Os personagens pertencem a Kishimoto M.
Novo Começo
- Por HarunoX7
Ajeitei as luvas de plástico nos meus dedos. Dando a seguir, duas pequenas batidas na seringa cheia de um liquido transparente e esguichando pouco do mesmo. Girei o meu corpo em direção ao leito 12, encontrando apenas um carrinho de remédios e uma maca pouco bagunçada pelo paciente que me aguardava.
Olhei pro homem de cabelos avermelhados ao meu lado, certa de que com um único olhar ele entenderia meu pedido de ajuda e tendo como resposta um simples balançar de cabeça.
- Vai ser só uma picadinha, ta?
Olhos grandes e azuis desviaram seu olhar rapidamente de mim para a agulha acoplada a seringa, se tornando um pouco maiores e preocupados. Suas mãozinhas agarraram a manga da camisa do homem puxando-o, até que seu ouvido estivesse próximo o suficiente para sussurrar algo que não consegui entender.
- Fique calmo, Toshi-kun. - com uma voz calma tentava acalmar o garoto, enquanto sua mão direita acariciava as costas do mesmo. - A doutora Sakura não mentiria pra você, certo doutora?
- Mas é claro que não, Toshiro-kun. - acariciei sua franja bem cortada, me recostando na maca.- Só uma picadinha e você já vai poder ir pra casa.
- Tudo bem, doutora Sakura.
Peguei o algodão já com álcool e repassei, jogando-o no lixo ao lado e aplicando a injeção com cuidado. Os olhos de Toshiro seguiam agulha a todo momento, mas se fecharam rapidamente quando a mesma se aproximou da sua pele.
-Pronto. Acabou. - disse retirando a agulha e pressionando um algodão, agora puro, no local da agulhada, para que não saísse sangue. - Doeu, querido?
- Só um pouquinho, doutora Sakura. - falou baixinho, observando o algodão colorido. - Já posso ir pra casa?
Sorri enquanto arrumava o carrinho de remédios e descartava a seringa, junto com os outros materiais.
- Em alguns minutinhos, Toshiro. - ajeitei meu jaleco enquanto apertava a mão de seu pai, para logo depois lhe dar um beijo na testa. - Logo, logo você vai estar totalmente curado dessa gripe, ta?
O garoto balançou a cabeça para logo depois começar a conversar com o pai, algo sobre ele já ser um homem e agüentar muito bem a dor. Sai do espaço entre panos reservado para o leito 12, deixando os dois terem sua privacidade.
Eram 9 da noite, o hospital estava calmo, e mesmo a emergência, sempre agitada e barulhenta, estava silenciosa e praticamente vazia, apenas alguns casos de queda ou machucados pequenos que já tinha sido medicados. Já estava no fim do meu plantão e tudo que eu mais queria era dormir, de preferência até o meu próximo plantão, que era amanhã a noite.
- Já estou indo, Misaki. - avisei para a recepcionista, que estava abaixada procurando algo atrás da bancada da emergência. - Até a amanhã.
- Espere, doutora Sakura! - ela gritou ainda debaixo da bancada, subindo rapidamente com uma caneta em mãos. - Tsunade-sama passou aqui mais cedo, enquanto a senhora estava em cirurgia, e pediu que assim que seu turno acabasse a senhora fosse se encontrar com ela.
- Certo. Obrigada, Misaki. - disse enquanto pegava minhas coisas em cima da bancada e Misaki voltasse pra debaixo da bancada. Quando vi um prontuário, meio jogado ao lado do computado. - O que é isso?
Misaki olhou por cima dos ombros, enquanto arrumava sua mesa, firmando o olho no prontuário em minhas mãos para em seguida rolar os olhos.
- Ah, isso? Já tinha até me esquecido delas. - disse enquanto eu abria o prontuário dando uma olhada rápida. - Uma senhorinha chegou a pouco com a neta dizendo que estava com febre, mas já foi atendida. Só esta esperando alta.
- Em qual leito elas estão?
