Acordei nessa manhã e sorri. Inclinei-me delicadamente para pegar meu celular em cima da mesinha de cabeceira da cama e comecei a escrever.
"Sou Sakura Haruno, tenho 20 anos e estudo no 4º semestre de medicina da Tokyo University. Hoje estou pensando em como saí da friendzone. Então, isso aconteceu há um mês..."
Era pouco mais de 4 da tarde quando eu cheguei à universidade para minha ultima aula do dia e vi o Ino, minha colega de curso e melhor amiga, vindo correndo até mim.
- Sakura!
- O que houve Ino? – perguntei confusa com a cara nervosa que ela fazia.
- Sasuke... Ele aceitou um desafio e está nesse momento lutando com um caro do curso de Arquitetura...
- Como assim? Ele está com o braço quebrado! – eu quase gritei.
Sasuke era o meu melhor amigo desde que eu me entendia por gente, nós passamos o ensino médio separados, mas depois nos reencontramos aqui em Tóquio assim que vim fazer faculdade, a partir de então dividimos um apartamento. Eu sempre tive um amor platônico por ele, e agora parece que só tinha aumentado.
Ele participava de uma fraternidade da Universidade e adorava lutar e participar de rachas, em um desses rachas ele acabou caindo de sua moto e quebrando o braço.
- Mas ele aceitou. – Ino disse.
Oh não! Como Sasuke era teimoso! Ele não podia lutar com um braço quebrado, isso é obvio, mas se tem alguém que eu conheço esse alguém é Sasuke Uchiha, e ele não recua de nenhum desafio.
- Vamos lá! – eu disse e comecei a correr em direção onde eles faziam essas lutas.
Eu odiava aquele lugar, só havia ido lá uma vez e me arrependi. Era cheio de gente, música alta, bebida alcoólica e promiscuidade.
Assim que chegamos ao velho prédio, entramos rapidamente e fomos em direção ao enorme porão. Já dava de se escutar a música eletrônica altíssima junto com as vozes de várias pessoas. Assim que cheguei vi Sasuke, ele já estava no ringue e o locutor já estava chamando o adversário de Sasuke. Tentei passar pela multidão, mas era muita gente aglomerada em volta dele.
- SASUKE! – gritei tentando chamar sua atenção, mas a música alta combinada ao som das vozes de toda aquela gente se tornava impossível ele me ouvir.
- Não adianta. – Ino falou depositando a mão em meu ombro.
Apreensiva, esperei a lutar começar. Meu coração estava incrivelmente acelerado, minhas mãos suavam e eu não parava de orar para que Sasuke não se machucasse.
Tudo estava indo bem, Sasuke conseguia se sair tão bem socando apenas com uma das mãos do que o seu adversário com as duas. Eu contava os segundos para que aquela tortura terminasse e eu pudesse sair daquele lugar imundo. Faltava pouco para terminar, o adversário de Sasuke já cambaleava, mas em um momento ele socou o rosto de Sasuke que o fez bater com tudo em uma das colunas do ringue. Arfei quando percebi que o braço machucado bateu no concreto. De onde eu estava não dava para ver direito, mas eu sentia que Sasuke sofria.
Depois da pancada, Sasuke voltou e esmurrou a cara do adversário o fazendo cair no ringue e terminando com a luta. Enquanto a multidão se dispersava, eu corria ao seu encontro o mais rápido que podia. Ele me viu assim que cheguei onde ele.
- Sakura o que faz aqui? – ele perguntou enquanto enxugava o suor com uma toalha.
- Eu estava preocupada com você. – falei com minha melhor cara de brava.
- Você sabe que não precisa se preocupar e sabe mais ainda que eu não gosto quando vem aqui. – ele disse se aproximando de mim de maneira protetora.
- Não preciso me preocupar? Sasuke, seu braço está machucado, como se atreve a lutar?
- Você acabou de ter a prova de que eu luto tão bem com um dos braços quanto com os dois... – ele disse com um sorriso de canto que me fazia derreter.
Era difícil raciocinar com Sasuke tão perto de mim, e ainda seminu e exalando testosterona. Respirei fundo e concentrei minha atenção em seu braço enfaixado.
- Vi que machucou seu braço. – informei tocando levemente seu braço com a ponta dos dedos. Ele se encolheu. – Dói?
- Não. – ele disse olhando nos meus olhos.
Sasuke desviou o olhar para alguns caras que passavam e olharam para minhas pernas nuas por conta da saia que eu vestia. O olhar de Sasuke fez com que parassem de me secar, não apenas por Sasuke se famoso por suas lutas sempre vitoriosas, mas também por seu porte físico e altura de mais de 1, 90 metros...
- Vamos sair daqui...
Sasuke vestiu uma camiseta e me puxou com o braço bom por uma porta. Logo já estávamos fora do prédio e eu podia finalmente respirar.
- Por isso que eu não gosto que venha aqui. Não poderia ter vestido uma saia maior? – ele disse ainda me puxando. Notei que ele estava nos direcionando para o estacionamento.
- Não tem nenhum problema com a minha saia!
- Esses caras são como urubus. Só querem um pedaço de carne, e quando tem carne nova e apetitosa, eles caem em cima sem dó nem piedade.
- Não me diga... Você tem o histórico tão sujo como o deles.
- Eu não corro atrás de ninguém, só fico com as garotas que vem para mim. – ele disse erguendo uma sobrancelha.
Tive que me controlar para não dar um grande soco em seu braço machucado.
