Desclaimer:

Harry Potter é obra de J.K Rowling, sou apenas uma intrometida pegando emprestado meus personagens favoritos dela.

Não sei se Tomione continua sendo popular, mas eu ainda amo o shippe e decidi escrever sobre ele, espero que alguém também compartilhe desse amor como eu.

Bem, é isso.


Green Wonderland

1996 – The hole.

Hermione Granger estava fervendo como um caldeirão, de raiva e frustração. E os alunos do primeiro ano percebiam o olhar cortante da monitora da Grifinória a cada erro que cometiam, assim combinaram entre si de não atravessar o caminho dela e obvio que ela, como o ouvido que tudo ouve da casa dos leões, ouviu isso também.

Pensou que, talvez um dia, todas essas frustrações pessoais parariam de interferir nos estudos, mas desistiu dessa linha de pensamento quando percebeu finalmente que não havia jeito de separar quando se estudava numa escola quase interna como Hogwarts. Hermione era a brilhante nascida trouxa, amiga de Harry Potter, "O Eleito" como o profeta berrava, e toda essa fama sem razão a fazia se sentir mal, mal num limite que beirava a fúria. Hermione não queria que as pessoas fizessem tantas perguntas indiscretas ou a tratassem de maneira especial por causa de outra pessoa e principalmente, queria que Harry e Rony a compreendessem como os bons amigos que deveriam ser.

Mas não importava porque quanto mais tentasse não fazer Harry se meter em confusões, mais o título de irritante sabe-tudo crescia em sua testa, e embora Harry e Rony defendessem-na de Snape, eles tinham a mesma opinião que o mais novo professor de DCAT.

Ela detestava brigar com os amigos, mas não tinha jeito, por que sempre voltavam a brigar quando a questão o que Hermione acha correto entrava em discussão. Hermione ignorava Malfoy, ignorava Snape e ignorava o batalhão de pessoas que não gostavam dela somente pelo fato dela gostar de saber as respostas certas nas horas certas, mas o que Granger definitivamente não poderia suportar era que os amigos a tratassem com indiferença.

Foi realmente difícil no primeiro ano, quando não conseguia fazer nenhuma amizade, por que nunca foi boa o bastante nisso e até hoje não era, seu cérebro defeituoso e capaz de armazenar uma grande quantidade de informações ao mesmo tempo atrapalhava infinitamente seu círculo social, isso quer dizer que apesar de seus esforços para garantir que uma amizade durasse mais de uma semana sempre haveria uma informação importante que ela teria que lembrar em voz alta... E Lá vai outra amizade que mal começou e já foi para o limbo. Não era a intenção de Hermione ser inconveniente ou insensível, mas ela se considerava no mínimo racional, por que essa foi sua criação. Os Granger eram pessoas inteligente como ela, bem relacionadas e que faziam de tudo para manter sua única filha com os pés no chão, para que não seguisse nenhuma outra profissão que não fosse relacionada ás ciências — como eles próprios haviam sido criados.

Com tanta cobrança que preferia guardar para si mesma. Além do mais, ficava difícil falar sobre seus pequenos e banais problemas com o ar mórbido que Harry exalava, o sofrimento pela perda do tio e o maltrato dos Dursley afora a ameaça constante e mortal que Lord Voldemort significava. O que eram seus problemas aos pés dos problemas de Harry? Hermione não podia reclamar de nada! Ela era brilhante, tinha uma família feliz e amigos que a amavam apesar das dificuldades, então por que sentia como se tivesse algo faltando a cada passo que dava? Por que se sentia tão incrivelmente irritada?

Parte de sua irritação era sim graças a Rony, seu amor platônico e desatento, claro que Hermione nunca diria a ninguém que ele era seu amor platônico e que certas vezes até pensou em seu declarar — mas aí vinha o outro problema — Sempre que Hermione ia dizer algo em relação ao que poderia ser um futuro relacionamento, Ronald Weasley soltava alguma frase ou piada ridícula que a fazia repensar se queria mesmo passar sua juventude curta namorando alguém tão idiota.

Ainda que não mudasse nada, mesmo pensando o quão idiota Rony era ainda sentia borboletas estranhas no estomago cada vez que olhava nos olhos verdes e as sardas espalhadas no rosto do menino.

Hermione sentia-se patética por gostar de alguém a ponto de perdoar os mais altos níveis de burrice.

Aos olhos de Hogwarts, Hermione Granger era namorada de Harry Potter que não podia ser substituída, era brilhante, porém muito vaidosa e pedante o suficiente para demonstrar sua inteligência incrível nas aulas de magia. Mas no fundo no fundo, Hermione Granger era só uma garota insegura que amava Ronald Weasley, que se sentia aflita constantemente pelas coisas que Harry — seu melhor amigo de todos — passava, e que sempre fazia seu melhor para não estragar sua situação com a família Weasley, exclusivamente Molly, que ainda a tratava com certa diferença depois do torneio Tribruxo, graças aos artigos mentirosos e picuinhas infantis de pessoas que não tinham nada melhor para fazer.

