Out In The Open
Por Little0bird
Traduzida por Serena Bluemoon
Tradução autorizada pela autora!
Disclaimer: A Autora, Little0bird, não possui Harry Potter, apenas o plot desta fanfiction. A tradutora, Serena Bluemoon, não possui nem o plot, nem Harry Potter, apenas o trabalho de traduzir. Nenhuma das supracitadas ganha qualquer coisa além de satisfação pessoal e comentários.
Avisos:
1) Vou tentar manter a maioria das traduções dos livros, mas uma coisa ou outra eu vou manter no original. Qualquer dúvida quanto aos termos originais, só perguntar.
2) Nomes mantidos no original, por que é o tipo de coisa que não se traduz. Não souber quem é pelo nome original, só perguntar.
3) Essa fic tem várias partes que não dependem, necessariamente, da outra. Se quiser manter a ordem, esta se encontra no meu perfil.
4) Esperem quatro atualizações por mês: toda sexta-feira.
5) CONTEÚDO SLASH – HOMEM/HOMEM. Se não gosta, não leia. Babaquices contra o conteúdo serão prontamente ignoradas.
Espero que gostem, e comentem.
Capítulo Um
Out In The Open
(A Céu Aberto)
Dudley entrou no parque Clayhall, verificando se as notas de dinheiro que trouxera estavam seguras no bolso de seu short, e que a chave de seu apartamento estava no outro bolso. Começou a trotar pelo caminho ao redor do campo de futebol. Um grupo de homens estivera jogando uma partida de futebol ali semanalmente pelos últimos meses e um em particular chamara a atenção de Dudley. Ele era alto, quase tão alto quando Dudley, magro, com cabelo escuro e grosso, que parecia encaracolado se fosse permitido crescer além do corte rente. Dudley não sabia nada sobre o homem, além do fato de que ele jogava como se sua vida dependesse disso. Dudley manteve metade de sua atenção no jogo, tentando parecer que não estiva seguindo as ações da figura ágil jogando futebol, que capturava sua completa atenção. Continuou a correr, até que quase houvesse completado seus nove quilômetros semanais, resolutamente desviando sua atenção do jogo de futebol quando sentia seu ritmo diminuindo para um quase caminhar. Consequentemente, fora uma completa surpresa quando a pessoa que assombrava seus pensamentos correu para fora do campo, atrás da bola de futebol.
Dudley tentou desviar do homem, mas apenas conseguiu trombar nele. Sem pensar, Dudley passou seus braços ao redor de sua vítima, girando de modo que recebesse o impacto da queda, torcendo o tornozelo no processo.
- Desculpe. – Dudley ofegou, respirando com um pouco de dificuldade. – Não te vi...
- Não se desculpe. Eu entrei no meio do seu caminho. A culpa é completamente minha.
Dudley certamente conseguiria murmurar algo em retorno, mas estava olhando para o lábio inferior do homem, cercado pela barba matinal. Estava imaginando qual seria a sensação, o coração pulsando, enquanto lentamente lhe ocorria que ainda estava com os braços ao redor do homem e corou dolorosamente.
- Caramba... – Dudley se sentou, soltando o homem e se erguendo em um pulo, fazendo uma careta quando seu peso pousou sobre o tornozelo que machucara na queda. – Oh, maldição, isso dói... – gemeu, tirando o pé do chão.
- Deixe que eu chame um táxi para você. – o homem disse, começando a caminhar na direção de várias mochilas no chão do campo.
- Não, está tudo bem. – Dudley protestou. – Foi só uma torção. Posso caminhar. – deu alguns passos hesitantes, mas estava mancando muito.
- Oi! Aaron! Você vai jogar ou não? – um jogador perguntou do campo.
Aaron jogou a bola de uma mão para a outra, considerando. Jogou a bola para o outro homem.
- Não! – Aaron respondeu, correndo para pegar sua mochila e voltar até onde Dudley estava. – Pelo menos deixe que eu lhe compre uma xícara de café e ache um pouco de gelo para esse tornozelo. – ofereceu.
Dudley secou o suor de seu rosto.
- Certo. – respondeu relaxadamente. Por dentro, estava quase pulando de alegria. Não estava preparado para o braço de Aaron em sua cintura. Aaron sorriu.
- Conheço esse lugar realmente bom em Longwood Gardens. Nós; os outros caras e eu; vamos lá depois do nosso jogo. Carrie, a gerente, está acostumada conosco, ou os garotos do Rugby, aparecendo com arranhões e luxações. Ela tem um kit de primeiros socorros no balcão. Talvez ela tenha uma bandagem. Ou podemos comprar uma. – Aaron tagarelou, mantendo o ritmo da conversa. – Aliás, sou Aaron. – falou. – Um pouco atrasado, considerando que eu te machuquei.
- Dudley.
- Você corre aqui sempre?
- De vez em quando. – Dudley fez uma careta quando sentido uma pontada em seu tornozelo machucado. – Nove quilômetros por dia.
Aaron soltou um assobio apreciativo.
- Isso que é dedicação.
Dudley engoliu em seco.
- Algo assim. – era muito mais do que dedicação. Isso mantinha seus medos sob controle. – Você realmente não precisa me dar apoio...
Aaron lhe deu um sorriso brilhante.
