Pólogo
Minhas mãos estavam ao redor de seu pescoço e eu podia sentir o pulsar acelerado de suas veias. Uma leve pressão da minha parte acabaria com a sua miserável vida. Muita gente me agradeceria, eu ganharia prêmios quando voltasse pra "casa", eles brindariam ao som do meu nome e definitivamente muito mais gente do que os que me mandaram para matá-lo comemorariam a morte desse verme.
Mas ainda assim...
Quem sou eu pra decidir quem vive e quem morre? O que me impede de me tornar igual a ele se eu acabar com o sofrimento de muita gente agora? E a pergunta mais importante de todas: Eu conseguiria viver com a culpa e ter o sangue de alguém em minhas mãos?
Todas essas questões giravam em minha cabeça e me impediam de agir, seja para matá-lo ou para sair dali. Eu sabia que o chefe me daria uma grande recompensa se eu voltasse com a notícia da morte desse homem desprezível, mas ele seria igualmente rápido para pedir a minha morte de um jeito horrível e torturante se eu desistisse de minha missão.
Eu sabia de tudo isso. Eu já tinha experimentado seus métodos de tortura na pele e ainda assim eu soltei Sergei e me afastei de seu corpo que caiu inconsciente aos meus pés. Virei-me e corri para a janela. Eu precisava fugir. Quem eu estava enganando? Não importava quanto treinamento eu tivesse feito, por quanta tortura eu tivesse passado, eu não sou capaz de acabar com a vida de um homem, não importando quão mal ele fosse. Mergulhei nas sombras daquela noite gelada com apenas uma certeza: Eu não sou uma assassina.
E agora, olhando a desolação estampada no rosto de Alexander eu imagino se matá-lo não teria sido melhor. Se não teria valido a pena. Porque se eu tivesse rendido minha alma naquele dia, Alexander ainda teria a dele intacta.
Encarando o mar tempestuoso de seus olhos, pela primeira vez eu me arrependo.
