Atenção!!!!!
O título Original da História é Destino Tentato escrito por Nora Roberts. Essa fanfic tem com o intuito de entreter, sem fins lucrativos. Todos os personagens citados nessa história pertencem à Rumiko Takahashi.
Alguns trechos da história orginal foram modificados.
Capítulo Um
Kagome estudou a formação de nuvens abaixo e questionou-se se a viagem que estava fazendo tinha sido calculada ou um mero impulso. Em bora o avião fosse aterrissar em menos de trinta minutos, ainda estava incerta.
Fazia quase vinte anos que não via seu irmão. Pensava nele como um adolescente distante, empolgado e carinhoso. Amara-o com toda a intensidade que uma menininha de seis anos podia amar um garoto de dezesseis.
A imagem que tinha do irmão estava conge lada no passado... um jovem bonito com cabelos escuros e olhos violeta. Lembrava-se de um ar arrogante de orgulho e auto-suficiência. Ele era solitário. Mesmo aos seis anos, Kagome entendera que Miroku Houshi seguiria seu próprio caminho.
Com um suspiro, recostou-se no assento con fortável da primeira classe. Miroku certamente tinha seguido o próprio caminho vinte anos atrás. Quando os pais deles morreram, ele a confortara, Kagome supunha. Mas na época estava muito confusa para entender. Pensava que os pais haviam morrido por sua causa. Se fosse comportada e prestasse atenção às aulas, seus pais voltariam. Então, tia Kana chegou e Miroku partiu. Por meses, ela acreditou que ele tinha ido para o céu, também, cansado das lágrimas e perguntas da irmã. A tia a levara para o leste, para um mundo e uma vida diferente. E duas décadas se passaram sem que Miroku a contatasse.
Então, agora ele estava casado, pensou Kagome. Talvez porque ainda o visse como adolescente, não conseguia imaginá-lo como marido. Sango Taisho, repetiu o nome silenciosamente. Estranho ter uma cunhada quando mal sentia que tinha um irmão.
Oh, sabia alguma coisa sobre os Taisho. Tia Kana não consideraria a sua educação completa se Kagome não conhecesse a história de uma das principais famílias do país...
Inu Taisho era o patriarca, um es de puro sangue e mago financeiro. Izaoi Taisho, sua esposa, uma cirurgiã altamente respeitada. Sesshoumaru, o filho mais velho, era senador do Japão.
InuYasha Taisho. Kagome parou sua lista mental. Embora ele tivesse cerca de 3O anos, ela ouvira o nome dele nos corredores da Universi dade de Direito de Harvard. Tanto ela quanto InuYasha haviam escolhido a advocacia e Kagome estudara para a mesma profissão e andara pelos mesmos corredores. Ele se formara um ano antes que ela ingressasse e já tinha começado o que parecia ser uma carreira brilhante.
Na época da faculdade, Kagome tinha ouvido muitos comentários sobre InuYasha. O inestimável Taisho era altamente mulherengo.
Então havia Sango, aparentemente uma mu lher brilhante... característica que parecia estar presente nos genes Taisho. Ela se formara em Universidade de Tóquio com honras, então passara os anos seguintes acumulando diplomas. Parecia um par estranho para Miroku Houshi.
Por um momento, Kagome considerou se teria ido ao casamento deles caso estivesse no país. Sim, decidiu. Era curiosa demais para não com parecer. Afinal, estava indo para São Francisco agora principalmente por curiosidade. Mas tam bém, teria sido infantilidade e rudeza recusar o convite que Sango lhe enviara. Havia duas coi sas que tia Kana lhe ensinara: não ser infan til nem rude com as pessoas. Kagome esqueceu a tia e abriu a carta de Sango.
Querida Kagome,
Fiquei muito desapontada por você não ter podido vir ao casamento, no último outono, por que estava em Paris. Eu sempre quis uma irmã, e agora que tenho uma, é frustrante não poder apreciá-la. Miroku fala de você, mas as lembran ças dele são de quando você era garotinha, e quero conhecê-la pessoalmente. Miroku também está ansioso para ver a mulher na qual você se transformou depois de todos esses anos.
Juntamente com essa carta, estou lhe envian do uma passagem de avião. Por favor, venha e seja nossa hóspede no Hotel Monge por quanto tempo quiser. Você e Miroku têm muitas coisas para pôr em dia, e eu tenho uma irmã para conhecer.
San.
