelas havia despencado. Entrando num dos quartos, Harry sentiu-se cair. Um berço. Um simples berço de madeira e véu branco cobrindo. Vassouras de brinquedo penduradas no teto, brinquedos bruxos e trouxas espalhados pelo chão. Então fora ali, bem naquele quarto, que há dezesseis anos Voldemort começara tudo.
Era estranho o efeito que aquele lugar causava nele. Hermione lhe dissera que não seria bom visitar e rever aquelas coisas, que ele só ficaria triste e tudo seria ainda mais doloroso, mas Harry discordava. Pisar em Godric's Hollow era como voltar no tempo e juntar um quebra-cabeças de memórias perdidas. Era angustiante e ao mesmo tempo trazia um alívio enorme estar ali na casa de seus pais. Na i sua /i casa.
Harry passou o resto do dia entre livros antigos, fotografias, móveis empoeirados. Tentando reconstruir o passado lendo antigos jornais, anotações feitas ao acaso, ouvindo discos de vinil. Descobrira um caderno vermelho no criado-mudo e julgava ser o diário de sua mãe. Não podia ter certeza, porque um feitiço não deixava que o caderno se abrisse, mas as iniciais L.E. pareciam confirmar sua teoria. O pai, como sempre pensara, era um grande amante de quadribol. Havia várias vassouras velhas no armário debaixo da escada, posters de times de quadribol e inúmeros artigos sobre o time favorito de James: o Puddlemere United. Harry se imaginou nas vestes do time e chegou à conclusão de que Rony não gostaria nem um pouco daquilo.
A parte da casa que Harry mais gostara foi um quarto vazio no primeiro andar, que pelo número de livros e estantes devia ter servido de biblioteca. O console da lareira era abarrotado de fotos. Fotos do casamento, fotos de Lily grávida e Harry bebê. Fotos de James com um casal que Harry julgou serem seus avós paternos, fotos do casal com grupos de bruxos que Harry não conhecia e absurdamente, uma foto de sua mãe com Tia Petúnia. Era difícil acreditar que as duas realmente eram irmãs.
Harry sentia como se estivesse espiando pelo buraco da fechadura, como se olhasse um mundo completamente diferente à distância. Era de certa forma reconfortante saber que fora feliz naquela casa, que seus pais foram, apesar de tudo, pessoas felizes. Algumas vezes sentia lágrimas caindo, outras ria sozinho. Mas não era doloroso ou torturante. Não fora como daquela vez que Moody lhe dera uma foto da Ordem da Fênix. Era como se fizesse parte. Como se olhando aquelas fotos e encontrando objetos se sentisse de certa forma integrado àquele mundo que não existia mais...
Uma coruja espantou os devaneios de Harry. Edwiges chegara trazendo uma carta. Harry acariciou a coruja e desenrolou o pergaminho para ler:
i "Harry, como você está?
Eu e Rony estamos preocupados com você, sozinho, cheio de lembranças. Sabemos que é tudo muito importante para você, mas é que não podemos deixar de pensar na sua segurança. Só faz dois dias que você foi embora da Toca e todos já estamos incrivelmente tensos com a sua ausência. Não se preocupe, os Weasley estão bem, o que inclui Gina. Eu e Rony já estamos preparados para seguir com você, então chegaremos em breve. Estamos com muitas saudades e é pena não poder escrever mais, já que as corujas podem estar sendo vigiadas... mas nos escreva, por favor.
Hermione." /i
Harry riu ao terminar de ler. Hermione fazia parecer que ele estivera fora por anos... Resolveu responder à amiga e tranqüiliza-la um pouco, dizendo que estava bem e que era realmente importante estar em Godric's Hollow. Sentou-se na escrivaninha da biblioteca e abriu uma das gavetas, procurando um tinteiro ou algum pedaço de pergaminho. Com dificuldade, vasculhou entre pó e velharias até encontrar um tinteiro verde fechado que ainda podia ser utilizado. Na gaveta logo abaixo, encontrou uma longa pena prateada e um peso de papel de ametista. Durante alguns segundos, Harry apenas se limitou a observar os objetos, imaginando quantas vezes seu pai não se sentara ali para escrever cartas de consolo aos amigos preocupados...
