Caixa de Pandora

Sinopse: A vontade de decifrar os segredos de cem anos atrás sempre fora grande demais. Break centric.

Disclaimer: Pandora Hearts não me pertence, e todos já sabemos disso, oks?


"Alice suspirou enfastiadamente. 'Eu acho que você deveria fazer coisa melhor com seu tempo', ela disse, 'ao invés de gastá-lo com charadas que não têm resposta".

(Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll)

Todas as coisas vivas precisam de um objetivo para manter-se de pé, respirando. Para alguns, apenas um pequeno fato ou uma fagulha de emoção revelam-se suficientes. Embora haja outros que necessitem de uma série de justificativas, trançadas todas juntas para formar uma corda forte o bastante para não derrubá-los.

O problema é que, quando essa corda se parte, trançá-la de volta é quase impossível. Afinal, o mundo não faz sentido se você está nele apenas a passeio.

Quando ele acordou, estirado no chão e sangrando pelo olho esquerdo que lhe fora roubado, tudo o que viu foi a expressão preocupada daquela menina de cabelos castanhos. E tudo o que pensou foi em como não lhe restara mais nada.

"Que dia da semana é hoje?" ele se ouviu perguntar. A menina sorriu com ternura e respondeu que era uma tarde de terça-feira. Apesar da dor, ele não pôde deixar de rir da própria estupidez. É claro. Era hora do chá.

Mas não tinha importância, porque ele estava morto – pelo menos até o momento em que encontrasse uma nova razão. Tarefa impossível para quem não sabe por onde começar – e nem tem vontade de fazê-lo.

Aliás, tudo se torna duplamente difícil quando sua presença é indesejada. Ah, sim. Ele os ouvia muito bem, ecoando um interminável "Não tem lugar! Não tem lugar!". E apesar de tudo, o sorriso de Lady Sherry lhe dizia o contrário. Mas o que um homem que via apenas metade do mundo podia fazer?

Então apareceu a resposta, ou talvez ela sempre estivesse lá e ele só não fora capaz de se dar conta dela, até aquele momento.

Até que vieram as memórias e a estranha necessidade de encontrá-las, de saber a verdade de cem anos atrás.

E depois de tanto tempo, quando lhe faltavam um ano ou apenas alguns meses, ele finalmente as encontrou. Somente para perdê-las com a mesma facilidade minutos, instantes depois.

As memórias. A razão para continuar vivendo.

O Chapeleiro Maluco destruiu com extrema facilidade o objeto de busca de uma vida inteira, como se não passasse de um simples sino. Em um momento estava ali e no outro, suas mãos estavam vazias. Num passe de mágica.

Mas não tinha importância, ele encontraria outro modo – ele tinha que encontrar - porque ainda havia a menina que vivia no fundo de um poço. Alice.

Então para quê a pressa? Sente-se e tome mais um pouco de chá, ainda é uma bela tarde de terça-feira.


N/A: Eis a minha pequena contribuição para o fandom, espero que gostem :). Bom, para que algumas partes da fic façam mais sentido, eu sugiro que vocês leiam o cap.7 de Alice no País das Maravilhas. Beeijos :*