- Não tem problema. – Aaron tinha notado Dudley correndo ao redor do campo durante seu jogo semanal de futebol com os amigos da faculdade. Dudley ainda não perdera um domingo, ainda que Aaron e seus amigos fossem para seu Café favorito quando o tempo estava ruim. Era difícil não notá-lo. Dudley era apenas grande. Não havia outro jeito de descrevê-lo. Ele não era gordo, ou musculoso demais, apenas em forma. Aaron imaginou se Dudley realmente gostava de futebol ou se ele tinha outros motivos para escolher aquele campo em particular.
Mancaram até o Café movimentado que Aaron indicara e ele colocou Dudley sentado na cadeira de uma mesa vazia e desapareceu dentro do Café. Dudley esticou o tornozelo, erguendo a meia para examinar a extensão do ferimento. Não parecia ser terrivelmente sério. Estava um pouco inchado e conseguia mexer os dedos, sentindo pouca dor. Aaron voltou, guiando uma mulher com a aparência de avó, que segurava uma bolsa plástica cheia de gelo em uma mão e um kit de primeiros socorros na outra.
- Coloque o pé aqui em cima, querido, e vamos dar uma olhada, certo? – disse para Dudley, dando um tapinha no colo. Relutantemente, Dudley obedeceu e ela tirou seu tênis gentilmente. Ela cutucou um pouco seu tornozelo, antes de abrir o kit de primeiros socorros e pegar uma tornozeleira.
Aaron cutucou Dudley.
- O que vai tomar?
- Café. Descafeinado...
- Leite, açúcar?
- Preto.
Aaron estremeceu zombeteiramente.
- Isso é cruel.
- Gosto adquirido. – Dudley sentiu um sorriso aparecer no canto de sua boca. – E um pouco de água, também. – há muito tempo tinha parado de colocar leite ou açúcar em seu café ou chá. Ainda tinha uma foto de si mesmo, antes de começar o colegial. Nunca mais queria ser aquela pessoa. Então, ele controlava estritamente o que comia e se exercitava seis dias da semana.
- Tem que pedir para um médico examinar esse tornozelo, querido. – Carrie disse, cuidadosamente enrolando a bolsa de gelo em uma toalha e a colocando sob o tornozelo de Dudley.
- Se não melhorar até amanhã. – prometeu.
Aaron voltou mais uma vez para a mesa, segurando duas xícaras de café e uma garrafa de água presa sob seu braço.
- Obrigado, Carrie. –falou.
- Nenhum problema. – ela deu um último tapinha no tornozelo de Dudley, antes de segurá-lo em suas mãos, enquanto se levantava, e o colocou sobre a cadeira que liberara, antes de voltar para dentro do Café.
- Então... – Aaron passou a xícara para Dudley. – Dudley. De onde você é?
- Little Whinging, em Surrey. Eu moro aqui em Barkingside. Em um apartamento que quase não se classifica como apartamento. – tomou um gole de seu café. – Você?
- Cresci em Londres. E, como você, moro aqui em Barkingside. Sou um advogado. Trabalho com problemas de direitos humanos.
Dudley olhou para sua xícara.
- Eu dou aulas. – murmurou.
- Sério? Brilhante! – Aaron se inclinou para frente. – O que você ensina?
- Matemática. Para a terceira série. Na Escola Parkhill Junior. – Dudley se sentia envergonhado e fora de seu alcance.
- Você está vendo alguém?
- No momento? Não. – fazia alguns meses desde seu último encontro.
- Você gostaria de jantar nesse final de semana? Comigo? – Aaron se recostou em sua cadeira, tomando um gole de café.
Os olhos de Dudley se arregalaram, sua xícara erguida a meio caminho de sua boca.
- O quê?
- Oh, Deus. Você não é gay. - Aaron murmurou, surpreso. – Eu sinto muitíssimo. É só que eu vi você assistindo o futebol e, bem, eu vi você me... Observando... Eu achei ter te visto me observando...
- Oh, não. Eu sou. E estava... – Dudley tomou outro gole de café para esconder sua confusão. – Só fiquei surpreso, isso é tudo...
- Por quê?
- Não me chamam para sair muito frequentemente. – Dudley balbuciou. – Bem, eu não saio muito, também...
Aaron riu.
- Está com seu celular?
- Não.
Aaron parou de rir.
- Você é maluco? Sair para correr sem seu celular? E se você se machucasse, e ninguém estivesse por perto para te ajudar? – Aaron balançou a cabeça. Parou um garçom que estava passando por sua mesa. – Me empreste sua caneta, eh? – pegando a caneta do garçom, Aaron rabiscou seu número no guardanapo de papel e o passou para Dudley, antes de pegar seu celular. – Qual o seu número? – surpreso, Dudley o passou para Aaron. – Eu te ligo, então. Você gosta de frango?
- Sim.
- Ótimo. Eu vou cozinhar o jantar para você no sábado à noite. – Aaron voltou a se recostar em sua cadeira. – Agora. Se você não vai me deixar pagar um taxi para você, talvez possamos dividir um?
Dudley começou a protestar, antes de assentir. Era uma caminhada longa até seu apartamento.
- Tudo bem.
Aaron sorriu, aparentemente satisfeito.
- E eu vou te ligar amanhã.
-x-
Aaron colocou uma pilha de documentos dentro de sua pasta, enquanto brigava com seu celular. Deslizou pelos números de seus contatos, e pressionou o botão para ligar para Dudley.
- Alô? – a voz de Dudley soou confusa.
- Como está o tornozelo?
- Quem é?
Aaron pendurou a alça da pasta no ombro.
- Aaron. Bernstein. Você trombou comigo ontem, no parque Clayhall.
