A Cicatrização
Bom, aí estou eu de volta. A segunda parte da trilogia é a "A Cicatrização" que está praticamente pronta em minha cabeça. Essa parte é mais dramática e menos violenta do que "As Marcas". A terceira parte se chamará "A Vingança", pra informação de vocês. Achei o Prólogo relativamente grande para postar sozinho, ou seja o que vem a seguir é só o Prólogo da história. Algumas considerações:
- A história se passa logo após [Harry Potter] As Marcas. Ou seja, é preciso ler As Marcas antes desta.
- A fic é NC-17 devido ao uso explicito de drogas.
- O prólogo está fora da ordem cronológica, porque eu achei que ficaria mais estiloso e irônico. A ordem cronológica correta é o nome dos capítulos.
Boa leitura.
Prólogo
Capítulo Um – 9.
Sentia a barba coçar, devido ao comprimento que estava. Bufadas de ar quente saiam de seu nariz entortado. A franja oleosa lhe atrapalhava a visão, e ele não conseguia ter a mínima idéia se alguém neste momento lhe encarava.
Liberou o conteúdo da seringa, e sentiu algo entorpecente lhe encher o estômago. Ele estava gostando daquilo. A primeira coisa que ganhara a sua afeição depois... Bom.
Revirou os olhos, sentindo o poder do demônio da heroína, preenchendo o vazio que sentia no corpo. Fungou o nariz, enquanto a viajem momentânea passava e se transformava em uma estranha vertigem.
Virou-se para a privada bem na hora que uma grande jorrada de vômito chegava. Limpou a boca e voltou a sentar do lado do lado do chuveiro, que no momento estava ligado.
Suicídio? Talvez.
Se tivesse mais um pouco da droga, usaria. Ela lhe deixava tão bem. Ela tirava toda aquela mágoa estranha que sentia no peito.
Se lembrou dela, e começou a chorar violentamente. Porque tudo aquilo acontecera com ele?
Fecho os olhos, e sentiu a água fria batendo no seu corpo ainda vestido. Afastou a franja do cabelo, enquanto cambaleava para fora do boxe e logo em seguida do banheiro.
A água ainda batia no azulejo do banheiro quando caiu sentado no carpete da sala. A T.V esta ligada. Tentou prestar atenção no noticiaria diário, mas percebeu que nada conseguia prender sua atenção naqueles momentos.
As sobrancelhas teimavam em fechar, mas ele não queria dormir no momento. Caiu para um lado, e acabou deitado como em concha no carpete vermelho do apartamento recém comprado.
Ring. Ring.
O telefone disparava alucinadamente ali do seu lado. Já era a quinta vez naquele dia. Quem era o idiota que insista em lhe ligar? Amaldiçoou todo mundo que lembrava, enquanto se levantava e cambaleava até uma mesinha frágil de madeira, onde repousava o telefone.
Atendeu, enquanto deslizava pela parede, mais uma vez de encontro ao chão.
-Alô? –falou uma voz conhecida. Neville Longbottom.
Ele não respondeu. Não sentia ânimo.
-Cara, você está aí? –perguntou ele, uma voz séria.
-O que você acha? –respondeu, a voz rouca e olhando para T.V. A droga de vertigem voltara, e se ele não corresse para o banheiro iria vomitar no carpete.
-Harry, nós precisamos de você. Uma série de assassinatos e...
-Não estou interessado. –respondeu Harry Potter, as lágrimas grossas escorrendo pelo seu rosto engraxado. –Agradeço pela ligação.
-Não, espere Harry! –aumentou a voz Neville. –É sério, tem certeza que está tudo bem com você?
-O que você acha? –respondeu mais uma vez Harry.
Nevile não respondeu dessa vez. Parecia ter desistido.
-Okay, então. –falou ele, ligeiramente irritado.
Harry desligou o telefone e jogou-o em algum lugar da sala. Voltou a deitar-se, a vontade de vomitar desaparecendo.
Fechou os olhos, enquanto sentia o mundo desaparecer lentamente. A tranqüilidade daquele lugar lhe arrepiava.