Kagome arqueou uma sobrancelha enquanto dobrava a carta. Carinhosa, aberta, amigável, pensou. Não era o tipo de mulher que imaginava.
Ela provavelmente não apareceria, pensou InuYasha quando andou em direção ao terminal. Uma vez que Kagome Houshi não respondera a carta de Sango, ele não entendia por que sua irmã tinha tanta certeza que ela estaria no avião. E por que ele tinha se permitido fazer o papel de motorista?
San teria ido se o movimento no hotel não estivesse tão grande, lembrou. E desde o inferno pelo qual haviam passado poucos meses atrás, com Miroku. Então riu. Nem mesmo conhecia o homem chamado Miroku Houshi.
Se houvesse uma parte em si que queria co nhecê-lo, ela enterrara há muito tempo. Precisa ra fazer isso para sobreviver no mundo de sua tia. Mesmo agora, se tia Kana soubesse que ela estava indo passar um tempo com Miroku num hotel de jogos, ficaria horrorizada.
Kagome olhou para as nuvens novamente. Não importava, pensou. Encontraria seu irmão e a esposa, satisfaria sua curiosidade e depois parti ria. A garotinha que idolatrara Miroku sem ques tionamento não existia mais. Tinha a própria vida, sua carreira. A relação dos dois estava estagnada há muito tempo. Era ano-novo, lembrou-se. A época perfeita para renovações.
InuYasha vinha atendendo os desejos da irmã. Caso contrário, estaria esquiando em Hokuriku, em vez de em um praia em pleno inverno.
Uma rajada de vento moveu a gola de seu casaco quando ele chegou à entrada do terminal. Uma loira elegante passou e o olhou de cima a baixo. Ele deu um sorriso breve antes que a moça se afastasse.
Magro, com feições fortes, olhos que beiravam a cor violeta e cabelos loiros com mechas douradas, InuYasha tinha consciência de sua boa aparência e se sentia bem com isso.
Continuou andando ao longo do terminal. Com uma breve olhada no monitor, checou o portão de saída do vôo de Hiroshima. Então, sentou para esperar a mulher que provavelmente não apareceria.
Quando a chegada foi anunciada, acendeu um cigarro. Esperaria até que o último passageiro descesse, depois voltaria para o hotel. Sango ficaria satisfeita, e ele passaria a tarde na acade mia de ginástica. Desde que se formara como advogado e começara a trabalhar, não tinha tem po para um dia de lazer, muito menos para um fim de semana inteiro.
Os próximos sete dias, contudo, seriam dedica dos a não fazer nada. Não pensaria no caos de seu escritório, ou nos casos que teria de recusar depois porque não haveria horas suficientes no dia.
InuYasha a reconheceu no minuto em que a viu. As maçãs salientes do rosto eram muito parecidas com as de Miroku, assim como o tom de pele branca Os olhos não eram violetas como os de Miroku, mas de um rico castanho-escuro. Olhos de camelo, pensou InuYasha quando se levantou. Cílios longos e pálpebras que pareciam sonolentas. O nariz era reto e aristocrático, a boca, desejosa. Não era um rosto que um homem poderia esque cer facilmente. Bonita, atraente, sexy.
Quando Kagome trocou a sacola de braço, os ca belos pretos balançaram, sem tocar os ombros. Os cabelos lisos estavam soltos, e havia uma franja sobre a testa, um estilo que combinava com ela.
Sem ser notado, InuYasha observou-lhe o corpo. Quadris estreitos, cintura fina e ombros de nada dora. Andava como uma dança, confiante, com ritmo, e quando ele parou à sua frente, ela o olhou brevemente, sem demonstrar interesse.
— Com licença — murmurou, como se ele esti vesse em seu caminho.
Interessante, pensou InuYasha, e não se incomo dou em sorrir.
— Kagome Houshi? Ela franziu o cenho.
— Sim?
— Sou InuYasha Taisho, irmão de San. — Olhando-a fixamente, ele estendeu a mão.
Então, aquele era o terrível Taisho, pen sou Kagome, aceitando a mão oferecida.
— Prazer. — O aperto de mão firme enviou-lhe um estranho arrepio pelo braço. Kagome o reconheceu, quebrou o contato e o esqueceu.
— San teria vindo pessoalmente — continuou ele — mas houve um imprevisto no hotel. — Por que era um homem que podia ser diplomático, falou enquanto tentava pegar a sacola do ombro dela: — Eu não esperava que você viesse.
