Sono

Não queria mais tentar, estava cansado. Nunca pensara que pudesse ser tão difícil descrever em palavras. O horizonte o inundava, o vácuo, o vácuo de fora, que não poderia jamais sentir em suas mãos brilhava em sua forma.

Como descrever o universo?

Como descrever a própria vida?

Não havia jeito, teria ficado louco.

Era um oceano.

Límpido, vazio.

Talvez fosse melhor dormir..já era a segunda semana que estava ali e era sempre a mesma coisa. Não poderia passar mais três anos assim. Checou o monitor, colocou todos os dados necessários para não ser incomodado demais.

Boa noite, Gerry – e desligou as luzes. – Boa noite Draco – uma voz metálica ecoou na escuridão. Aquela velha máquina estava igual a ele. O metal não escondia as impurezas, e muito menos os sentimentos.

Parecia mais aceitável cochilar no sofá hoje. Pegou um cobertor e deitou. A sensação era boa demais, e estava sonolento demais.

Os cabelos castanhos escorriam, voavam, andavam.

Fechou os olhos.