- Você ligou... – Dudley não conseguiu esconder a surpresa de sua voz.
Aaron caminhou até o elevador.
- É claro que liguei. Eu disse que ligaria. – assentiu para um colega em forma de cumprimento e continuou. – Como está o tornozelo?
Dudley fez uma careta e ergueu seu tornozelo bem imobilizado.
- Horrível. Acordei essa manhã, e estava do tamanho de uma toranja. E azul.
- Não parece ser bom.
- Torci feio. O médico me disse para não apoiar nesse pé o máximo possível, e mantê-lo imobilizado. Mandou usar muletas. – Dudley contou. – Vai demorar umas duas semanas para curar, então nada de correr por enquanto. – suspirou.
- Você precisa de alguma coisa?
- Estou bem.
- Consegue aguentar companhia? – o silêncio passou por eles.
- Por quê? – Dudley deixou escapar.
- Por que eu gostaria de te ver. – Aaron respondeu.
- Oh. Erm. Tudo bem... – a garganta de Dudley se apertou. – Você se lembra do endereço?
- Sim. Estou perto da cidade, então vou demorar um pouco para conseguir chegar.
Dudley olhou ao redor do apartamento. Estava, como sempre, quase dolorosamente limpo, exceto pelo tênis que deixara perto da porta na noite passada.
- Brilhante.
Aaron conseguia praticamente sentir a apreensão passar pelo celular.
- Relaxa, eh? Mesmo que estivesse com pilhas de trabalhos para corrigir, eu não me importaria. Eu estou indo ver você, não o apartamento. – a palpável inquietude de Dudley fez Aaron parar. – A não ser que você não queira que eu passe aí?
- Não. Quero dizer, sim. Quero dizer... Seria legal te ver.
- Me dê uma hora. – Aaron desligou o celular e o colocou no bolso da calça, enquanto descia correndo as escadas do metrô. Dudley era um pacote de contradições. Aparentemente confortável consigo mesmo, e ao mesmo tempo aterrorizado de ser si mesmo. Deu de ombros quando as portas do trem se abriram e ele embarcou, encontrando um lugar vago.
Ensinado por sua mãe a nunca aparecer de mãos vazias, Aaron parou na tenda de seu verdureiro favorito, e examinou as pilhas de frutas, hesitando por não saber se Dudley era alérgico a alguma coisa. Ficou indeciso entre laranjas e uvas e, finalmente, foi embora com um pacote de laranjas, uvas vermelhas e morangos. Aaron entrou em uma pequena loja de esquina. Tinha uma fraqueza por chocolate, e se Dudley não gostasse das frutas, poderia se contentar com o chocolate.
O som da campainha tirou a atenção de Dudley da revista que estivera tentando ler, mas repetidos olhares para a porta o fazia se perder no texto. Desajeitadamente, se ergueu e usou as muletas para ir até a porta. Conseguia sentir as orelhas corarem quando a abertura da porta revelou Aaron parado no patamar.
- Olá. – disse, fazendo uma careta para o quão sem ar sua voz soara.
- Sinto muito. – Aaron disse sem preâmbulos, enquanto oferecia o pacote de papel.
Inclinando-se sobre suas muletas, Dudley recuou e pegou o pacote, espiando dentro.
- Eu amo morangos. – murmurou.
- Quem não ama? – Aaron retorquiu atrevidamente.
Dudley ergueu o pacote de frutas.
- Pode levar até a cozinha? Eu ainda não descobri como carregar algo e andar ao mesmo tempo.
Aaron se estapeou na testa.
- É claro. Eu não estava pensando.
- É por ali. – Dudley direcionou, apontando para uma porta de vai-e-vem. Voltou para o sofá, acomodando seu pé em uma almofada. O som das portas dos armários sendo abertas e fechadas foi seguido pelo som de água corrente. Aaron voltou com um prato de uvas e morangos, e uma barra de chocolate na outra mão, se sentando ao lado de Dudley no sofá. Ofereceu o prato com um sorriso afável. Os dedos de Dursley hesitaram sobre os morangos frescos. Escolheu um e o mordeu com um ronronar de prazer. Era perfeito. – Obrigado. – disse, usando o dedão para secar uma gota do suco do morango do canto de sua boca. – Você vai me deixar comer tudo isso sozinho?
- Não. – Aaron abriu a embalagem do chocolate e quebrou um pedaço, o oferecendo a Dudley, que puxou o ar com força, mas balançou a cabeça. – Não gosta? Todo mundo gosta de chocolate.
- Não. Eu amo chocolate. – Dudley disse ansiosamente. – Mas eu... – sua voz morreu, enquanto olhava para o pequeno quadrado de chocolate sendo segurado sob seu nariz. – Suponho que apenas um não vá machucar... – olhou severamente para Aaron. – Apenas um. – aceitou o chocolate e o colocou na boca, deixando-o derreter em sua língua. Quando se tornou apenas uma memória, rapidamente pegou um punhado de uvas. – Isso se qualifica como um encontro? – perguntou meio brincalhão.
- Se você quiser. – Aaron riu. Acomodou-se contra o estofado do sofá. – Então... Irmãos? Irmãs?
- Filho único. Você? – Dudley estudou as uvas. Até elas eram o equilíbrio perfeito de severa doçura. Como ele faz isso?
- Um irmão. Daniel. Não nos falamos.
- Oh?