— Não? — Kagome manteve a mão na alça da saco la, impedindo que ele a pegasse. — E a sua irmã?
InuYasha considerou lutar pela sacola. Alguma coisa naqueles olhos sonolentos o fazia querer irritá-la. Dando de ombros, baixou a mão.
— Ela tinha certeza de que você viria. San acredita que todos possuem fortes sentimentos familiares. — Ele sorriu antes de segurar-lhe o braço. — Vamos pegar as suas malas.
Kagome permitiu que ele a conduzisse pelo corredor congestionado, enquanto mantinha a mente alerta.
— Você não simpatizou comigo, não é, sr. Taisho?
InuYasha arqueou as sobrancelhas, mas nem mesmo a olhou.
— Não conheço você. Mas já que é da família, por que não deixamos de formalidades?
Kagome pensou em um dos motivos pelos quais ele era tão bem-sucedido na profissão. A voz era muito rica, melodiosa, mas firme.
— Tudo bem — concordou ela. — Diga-me, InuYasha, se não estava me esperando, como sabia quem eu era?
— Você é muito parecida com Miroku.
— Verdade? — murmurou ela quando pararam diante da esteira de malas.
InuYasha a estudou novamente com a mesma intensidade de antes. Não podia identificar bem o sotaque dela, mas lembrava um pouco o fran cês. Perguntou-se se combinava com Kagome tanto quanto o belo casaco de lã.
— A semelhança familiar está presente — co mentou. — Mas acho que seria menos aparente se vocês ficassem lado a lado.
— Isso é algo que tive poucas oportunidades de fazer — respondeu ela, e indicou suas malas com um gesto da mão.
Acostumada com empregados, concluiu InuYasha quando pegou as duas malas de couro.
— Tenho certeza de que Miroku ficará feliz em vê-la depois de tantos anos.
— É possível. Você parece gostar bastante dele.
— Eu o conheço há dez anos. Era meu amigo antes de se tornar meu cunhado.
Ela queria perguntar como Miroku era, mas conteve-se. Tinha sua própria opinião. Se fosse mudá-la, não seria pelas influências de InuYasha ou de qualquer outra pessoa.
— Você vai ficar hospedada no Monge?
— Por uma semana.
Assim que saíram no ar frio de janeiro, Kagome automaticamente enfiou as mãos nos bolsos do casaco. O céu estava azul, e as ruas escorregadias com a neve derretida.
— Não é uma época do ano estranha para tirar férias na praia?
— Para alguns. — O vento levou cabelos aos olhos de InuYasha, mas ele não pareceu notar. — Mui tas pessoas vêm para jogar. O clima não importa quando você está dentro de um cassino.
Kagome inclinou o rosto para fitá-lo.
— Foi para isso que você veio?
— Não particularmente. — Ele olhou para baixo e descobriu que o sol dava um brilho levemente dourado aos olhos dela. — Gosto de um jogo oca sionalmente, mas San é a jogadora da família.
— Então, ela e Miroku devem combinar bastante.
InuYasha pôs as malas no chão e tirou a chave do bolso.
— Deixarei que você decida isso por si mesma. Sem falar, colocou a bagagem no porta-malas, e depois abriu o carro. — Kagome... — InuYasha tocou-Ihe o braço antes que ela pudesse entrar.
Ela nunca imaginara que seu nome pudesse soar assim... suave e vagamente exótico. Quando o olhou, ele afastou-lhe a franja dos olhos num gesto que parecia totalmente natural. Surpresa pelo toque que a desconcertava, Kagome não disse nada.
— As coisas nem sempre são o que parecem — murmurou InuYasha.
— Não entendo você.
Por um momento, os dois ficaram apenas se entreolhando no estacionamento do aeroporto.
Kagome achou que quase podia sentir a textura da mão forte através do grosso casaco. Os olhos, pensou, eram estranhamente gentis num rosto de feições fortes. Por um instante, esqueceu-se da reputação de InuYasha como um "demônio" no tribunal... e na cama. De repente, o queria... para ajudá-la, aconselhá-la, confortá-la, antes que tivesse consciência que precisava de qualquer dessas coisas.
— Você tem um rosto lindo — disse InuYasha. — Possui também alguma compaixão? — Kagome franziu o cenho.
— Gosto de pensar que sim.
— Então, dê uma chance a seu irmão.
