Disclaimer: Nem o Nagi, nem os personagens de Shugo Chara! Me pertencem... Ah, se eles fossem meus de verdade... x9 FSHJDFHFDIU /jok
Dedico essa fic a Keka, Dai-chan, Liz, Naly, Mari e todas as outras garotas que eu viciei em Shugo Chara! e/ou são tão apaixonadas pela Nagihiko como eu KK' , vocês me inspiram, coisinhas lindas xD~~~~~~~~~
Ps: Eu sei que o Nagi é um garoto, mas não se esqueçam que aqui é um universo paralelo, uma fanfiction ;) espero que gostem ^_^
Baseado no manga "Kakumei no Hi" de Mikiyo Tsuda.
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Capítulo 1 – Mudança.
-Eu não acredito nisso! – Minha melhor amiga, Amu Hinamori, dizia enquanto trançava meus longos cabelos; passatempo que ela, particularmente, adorava – Você dispensou ela mesmo!?!
-Dispensei – Eu respondi com um dar de ombros.
-Mas, Nagi... Ninguém dispensa a Saaya Yamabuki e continua vivo, você sabe – ela estava gargalhando.
-Amu-chan... Por acaso você está desejando a morte do seu melhor amigo? – Eu fingi estar chocado.
Ela rira mais uma vez:
-Claro que nãããão, Nagi! Mas eu acho engraçado que um cara consiga levar as coisas tão a sério como você faz... É só que... Você não parece ligar pra status ou esse tipo de coisa. Você apenas vive sua vida, joga seu basquete...
-É assim que eu sou – meu outro dar de ombros fez a longa trança cair em meus ombros, ao lado do pescoço. A primeira coisa que reparei foi o lacinho vermelho na ponta, visivelmente feminino, prendendo a grossa trança em meus cabelos arroxeados.
Fiz uma careta:
-Amu-chaaan...! Eu não sou uma garota, sabia disso? Só porque meu cabelo passa da cintura não significa... – Eu tentei lembrar ela pela milionésima vez. Em nossos cinco anos de amizade, ela vivia esquecendo esse detalhe... De propósito.
-Ai, gomen, Nagi! É que... É que... – Eu não disse? Lá vem a frase preferida da Amu-chan:
-É QUE VOCÊ É TÃÃÃÃÃÃO KAWAIIIII!!!! – Acabei repetindo a frase com ela, de tanto que a conhecia, só que em tons de sarcasmo – ela dizia isso sempre em seu melhor estado "moe".
-É né... É duro ser "kawaii". – resmunguei – De qualquer forma, - continuei, enquanto soltava os cabelos – Não me importo com o que a Saaya-san pensa. Mês que vem ela se apaixona por outro. É sempre assim.
Risos.
-Mas sabe, Nagi... Acho que o problema maior é que você é sempre tão na sua... Acaba criando toda essa aura de mistério... Daí as garotas todas do colégio babam por você! – Amu-chan sorria ao dizer isso, como uma mamãe orgulhosa por seu filho ser um verdadeiro "príncipe".
Corei.
-... E aí eu fico pensando... Sei lá, será que não existe nenhuma garota que lhe interesse, não?
-A única garota que me interessa não corresponde o sentimento – eu resmunguei mais num sussurro, deixando a Amu-chan vermelha como um tomate.
Sim, porque ela sabia que eu gostava dela. Não que eu fosse um louco apaixonado, desses a gente só vê na televisão. Eu só... Eu só tinha um grande interesse nela, e sempre demonstrava isso. Mas ela desconversava.
Como agora:
-Ah, bem... Bom Nagi, você sabe, é que...
Eu meneei minha cabeça, um sorriso sereno sobre meus lábios – os olhos fechados, como sempre fazia:
-Daijobu. De qualquer forma, esqueça meu cabelo e vamos logo. Ou vamos nos atrasar.
-Uh... Uhum.
Todos os dias, Amu-chan chegava um pouco mais cedo em minha casa, e íamos juntos à escola. Claro que, nesse meio tempo, sempre conversávamos sobre os mais variados assuntos.
A "fofoca" mais recente, por assim dizer, era como eu havia "chutado" – palavras da Amu, não minhas – Saaya Yamabuki, a garota mais popular do colégio... Depois da própria Amu, é claro.
Acontece que a Amu-chan não era tão alegre e tagarela na escola como quando estávamos sozinhos. Na verdade, ela é bem tímida, e só consegue se abrir comigo e com outros poucos amigos; ela é uma "farsante".
