Ele não estava bem. Era uma coisa muito simples de se constatar e apesar dele admirar o esforço de seus amigos para animá-lo durante aquele mês, Jon não se sentia particularmente inclinado a colaborar. O rompimento com Ygritte não foi algo fácil, nem indolor, de modo que era normal que ele precisasse de um tempo maior para processar as coisas.
Jon continuava trabalhando normalmente, tocando sua vida como se nada tivesse acontecido, mas eventualmente até o meio irmão dele começou a notar que apesar do esforço, nem tudo estava caminhando da forma que deveria.
Foi quando surgiu a brilhante ideia de uma festa. E por brilhante, entendam, ridícula. O aniversário dele estava chegando e mesmo que Jon insistisse em dizer que não estava num clima particularmente comemorativo, Aegon ignorava os protestos dele, amparado pelo entusiasmo de Daenerys.
Não era como se ele conseguisse impor sua vontade quando o irmão e a tia se juntavam num complô para tirá-lo de seu estado letárgico e colocar todas as mulheres que valiam a pena serem conhecidas na sociedade desfilando na frente dele. Jon se sentia como um velho pervertido diante de um catálogo de prostitutas de luxo, ou um daqueles ridículos príncipes de contos de fadas que são obrigados a escolher uma esposa aleatória no meio de um baile, sem nunca ter trocado meia dúzia de palavras com a garota.
Suas reclamações não impediram Dany de entrar na sala dele sorrindo e dizendo que seria um baile de máscara. Tudo o que ele conseguia pensar a respeito era que a ideia estava ficando mais e mais absurda a cada dia. Custava entender que ele estava se recuperando do desastre que foi o termino do noivado e voltar à ativa não era uma prioridade naquele momento?
Aparentemente isso era inconcebível. Ao menos ele conseguiu incluir na lista de convidados o nome de algumas pessoas que ele gostava e que o fariam se sentir menos desconfortável. Sam Tarly e outros amigos dos tempos de faculdade foram chamados, apesar de não se encaixarem nos padrões da lista feita por Daenerys. Além desses, Jon fazia questão da presença de seu amigo de infância, Robb Stark.
Já fazia um bom tempo que eles não se viam. Desde que Robb foi estudar fora do país eles quase não haviam se falado. Stark chegou no início do mês e se encarregou de estabelecer contato com o amigo que por muitos anos foi tratado como irmão. Após o termino com Ygritte, Robb foi a única pessoa com quem Jon aceitou sair para desanuviar a cabeça e não se arrependeu no meio do caminho.
Jon tinha as memórias da época em que ele e Robb eram amigos próximos entre as suas favoritas. A família Stark de um modo geral sempre foi muito acolhedora e próxima, desde o dia em que Ned Stark assumiu um cargo importante na diretoria das empresas Targaryen. Mesmo depois que o pai de Jon faleceu, Ned Stark permaneceu em seu posto e foi um dos responsáveis por ajuda-lo a gerenciar suas ações e ensinar uma ou duas coisas a um rapaz que ia herdar metade de um império. Tinha-o como um segundo pai e isso possibilitou uma grande convivência com os Stark de um modo geral.
Eram cinco os filhos de Ned e Catelyn Stark, sendo que Robb era o mais velho e também o melhor amigo de Jon. Sansa era a segunda mais velha, que nunca ligou muito para ele. Havia também Brandon e Rickon, que sempre foram muito divertidos e espertos, que provavelmente deveriam estar tão altos quanto ele agora. Por último tinha a encrenqueira.
Jon não conseguia pensar na irmã mais nova de Robb sem sorrir. Era um ato reflexo, impossível de controlar. Arya Stark tinha dez ou onze anos quando a viu pela última vez e era a garota mais desbocada, espirituosas e divertida do mundo. Parecia um garoto desleixado pela forma que se vestia e era melhor do que os irmãos no futebol e em esportes de contato.
Theon Greyjoy, um outro amigo deles, insistia em provocá-lo dizendo que naquela época a garota sofria de uma paixonite platônica por Jon. Não que essa afirmação tivesse qualquer fundamento. Jon apenas gostava dela e de sua mente aguçada e divertida, vez ou outra ele comprava doces pra ela, ou a acobertava em sua fuga quando Arya arruinava um dos vestidos de Sansa e precisava se safar de uma punição.