O olhar intrigado de Kagome foi substituído por uma expressão fria e reservada. Embora ela não soubesse, era um olhar que Miroku costumava adotar às vezes.
— Algumas pessoas podem considerar a minha vinda como um sinal de boa-fé.
— Alguns podem — concordou InuYasha, então rodeou o carro para abrir a porta do motorista.
— Mas você não considera. — Ela bateu a por ta com mais força que o necessário.
— Tenho a impressão de que você veio mais por curiosidade.
— Deve ser gratificante estar certo com tanta freqüência.
Ele deu um sorriso rápido e poderoso.
— Sim — concordou, pondo o Jaguar em fun cionamento. — Por segurança, por que não tenta mos ser amigos? Como foi em Paris?
Conversa à-toa, decidiu ela. Desligar o cérebro e dar somente respostas padrão. Kagome recostou-se. Apreciaria o trajeto. Uma de suas paixões secretas era por carros bons e velozes.
Estava frio.
— Há um pequeno café na rue du Four que adoro — lembrou InuYasha. — Os melhores suflês da cidade.
— Henri's? Ele lhe lançou um olhar curioso.
— Você conhece?
— Sim. — Com um pequeno sorriso, Kagome olhou pela janela. Henri's era um pequeno barzinho na cidade. Tia Kana preferia morrer de fome a por os pés lá. Kagome adorava o lugar e sempre passava uma ou duas horas lá quando Paris. Estranho que o local também fosse o favorito de InuYasha Taisho. — Você vai a Paris com freqüência?
— Não mais.
— Minha tia está morando lá agora. Eu a ajudei a procurar um apartamento.
— Em que parte de Hiroshima você mora?
— Acabei de me mudar para uma casa na rua 8.
— O inevitável mundo pequeno — murmurou InuYasha. — Parece que somos vizinhos. O que você faz em Hiroshima?
Kagome virou-se para estudá-lo.
— O mesmo que você. — InuYasha a olhou, a ex pressão interrogativa. — Lembra-se do prof. Whiteman? — continuou ela. — Ele fala muito bem de você.
InuYasha sorriu.
— Então, você fez Direito em Harvard. Parece que temos muito em comum. Família, universi dade, carreira. Você está advogando?
— Trabalho para Barclay, Stevens e Fitz.
— Hum, muito prestigioso. E sério.
Pela primeira vez, Kagome deu um sorriso sin cero.
— Pego todos os casos fascinantes. Na semana passada, representei o filho de um intendente municipal que tem o hábito de ignorar o limite de velocidade.
— Você vai subir na profissão em quinze ou vinte anos.
— Tenho outros planos — disse Kagome. Quando chegasse aos trinta anos estaria pronta para uma mudança. Depois de quatro anos com uma firma conservadora e respeitada, teria a experiência necessária para começar seu próprio negócio. Um pequeno escritório elegante, uma secretária competente, e então... — E quais são?
Ela voltou ao presente. Não era uma mulher que punha todas as cartas na mesa.
— Quero me especializar em direito criminal — falou simplesmente.
— Por quê?
— Uma sede por justiça, direitos humanos. —Rindo, olhou para InuYasha. — E adoro uma boa briga.
Ele assentiu com um gesto de cabeça. Talvez ela não fosse tão "certinha" quanto o traje indi cava.
— Você é boa nisso?
— Uma estudante do segundo ano de Direito poderia perfeitamente fazer o que faço no mo mento. — Ela ergueu o queixo. — Sou muito me lhor do que isso... e pretendo ser a melhor.
— Uma ambição admirável — comentou InuYasha quando virou o carro em direção ao Hotel Monge — Essa também é a minha meta.
Kagome deu-lhe um olhar frio.
— Teremos de ver quem chega lá primeiro, certo?
Como resposta, InuYasha apenas sorriu. Kagome pensou ter visto uma ponta daquela energia perigosa e volátil que o levara ao topo. Sem falar, desceu do carro. Não era desafiada por sorrisos cruéis e olhares penetrantes. Se havia uma área na qual se sentia totalmente confiante, era em Direito. InuYasha Taisho ouviria seu nome por muitos anos, e se lembraria de suas palavras.
— As malas da srta. Houshi estão no porta-malas — InuYasha disse ao porteiro, entregando-lhe uma nota dobrada e as chaves. — Estou certo de que San quer vê-la imediatamente — continuou, pegando o braço de Kagome de novo. — A menos que você prefira ir para seus aposentos antes.