Ficamos em silencio até chegarmos ao estacionamento.
- Vamos para casa. – ele disse.
- O que? Mas eu tenho uma aula, quer dizer, já era para eu estar lá.
- Qual o problema faltar uma aula? Eu já fiz essa matéria, depois eu posso te explicar.
- Porque você não vai sozinho?
- Por um acaso eu estou com o braço machucado e você me ameaçou com uma colher de ferro caso eu me atrevesse a pilotar minha moto.
- Ah claro, eu deveria ter ameaçado sobre a luta também. – falei entrando em meu carro.
Ele logo entrou e dei partida. Nosso apartamento era um pouco longe da universidade, então eu logo quebrei o silencio que se instalou.
- Então qual o problema de eu ficar com os garotos que vem até mim?
- O problema? O problema é que eles só querem comer você. – ele disse e assim eu me calei por um instante.
- Você acha que ninguém pode me amar, não é mesmo? – perguntei tentando controlar minha visão embaçada por conta das lágrimas.
- Não é isso, Sakura... É que, a vida não é um conto de fadas, e você pode se machucar muito se pensar assim.
- Eu não sou uma criança, você não precisa me proteger insanamente desse jeito.
E não falei mais nada. Era sempre assim, Sasuke me tratava como se eu fosse uma garotinha que não conhece nada da vida, e na verdade eu era, era por conta dele. Ele nunca me deixava fazer nada, sempre tentava me proteger, e isso já estava passando dos limites.
Assim que chegamos ao nosso apartamento entrei primeiro. Tinha a noção da musculatura alta e forte de Sasuke atrás de mim, o que era intimidador e reconfortante ao mesmo tempo.
- Pode me esperar na sala, quieto, enquanto eu pego o quite de primeiros socorros? – falei com o tom mais irritado possível.
Não olhei para trás, mas ele pareceu encolher os ombros e sentar no sofá enquanto eu ia até a pequena dispensa do apartamento em busca da caixinha com o quite de primeiros socorros.
Quando voltei à sala Sasuke ainda estava lá, mas agora estava sem camisa e parecia analisar a gravidade do machucado.
- Acha que precisa ser verificado por um médico? – perguntei anunciando minha volta.
Ele ergueu os olhos do machucado.
- Não, não é nada grave. – ele disse enquanto eu me sentava à sua frente, na mesinha de centro.
- Nada para você é grave. – falei mexendo na caixa e pegando um tubo de antisséptico e ataduras.
- Isso não é verdade. – ele protestou.
- Como se eu não te conhecesse como a palma da minha mão... – eu cuidava de suas mãos, sem querer olhar para seus olhos, ainda estava irritada.
- Tudo em relação a você é grave. – ele disse e eu parei o que estava fazendo imediatamente, ainda sem olhar para seu rosto. – Me desculpa pelo que eu disse ainda há poucos minutos, eu sei que você já não é aquela garotinha que eu conheci há tanto tempo...
De repente eu já não conseguia ter controle da minha pressão cardíaca, nem dos meus movimentos. Eu sabia que aquilo poderia ser somente uma preocupação de amigo, de irmão de consideração, mas no fundo do seu coração algo me dizia que era a resposta que há tanto esperava.
- ...Não me leve a mal, eu sei o quanto você é forte, mas... Eu não quero te ver machucada. Você não entenderia...
- Eu não entenderia o que? – perguntei e dessa vez tive coragem de olhar em seus olhos.
Naqueles olhos eu pude ver tantas emoções, tantos sentimentos que nunca tinha visto antes. Sasuke sempre foi controlado quando o assunto era demonstrar suas emoções, seus sentimentos, mais puros. Seus medos, sua aflição, seu amor... Mas naquele momento eu pude ver tudo, e eu quase tive a certeza.
- Que eu não posso, não posso não querer te proteger de tudo, não querer te trancar dentro de casa e nunca mais sair, não querer te trancar comigo, só nós dois, porque eu não consigo pensar em você com outro alguém se não comigo. – ele finalizou ofegante.
Eu não sabia o que dizer, o que fazer. Aquele era o momento que eu havia esperado por anos, que eu ensaiara incontáveis vezes o que fazer, e não ia desperdiçar.
Levantei da mesinha, ficando em pé e olhei para Sasuke, que parecia tão vulnerável me olhando de um jeito suplicante. Cheguei mais perto dele e me inclinei, ele pareceu surpreso por minha atitude recíproca, mas isso só demorou alguns instantes até ele se inclinar para mim e me puxar para seu colo com os lábios colados nos meus.
- O que está escrevendo ai? – Sasuke perguntou, me tirando do devaneio.
Desliguei o celular e o pus onde estava antes.
- Nada. – eu respondi com o tom manhoso, me aninhando em seu peito quente.
O clima naquela época do ano era ameno. Estávamos em um lindo chalé da família de Sasuke, ele só era usado em datas comemorativas como Natal e Ano Novo, e eu já havia vindo aqui várias vezes com a família dele antes.
Nunca pensei que existe algo melhor que beijar Sasuke, mas parece que existia, e eu havia descoberto hoje.
Parece que lendo meus pensamentos, Sasuke começou a trilhar beijos úmidos por meu ombro e peito nu. Gemi.
- O que foi? Te machuquei? – ele perguntou alarmando.
- Não. – balancei a cabeça me divertindo com a cara de pânico dele. – Esse gemido foi de "Muito bom, continua, eu estou pronta para nossa segunda vez."
Ele riu baixinho e voltou a me beijar.
