Título:
Severus e o pesseguinho
Autor: Magalud
Categoria: Slash
Gênero:
Drama, romance, chan, angst, h/c, AR, aventura
Personagens ou
Casais: SS/HP, outros mencionados
Resumo: Uma história de
família se repete. Ou não.
Spoilers /Timeline:
História começa durante a Ordem da Fênix
Disclaimer:
O mundo de Harry Potter, seus personagens e paisagens são de
propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros., suas editoras e afiliadas.
Nenhum lucro foi auferido pela criação dessa história,
nem qualquer tipo de má-fé intencionada de qualquer
maneira contra a autora ou os atores e atrizes que tão
maravilhosamente deram vida a esses intrigantes personagens.
Data:
19/05/2007
Palavras: 107.828 (na última contagem)
Alertas:
Morte de personagem. Ainda que esta história se passe a partir
do quinto ano de Harry em Hogwarts, é uma AR. Alguns fatos dos
livros não vão acontecer aqui.
Agradecimentos: Aos
Kaiser Chiefs, pela inspiração. À beta Ivi, por
implicar com as vírgulas e com as vozes na minha cabeça...
Ao beta Marck, por colocar o dedo na ferida. A Cris, beta que jura
que não curte slash! J
Nota
1: Essa história é continuação de Severus
e o Pêssego Gigante. Provavelmente você vai entender esta
aqui muito melhor se primeiro ler aquela. Sério, não é
golpe de marketing.
Nota 2: Agradeço a todo mundo que pediu
continuação. Mas na verdade essa fic só
aconteceu porque Spock morreu e a Paulinha não sabia. Aí
eu tive que pagar em pêssegos!
Nota 3: Sabedoria imortal
para uma humanidade melhor: "Nas horas difíceis, recorram
ao hebreu. Se não funcionar, recorra ao árabe. Mas use
um pouco de sânscrito para temperar."
Severus e o pesseguinho
Do I dare to eat a peach?
T.S. Eliot, The Love Song of J. Alfred Prufrock
Capítulo 1 - Coisas no ar
Tema: esquisitices
Harry Potter jamais imaginou que chegaria o dia em que ele temeria voltar a Hogwarts. Até aquele ano começar, Hogwarts era sua casa; agora, porém, depois do Natal, ele não tinha mais tanta certeza disso. E pensar que ele tinha brigado, enfrentado a Suprema Corte Bruxa para voltar a uma escola que lhe tinha tirado tudo que era mais caro.
Aquela bruxa Umbridge o estava esperando de braços abertos, louca para expulsá-lo da escola na primeira oportunidade, mas não sem antes humilhá-lo e desacreditá-lo completamente. Ela já o tinha privado de Quidditch – para a vida toda. Harry confiava no que sua amiga Ginny Weasley tinha lhe dito: que seu banimento de Quidditch só duraria enquanto Umbridge estivesse no poder.
Mas havia todo o resto das infelicidades também. Os sonhos de Voldemort o estavam enlouquecendo, apesar de eles terem salvado a vida de Arthur Weasley. E agora ele tinha acabado de descobrir que ainda ia ter que se submeter a lições de Oclualgumacoisa com ninguém menos do que Snape!
Portanto, ao fim das férias de Natal, era com um coração pesado que Harry Potter voltava a Hogwarts, a escola que considerava como seu lar. Em poucos dias, porém, ele tinha deixado a melancolia de lado e estava simplesmente irritado com o mundo, com a vida, com os pesadelos que o Cara-de-Cobra punha em sua cabeça...
Havia algo diferente em Hogwarts, algo mais além dos Decretos Educacionais do Ministério da Magia e da presença de Dolores Umbridge como Suprema Inquisidora da escola de feitiçaria. Era uma espécie de cheiro ou sensação nos corredores. Ele estava achando aquilo estranho, mas o pior é que, fosse lá o que fosse que estava no ar, estava afetando Harry de maneira muito intensa. Em pouco tempo, ele sentiu a "coisa" aumentando, aumentando.
