TAILS OF THE NIGHT

Cap 1

Era uma noite escura e fria. O vento e a trovoada anunciavam uma tempestade iminente. Na floresta, o teatro de sombras e sons noturnos narravam histórias sombrias.

O pequeno filhote vagava solitário.

Tremia não só pelo frio, que era amenizado por um trapo que adornava seu pescoço e parecia um dia ter sido branco... mas pelo triste fim que lhe esperava.

Ele era diferente dos outros. Sempre fora, e isto sempre foi óbvio. Porém, era o motivo principal para a negligência dos que deveriam protegê-lo e da perseguição e implicância dos demais.

Ninguém o amava, todos o odiavam. E ele nem sabia o que tinha feito para merecer tal tratamento.

Era uma existência curta, contudo não via motivos para prolongá-la.

Naquela floresta habitavam criaturas tenebrosas que faziam banquetes de sangue e dançavam animados pelo som dos gritos desesperados de suas vítimas. Cujos olhos brilhavam de prazer ao notar o terror que refletia nas lágrimas derramadas e súplicas por uma morte breve, pelo fim de seu tormento.

Seres que não pertenciam ao reino dos vivos, nem dos espíritos. Entes de uma maldade infinita, que se puseram fora do ciclo natural de nascer, crescer e morrer.

O pelo branco e preto do filhote estremecia a cada som, camuflado no mar de sombras enquanto esperava pela entidade mais odiada e temida por seu povo.

Podia sentir... sim, jurava que podia sentir um cheiro de algo tão antigo, uma ausência de vida... um frio na espinha... o riso da floresta zombeteira diluído ao vento.

Então, notou uma figura diante de si. Não era grande, mas ouvira dizer que entre vampiros, tamanho não costumava ser documento. E aquele brilho no olhar dourado...

Fechou os olhos com pavor, ao pressentir um movimento em sua direção. Estava ali procurando pelo próprio fim, porém, agora que o encontrara, seu corpo petrificado lhe impedia de fugir, mesmo que quisesse.

Sentiu mãos frias e aparentemente delicadas levantando seu corpo, e quando deu por si, estava envolto em um abraço inusitadamente carinhoso. Apesar daquele corpo ser frio, o pequeno nunca recebera um gesto tão caloroso, nunca se sentira tão vivo. Ainda mais quando uma voz animada e jovial festejou:

"Que bonitinho, aru!"

A cena terna durou poucos segundos... até que o vampiro estranhou algo macio e felpudo batendo ritmicamente contra seu corpo. Separou o pequeno, hesitante, para analisá-lo e bradou, surpreso:

"AIYA! DESDE QUANDO PANDA ABANA O RABO?"