Capítulo Dois – 3.
-Harry! Harry! –a voz lhe chamava.
Harry não se virou para olhar na direção de seu amigo ruivo. Continuava a pisar no gramado seco, pouco se importando com a atenção dos outros.
Rony pousou a mão em seu ombro.
-Harry...
Com um golpe rápido, Harry torceu o braço de Rony e virou-se para encarar o colega. Rony trazia espanto no rosto inchado pelos olhos vermelhos. Diversas pessoas vestidas de preto encaravam os dois com curiosidade. Harry sentiu vontade de puxar a varinha e amaldiçoar todas eles, com feitiços mortais.
-Vá embora. –rosnou Harry, os cabelos desgrenhados voando e acompanhando o vento.
-Harry, você precisa de ajuda. –murmurou Rony.
-Eu não quero a sua ajuda. –respondeu rapidamente Harry, antes de largar o braço do amigo e continuar seu caminho íngreme em direção à uma esquina.
Harry ouviu passos apressados atrás dele, e conclui que Rony voltara a lhe seguir.
-Escute aqui, Harry eu sei qu... – a fala de Rony foi cortada por uma rápida girada de Harry que já segurava a varinha em punho.
-ESTUPEFAÇA! –berrou, acertando Rony em cheio. O homem voou em vertical por cerca de dez metros até cair mais uma vez na grama seca do local em que estivera antes. Com passadas grandes, Harry se retirou do local onde o gramado verde se estendia e atravessou a rua, dando adeus para o cemitério.
Capítulo Três – 6.
A capa preta que usava escondeu-lhe no beco escuro em que se encontrava. Sabia que tinha feito ilegal, mas pouco se lixava se o todo o mundo bruxo soubesse que estava ali para comprar drogas.
Ele só queria se esconder da vida. Respirou fundo, enquanto olhava para o saquinho que segurava na mão. Uma semana atrás... Se lhe dissessem uma semana atrás que estaria fazendo aquilo, não iria acreditar.
Harry Potter coçou os braços e colou-se mais a capa, sentindo o frio que fazia naquela noite em Londres.
Na rua dois adolescentes passavam bêbados e de mãos dadas. Se apertou contra um lixão preto que estava do seu lado.
Largou o saquinho no chão e começou o seu trabalho para ter uma viagem momentânea pela sua mente.
Capítulo Quatro – 2.
Segurava o guarda-chuva preto com raiva. A chuva caía fraca logo acima de sua cabeça, batendo quase sem barulho na proteção preta.
As botas estavam molhadas. Do seu lado Rony estava abraçando Hermione, os dois com olhos vermelhos e inchados. De repente, Harry sentiu saudade dela.
Olhou para a vasta lápide branca que se estendia na sua frente, e sabia que ela repousava lá, um sono que nunca mais poderia ser interrompido.
Pensavam seriamente em cometer suicídio, mas pensou que ela não gostaria disso. Ela o mandaria lutar até final. O problema é que ele não queria lutar até o final.
Capítulo Cinco – 5.
-Estava imaginando quando teria a brilhante idéia de vir me ver. –murmurou Malfoy.
Os dois estavam sentados em um banco de pedra duro, localizado no meio de um dos parques mais famosos de Londres. Alguns namorados passeavam por ali, de mãos dadas. Harry percebeu o olhar inquieto de Malfoy quando várias criancinhas passaram correndo por eles.
-Pensei que você poderia me dizer como preencher esse vazio que estou sentindo por dentro. –falou Harry, cortando o silêncio.
-Bem, eu matei. Mas você deve levar em consideração que eu ouvia vozes. –Draco esboçou um pequeno sorriso. Nada relevante.
-Muito bem, pensei que teria dicas melhores. –murmurou Harry. –Foi bom conversar com você. –mentiu logo após.
-Espere um pouco. –disse Draco, segurou Harry pelo ombro quando o homem se levantou. –Não sei se vai lhe ajudar muito, mas eu usei drogas no começo. Drogas dos trouxas. São bem mais eficazes do que qualquer feitiço.