— Não. — San queria vê-la, não Miroku. Kagome sentiu um nó no estômago e esforçou-se para ignorá-lo.
— Ótimo. Então, vamos subir direto.
Ela olhou ao redor, absorvendo a elegância do saguão.
— Então, isso é de Miroku.
— Ele possui apenas metade deste hotel — cor rigiu InuYasha quando eles entraram no elevador. — San tomou-se sócia dele no último verão.
— Entendo. Foi assim que eles se conhece ram?
— Não. — Ele riu. — Tenho certeza de que San vai lhe contar como eles se conheceram, embora talvez você precise conhecer meu pai para en tender completamente. — Ele lhe deu um longo olhar, então enrolou a ponta dos cabelos dela nos dedos, movido pelo perfume sedutor que a rode ava. — Você é realmente linda, Kagome.
Era o modo como ele pronunciava seu nome que lhe causava aquele estranho arrepio, pensou ela. O homem era especialista em deixar as mu lheres sem graça, lembrou. E fazê-las gostar disso.
— Você deixou uma certa reputação em Harvard, InuYasha. E não somente na sala de aula.
— É mesmo? — Aparentemente divertido, ele retirou a mão dos cabelos dela. — Você precisa me contar sobre isso uma hora dessas.
— Algumas coisas não precisam ser ditas. — Quando as portas se abriram, Kagome saiu, então olhou por sobre o ombro. — Embora eu sempre tenha me perguntado se a história do incidente na biblioteca da faculdade foi baseada num fato.
— Hum. — Coçando o queixo, InuYasha a seguiu. — Eles ainda falam sobre isso?
Kagome escondeu um sorriso enquanto o estu dava. Ele não estava embaraçado, mas parecia curioso.
— Algumas coisas viram lenda — disse ela.
InuYasha virou a maçaneta e deu-lhe um sorriso charmoso.
— Você não acredita em tudo o que ouve, acre dita, advogada?
Kagome fez uma pausa antes de retribuir o sor riso.
— Sim. — Com isso, abriu a porta e entrou.
Ela não sabia bem o que esperava, mas certa mente não era a elegância aconchegante da suíte de seu irmão. Tons suaves contrastavam com tons mais fortes, uma vista panorâmica para São Francisco, pequenas esculturas magníficas, quadros em tom pastel, móveis convidativos sobre um tapete espesso.
Aquele era o gosto de seu irmão?, perguntou-se, de repente se sentindo mais distante dele do que nunca. Ou era o gosto de Sango? Quem era aquele homem que compartilhava sua herança familiar? E por que ela estava ali, abrindo-se para emoções que há muito já trancara? Emoções que precisavam permanecer trancadas, disse a si mes ma. Isso era sobrevivência. Num momento de pânico, virou-se em direção à porta, mas deparou-se com InuYasha.
— De quem você vai fugir? — perguntou ele, segurando-lhe os braços. — De Miroku ou de si mesma?
Kagome ficou tensa.
— Isso não é da sua conta.
— Não — concordou ele, desviando os olhos pára a boca de Kagome. Ela estava nervosa, pensou. Como seria beijá-la naquele momento, fazendo-a relaxar? Ele sempre preferira mulheres mais extravagantes... que sabiam como rir e amar sem restrições. Mas esse, afinal, seria um teste. Não havia a menor chance de envolvimento.
Houve uma tentação momentânea de provar-lhe a boca e satisfazer sua curiosidade. O fato de que a resposta dela podia ser tanto de fúria como de paixão tornou ainda mais difícil resistir.
Kagome sentiu o desejo surgir inesperadamente. De alguma maneira, sabia que ele poderia lhe dar prazer. Não haveria incertezas, pensamentos ou justificações. Ela poderia encontrar aquele mundo proibido se quisesse.
Por um momento, vacilou entre a tentação e a razão. Seria tão fácil...
Um leve ruído mecânico a levou de volta à realidade. Kagome virou a cabeça em direção às portas de um elevador que não tinha notado. InuYasha deslizou as mãos para os ombros dela e tirou-lhe o casaco enquanto eles entravam.
Ela viu uma mulher pequena e morena, usando um vestido simples, violeta, que combinava com a cor dos olhos.
— Kagome. — Sango aproximou-se e a envolveu num abraço caloroso. — Estou tão feliz que você veio! — Afastando-se do abraço, segurou ambas as mãos da cunhada nas suas. — Oh, você é ado rável! — murmurou com um sorriso alegre. — E se parece tanto com Miroku, certo, InuYasha?