- Não precisa, doutora. A doutora Yamanaka esta pra chegar em poucos minutos. - disse olhando pro relógio. - Em três minutos pra ser exata, e a senhora ainda tem que passar na Hokage.
- Esta tudo bem, Misa-chan. Um paciente a mais não vai mudar nada. Em qual leito?
- Leito 7.
Abri o prontuário passando uma olhada nos pontos mais importantes e se o médico que atendera não tinha deixado nada passar.
- Boa noite, meu nome é Sakura e sou a médica que vai lhe atender agora. - disse empurrando o tecido que separava o leito.
- Boa noite. - a senhorinha de cabelos grisalhos, amarrados em um coque baixo e que olhos escuros perguntou me olhando desconfiada. - Quando posso ir pra casa?
- Oobasan! - a garota ao seu lado não devia ter mais de 15 anos, era a copia da mais velha, porem possuía cabelos loiros e rosto jovial. - Perdoe minha Obaasan, doutora. Ela esta agoniada pra ir pra casa desde que chegou aqui.
- Esta tudo bem,..
- Ume. - disse sorrindo ainda um pouco envergonhada. - E esta é a Chie-baa.
- Muito prazer, Ume-chan e Chie-sama. Não se preocupe, sua avó não é a única que quer ir pra casa.- me recostei próximo a maca onde estava a senhora sorrindo. - Gostaria de fazer umas perguntas, apenas para ter certeza que a senhora já pode ir pra casa.
Abri o prontuário novamente e peguei a caneta no bolso do jaleco, começando as perguntas. Tontura. Enjôo. Dor. Temperatura. Coisas básicas e só por precaução, já que outro médico já tinha examinado a senhorinha.
- Acho que é só. - disse olhando pro termômetro em mãos, este marcava 36graus. - Você já esta melhor, Chie-sama. Apenas evite fazer qualquer esforço, certo? Só vou assinar seu documento de alta, e vocês estão livres.
- Sakura-sama? - olhei pra garota rapidamente, já preparando meu discurso ensaiado sobre a desnecessidade do "sama", quando ela voltou a falar. - Quando chegamos eu deixei minha bolsa na recepção.
Balancei a cabeça, aguardando.
- A senhora pode ficar com a minha avó só enquanto eu vou lá pegar?
- Só se você parar de me chamar de Sakura-sama.
- Tudo bem, Sakura. - ela sorriu um pouco vermelha, já abrindo o leito. - Obrigada.
Continuei preenchendo o documento em minhas mãos, quando passei o olhar sobre a senhora na maca. Ela arrumava sua roupa, ainda recostada, só esperando a neta voltar.
- Você tem um coração bom. - disse, atraindo meu olhar e minha curiosidade. - Você merece o que esta por vir, minha menina.
- Do que a senhora esta falando? - perguntei.
- Eu sei de tudo que você já sofreu, de tudo que você chorou e tudo que você perdeu. Eu sei do quanto você lutou e continua lutando.- ainda não estava entendendo sobre o que ela falava, quando ela levantou e veio se sentar ao meu lado. - Sei que as coisas voltaram, mas nem tudo é como antes, certo? Você tem tudo que sempre quis, mas não se sente completamente feliz. Não se sente completamente amada. Sabe porque? Porque ele não é mais o mesmo.
A senhorinha colocou a mão no meu osso externo, um pouco pra esquerda, bem em cima do meu coração. Eu conseguia sentir os movimentos involuntários do coração, por causa da pressão que ela fazia, eu sentia a pulsação e quase podia ouvir o barulho que ele fazia a cada batimento.
- Ninguém manda nele, minha menina. É ele que manda em você. - com a outra mão ela ajeitou minha franja que caia.- Mas não se preocupe. Coisas boas estão por vir. Você só precisa estar aberta para elas, aberta para um novo começo.
- Eu não sei do que a senhora esta falando.
-Você vai entender.- ela sorriu se levantando. - Vai entender, minha menina.