Quando estava em casa, Hermione passava o tempo discutindo com seus pais sobre futuras faculdades trouxas que pretendia prestar. Hermione estudava arduamente ciências trouxas quando estava nas férias, sempre dando prioridade aos seus deveres como bruxa.

No ano seguinte do torneiro Tribruxo pensou em tentar Harvard depois que terminasse seus estudos — os trouxas, que lhe eram ensinados nas férias por professores particulares —, seus pais tinham contatos com pessoas de lá e quando ela lhe contou seus pensamentos eles deram o total apoio. Granger sofria em uma linha tênue entre ser a trouxa médica brilhante ou a bruxa que um futuro emprego no Ministério da Magia, mas ainda assim brilhante.

Portanto, com uma guerra bruxa acontecendo, agora tudo que pensava era qual o próximo passo de Harry para poder se juntar a ele.

Alguém puxou a borda de suas vestes quando a garota de cabelos crespos e volumosos estava prestes a entrar pelo buraco na sala comunal da Grifinória.

— O quê? — respondeu ríspida percebendo uma garotinha que conhecera como sendo do segundo ano, os cabelos loiros e brilhantes como os de Fleur e os olhos azuis escuros que pareciam pintados à mão.

Hermione estreitou os olhos ao reparar que escondia algo atrás das costas.

— Ãnm... Desculpe... — a garota ficou vermelha como se estivesse prestes a chorar, Hermione tentou lhe dar um sorriso tranquilizador para reparar o erro.

— Ah, não, tudo bem... — sentiu-se arrependida — O que deseja?

— Você é Hermione Granger não é? — a garotinha perguntou.

— Sim.

A garota olhou para os lados parecendo tensa.

— Mandaram-me te entregar isso. — a pequena Grifinória tirou uma caixa de trás das costas, uma caixa tão azul quanto os olhos da menina, tinha laços como um típico presente de natal.

Hermione franziu a testa, confusa.

— Pra mim? — piscou os olhos castanhos rapidamente, tentando se lembrar de alguém que poderia lhe enviar uma caixa tão delicada e bonita como aquela. Sua mente voou para Krum, mas não podia ser ele, primeiro por que aquilo não era o estilo de caixa que ele lhe mandaria um presente e segundo que não havia como Krum estar em Hogwarts. Pegou a caixa, hesitante. — Você sabe quem mandou isso?

A pequenina deu de ombros e saiu saltitando pelo corredor, numa atitude que para ela era normal, mas que lembrou muito Luna Lovegood. Hermione suprimiu a vontade de ir atrás dela e fazê-la dizer quem havia lhe mandado aquela caixa, mas apenas levou o objeto até perto do ouvido e sacudiu na esperança de que aquilo lhe desse alguma pista, porém o que quer que tivesse dentro da caixa não fez barulho nenhum.

Em geral, presentes misteriosos chegavam para Harry não par ela, então não era sem motivo que teve de estranhar, certo?

"Specialis revelio!" murmurou, depois de tirar a varinha do bolso e bater de leve como havia feito com o maldito livro do príncipe que Harry havia encontrado, assim como o livro infeliz, a caixa não apresentou nada de suspeito.

— Sopa da coroação. — disse a mulher gorda, e passou pelo retrato, de sua mente a raiva pelos seus amigos pouco compreensíveis foi sumindo, e logo no lugar da raiva veio à curiosidade de saber o que havia ali dentro. A Sala comunal estava vazia, logicamente por que todos os alunos estavam em sala de aula, tinha algum bônus por ser monitora.

Sentou-se em uma das poltronas.

Guardou a varinha e colocou a caixa misteriosa em seu colo, olhando para detalhe dela com atenção, depois puxou o laço azul escuro e o desfez, tirou a parte superior da caixa e dentro dela havia um acolchoado como um porta-joias, o acolchoado tinha a forma de um relógio e onde esse mesmo objeto descansava lindamente.

Seja lá quem for que havia lhe dado aquele presente, com certeza era alguém com condição financeira elevada, uma vez que o relógio era pesado como se fosse de ouro quando o ergueu pelo cordão. Era um relógio de bolso.

Hermione o examinou como havia feito com a caixa, mas aparentemente era só um relógio, exceto pelo fato de que não abria a cobertura que protegia os ponteiros, virou em seus dedos e atrás junto com um amontoado de pedras transparentes parecidas com cristais havia algo escrito.

C. Herschel.

Pour mon noble Seigneur

pour votre aide et ma loyauté.

profiter de la balade!

Para meu nobre Senhor

por sua ajuda e minha lealdade .

aproveite o passeio!

Hermione piscou atônita para a mensagem quando a tradução desta lhe atingiu, Aproveitar o passeio? O que aquilo significava exatamente?

Deveria ter um jeito de abrir aquele relógio, Hermione deixou o polegar circular às extremidades a fim de ver se poderia ter algum botão ou trava que a impedia de abri-lo, mas deixou um gritinho de surpresa escapar de seus lábios quando uma dor aguda envolveu o dedo. Ela tirou rapidamente para ver o que havia acontecido, foi então que notou algo muito errado.