— Hum. — Ele observou o encontro enquanto acendia um cigarro.
Meio intimidada pelo cumprimento, Kagome deu um passo atrás.
— Sango, quero agradecer-lhe pelo convite.
— Deixe disso — replicou Sango. — Somos da mesma família agora. InuYasha, que tal um drinque? Kagome, do que você gostaria? — Kagome deu de ombros.
— Um pouco de vermute. — Nervosa demais para se acomodar, foi até a janela. — O hotel é lindo, Sango. InuYasha me contou que você e Miroku são sócios.
— Nesse hotel, e no que estamos reconstruindo em Malta. Ainda não sou sócia dos outros, mas serei. — aceitando o copo que InuYasha lhe entrega va, Sango sentou no sofá.
— Kagome e eu somos vizinhos. — InuYasha atraves sou a sala com outro copo e o ofereceu á Kagome.
— Verdade?
O momento estranho tinha passado, disse Kagome a si mesma. Mas quando aceitou o drinque de InuYasha e seus olhos se cruzaram e os dedos se roçaram, decidiu que não estava tão segura quan to gostaria.
— Sim. — Deliberadamente, ela deu as costas para InuYasha e voltou-se para Sango. — É uma grande coincidência.
InuYasha sorriu e andou de volta para o bar.
— Mais do que uma coincidência. Nós temos a mesma profissão.
— Você é advogada? — Sango observou os olhos de Kagome seguirem InuYasha. Parece que meu irmão não perde tempo, pensou, então deu um gole no drinque.
— Sim, entrei em Harvard alguns anos depois de InuYasha. Mas a presença dele ainda era sentida — acrescentou Kagome.
Sango deu uma gargalhada.
— Oh, não duvido. Você deve ter ouvido his tórias picantes. — Ela sorriu para o irmão.
— Sua fé em mim é tocante — murmurou InuYasha. Eles eram próximos, pensou Kagome. Sempre tinham convivido e sabiam diversas histórias um do outro. Ela olhou para seu drinque. O que estou fazendo aqui?
— Sango, quero que saiba que apreciei o seu convite, mas — Kagome parou e fortificou-se com um gole do vermute — , eu gostaria de saber se Miroku se sente tão desconfortável com essa situa ção quanto eu.
— Ele não sabe que você veio. — Quando Kagome arregalou os olhos, Sango se apressou: — Eu não tinha certeza se você viria, Kagome. Não que ria que ele ficasse magoado se você recusasse.
— Ele ficaria? — questionou Kagome.
— Você não o conhece — disse Sango, então levantou. — Por favor, não o rejeite. Ele é...
Com o som do elevador, Sango parou, e Kagome observou as portas se abrirem.
— Finalmente a encontrei. — Miroku andou diretamente para a esposa. — Você sumiu.
— Miroku... — Sango foi calada por um beijo ardente do marido.
Ele era tão alto, confiante, bem-sucedido, pen sou Kagome enquanto o observava. O que restara do garoto temperamental que conhecera? Aquele era seu irmão? Ele a erguera nos ombros uma vez para que ela pudesse ver o circo da cidade do alto. Meu Deus, por que se lembrar disso agora?
— Miroku — começou Sango de novo, depois de interromper o beijo. — Nós temos companhia.
Ele deu uma olhada breve para InuYasha, então puxou Sango para si.
— Vá embora, InuYasha, quero fazer amor com a sua irmã.
— Miroku. — Rindo, Sango pressionou a mão contra o peito dele. Quando olhou em direção à janela, Miroku seguiu seu olhar.
— Oh. — Sorindo, acariciou os cabelos da es posa, mas não a soltou. — Eu não sabia que InuYasha tinha trazido uma amiga.
Ele nem mesmo me conhece, pensou Kagome. Somos estranhos. Sentindo-se perdida, olhou-o, lutando por palavras que não saíram.
Lentamente, os olhos de Miroku se estreitaram. Sango sentiu a mão dele se apertar em seus ca belos, então liberá-los.
— Kagome? — Havia reconhecimento e incredu lidade no nome.
Totalmente imóvel, ela murmurou:
— Miroku.
Ele aproximou-se, estudando-lhe o rosto. O tempo estava voltando tão rapidamente que o deixou trêmulo e desorientado. Queria tocá-la, mas não sabia como. Ela era tão pequenina e gorducha quando a deixara. Agora, era uma mu lher alta e magra, com os olhos de seu pai. Os dois ficaram se entreolhando por alguns momentos.