Deixe-me explicar: não é como se a Amu-chan fizesse de propósito, mas, sendo tímida, sempre passava pelos outros sem cumprimentar, ficava num canto isolado da sala sem se misturar, tirava notas razoáveis e sempre se revestia de uma capa de frieza, para ninguém chegar perto... Por isso, todos tomaram sua atitude de forma equivocada. Foi nessa época que lhe deram o apelido de "Cool and Spicy", como ele á conhecida até hoje. Foi nessa época, também, que nós nos conhecemos.
Eu, Nagihiko Fujisaki, vim de uma tradicional família japonesa, minha educação sempre fora o mais impecável e rigorosa possível. Quando tinha 11 anos, quis jogar tudo pro alto e fazer o que quisesse da minha vida... Comecei a jogar basquete nessa época, contra a vontade de minha mãe.
Em um dia depressivo, fui dar uma volta num parque longe de casa pra esfriar a cabeça, e acabei encontrando, em um dos balanços, uma garotinha de cabelos róseos e grandes olhos dourados, chorando. Nós já havíamos nos esbarrado na escola algumas vezes, mas depois de uma longa tarde de conversa naquele parquinho, nos tornamos amigos de verdade. E eu me tornei um pouco mais paciente com relação à minha família e seus costumes.
O mais engraçado de tudo é que, como a fria e apimentada Amu Hinamori só sorri quando estou por perto, a maioria de nossos colegas pensa que somos namorados. Não posso dizer que não gosto disso, mas prefiro ignorar.
-Okaa-sama! Estamos indo!!
-Iterashai! – Ouvi minha mãe gritar em resposta, de algum cômodo longe da porta de casa. Saímos.
-Hoje tá um tempo bom, não acha? – Amu-chan sorriu.
-Hai – continuamos nossa caminhada.
Contudo, antes mesmo de cruzarmos os portões da escola, o velho burburinho já tão conhecido sobre nós dois havia se iniciado:
-Olha, são eles de novo... Fujisaki-sama e Hinamori-san.
-Eles não formam um casal muito fofo?
-Aiai, a Amu-chan é tão sortuda, né? O Nagihiko-san parece um cara tão legal...
-Quê? Sortudo é o Fujisaki. Queria saber o que ele fez pra conquistar uma gata como a Amu-senpai e...
-Se vocês têm algo a dizer, digam na nossa frente – Amu-chan replicara às fofocas, com cara de pouquíssimos amigos.
Parecia até cena de novela: Num momento todos no pátio estavam paralisados. No seguinte, gritaram em coro com toda empolgação:
-KAKKOIII!!!! COOL AND SPICY!!!
-Se fosse ensaiado, não sairia tão bom – provoquei.
-Aff... Não sei quem começou com esses boatos.
-Okaa-sama diz que você colhe o que você plantou.
-OK, grande sábio – ela ironizou; eu sorri.
-Na verdade, você sabe, eu não queria ser assim... – choramingou de repente, enquanto ainda estávamos andando.
-Você diz isso desde a primeira vez que conversamos.
-Mas é que... É...
-Você não quer mudar? Mude. É simples assim – repeti o que disse há 5 anos. O mesmo que venho dizendo toda vez que ela começa com isso.
-Você também sempre diz isso.
-Eu sei – sorri; ela me sorriu de volta, resignada.
-OLHA LÁ!! ELES ESTÃO SORRINDO UM PRO OUTRO, KAWAIIII!!!! – alguém gritou, recomeçando o burburinho.
-Mas que isso me irrita, isso irrita – reclamou minha amiga.
-Haha.
-Não é pra rir, Nagi! Sabe que, outro dia eu quase... – ela protestava enquanto tomávamos direção à nossa sala.
* * *
-Yahoo! Olá para a noiva do segundo carinha mais cobiçado do colégio! Quando vai ser o casório!?
-Não tem nada disso, Yaya.
-Urg! Que mau humor logo de manhã, Amu-chii! Ainda mais num dia lindo desse!!!
-Ah, então era a Yaya-chan – Cumprimentei-a. Era hora do intervalo e eu tinha acabado de voltar da lanchonete. Entreguei o que a Amu-chan me pediu para comprar e sentei com meu próprio lanche, perto das duas.
-Yahoo, Nagi-chi. Diz pra sua namoradinha que ela tá muito azeda pra uma segunda-feira.