- Ele é mais velho. Seis anos. E Daniel nunca é pontual, para nada. Ele está sempre irritantemente adiantado para tudo. Ele foi jantar em casa uma vez, e chegou mais de uma hora antes do combinado, e me pegou no meio de um amasso furioso com Jack Baines, da escola. Mais do que amassos, na verdade. A mão de Jack estava dentro da minha calça... – Aaron tossiu de leve, um leve corar tingindo suas bochechas. – Jack e eu tínhamos dezesseis. Daniel e eu tivemos uma discussão horrível, que terminou com ele me declarando morto. Ele fala com meus pais, mas não comigo. Eu visito meus pais quando Daniel não está lá.
- Eles sabiam sobre você? – Dudley perguntou.
- Sim. Minha mãe só queria saber se eu lhe daria netos algum dia, e meu pai perguntou se eu ainda poderia ser advogado. Eu tive sorte. Tenho alguns amigos cujos pais não aceitaram tão bem.
- Posso imaginar. – Dudley olhou para suas uvas. Não precisava usar sua imaginação. Conseguia ouvir os protestos de sua mãe se algum dia tivesse coragem de contar. – Stuart Menzies. – disse de repente.
- E?
- Meu primeiro beijo. – Dudley disse timidamente, se lembrando da sensação de leveza que passou por seu corpo quando a boca de Stuart tocou a sua. – No penúltimo ano do colégio. Não tinha certeza de que voltaria para o último ano.
- Por quê?
- Surpreendentemente, não foi por causa do meu desempenho acadêmico. – Dudley informou secamente. – Eu não me saí muito bem nos primeiros anos. Não, foi por que meus pais e eu saímos do país.
- Por quê?
O maxilar de Dudley trabalhou silenciosamente por um momento. Odiava mentir para alguém tão legal quanto Aaron parecia ser.
- Negócios. – disse curtamente. – Eles providenciaram tudo para que eu completasse minha educação por correio. – na verdade, tinha sido o pessoal de Harry que tinha feito isso. Seu trabalho escolar tinha aparecido misteriosamente na casa em que ele e seus pais estavam escondidos, e tão misteriosamente quanto apareceram, eles sumiam para serem corrigidos e devolvidos com comentários impressionados com a qualidade do trabalho. Dudley não tinha mais nada com que se distrair durante aqueles meses, então fora capaz de se focar completamente em seus estudos. O bruxo e bruxa foram capazes de ajudar no que tratava de literatura e história, um pouco de biologia, e eram completamente inúteis em trigonometria. Dudley conseguiu se virar com trigonometria, que consistia mais em lógica, sem muitas noites de frustração.
- Quem são esses nas fotos?
Dudley voltou ao presente e seguiu o olhar de Aaron até a coleção de fotos sobre o pequeno parapeito da lareira.
- Meu primo, Harry, e sua esposa. Seus meninos. – Aaron foi até o parapeito e pegou uma foto, passando-a para Dudley, que a pegou, tocando cada figura com um dedo. – Harry. Ginny. Eles se casaram há, oh, oito anos. O filho mais velho, James, e o mais novo, Al. Bem, não por muito tempo. – o dedo de Dudley traçou a visível curva da barriga de Ginny. – Ela deve nascer no começo de agosto. Uma garota que vai se chamar Lily. – a cabeça de Dudley se inclinou. – E a última, se Ginny tem algo a dizer sobre o assunto. – adicionou desejosamente.
- Você quer isso tudo? Bebês e casamento?
Dudley cuidadosamente deixou a foto de lado.
- Minha tia costumava dizer que as pessoas no inferno queriam água gelada. Eu posso querer, mas provavelmente é melhor se eu não tiver. – ele ficara com a ideia de que não tinha qualificações para ser o parceiro de alguém, considerando o exemplo que tivera enquanto crescia.
Conversaram noite à dentro, até que a fala de Dudley fosse pontuada por bocejos. Aaron apertou os olhos para o relógio, sentindo uma pontada de culpa.
- Eu realmente te devo um pedido enorme de desculpas, não é? Primeiro, eu te deixo incapacitado, e depois te deixo acordado até tarde. Imagino que você tenha que acordar cedo amanhã.
Dudley abafou um bocejo e balançou a cabeça.
- O semestre terminou agora. O próximo só começa no final do mês.
- Mudei de ideia. Tenho um senso de tempo perfeito. – Aaron sorriu em arrogante satisfação. – Mas eu preciso ir para casa.
- Eu me diverti. – Dudley disse. E fora honesto.
- Jantar. Sábado. Na minha casa. Às sete horas. E eu te ligo amanhã.
- Tudo bem. – Dudley não conseguiu evitar o sorriso largo que apareceu em seu rosto. Nem a expressão de choque quando Aaron se inclinou e depositou um leve beijo em sua bochecha. A mão de Dudley foi até o local beijado.
- Eu saio sozinho. – Aaron saiu do sofá. – Boa noite.
- Boa noite. – Dudley observou Aaron sair do apartamento, uma expressão maravilhada em seu rosto. Esperava não parecer um completo idiota.
-x-
Petúnia espiou por entre as cortinas.
- Vernon, alguém chegou de táxi. – olhou para ele duramente. – Você está esperando alguém?
- Não.
Petúnia abriu a cortina e deu um gritinho.
- Oh, nossa! Meu Dudinha!
Dudley saiu do banco de trás do taxi, usando seu par de muletas para se equilibrar em pé. Normalmente, usaria seu carro, mas era mecânico, e ele não conseguia usar o pé esquerdo para operá-lo.