Ou talvez fossem as tais aulas de Oclumência com Snape. A primeira tinha sido terrível, e ele tinha dores de cabeça só de lembrar. Os tais exercícios que Snape passara eram ainda piores. E estranho, ele podia sentir aquela "coisa" no ar estagnado das masmorras. Provavelmente tinha sido aquilo que o afetara e ele agira como um fracote. Snape talvez tivesse notado, porque ele olhava para Harry de uma maneira estranha, como Harry jamais vira. Ou talvez Harry apenas estivesse imaginando coisas. Sabe, por causa do tal ar estranho em Hogwarts.
Mas outros pareciam notar estranhas coisas também.
– Harry, o que você tem?
– Não sei, Ron, é essa coisa em Hogwarts. Tenho sentido isso desde que voltamos do Natal.
– Do que está falando, Harry?
– Ora, essa coisa no ar, Hermione. Não sente?
– Harry, do que você está falando?
– Ora, dessa coisa no ar. É... perturbadora. Eu fico sentindo umas... sei lá, coisas... Como se algo estivesse faltando, e eu nem sei direito o que é. Como se eu quisesse ficar com alguém, ou procurar alguém, e isso é muito importante, sabe?
Os dois amigos se entreolharam, divertidos, e Hermione perguntou:
– E como estão as coisas com Cho?
– Cho? Oh, uh, é, ahn – vão bem. Muito bem.
– E você já a convidou para o Dia dos Namorados?
– Convidar?
– Harry, vai ser um sábado de Hogsmeade. É melhor falar logo com ela antes que ela arrume um encontro.
– Hermione – disse Ron –, ela beijou o Harry no Natal. Acha que ela arrumaria um outro cara?
– Eu só estou dizendo que o Harry tem que se mexer, se quiser ficar sozinho com a Cho.
E era estranho, mas, ao ouvir essas palavras, Harry sentiu que aquilo não era nada do que ele queria.
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A voz soava melodiosa e sedosa, como gotas de mel deslizando em pétalas de rosas.
– O angico, na forma de folhas secas previamente trituradas, só deve ser adicionado quando a poção produzir uma leve dispersão vaporosa. Uma vez que a fervura retornar, a pasta de folhas e raízes de cocleária deve ser gentilmente adicionada à poção. Esta é uma das mais poderosas poções medicinais que vocês aprenderão esse ano. Há anos ela não cai nos N.O.M.s, o que aumenta as chances de vocês virem a se deparar com ela nos seus exames.
A turma olhava Snape de olhos arregalados. Nunca o Mestre de Poções dera tantas dicas sobre a prova temível que eles enfrentariam em junho. Eles repararam que há dias ele estava diferente. Mas ninguém ia reclamar nada: ele estava efetivamente ajudando os alunos, não tornando suas vidas um inferno. Absolutamente fora de seu comportamento normal.
Mas ele não era o único a apresentar um comportamento estranho. Harry Potter também não estava nos seus melhores dias. Hermione tinha que cochichar de instante em instante o que ele deveria fazer para a poção ficar na cor e consistência adequada, mas com muito pouco sucesso. Harry se sentia ainda mais estranho do que de costume. A tal "coisa" no ar de Hogwarts estava particularmente forte na sala de aula de Poções – seria algum tipo de gás tóxico?
Bom, se fosse, Harry parecia ser o único a sentir. E mais do que isso, ele não conseguia se concentrar. Não que isso o incomodasse. Na verdade, ele estava até contente, tranqüilo, relaxado. Era como se ele tivesse encontrado o que estava procurando nos últimos tempos. Mas ele nem sabia o que procurava, então como tinha tanta certeza de que tinha achado?
Ao final da aula, porém, a coisa piorou para o lado de Harry. Sem poção para apresentar, ele levou um zero, e Hermione parecia mais exasperada do que de costume. Então, os alunos foram dispensados. Harry não se mexeu.
– Harry, vamos – chamou Hermione.
– Por quê?
– A aula acabou, vamos!
– Mas eu não quero sair, Hermione.
– É, cara – ajudou Ron, enquanto os últimos alunos saíam. – Vamos logo. Pare com isso. Não tem graça, e Snape pode desconfiar.
– O que não tem graça, Ron?