Eu sorri, na verdade um pouco sem graça. Se havia alguém que gostava de pisar nos calos dos outros, essa era a Yaya. Não que ela fizesse intencionalmente, mas a garota parecia ter tomado para si a missão de unir todos os possíveis casais que lhe viessem pela frente.
-Então... Como foi o fim-de-semana, Yaya-chan? – desconversei.
-Ah, foi muito bom...! – Yaya Yuiki era a garota mais divertida de nossa escola... Uma das principais estrelas do vôlei feminino. Seu jeito "criançona" conquistava o coração de muitos novatos desavisados... Mas o seu próprio já possuía uma paixão meio platônica por um certo garoto...
Tinha 13 anos e, por incrível que pareça, eu só a conhecia porque ela era uma amiga da família. Não faz muito tempo eu a apresentei à Amu-chan, desde então, ficaram inseparáveis.
-... Daí o Kukai ligou pro Tadase e nós fomos...
-TADASE-KUN FOI TAMBÉM!?! – metade do refeitório olhou pra nós nessa hora, culpa da Amu, é claro.
Ela tratou logo de disfarçar:
-Quero dizer, até parece que eu me importo com aquele tampinha branquelo! Hahahahaha.
-Amu-chan, você não está sendo nem um pouquinho discreta – eu sorri, não muito feliz de Yaya ter tocado naquele assunto. Pelo menos o refeitório esqueceu que nós existíamos... Por hora.
Sobre os garotos que Yaya-chan havia mencionado; Kukai Sohma era uma das grandes promessas do futebol masculino em nosso colégio. Além de ser um ótimo esportista – jogávamos basquete juntos às vezes – ele também era estudioso e muito engraçado: Sempre tinha uma piadinha na ponta da língua! Com seus olhos claros e cabelos ruivos, não havia uma garota que não quisesse ficar com ele – mas cá entre nós, eu achava que entre ele e Yaya havia uma boa sintonia. Pelo visto, a Yaya achava o mesmo, porque espalhou aos quatro ventos que os dois eram namorados. Não que eles fossem de verdade.
Apesar de tudo, eram grandes amigos – o que rendia bom material para fofocas.
Kukai era o mais velho de nosso grupo, com 17 anos.
E Tadase Hotori... Bem, com seu porte polido e delicado, o garoto loiro de olhos numa mistura de castanho claro e vermelho como sangue, havia ganhado o título de "príncipe" da escola. Ele era o líder do conselho estudantil – do qual todos nós fazíamos parte – e, como era de se esperar, não gostava muito do título que haviam lhe dado. Por vezes ele ficava possesso, por vezes ele surtava e ficava meio megalomaníaco... Mas na maioria das vezes ele ficava praticamente cor-de-rosa – ele era bastante tímido. Por isso, apesar dos pesares, eu tentava, mas não consegui odiá-lo.
E por que eu deveria? Bem, porque Tadase Hotori possuía uma coisa que eu jamais teria; e eu não estou me referindo a status e popularidade, eu me refiro a uma das coisas mais importantes em minha vida: O amor de Amu Hinamori, minha melhor amiga.
De tanto pensar no Tadase, quando dei por mim, ele já estava lá, com Kukai a seu lado, conversando com as meninas. Não sei bem a razão, mas, só de vê-lo, comecei a sentir fortes dores no corpo todo e minha cabeça girar... Eu não sabia o que era aquilo, eu jamais havia sentido tanta dor antes; era uma dor tão intensa que, em determinado momento, eu implorei aos céus que me levassem... Tanto sofrimento não era normal... Não devia ser normal!
Se foi por ciúmes ou – por mais idiota que pudesse parecer – por alguma coisa que comi, eu não soube dizer. Só sei que tudo que ouvi em meio à agonia foi uma voz chorosa chamando meu nome... E um sussurro preocupado por mim desconhecido.
Depois disso, todo o ar foi retirado de meus pulmões... E eu perdi os sentidos.
* * *
Acordei ouvindo um zumbido – vozes estranhas, misturadas com sons esquisitos e um bipe irritante... A cama em que eu estava era dura e fria, o cheiro de éter empestiava todo o lugar. Logo deduzi estar num hospital.
Espera aí...
-HOSPITAL!?!?!
-Ah, ele acordou! – Era a Amu-chan, com mais alguém... Não consegui reconhecer na hora, porque minha visão ainda estava um pouco borrada.