Mas aquilo foi há sete anos atrás, quando ele estava próximo de fazer dezessete anos e não tinha grandes preocupações com a vida. Arya provavelmente devia estar concluindo o ensino médio e pensando em cursar uma universidade agora.
Aquilo ainda era uma ideia idiota, mas ele se pegou encarando o próprio reflexo no espelho sem grande entusiasmo. Camisa cinza chumbo, calça preta, blazer preto, sem gravata e com o colarinho desabotoado só porque Aegon insistia em dizer que seria um "evento informal". Com um anfitrião como ele, era bem possível que a festa acabasse num desastre total.
Pelo menos aquela festa ia servir de desculpa para ele beber mais uísque do que o recomendável e rir de Sam Tarly e suas tentativas desastrosas de se dar bem com alguma garota. Se tudo ficasse cansativo e chato de mais, ele voltaria pra casa e ninguém iria reparar, já que era um baile de máscaras.
Seu meio irmão abriu a porta do quarto sem ser anunciado e o encarou de forma avaliativa.
- De quem é o funeral? – ele perguntou. Aegon era mais adepto de cores do que Jon e consideravelmente mais simpático e bem sucedido com as mulheres. Às vezes Jon chegava a duvidar se eles possuíam de fato algum parentesco entre si. Apesar de tudo, eles se davam bem.
- Eu não vejo sentido em fazer de conta que estou me divertindo com essa ideia. Fique feliz por eu ter concordado em aparecer. – Jon respondeu se virando de costas para o espelho.
- Você seria um ingrato se não aparecesse. Eu e Dany tivemos muito trabalho preparando tudo isso pra te tirar desse seu casulo de miséria. – Aegon disse entregando a ele uma máscara negra que cobriria apenas seus olhos – Sorria, maninho. Talvez você se dê bem essa noite. Ygritte dificilmente é a última mulher da face da terra, que dirá a mulher certa pra você.
- Falou o expert em relacionamentos estáveis. – Jon retrucou enquanto colocava a máscara – Me sinto como se estivesse a caminho do meu baile de formatura do ensino médio. Que tal?
- Que bonitinho, você está parecendo um corvo. – Aegon debochou – Nada mal, mas tente colocar um sorriso na cara se não quiser espantar todas as adoráveis senhoritas que estarão presentes na festa. A propósito, há uma regra na festa que todos devem seguir. Ninguém pode revelar o próprio nome, ou retirar a máscara até o dia amanhecer.
- Que babaquice é essa? – Jon perguntou enquanto encarava o irmão. Aegon colocou a própria máscara e sorriu.
- Parte da brincadeira. – ele disse rindo – Por uma noite, você pode ser o que você quiser, com quem você quiser. Só por hoje, faça de conta que você é um cara irresponsável, divertido e que está afim de levar uma garota à loucura.
- Você é animador, sabia? – Jon resmungou.
- Disponha, maninho. – aquilo ainda soava como uma péssima ideia, mas resistir parecia uma ainda pior. Jon apenas seguiu o irmão e permitiu que Aegon o levasse ao local onde se desenrolaria aquela encenação retirada de uma casa de swing barata que o irmão frequentava.
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Sair com Gendry Baratheon entrava para lista de "Piores decisões da vida de Arya Stark" em grande estilo, ou seja, em primeiro lugar, desbancando o ex namorado estrangeiro Jaqen H'Ghar.
Não que Gendry fosse má pessoa, ou que a atração inexplicável dela por caras mais velhos tivesse passado. Ela só não conseguia desvencilhar a imagem dele com a que tinha do pai dele. Um cara bronco, com mais músculos do que cérebro e com propensão ao alcoolismo. Gendry estava longe de ser um cara brilhante, mas com certeza era um cara bonito. O tipo de pessoa pra quem Sansa olharia e não ela.
Arya preferia estilo, preferia esperteza e inteligência. Como ela acabou no carro importado do playboy Baratheon, ela ainda não sabia definir muito bem. Havia conhecido ele dois, ou três meses atrás. O pai dele era um grande amigo do pai dela e eventualmente o cara acabou aparecendo num churrasco estúpido que os Stark estavam oferecendo.