- Dudley! O que aconteceu? – Petúnia exigiu.
- Eu tropecei, mãe. – Dudley respondeu pacientemente. Permitiu que ela surtasse, com lágrimas nos olhos, quase uivando sobre o que era um machucado pequeno.
- Aquele seu apartamento é uma armadilha. – Vernon resmungou.
Dudley se sentou em uma cadeira.
- Eu não estava no apartamento. Aconteceu quando eu estava fora. – não sabia por que vinha jantar uma vez por semana. Era exaustivo. Entre o drama de sua mãe e as afirmações bombásticas de seu pai, Dudley normalmente voltava para casa com dor de cabeça. Petúnia ainda insistia, mesmo depois de dez anos, em encher o prato de Dudley com muito mais comida do que ele queria comer, lamentando sobre o quão magro ele estava. Dudley também tendia a ir para casa com o estômago doendo. Hoje não seria diferente. – Vamos apenas jantar, certo?
- Então, como está sua vida, filho? – Vernon perguntou. – Arrasando os corações das garotas, eh? Eh?
Dudley suspirou.
-Não realmente...
- Ainda perdendo seu tempo naquela escola? – Vernon rosnou.
Um começo de dor de cabeça se fez presente atrás dos olhos de Dudley.
- Não estou perdendo meu tempo, pai. – massageou a ponte do nariz. – Sou bom nisso. E eu também gosto. – um prato cheio apareceu em sua frente. A náusea chegou em sua garganta. – Mãe, por favor, isso é muito. – começou.
- Você precisa comer e manter suas forças. – Petúnia retrucou. – Você está machucado.
Dudley engoliu a resposta que estava na ponta de sua língua. Só faça o que as garotas faziam na universidade... Empurre a comida pelo prato...
A única coisa que o impediu de jogar suas ervilhas em Petúnia e seu purê de batata em Vernon foi o pensamento de que a essa hora, no dia seguinte, estaria com Aaron.
-x-
Dudley ajeitou nervosamente a gravata e subiu cuidadosamente os degraus até a porta de Aaron. Tinha uma pequena sacola pendurada em seu pulso, com a garrafa de vinho que um de seus colegas de trabalho tinha recomendado. A porta se abriu antes que pudesse bater, e Aaron ficou parado do lado de dentro, emoldurado pela luz.
- Espero que esteja com fome. Parece que fui possuído por minha mãe quando estava cozinhando.
- O que quer dizer? – Dudley ofereceu o vinho que trouxera a Aaron.
- A Escola da Mãe Judia de Culinária... É melhor ter demais do que não ter o bastante. – Aaron se afastou. – Entre. – Dudley seguiu Aaron para dentro da pequena casa, o nariz se aguçando com o cheiro de frango assado. – A cozinha é por aqui.
Dudley parou para espiar dois documentos emoldurados e pendurados na parede. Oh, Deus... Cambridge... E Inns Of Court School of Law¹... Que diabos ele está fazendo comigo?
- Oh, não olhe para isso... Eles me fazem sentir que sou algum tipo de idiota esnobe. – Aaron puxou o braço de Dudley. – Vamos. O jantar está quase pronto. – Dudley engoliu em seco e seguiu Aaron até a cozinha. – Sente-se, então. – Aaron pediu.
- Sua casa é bonita. – Dudley ofereceu. – Como, se algum dia, pudesse... – olhou para o prato, embaraçado.
- Peito, coxa? – Aaron perguntou, uma faca posicionada sobre o frango.
- Coxa. – Dudley murmurou.
- Estava dizendo?
Dudley sentiu o corar familiar passar por seu rosto.
- Como se você pudesse criar uma família aqui. – ele parecia dizer as coisas mais tolas perto de Aaron.
Aaron colocou um pedaço de frango no prato de Dudley.
- Você é a primeira pessoa que eu recebi aqui, que não é um amigo platônico, que diz isso. – passou o prato para Dudley. – Sirva-se. – disse, gesticulando para o resto da mesa. – E talvez, algum dia, eu vou conhecer o homem certo, me acomodar, e ter algumas crias.
Dudley esfaqueou um talo de aspargo.
- Isso não quer dizer que você será feliz. – disse, se interrompendo antes que revelasse algum segredo. – Só quero dizer que várias pessoas se casam, achando isso vai fazê-los feliz. – imaginou seus pais. – E não são.
- E, às vezes, são. – Aaron retorquiu.
Era uma afirmação para a qual Dudley não tinha um argumento. Ele sabia que tais coisas existiam. Ele vira as fotos que Harry lhe mandara. Harry parecia feliz. Ele merecia, depois de tudo pelo que passara. Mas isso era para outras pessoas. Não para ele.
Ao final do jantar, Aaron pegou uma torta de maçã, fazendo Dudley querer desmaiar.
- Você está tentando me matar? – perguntou com aflição.
- É a receita da minha mãe. – Aaron disse com orgulho. Segurou a faca sobre o doce, que brilhava de tanto açúcar.
- Isso é demais. – Dudley protestou. Franzindo o cenho, Aaron moveu a faca. – Menos. – Aaron desceu a faca e cortou um pedaço fino de torta, cheia de maçãs suculentas e com cheiro de canela. Dudley recusou o creme oferecido e pegou seu garfo. Fechou os olhos em apreciação, inalando o cheiro da maça assada. Colocou uma garfada na boca e seus olhos giraram. – Oh. Oh, meu Deus... – gemeu. – Mmmmm.