-Nagi-chiiii!!! – A Yaya resmungou, chorosa, chegando logo em seguida – Você nos assustou!!
-É verdade – Amu reafirmara – que houve?
-Bom, na verdade...
-Fujisaki-san! – Anh, era o Tadase Hotori – Tudo bem? Eu liguei para sua família, avisando que você acordou. Espero que não haja problema. – Ele realmente se importava.
Viu? Essa era a razão pela qual eu não conseguia odiar Tadase Hotori: Além de bonito e bem-nascido, ele era humilde, bondoso e prestativo. Dava pra entender porque todo ser vivente do sexo feminino era apaixonado por ele. Até mesmo eu, às vezes...
Epa! Que pensamento mais esquisito foi esse!? Eu sou um garoto! Não tem como eu achar que o Hotori é...
-Olá, Fujisaki-kun.
-Umeda-sensei!! – Eu o cumprimentei, realmente aliviado. Umeda-sensei era o médico particular de minha família – embora atendesse alguns casos por fora também. Ele era bastante competente no que fazia.
Se eu não tivesse me decidido por uma carreira no basquete, ser médico, espelhando-me nele, seria uma boa opção.
-Como vai o senhor?
-Eu vou bem, mas... Quanto a você, eu já não sei. – Ele retirou os óculos e encarou meus amigos por um tempo – Dão licença?
-AAAARRG!! Yaya quer saber o que aconteceu com o Nagi-chiii!!! Não podem expulsar a Yaya desse jeito, a Yaya precisa saber, porque a Yaya se preocupa e....
Umeda-sensei era muito bom no que fazia, mas raramente tinha paciência com crianças.
Dito e feito: deu um peteleco bem no meio da testa da Yaya.
-EU NÃO ME IMPORTO COM O QUE VOCÊ QUER, SUA PIRRALHA! TEMOS UM CASO SÉRIO AQUI PRA RESOLVER, TÁ ENTENDENDO!?!?
-Uaaaaaaaa, ele me bateeeeeu, o Tio me bateeeeeu, Tadaseeeee!!!
-Erm, Yaya-chan, acho melhor nós irmos ~^' – Tadase disse, já arrastando minha escandalosa amiga pelo braço. Eu tenho a impressão de que nunca vou entender a mente dessa pessoa.
-Desculpe por isso – Amu-chan disse, já se dirigindo à saída.
-Tudo bem, tudo bem... – Umeda-sensei esfregava os olhos – Só vão logo, sim?
Com a porta fechada, finalmente a sós, meu médico começou:
-Olha Nagi, a notícia que tenho pra te dar não é muito boa... Na verdade, talvez não seja tão má assim, se você pensar bem...
Engoli em seco. Será que eu iria morrer? Os céus resolveram atender meu pedido? As fortes dores foram um sinal?
OK, Nagihiko, não exagere. Você sempre foi tão pragmático... Deve encarar sua atual situação com maturidade. Isso, com maturidade.
-Quanto tempo me resta, sensei?
-Quanto tempo te...? – Do nada, Umeda-sensei caiu na gargalhada.
-O quê...? O que foi!? Foi alguma coisa que eu disse??
-Você não vai morrer, Nagi!! Não é nada disso, seu bobão!! – Ele deu um longo suspiro, se sentando ao meu lado, aos pés da cama e bagunçando meus cabelos um pouco.
-Ai...! Mas então o qu...
-Quer me deixar terminar? Você tem ainda tem muito o que viver, garoto! Você talvez... Só vá encarar as coisas de uma outra forma. Ou talvez não, depende de seu entendimento sobre o assunto.
Tentei não demonstrar meu alívio. Então eu iria viver!
-Mas o que aconteceu então, sensei?? As dores, o enjoo, a enxaqueca... – Que permanecia, diga-se de passagem.
-Deixe-me explicar: o que aconteceu com você foi um caso não-raro, uma espécie de má formação congênita. O que eu quero que você entenda Nagi, é que daqui pra frente você tem dois caminhos a seguir; continuar como está, ou tentar, digamos, recomeçar sua vida.
Eu já estava ficando impaciente:
-Sensei, o que, exatamente eu tenho?
-Você tem os dois sexos, Nagi, você é 'hermafrodita'.
Eu.
Eu, que sempre planejei cada passo dado em minha vida...
De repente, tudo o que eu conhecia já não fazia mais sentido – e o meu mundo virou de cabeça pra baixo.
Continua...