Harry riu friamente da dica de Malfoy. Achara-a estúpida.
-E você acha que em algum dia, eu vou precisar usar drogas?
Virou-se de costas e foi embora do parque, deixando Malfoy pensativo.
Capítulo Seis – 7.
Estava sentado na beirada da ponte, ainda meio doido pela droga recém usada. Vinha e voltava, quase caindo no abismo profundo de águas que lhe esperavam lá embaixo. O problema é que ele não queria lutar até o final. Já havia experimentado a morte antes. Fora uma experiência agradável. Sabia que lá não sentira frio, fome, e o melhor: aquele vazio que sentia por dentro seria completado quando ele visse...
Suas pernas cederam violentamente para o lado mortal da ponte, mas ele se segurou pela barra. Seus cabelos desgrenhados voavam ferozmente e a sua cicatriz permanecia calma no alto de sua testa.
Resolveu usar mais uma vez sua recém comprada heroína.
Capítulo Sete – 4.
Levantou-se da mesa de trabalho com uma velocidade impressionante. Tivera uma súbita idéia, e precisava fazê-la agora. Não sabia porque não tinha pensado nisso antes.
Com a morte... Bem, nos últimos dias estava tão ocupado chorando e tentando preencher o vazio de suas entranhas, que não se dera o trabalho de pensar.
Sabia que precisava de alguém para conversar, tentar desabafar.
Quem melhor do que Malfoy, um homem que já perdera diversos membros da família?
Corria pelos corredores do local, com rostos piedosos lhe dando "Boa tarde" cada vez que passava por um local relativamente cheio.
Suava violentamente quando colocou sua capa preta e aparatou, já fora do Ministério da Magia.
Capítulo Oito – 8.
O punho lhe socou o maxilar com uma violência estarrecedora. Na medida que o braço do maldito lhe atravessava o rosto percebeu que devido ao golpe violento na face o nariz nunca mais desentortaria. Chutaram-lhe as costas algumas repetidas vezes e depois o deixaram para morrer no chão. Corriam com todas as forças pelas ruas. Harry não iria perseguir aqueles malditos.
Recém chegara em casa, e ainda estava desapontado com a fracassada tentativa de suicídio.
Londres hoje em dia estava se tornando um local perigoso. Acabara de ser assaltado, em uma noite relativamente clara. Agora os dois bandidos corriam livres pelas ruas, esperando outra vítima.
O mais incrível era que ele não havia revidado. Por um momento tinha tido esperança de que lhe matassem. Um tiro a queima-roupa no seu peito.
Nada acontecera. Ainda continuava vivo, agora com o nariz entortado e o rosto ensangüentado. Se arrastou lentamente pelas ruas desertas.
Capítulo Nove – 1.
Harry sentou-se na poltrona vermelha rasgada, a famosa poltrona dos Weasley. Sorria para o lindo dia que fazia lá fora, um dia ensolarado. Puxou o jornal bruxo que a coruja entregara exatamente em cima da mesa. Faziam cinco meses, desde aquele dia horrendo que se passara. Pelo o quê Harry achava, Rony já estava começando a se acostumar com o fato de ter matado uma criança – muitas sessões com psquiatras foram precisas.
Fitou as manchetes. Leu algo sobre Malfoy já ter saído da clínica especializada em esquizofrênicos. Continuou a folhear as páginas até ouvir passos rápidos descendo as escadas.
-Pai! PAI! –berrava James da escada. –VEM AQUI, RÁPIDO! É A MAMÃE, É A MAMÃE!
Harry se pôs de pé em um segundo e aparatou até o quarto que divida com Gina. Gina tinha uma das mãos apertando o peito e gemia enquanto cambaleava pelo quarto.
-Gina? –perguntou Harry ajudando-a a se manter em pé.
Gina parecia prestes a desmaiar.
Não era possível... De novo não... Seus filhos arregalavam os olhos, assustados.
Gina caiu no chão com a boca aberta e os olhos fechados. Harry aparatou com ela para o .