Aaron o olhou de boca aberta.
- Maldição, não faça isso. – pediu. – Você só vai chegar em casa tarde.
Dudley abriu os olhos.
- É uma promessa? – provocou.
- Pode apostar.
-x-
Mãos ávidas afrouxaram o nó da gravata de Dudley, antes de espalmarem seu peito. O roçar da barba rala de Aaron arranhava levemente seu rosto. Seu corpo latejava, mas ele precisava parar. Não conseguia ir em frente e deixar Aaron pensar que ele era alguém que não era.
- Espere. Pare. – Dudley se saiu debaixo do corpo quente e flexível de Aaron. Aninhou-se na outra ponta do sofá. – Preciso te contar algo.
- Daí?
- Sim. Por que não consigo pensar, enquanto você está... Me... Tocando. – Dudley se inclinou, apoiando os cotovelos nos joelhos. – Eu costumava ser uma criança gorda! – deixou escapar.
- Eu costumava ser uma criança magrela e miserável, com um arbusto por cabelo, espinhas e óculos finos horríveis. – Aaron disse. – E daí?
- Eu tenho essa aparência por que não me permito comer. – Dudley continuou. – A torta que você fez? Foi a maior quantidade de açúcar que eu comi em dez anos.
- Você mal comeu. – Aaron comentou.
- Foi a melhor coisa próxima a sexo que eu tive há muito, muito tempo. – Dudley disse solenemente. – Mas eu vou nadar dez voltas extras amanhã, por que eu comi uma torta que não era de fruta fresca.
- Você tem uma desordem alimentar?
- Não, você não entende... – Dudley correu as mãos pelos cabelos. – Eu não era apenas gordo. Era enorme. – corou com vergonha com o quão gordo fora. – Minha escola não tinha uniformes largos o bastante para mim. Eu comia constantemente. Para tentar fazer algo sobre o quão horrível minha vida era. Eu era um valentão. Não fui honesto quando disse que era filho único. Meu primo Harry foi criado comigo. Ele ficou órfão quando tinha um ano. Há só um mês de diferença entre nós, e o mandaram para morar com meus pais e eu. E meus pais o trataram muito mal. Como se ele fosse a sujeira sob o sapato deles. E eles me encorajavam a ser igualmente cruel com ele. E o pior que eu tratasse Harry, mais meus pais me amavam. – Dudley engoliu em seco. – Eu era um valentão gordo e estúpido. – esfregou as mãos no rosto. – Eu fui horrivelmente estúpido. Minha mãe sempre dizia que meus professores não me entendiam, e que eu era mais inteligente do que eles podiam entender. Então, quando eu tirava notas baixas, eu apenas me sentia ainda mais estúpido. O único motivo de eu ter me recomposto, foi quando eu comecei o boxe. O treinador da minha escola me disse que ele não me deixaria lutar até que eu conseguisse ver meus pés. Ele me fez batalhar pelo o que eu queria. Nos fazia treinar até que mal conseguíssemos andar. Mas quando ele falava que você fora bem naquele dia, você sabia que ele estava falando sério. – Dudley queria muito andar de um lado para o outro, mas seu tornozelo torcido o mantinha preso ao sofá. – Quando tínhamos quinze anos, Harry e eu fomos assaltados. – Dudley contou a mentira que contara para seus ditos amigos da época. – Eu fui atingido na cabeça, e Harry salvou minha vida. E eu não o defendi quando meus pais o culparam pelo assalto. – a boca de Dudley se torceu. – Harry... Ele frequentava uma escola diferente, e algo aconteceu. Um aluno morreu, e ele viu acontecer. Ele tinha pesadelos sobre isso, e eu o provocava por causa disso. Fazia piadas sobre Cedric; esse o menino que morreu; ser o namorado dele, por que isso era mais fácil do que admitir para mim mesmo que eu era gay. Eu não queria ser gay. Não queria ser diferente. Meus pais odiavam coisas diferentes. E eu não queria que eles me tratassem da maneira que tratavam Harry.
- Entendo... – Aaron murmurou.
- Não, você não entende! – Dudley exclamou. – Eu demorei dois anos para admitir para mim mesmo que eu era gay. E eu ainda não me assumi para meus pais. Eles nunca mais vão falar comigo... – respirou fundo. – E você é muito mais inteligente que eu. Você frequentou Cambridge, pelo amor de Deus, e eu frequentei a University of East London... – Dudley se sentia como um idiota. – Você tem de ficar com alguém com quem possa conversar sobre coisas importantes e não sobre como o pequeno Oliver Simmons aprendeu a somar números com dois dígitos...
- Não entendo... – Aaron parecia confuso.
- Eu não fui honesto com você. Eu tenho escondido coisas de você. Coisas que deveria saber sobre mim. – Dudley encolheu os ombros miseravelmente, antes de se erguer, usando os braços do sofá. – Eu vou entender se não quiser mais me ver. – foi em direção as escadas.
- Certo... – Aaron se ergueu, colocando as mãos nos bolsos. Dudley sentiu seu coração despencar. – Você não é mais um valentão, é?
- N-n-não.
Aaron assentiu lentamente.
- Você gostaria de ver o resto da casa?
- O quê?
Aaron foi até Dudley e segurou uma das mãos geladas dele.