Havia de fato ferido o polegar em uma pequena e quase imperceptível agulha dourada que havia na lateral do relógio, mas seu dedo não sangrava, percebeu assim que seu sangue estava se espalhando pelas laterais do objeto formando um anel vermelho em volta dele.

Imediatamente se levantou e quis distancia daquilo, não saber o que significava a deixa com uma sensação de medo, seria magia das trevas? Algo enviado por um dos partidários de Voldemort para atingir a Harry ou alguém próximo a ele, que por azar, havia sido ela?

Quando tentou jogar o relógio no chão, algo mais estranho aconteceu.

O cordão enroscou-se em seu braço de uma maneira muito apertada, e um olhar de completo horror foi direcionado da jovem ao objeto estranho.

Finalmente, o relógio se abriu.

Os dedos de Hermione não deixaram de segurar, e quando ela tentou levar os olhos em direção aos ponteiros um enorme borrão substituiu as paredes e móveis da sala comunal da Grifinória.

Hermione tentava entender o que estava acontecendo, mas nem mesmo conseguia gritar por ajuda, sua voz havia desaparecido e as coisas começavam a girar ao seu redor como quando viajou pela primeira vez numa chave de portal.

Entretanto... A sensação não era igual à de viajar por aquele meio, era bem pior, como se cada membro de seu corpo fosse se soltar dela a qualquer momento.

E de repente, Hermione estava caindo.

Caindo lentamente em um buraco que não sabia de onde havia aparecido, gritando e tentando se segurar em algo, mas não tinha o que se segurar, só havia um enorme buraco que mostrava o teto da sala comunal enquanto estava caindo de costas para o nada. Lágrimas de medo inundaram o rosto pálido da garota, medo e falta de entendimento, suas lágrimas eram deixadas no caminho de sua queda, pois elas não caiam junto com ela, simplesmente ficavam paradas no mesmo lugar, como Hermione queria estar agora.

Tirou a varinha que estava em seu bolso e tentou alguns feitiços para se fazer regressar, foi aí que notou o quão profundo era o buraco que em que caiu sem saber como, tão fundo que ainda teve tempo para tirar a varinha e pensar em feitiços para sair dali.

— Eu nunca vou parar de cair?! — revoltou-se a Granger, estreitando os olhos para a escuridão em frente de seus olhos.

E não precisou falar mais nada, pois Hermione em fim parou.

Mas a sensação era mil vezes pior que a sensação de cair num buraco invisível, era a sensação de estar debaixo d'água e não saber nadar. Tentava puxar o ar para os pulmões, mas estes pareciam alagados, não queriam que o ar entrasse por causa da água que impedia. Ela se debateu, chutou e tentou gritar, mas novamente sua voz não saia, não havia ninguém que pudesse lhe salvar agora.

Estava morrendo? Deveria ter tido mais atenção em não aceitar nada de ninguém com Voldemort no poder.

Hermione puxou o ar tantas vezes, seu rosto já estava roxo e o ar não entrava por mais que tentasse, era como um bloqueio muito doloroso, os gritos fugiram de sua garganta.

Parou de se debater e seu corpo flutuou como uma pena, cansada, dentro daquele oceano sem ilhas que a fazia se afogar.

Quando Hermione finalmente parou de lutar para respirar novamente, e soltou os dedos do relógio que ainda segurava fortemente... Ela sentiu suas costas atingirem um solo duro, e puxou o ar para seus pulmões na sensação mais verdadeira de felicidade e desespero, que Hermione já havia provado.

De repente estava deitada completamente encharcada em um corredor, gemeu de dor por que agora todo seu corpo doía.

Hermione continuou deitada e de olhos fechados, fraca demais para levantar e pedir ajuda, quando ouviu um barulho de saltos no chão do corredor.

Ela agora se via encarando um rosto jovem e bonito, que carregava uma pilha de livros.

Mon dieu! — a mulher gritou — O que aconteceu com você? Quer dizer, quem é você?

Foi quando o olhar da mulher foi tirado de Hermione e focou no relógio que estava preso ao braço da garota, agora mais frouxo, mas tinha deixado terríveis marcas arroxeadas, elas subiam como uma cobra pelo pulso.

— Ah... Oh... O quê...? — balbuciou sentindo raiva de si mesma por seu tão irresponsável.

A mulher se abaixou em frente à Hermione, parecendo muito mais assustada e intrigada.

— Apenas fique quieta, não diga nada. — a mulher disse com um inglês arrastado, colocou os livros no chão e ajoelhou-se ao lado da menina no chão. — Feche os olhos e fique tranquila.

Aquela foi a melhor ordem que havia recebido no momento, mesmo não sabendo para onde a mulher estranha a levaria ou que intenções ela tinha, Hermione fechou os olhos, mas não conseguiu manter-se tranquila.


Alguém lendo? Espero que sim!