– Cara, você está me assustando! – O ruivo alto cochichou, mas estava agitado. – Agora vamos logo!
– Harry! – Hermione arregalou os olhos, angustiada, tentando puxá-lo. – Snape já está olhando para cá!
– A classe está dispensada, Sr. Potter – disse o Prof. Snape, numa voz tão azeda que poderia transformar leite em coalhada. – Não precisa fechar a porta quando sair.
– Eu tenho mesmo que sair?
Hermione arregalou os olhos quando Snape saiu de trás de sua escrivaninha e aproximou-se dele, os olhos profundos encarando Harry intensamente. Após alguns segundos, ele pronunciou seu veredicto:
– Este rapaz obviamente foi alvo de um Feitiço Confundus e não sabe o que diz. Queiram retirá-lo.
– Vamos, Harry. – Ela puxou-o com força, mas Harry parecia pregado no chão.
– O senhor quer mesmo que eu saia, Professor? – Harry perguntou, num tom de voz que claramente demonstrava sua resistência em obedecer.
– Saia dessa sala de aula e acompanhe seus colegas, Sr. Potter. E rápido, se não quiser perder pontos.
Harry o olhou uns segundos, confuso e decepcionado. Hermione pegou os livros dele e Ron o puxou com força, até que ele mesmo saiu do lugar, indo para fora.
No corredor, porém, algo em Harry mudou. Parecia que ele tinha... clareado a mente, algo assim.
– Hermione... O que aconteceu?
– Harry, você está bem agora?
– É, cara, você assustou a gente. O que deu em você?
– Eu não sei. – Harry ainda se sentia meio estranho, mas agora parecia mais lúcido, ou coisa parecida. Ele olhou para trás, para a porta da sala de aula de Poções, intrigado. – Foi estranho.
– Vamos logo, ou a gente se atrasa.
Os três apertaram o passo e agradeceram silenciosamente o fato de não terem aulas depois de Poções. Chegar atrasado ao almoço não era esquisito.
Mas Harry não fazia idéia do quão esquisitas as coisas ainda chegariam.
Próximo capítulo: As coisas esquisitas continuam e Harry começa a agir ainda mais estranho do que o normal
Capítulo 2 - Atrás da porta verde
Tema: provocações
As coisas esquisitas só continuaram. O "ar estranho" de Hogwarts parecia ainda mais pungente, definitivamente deixando Harry confuso e aéreo. Mas Harry tinha uma vantagem: a abençoada ignorância. Havia em Hogwarts quem soubesse exatamente o que se passava na escola. Uma pessoa não havia sido tão abençoada com a inocência quanto Harry.
Ao ver o ar confuso do garoto ao final da aula de Poções, Severus percebeu que ele estava pronto. O momento pelo qual ele tanto temia não poderia mais ser adiado. Até porque o cheiro de pêssegos o estava enlouquecendo. Parecia cada vez mais forte, até mesmo durante a noite, quando o menino certamente estava na Torre de Gryffindor e ele na sua masmorra reconfortante.
Desde que detectara o cheiro de pêssegos e localizara a fonte do aroma inebriante em ninguém menos do que Harry Potter, Severus tinha passado por um turbilhão de sentimentos. As lembranças vieram como uma enxurrada, desrespeitando seu controle, zombando de suas escolhas, ignorando seu costumeiro sang-froid. Sua traiçoeira biologia Koboldine mais uma vez o empurrava para uma situação que ele gostaria de evitar, se pudesse.
Mas não podia.
Enquanto o pequeno pêssego ainda não chegava à fase da compulsão irresistível de buscar seu dominante, Severus dedicou suas noites a rever os escritos que seu avô lhe enviara há mais de 20 anos, e os demais que ele colecionara durante esse tempo. Ele buscava, contra todas as esperanças, uma forma de fugir da sua biologia.
Porque a verdade era que Severus não tinha o menor interesse em ser dominante do filho de James. Harry era o motivo pelo qual James tinha morrido, e Severus odiava o menino por isso. Não bastasse isso, o rapaz era tremendamente parecido com o pai, e isso era doloroso de assistir. Por isso, com Harry, Severus era mais ferino, mais cruel. Porque Harry o magoava pelo mero fato de existir. Severus se machucava em vê-lo ali, enquanto seu pêssego gigante não estava mais.