- Você não é quem você era. Estou feliz que você sinta que pode me contar isso tudo. Mas eu gosto do homem que dá aula para crianças de oito anos. E que chega ao êxtase com a torta de maçã da minha mãe. Mas você não precisa se esconder comigo.
-x-
- Não temos de fazer isso. – Aaron comentou, enquanto Dudley dirigia lentamente até Little Whinging. Os ombros de Dudley se erguiam um pouco a cada milha que dirigiam. – Podemos ir apenas como amigos...
Dudley balançou a cabeça.
- Não quero mentir.
- Não estaríamos mentindo. – Aaron contrapôs. – Apenas não contaríamos tudo.
As mãos de Dudley se apertaram ao redor do volante.
- Eu não vou não contar a eles. – suspirou. – Você, de todas as pessoas, deveria entender o que isso significa. Nunca houve alguém por quem valia a pena me assumir... – suas mãos deslizaram e o carro foi um pouco para a direita. – Apenas esteja pronto para eles me chutarem até a rua. – parou em frente ao número quatro da rua dos Alfeneiros e desligou o carro, sem fazer menção de sair.
Aaron estudou a casa antissepticamente limpa e o jardim.
- Oh, meu Deus. – ele murmurou. – Você cresceu nisso? – abafou as risadas que ameaçavam escapar. – Eu não acho que já tenha visto uma casa que tem um cabo de vassoura enfiado no traseiro.
Dudley olhou para a fachada da casa com uma expressão sombria quando ouviu um latido agudo.
- Droga, tia Marge está aqui...
- Pelo menos você só vai ter de fazer isso uma vez. – Dudley olhou para Aaron. – Olhando pelo lado positivo...
- Vem. Vamos acabar logo com isso. – uma gota de suor correu pela lateral do rosto de Dudley, e não tinha nada a ver com o calor da noite de junho. Aaron segurou a mão de Dudley e a apertou rapidamente. Dudley se virou e beijou Aaron forte e rapidamente. – Dar algo para os vizinhos falarem. – brincou.
- Isso é mais tarde. – Aaron retorquiu. – Para que você tenha boas lembranças do seu aniversário. – abriu a porta do passageiro e saiu do pequeno carro de Dudley. Dudley suspirou mais uma vez e o seguiu, fechando a porta do carro com um bang. Caminhou até a porta e fechou os olhos por um breve momento, antes de abrir a porta da frente da casa à qual não mais pertencia.
- Duduquinha! – Petúnia chamou da cozinha. Ela apareceu usando um avental cheio de babados sobre o vestido de festa. – Feliz aniversário! – jogou os braços ao redor de Dudley, lhe dando um beijo ruidoso na bochecha. – E você trouxe um amigo! Que bom. – gesticulou para que eles a seguissem até a entrada do jardim. – Vernon! Marge! Dudley está aqui!
- Dudley! – Vernon foi até Dudley, lhe dando um tapa nas costas. – Feliz aniversário, filho!
- Ah. Aí está um homem bonito! – Marge foi até eles com um cachorro preso sob seu braço. – Você está muito magro! Ainda bem que está aqui. Petúnia irá te alimentar.
Dudley engoliu em seco, sentindo suas mãos ficarem frias.
- Aaron, esses são meus pais, Vernon e Petúnia Dursley. – não deixou de notar a desaprovação de sua mãe por ter errado as apresentações. – E minha tia, Marge Dursley. – Dudley respirou fundo. – Mãe, pai... Esse é Aaron Bernstein.
- Bem, Aaron. Você trabalha naquela escola com Dudley? – Vernon perguntou desconfiadamente.
Aaron ofereceu a mão e, em sua defesa, não se manifestou quando Vernon tentou quebrá-la com o que se passava por apertar de mãos.
- Não. Sou um advogado. Trabalho em uma firma próxima a cidade.
- Bem, tudo bem, então. – Vernon admitiu a contragosto.
- É tão bom que você tenha um amigo, Dudinha. – Petúnia comentou. – E um advogado! Que inteligente!
- Ele não é apenas um amigo, mãe. – Dudley disse quietamente. Enrolou os dedos ao redor da mão de Aaron. – Bem, ele é, mas ele é... – deu um passo para mais perto de Aaron, e a outra mão de Aaron pousou sobre seus dedos entrelaçados.
Os olhos de Petúnia se cerraram.
- O que quer dizer, Dudley? – perguntou asperamente.
- Aaron é meu... – Dudley sentiu sua garganta se fechar. – Namorado.
- Seu o quê? – Vernon urrou.
- Namorado. – Dudley repetiu, uma pitada de desafio em sua voz.
Petúnia guinchou e desmaiou.
- Petúnia! – Vernon se abaixou ao lado dela e começou a lhe dar leves tapas no rosto. – Olha o que fez com sua mãe!
- Eu deveria saber. – Marge declarou. – Qualquer pessoa que decide perder tanto peso, não passa de um fora da lei. É isso mesmo, menino, você me ouviu. É claro que é por isso que você trabalha com crianças pequenas. Levantadores de camisa² não têm a moral de um cão. Eh? Ajeite seus modos, me ouviu? Nenhuma família decente produz uma fadinha. Eu nunca achei que você fosse tão vagabundo, mas eu deveria ter notado quando você nunca teve uma namorada. Vernon, você deve escrever para Smeltings imediatamente. Descobrir o que eles fizeram para transformar seu filho em uma menininha. – olhou para simpaticamente para Petúnia, eu começava a acordar. – É tudo sobre linhagem. Eu te disse isso sobre aquele seu sobrinho imprestável. A linhagem sempre ganha. Não que eu esteja culpando você, Petúnia, mas está claro que isso corre em sua família.