Mas precisava de um pergaminho. Encontrou alguns papéis num estado aproveitável. Tirou da gaveta para analisar qual o melhor quando estacou. Em meio aos velhos pergaminhos havia uma foto de seu pai com Sirius. Era uma foto animada, onde James pulava insistentemente em cima de Sirius, que fazia cara feia enquanto o outro ria. Mas o que mais espantou Harry não foi a foto em si (havia outras parecidas espalhadas pela casa), mas que nas mãos de seu pai e do padrinho havia um objeto semelhante... Harry não gostava nada de olhar para eles... Eram os espelhos de duplo sentido, os espelhos que os dois usavam para se comunicar durante as detenções.
Harry afastou a foto imediatamente e pela primeira vez desde que entrara em Godric's Hollow sentiu-se mal. Dois amigos. Dois mortos. Duas pessoas que Harry amava que se foram por sua culpa. Aquele espelho... aquele maldito espelho... Não trazia boas lembranças...
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- O que é isso? – perguntou Harry encarando Tonks.
- São coisas... – respondeu ela mudando o cabelo para cinza-chuva.
- Que coisas?
Tonks obviamente não queria insistir no assunto. Segurava aquela caixa nas mãos como se estivesse em fogo, como se houvesse uma bomba lá dentro, algo do qual ela parecia ansiosa por se livrar.
- Tonks? – insistiu Harry.
- Me deram isso depois que... – ela respirou fundo antes de prosseguir – depois que Sirius morreu. Foi Remo quem juntou. Ele disse que seria bom entregar a você agora.
O estômago de Harry afundou, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Tonks já tinha colocado a caixa nas mãos dele.
- São boas lembranças – disse ela se afastando e deixando Harry sozinho.
Durante muitos dias, Harry sequer pensou naquilo. Deixara a caixa perdida dentro de seu malão enquanto se distraía com as comemorações do casamento de Gui e Fleur na casa dos Weasley. Até que as festas acabaram e a resolução de ir embora caçar Voldemort voltou à tona. Ao arrumar as malas, encontrou a caixa de metal e não pôde deixar de abri-la.
Dentro dela, fotos, cartas antigas, um anel dourado com um grande S gravado, um pedaço de papel de bala do amor (Harry realmente não queria saber porque diabos o padrinho guardara aquilo por tanto tempo), um autógrafo amassado dos Duendeiros, uma foto de uma garota bonita com o nome Patty Gabins assinado em cima e o espelho. Aquele espelhinho quadrado, meio antigo e embaçado. Aquele, cujo gêmeo espatifado ainda estava em seu malão.
Harry fechou a caixa e jogou-a em meio de suas coisas decidindo nunca mais olhar para ela.
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Depois de tentar escrever uma carta apressada para Hermione e Rony, Harry arrumou um lugar para dormir. Juntou suas coisas perto de um sofá verde-escuro que havia na biblioteca mesmo. Realmente gostava daquele lugar.
Pegou um casaco mais grosso para servir de travesseiro e tirou uma foto dos amigos de dentro do malão. Hermione acenava entusiasticamente, enquanto Rony fazia caretas para Bichento e Gina sorria, envergonhada, o que deixava suas sardas ainda mais vermelhas. Sorrindo de leve, Harry se voltou para guardar a foto de volta e acrescentar ali uma ou outra fotografia que tinha pegado na casa. Foi quando esbarrou com a caixa metálica de novo.
Alguma coisa lhe dizia para se afastar dela. Talvez para esquecer, talvez porque estivesse num lugar que já lhe trazia lembranças demais... Mas contrariando tudo, abriu-a mais uma vez. E encontrou o espelho.
Mirou-se nele e encarou o próprio reflexo. A imagem da fotografia de seu pai e Sirius não lhe saía da cabeça. Sirius... tentava não pensar no padrinho sempre que podia evitar. Por um instante imaginou como ele não teria se sentido ao enfrentar a morte do melhor amigo. E afastou uma cena onde Rony carregava seu corpo inerte...
- Será que sou tão parecido com James Potter quanto dizem?
Harry continuou encarando a imagem do espelho, como se estivesse sob efeito de um feitiço. Foi com assombro que percebeu que seu reflexo já não tinha mais olhos verdes...
- Sirius? Até que enfim você apareceu!
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