Não menos importante do que isso, Severus não era nenhum pedófilo. O rapaz mal completara 15 anos. Havia uma diferença de mais de 20 anos entre os dois. Provavelmente, ele ainda era virgem.
O Mestre de Poções estava em conflito. Se pensasse logicamente, Severus poderia racionalizar com o fato de que Harry já estava maduro. Afinal de contas, se ele estava exalando aquele aroma delicioso, é porque seu corpo, embora jovem, estava pronto para o acasalamento.
Mas e sua cabeça? Estaria o menino – rapaz, corrigiu-se – disposto a trilhar o caminho que seu próprio pai trilhara há tantos anos? E estaria Severus disposto a aceitá-lo?
Ele se repreendeu intimamente depois da aula, sentindo que foi seu instinto de Koboldine dominante que o fez "amolecer" com os alunos, e proteger seu submisso. Ele já tinha a missão de proteger Harry devido à promessa feita a Dumbledore de que iria preservar o moleque. Mas Severus nunca teve a mínima inclinação por ser simpático ao guri; ele nem gostava do pirralho.
Sem mencionar o escândalo que seria. Severus seria classificado de pervertido para baixo, jogado numa cela em Azkaban, expulso de Hogwarts arrastado por seus cabelos (que tantas pessoas gostavam de chamar de sebentos ou oleosos) enquanto o populacho bruxo lhe atirava pedras, ovos e tomates podres, excrementos de coruja... Ele podia até ver a cena.
No mínimo, ele teria falhado na missão que o Lord das Trevas lhe dera (espionar Dumbledore), para não mencionar que teria falhado em não entregar a cabeça de Harry Potter numa bandeja de prata ao referido Lord, em cuja natureza não se encontravam qualidades como perdão e compaixão. A decepção de Dumbledore por ele ter um caso com um aluno menor de idade também não era um fator desprezível.
Uma coisa era certa e podia ser gravada na pedra: Severus jamais admitira sua ascendência Koboldine, nem mesmo para escapar de Azkaban. Essa era uma das lições que seu avô mais lhe advertira. Humanos caçavam sua espécie, abatendo-os sem dó nem piedade. Dizia-se que vampiros e lobisomens encontravam mais compaixão da sociedade bruxa do que um Koboldine. Além disso, todos acreditavam que eles estavam extintos, e isso era o mais seguro para sua gente. Por isso, Severus alegremente optaria pela execração pública e ostracismo, até Azkaban, para não ser exterminado como o último de sua raça.
Portanto, racionalizou, seria tão melhor para todo mundo se ele conseguisse iludir a biologia de sua espécie e seus rituais de acasalamento para evitar o... consórcio com o maldito Harry Potter.
Pensando nisso, freneticamente, Severus varava noites pesquisando em toda a literatura que seu avô tinha lhe indicado. Além disso, nos anos em que acreditara ser o último descendente de Koboldine vivo, Severus pesquisara os livros antigos sobre sua espécie e só encontrara relatos apavorantes – tudo parte da campanha de demonização de sua raça para uma exterminação mais eficiente. O genocídio tinha sido muito bem orquestrado.
Infelizmente, sua pesquisa não tinha avançado muito. Tudo indicava que ele não teria saída a não ser aceitar Potter como seu submisso. Afinal de contas, toda a literatura concordava com as palavras de seu avô: a alternativa era a morte.
Com um suspiro, ele começou a separar os ingredientes para uma poção muito especial, lembrando-se de uma certa noite, há uns 20 anos, na Sala Precisa.
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Harry estava começando a ficar assustado. Mais do que isso, estava assustando todo mundo perto dele, também. Uma coisa era certa, porém: ele certamente não estava no seu normal.
