Disclaimer: Harry Potter e os respectivos personagens pertencem à J.K. Rowling e Warner Bros.
.
ANNELIESE
By Gabbi & Sizca
.
CAPÍTULO I.
Você era uma pequena tola quando me conheceu, Hermione Granger.
E com me conheceu não me refiro ao momento no qual trocamos as primeiras palavras naquele tempo ao qual você não pertencia — eu me refiro ao momento no qual você abriu aquele álbum, por uma peça pregada pelo acaso, em Hogwarts, e se identificou comigo. Porque nós éramos os mesmos: os gênios incompreendidos da turma que, mais tarde, viriam a se destacar por motivos completamente diferentes, se você não tivesse brincado com a sua própria sorte.
Eu me pergunto, agora, se você soubesse naquele tempo quem era Tom Riddle — um sociopata narcisista que se utilizava de todos os meios para assassinar o seu amigo e que, ainda naquele mesmo ano, havia possuído o seu professor de Defesa Contra as Artes das Trevas para atingir tal objetivo — teria prosseguido com a sua adoração.
Eu acho que você teria.
. x . x . x .
Eu era uma menina — sufocada e perdida e com medo de tudo. Uma menina procurando salvação nas pequenas coisas, porque pensava que a grandeza não estava destinada à ela. As palavras e todo o resto do mundo me sufocava, porque eu não era igual aos outros e sabia disso.
No final, foi nisto em que tudo se resumiu: em ser como os outros, em ser como você.
Lembro-me daquele dia. Lembro dos meus olhos ardendo e de tudo martelando na minha mente. Piscando. Era como se a vida cuspisse na minha cara o quão patética eu era. Na verdade, eu era uma mudblood — e esta foi uma das muitas mentiras que eu contei à você.
Só tinha doze anos. Pouco sabia.
Naquele castelo só havia um lugar para qual eu ousaria correr: a biblioteca. Sempre achei uma escapatória nos livros. Era um ciclo. Eu me escondia dentro deles — lendo-os, eu aprendia; aprendendo, tirava boas notas; tirando boas notas, conseguia ver um sorriso ou dois no rosto dos meus pais; e vendo um sorriso no rosto dos meus pais, eu queria mais.
Era o melhor que eu poderia fazer.
Seu nome aparecia nos troféus, não os meus, mas você era parecido comigo - e o gosto das suas glórias eu aprendi a saborear. Era o que eu admirava, e tudo pelo qual eu era desprezada.
Ao virar as páginas daquele álbum gasto, nunca imaginaria – na minha inocência infantil -, o quanto aquele pequeno ato moldaria o meu caráter. Minhas ações não mudariam o mundo, mas me mudariam — e talvez até mudassem você se eu me dispusesse. Era desgastante tentar compreender que mudanças exclusivamente minhas não eram tão ruins.
Uma simples fotografia bruxa: outra turma do sétimo ano, como tantas; meus grandes olhos castanhos primeiro percorreram os nomes – sempre procurando o conforto das palavras -, da direita para a esquerda: e, no final, aquele nome que me soaria tão familiar. Tom Riddle. Era um rapaz no canto da fotografia que parecia tentar se destacar. Não havia um sorriso na face - contrariando todos os outros colegas -, mas o olhar me proporcionava tudo o que eu busquei, ainda que não o admitisse. Era um garoto, tirava boas notas, esforçava-se para ser invisível, mas, ainda assim, notado: éramos idênticos.
E você havia sobrevivido.
Eu também poderia fazê-lo.
Eu também poderia encontrar a salvação .
. x . x . x .
Mas você não a encontrou, Hermione, porque você estava salva há muito tempo e nunca soube reconhecê-lo.
E não iria ser eu que lhe salvaria dos enganos que suas próprias palavras lhe proporcionariam.
.
Comentários e críticas são sempre bem-vindos.