Vi a senhora grisalha sair entre os panos do leito7 sem conseguir me movimentar, tudo ainda estava muito embaralhado.
- Prontinho. Desculpa a demor.. Onde esta a Oobasan? - virei meu rosto rapidamente pra entrada do leito, sem conseguir formular uma resposta. - Esta tudo bem doutora?
- Sim. - foi a única coisa que consegui dizer, antes de voltar o olhar para a cadeira a pouco ocupada.
- O que foi que ela te disse? - a garota me perguntou nervosa.
- Nada, só.. - falei rapidamente. - Algo sobre meu coração e alguma coisa que esta por vir. Nada demais, não se preocupe.
- Não ligue pra Obaasan. Ela adora se fingir de vidente. - ela sorriu amarelo, enquanto eu ainda estava perdida em pensamentos. - As vezes acho que ela faz de piada. Mas de qualquer jeito, obrigada. Tenha uma boa noite, doutora.
- Obrigada.
Continuei sentada, ainda sem conseguir levantar por vários minutos. Tudo que a velhinha tinha me dito rondava a minha mente, tudo se encaixando, tudo fazendo cada vez mais sentindo e me fazendo pensar se e o que..
- Testuda! - o grito me fez da um pulo, derrubando a cadeira e me fazendo ficar em pá finalmente. - O que você esta fazendo aqui, parada igual uma idiota?
- Nós estamos em um hospital, se não reparou nisso ainda, porca. - eu disse enquanto levantava a cadeira.
- É isso mesmo que quero saber. - ela colocou as mãos na cintura. - O que você esta fazendo aqui ainda, seu turno acabou tem um tempão. E segundo Misa-chan a paciente foi embora a mais de 15 minutos.
15 minutos?
- Testuda? - Ino me chamou novamente, me fazendo olhá-la - Você esta bem? É por causa do julgamento do Sasuke? Se quiser posso trocar de turnos com você e..
- O que? Trocar de turnos? Porque? - perguntei rápido. - Não, não é o julgamento. Só estou cansada.
- Você tem certeza?
- Absoluta. - disse pegando novamente minha bolsa. - Amanhã de manhã vou estar novinha em folha.
- Que bom. - ela disse ainda sem acreditar um pouco em mim. - Ouvi dizer que vamos ter visitas amanhã. Nem me pergunte, não sei quem é.
- Visitas. Tudo bem.- disse dando um beijo em Ino. - Boa noite, garotas.
Sai do hospital me despedindo das pessoas por quem eu passava, em direção a rua. Um vento calmo e fresco de primavera me acompanhou por todo o caminho.
E os pensamentos sobre uma certa conversa também.
Cheguei em poucos minutos a torre central da Hokage, subiu todos os andares apenas cumprimentado poucos ninjas que via pela frente.
- Pode entrar. - disse Tsunade depois de dois toques na porta. - Sakura. Que bom que veio.
- Boa noite, Tsunade-sama. - disse me curvando um pouco.- Me desculpe a demora.
- Sem problemas. - balançou a mão rapidamente, procurando alguns papeis em meio a pilha da sua mesa. - Tenho uma missão para você.
- Missão?
- É mais como uma tarefa. - falou amassando um papel e jogando-o no chão. - Amanhã nos vamos ter visitas. Esta sabendo algo sobre isso?
- Ino comentou algo sobre isso, mas disse não saber do que se tratava.
- Como sabe, Konoha é muito bem preparada no campo da medicina e também muito bem relacionada com as outras vilas próximas. - balancei a cabeça, incentivando ela a continuar. - Gostaria que você apresentasse todo o hospital geral amanhã para nossos convidados, desse algumas amostras, talvez alguma cirurgia..
- Sim senhora, Shishou.
- E fosse o mais cordial possível com eles. - ela me olhou rapidamente, para logo depois voltar a prestar atenção as folhas em suas mãos. - Não é todo dias que o Kazekage, em pessoa, decide fazer uma visita, minha menina.