Petúnia olhou para Dudley com os olhos arregalados.
- Foi Harry quem fez isso com você! – ela gritou, seu rosto empalidecendo. – Àquela noite quando... Quando você foi atacado! Ele fez isso! – e começou a chorar.
O rosto de Vernon ficou vermelho, antes de assumir um tom alarmante de púrpura.
- Saia! – foi em direção a Dudley. – Saia da minha casa! Não vou ter nenhum garoto-fadinha na minha casa. – aproximou o rosto do de Dudley. – Fora! – mandou, saliva pousando na bochecha de Dudley.
Dudley deu um passo tenso para trás, e mais um, ainda segurando a mão de Aaron com força. Disparou para fora da casa para a calma relativa do jardim.
- Dudley? – Aaron cutucou seu braço. – Dudley. Dê a chave. – Dudley procurou em seus bolsos e tirou as chaves. Elas bateram uma na outra quando as passou para Aaron; sua mão estava tremendo tanto, que Dudley duvidava que fosse capaz de dirigir. Aaron abriu o carro e Dudley se sentou no passageiro, colocando o cinto de segura, antes que Aaron tivesse ajustado o assento do motorista e os espelhos. Olhava fixamente para frente pela janela, o estômago apertado, sem dizer nada até que estivessem voltando para Londres.
- Estacione. – Dudley disse por entre dentes cerrados.
- O quê? Aqui?
- Apenas saia da maldita estrada!
Assustado, Aaron foi para o acostamento e parou o carro. Dudley saiu do carro e cambaleou para longe, antes de cair sobre as mãos e os joelhos, e começar a vomitar silenciosamente. Permaneceu ali, seus ombros se erguendo no ritmo de sua respiração, lentamente ficando ciente da mão acariciando a parte de trás de sua cabeça.
- Água? – Aaron perguntou suavemente.
Dudley assentiu.
- Obrigado... – aceitou a garrafa que Aaron lhe ofereceu e lavou a boca. Aaron pegou a garrafa e encharcou um lenço, antes de se abaixar ao lado de Dudley, e gentilmente limpar o rosto dele.
- Vamos... – Aaron pediu, passando uma mão ao redor do braço de Dudley. – Vamos para casa... – ajudou Dudley a se levantar e o colocou no carro. Dudley não emitiu mais nenhum som, mas ele estremecia esporadicamente, fazendo Aaron dirigir um pouco mais rápido do que dirigiria normalmente. No fim, Aaron não levou Dudley para o apartamento dele, mas para sua própria casa. Guiou Dudley, ainda estupefato, escadas a cima e para o quarto, antes de afrouxar a gravata de Dudley cuidadosamente. Estava coberta por respingos de vômito. Aaron supôs que teria de jogá-la fora. A cabeça de Dudley estava baixa, o queixo quase apoiado em seu peito e ele parecia ter se fechado em si mesmo. Rapidamente, Aaron abriu os botões da camisa de Dudley e a tirou, jogando-a no chão. Fez o homem maior se sentar na ponta da cama, e tirou os sapatos e meias de Dudley, antes de livrá-lo do cinto e calça. Aaron o virou para a cama e Dudley se deitou sozinho. Passou os braços ao redor de um travesseiro e se afundou nele.
Aaron se despiu rapidamente e se deitou do outro da cama. Cuidadosamente, tirou o travesseiro das mãos de Dudley. A respiração de Dudley ficou apressada, enquanto enterrava o rosto no ombro de Aaron. Foi apenas então que as lágrimas vieram, rápidas e amargas. Depois de alguns minutos, Dudley ergueu a cabeça o bastante para encontrar o olhar preocupado de Aaron com seus olhos embaçados.
- Podia ter sido pior. – resmungou.
Aaron bufou em descrença.
- Como? – suas mãos se enrolaram no cabelo de Dudley, massageando os nós de sua nuca.
- Quando eu me imaginava fazendo isso, - Dudley começou lentamente. – eu sempre estava sozinho. Eu nunca me assumi para eles, por que eu tinha mais medo de ficar sozinho do que eles me rejeitarem. Eu supus que eles me rejeitariam, considerando a maneira que tratavam Harry quando estávamos crescendo. – afastou Aaron levemente. – Eu nunca me assumi antes, por que eu não tinha ninguém por quem valia a pena me assumir. – ergueu uma de suas mãos para traçar a curva do lábio inferior de Aaron. – Eu tenho agora. – murmurou, como se temesse que Aaron quebrasse se falasse mais alto.
Aaron não disse nada. Entretanto, ele fechou a distância entre eles, capturando a boca de Dudley com a própria.
Demorou bastante até que um deles guardasse ar o bastante para falar. Dudley mordeu o lábio, antes de decidir mergulhar de cabeça.
- Amo você... – murmurou timidamente, esperando a resposta de Aaron prendendo o ar. Sentiu o sorriso de Aaron contra seu peito.
- Amo você, também.
Continua...
¹ Admito não ter procurado muito o quê isso poderia ser, mas pelo pouco que vi, essa foi uma das primeiras faculdades de Direito, em Londres.
² Esse "levantadores de camisa" foi uma tradução literal, por que não conheço nenhuma gíria em português que tenha o significado da gíria britânica, "shirt lifters", que é uma gíria para homens homossexuais que levantam a camisa para conseguir sexo.
