Tira as mãos de mim

Afrodite, a deusa do amor, havia sucumbido ao sentimento que ela representava. Ela experimentara uma das faces do amor, a impulsão. Em um ímpeto ela deixara Hefesto, seu marido, para viver com Ares, o deus da guerra. No início tudo parecia bom, mas, em pouco tempo Afrodite começou a sofrer de outra face do amor, o arrependimento. Hefesto era um melhor marido, tratava-a melhor do que o frio deus da guerra, ele era também um melhor amante, sempre com paixão e energia para suprir as necessidades carnais do amor de Afrodite, ao contrário de Ares, que parecia não se importar com o que ela queria, e sim apenas se satisfazer.

Ele era mil
Tu és nenhum
Na guerra és vil
Na cama és mocho
Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E vê se o fogo dele
Guardado em mim
Te incendeia um pouco

Ela suspirou sentada em sua cama, no palácio de Ares. Tinha saudade de sua velha vida, sua velha mansão e até mesmo de seu marido, mesmo que esse fosse ausente, Ares era ainda pior. Talvez um dos fardos da deusa do amor fosse carregar a infelicidade para onde fosse. Talvez seu problema fosse amar demais.

Éramos nós
Estreitos nós
Enquanto tu
És laço frouxo
Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E vê se a febre dele
Guardada em mim
Te contagia um pouco