A curandeira

Naquela época do ano, os vagalumes por muitas vezes enfeitavam a entrada do acampamento dos ciganos. Nas épocas mais frias apenas a neblina se fazia presente entre as tendas, mas como o calor era grande as crianças corriam eufóricas de um lado para o outro.

A sensação era gostosa, o sentimento de família pairava sobre as cabeças de todos.


Tsunade estava entretida dissecando alguns animais de pequeno porte. De vez em quando uma brisa lançava-se para dentro da tenda, deixando o ambiente fresco e arejado. Sorrindo, brincou com os cabelos quando a brisa familiar eriçou os pelos de sua nuca.

As roupas eram altamente confortáveis, o vestido esvoaçava mesmo com o mínimo de movimento que Tsunade fizesse.

A tenda era ampla e se localizava bem na fronteira da clareira em que o acampamento se encontrava e a floresta. De relance olhou para um dos cantos de sua tenda e se deparou com a cesta de ervas medicinais estava vazia. Com um suspiro encaminhou-se até o local da mesma e saiu da tenda, adentrando a floresta.

O clima seco fez sua garganta contrair-se por um instante. Isso significava que estava chegando do local onde encontraria o que estava procurando. Achou sem muitas dificuldades a tal erva. Ajoelhou-se, fez uma prece para a Mãe-Natureza e recolheu as plantas que precisava.

Os ciganos eram muito ligados com a natureza, tanto que sempre que podiam acampavam perto de florestas. Também a respeitavam acima de tudo, antes de retirar ou colocar qualquer coisa nas florestas, oravam e pediam permissão. Óbvio que nem sempre recebiam uma respostar concreta.

Tsunade era uma das figuras mais importantes do acampamento dos nômades. Ela curava os problemas físicos e espirituais. Tinha a cura para quase tudo e sua tenda era chamada de Tenda dos milagres. Mas nenhum dos companheiros da vida de Tsunade sabia dizer ao certo quando ela chegou e porque havia se juntado aos ciganos. E isso nem ela queria revelar, sempre mudava de assunto.

A caminhada até a tenda não era muito longa, portanto chegou rapidamente lá. Logo na sua porta, encontrou uma jovem de madeixas rosa e orbes verdes brilhantes, esperando-a lá.

- Você é Tsunade? – Perguntou, virando-se parcialmente para encarar a loira que acabava de chegar na porta da cabana.

- Sim, eu sou – Respondeu cautelosamente tentando ver se a jovem portava algo que pudesse machucá-la – A pergunta é quem é você?

- Talvez você possa me ajudar...

Ao terminar de se virar, Tsunade percebeu que ela não carregava nenhuma arma. A moça estava retirando um líquido esverdeado de uma folha que instantaneamente ficou seca. O mais impressionante era que a jovem fazia isso apenas com as pontas dos dedos.

A expressão de Tsunade se alterou. O semblante ficou mais sombrio e fechado. Olhou pros lados rapidamente e empurrou a menina para dentro de sua tenda.

- Entre logo aqui menina, não pode fazer essas coisas aqui fora!

Apressada, Tsunade entrou na tenda assim que a menina conseguiu se recuperar do empurrão.