Será que Voldemort tinha conseguido um outro modo de controlá-lo que não por sonhos? Afinal, por que ele se via indo às masmorras quase toda noite, num impulso que não parecia ser capaz de controlar? Harry ficava vermelho só de lembrar que ele ficava parado em frente à porta de Snape, invisível debaixo da capa de seu pai, sentindo que havia proteções a impedi-lo de atravessá-la. Sem saber o que fazer, Harry ficava parado, olhando a porta, uma angústia no coração. Ele queria tanto entrar. Mas não se atrevia a irritar Snape. Aí Harry se sentava. Ali mesmo, no chão. Depois ele se deitava. Só acordava de manhã, atrasado para o café.
Isso estava acontecendo nas noites em que ele não tinha Oclumência e milagrosamente não tinha sido escalado para detenção com Umbridge. Na verdade, só fazia uns poucos dias que ele estava fazendo isso. Ele voltava para o dormitório enquanto os seus amigos iam na direção oposta, rumo ao Grande Salão. Ron e Hermione o enchiam de perguntas, mas ele só dizia que tinha ido andar um pouco para evitar os pesadelos de Voldemort e perdera o horário. Milagre que Umbridge ou Filch jamais o tivessem flagrado.
Até o feriado de Natal, os medos de Harry eram todos relacionados às visões do Lord das Trevas e à aproximação com Cho. Mas agora... havia essa... coisa. Estava ficando pior. Ele já não se importava com Cho. E Voldemort parecia distante. A coisa tomava todo seu tempo. Era uma ansiedade, uma angústia. E por que ele tinha a compulsão de ficar em frente à porta de Snape?
Harry ficava horas naquele lugar, horas a fio. Aquela noite não era nada diferente. Mas ele também estava cansado, quase exausto. Era uma montanha de trabalhos que os professores passavam, os N.O.M.s chegando, e ele ainda tinha que agüentar a Umbridge. Contudo, ele passava o dia inteiro pensando na coisa, a coisa que não tinha nome, mas que habitava todo seu corpo. Ele não podia negar um benefício: quando pensava na coisa, Voldemort não o atacava.
Naquela noite, Harry estava ficando cansado. Tão cansado que se sentou no chão, como sempre. Sem sentir, ele se deitou no chão, enrodilhado debaixo da capa de seu pai para dormir um pouquinho. Só um pouquinho, antes do café.
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Devia ser uma nuvem no céu, porque Harry nunca se sentira tão agasalhado, tão quentinho. Ele abriu um olho e viu-se diante de uma lareira. Por uns segundos, ele só ficou olhando a lareira, sem ter noção de onde estava. Em poucos segundos, seu cérebro voltou a funcionar.
E foi quando ele percebeu que ele realmente ainda não sabia onde estava.
Harry se sentou num pulo, dando-se conta de que estava num sofá estranho, diante de uma lareira desconhecida, num aposento que ele não fazia a menor idéia a quem pertencia. Olhou em volta, vendo a quantidade infindável de livros enfileirados, a esparsa e quase inexistente decoração.
Ao olhar para trás, viu ninguém menos do que o Mestre de Poções em pessoa a observá-lo. Harry levou um susto tão grande que quase caiu do sofá, tentando ficar de pé num pulo só e falhando miseravelmente.
O Prof. Snape o encarava de maneira intensa e disse, sua voz estranhamente neutra:
– Eu o levitei para dentro de meus aposentos no meio da madrugada antes que pegasse uma pneumonia.
Sem saber o que dizer, Harry apenas respondeu:
– O-obrigado.
– Você tem feito isso nas últimas noites, não tem?
– Er... sim, senhor.
Harry fixou seu olhar nos seus sapatos, vexado. Não sabia o que iria dizer. Não tinha como se explicar. Estava só esperando a explosão, os gritos, pontos retirados...
– Não se atrase para sua aula de Oclumência esta noite. Se você se apressar, poderá voltar a seu dormitório antes que seus colegas acordem para o café.
– Sim, senhor.
Harry saiu de lá ainda perplexo, mas a coisa estranha que vinha sentindo parecia ter melhorado. Ele caminhou para seu dormitório.
Ele jamais viu que seu professor de Poções tinha permanecido de pé, olhando a porta fechada, aspirando o suave aroma de pêssegos frescos que tinha ficado na sua sala de estar.
Próximo capítulo: Severus prepara uma poção conhecida, mas os resultados não são os esperados