— Você cortou seu rabo-de-cavalo — murmurou ele e se sentiu tolo.
— Há muitos anos. Você parece bem, Miroku — disse ela com um sorriso educado, e tremendo por dentro.
Qualquer abertura que ele quisesse dar foi quebrada por aquela sentença impessoal.
— Você também. Como está sua tia?
— Tia Kana está bem. Está morando em Paris agora. Seu hotel é maravilhoso.
— Obrigado. — Miroku sorriu e enfiou, as mãos no bolso. — Espero que você fique conosco por um tempo.
— Por uma semana — respondeu ela friamente. — Eu não lhe dei os parabéns por seu casamento, Miroku. Espero que seja feliz.
— Sim, eu sou.
Achando insuportável aquela conversa super ficial, Sango deu um passo à frente.
— Por favor, sente-se, Kagome.
— Se não se importam, eu gostaria de desfazer as malas.
— É claro. — Miroku falou antes que Sango pro testasse: — Você janta conosco?
— Eu adoraria.
— Eu lhe mostrarei seus aposentos. — InuYasha acabou o resto do drinque e o pôs de lado.
— Obrigada. — Kagome foi para a porta, parou e sorriu para Sango. — até mais tarde, então.
Houve uma leve, porém inconfundível expres são de desaprovação nos olhos cor de violeta.
— Avise se precisar de alguma coisa. Às oito horas está bom para você?
— Estarei pronta. — Sem olhar para trás, Kagome andou para a porta que InuYasha já mantinha aberta. Nenhum dos dois falou enquanto seguiam pelo corredor.
Silenciosamente, InuYasha tirou uma chave do bolso e destrancou a porta. Kagome entrou, então se virou, pretendendo agradecer a ele. Mas InuYasha fechou a porta.
— Sente-se.
— Se não se importa, eu realmente gostaria de...
— Por que não termina esse drinque?
Olhando para baixo, Kagome percebeu que ainda segurava o copo na mão. Dando de ombros, virou-se como se estivesse estudando o cômodo.
— Muito bonito — comentou, sem ter idéia para o que estava olhando. — Obrigada por me trazer até aqui, InuYasha. Agora, quero desfazer as ma las.
— Sente-se, Kagome. Não vou sair enquanto você estiver agitada assim.
— Eu não estou agitada! — Ela deu um gole no vermute. — Estou cansada, portanto...
— Eu observei você. — Com firmeza, InuYasha a segurou pelos ombros e sentou-a em uma cadei ra. — Se tivesse ficado parada lá mais cinco mi nutos, teria desmaiado.
— Isso é ridículo. — Kagome pôs o copo sobre a mesa.
— É? — Ele pegou-lhe as mãos entre as suas e acariciou-a enquanto a olhava. — Suas mãos estão geladas. Seus olhos também não mentem, Kagome. Você não poderia ter dado alguma coisa a Miroku?
— Não. Não tenho nada para dar a ele. — Li vrando as mãos, ela levantou. — Por favor, deixe-me sozinha.
Eles estavam muito perto agora.
— Teimosa — murmurou InuYasha, e traçou o for mato da boca de Kagome com o polegar. Com um suspiro, afastou-lhe os cabelos do rosto. Ela sentiu tudo sair de foco. — Você se machuca amarrando seus sentimentos dessa maneira.
— Você não sabe nada dos meus sentimentos. — A voz era baixa e ela lutou contra as lágrimas que lhe nublavam a visão. Não ia chorar... não na frente dele ou de ninguém. Não havia abso lutamente nada pelo que chorar. — Meus senti mentos não são da sua conta. — Reprimindo um soluço, pôs a mão na boca. — Deixe-me sozinha — exigiu, mas encontrou-se aninhada contra o peito dele.
— Quando você terminar — sussurrou InuYasha e a abraçou.
O conforto sem questionamento era mais do que Kagome podia resistir. Cedendo, liberou as emoções num acesso de choro.
Nossa galera!!!! Primeir vez na minha vida que eu escrevo uma fic sobre InuKag! Será que eu fui bem???
Deixe reviews, please!!!!
Algumas pessoas devem estar estranhando essa fic, é como eu já disse, pra entender melhor, voces precisam ler primeiro Playing the Game. Postarei o mais rapido que puder!!
beijos!!!!