Ele não saiu do pé dela desde então. Arya duvidava que alguém poderia ficar mais impressionado com uma garota capaz de desmoralizar metade dos caras da festa numa partida de tênis, ou qualquer outro esporte que se dispusessem a praticar. Gendry perdeu vergonhosamente, ao ponto de Robert Baratheon encará-lo de forma severa. Desde então, ele não havia parado de ligar, mandar mensagem, ou importuná-la para sair com ele.
Dane-se o fato de que ela ainda era menor de idade. Apesar da diferença ser de apenas três anos entre eles, aquilo ainda poderia colocá-lo na cadeia, se ela resolvesse denunciá-lo a polícia.
Arya só aceitou o convite por duas razões. A primeira era para acabar com aquela maldita insistência dele. A segunda era porque o encontro seria numa festa de máscaras, o que facilitaria imensamente a parte de despistá-lo. Ela poderia encontrar outra pessoa, ou se contentar com bebida grátis, num lugar onde ninguém pediria a identidade dela.
Além disso, ela sabia de quem era a festa.
Já fazia sete anos desde a última vez que ela viu o melhor amigo de Robb, mas ela ainda se lembrava muito bem de como Jon era legal com ela e muito mais cooperativo com suas travessuras do que qualquer um de seus irmãos. Robb gostava de dizer que perto de Jon ela era mais incontrolável do que de costume, mas ele não parecia se importar nem um pouco com a falta de modos dela.
Depois que Robb foi estudar fora do país e Jon herdou uma fatia mais do que generosa das empresas do pai, os dois perderam o contato e Arya jamais o reencontrou. Robb acabou voltando para o país e estava planejando comprar um apartamento para ele e a noiva morarem e a primeira coisa que fez foi procurar o velho amigo para tomarem uma cerveja e conversar.
Robb foi convidado pra festa e caso Gendry saísse da linha e ela precisasse de um plano B, seu irmão mais velho ficaria mais do que satisfeito em fazer uma cena. Caso ela conseguisse se livrar de Gendry logo de cara e se dar bem com outra pessoa, então seria um divertido jogo de pique esconde.
Gendry deixou o carro com o manobrista enquanto Arya ajeitava a mascara branca sobre os olhos. O vestido coberto por um casaco cumprido para evitar o frio que fazia do lado de fora. Ele voltou para junto dela e ofereceu o braço para conduzi-la para dentro.
- Acho que preciso ir ao toalete. – ela disse assim que entraram no salão. Havia muita gente e a música estava alta. Todos mascarados e ninguém parecia particularmente familiar ali dentro.
- Mas nós acabamos de chegar. – ele disse desapontado, quase ronronando junto ao ouvido dela.
- Eu realmente preciso. – Arya insistiu – Eu volto logo.
- Nós não podemos revelar nossas identidades até o dia amanhecer. – ele disse sorrindo – Por quem eu devo procurar se você sumir no meio da multidão.
- Procure pela Doninha. É meu codinome por essa noite. – ela tentou lançar seu melhor sorriso pra ele e Gendry pareceu satisfeito.
- Se precisar me encontrar, meu codinome é Touro. – Arya se esforçou para não revirar os olhos. Ele certamente era forte como um touro e com sorte ela providenciaria um par de chifres para ele naquela noite.
- Eu volto logo. – ela disse sorrindo. Deixou o casaco na entrada e correu para o banheiro o mais rápido que o salto permitia.
Ela odiava salto alto, odiava ter que usar vestidos e odiava ainda mais ter que fazer de conta que era uma donzela indefesa. Arya encarou seu reflexo no espelho e ficou feliz por ter pedido ajuda à Sansa para fazer a maquiagem. Gendry teria dificuldades para reconhecê-la no escuro assim que ela terminasse sua mágica.
Arya abriu a bolsa e pegou a sombra escura e o lápis de olho. Em minutos a maquiagem feminina de Sansa foi substituída por algo muito mais adequado a um show de rock. Ela bagunçou o cabelo curto, e aplicou um pouco de gel que havia levado com sigo na bolsa. Pra completar, o batom vermelho dava o toque final.
Outra garota estava ao lado dela no banheiro, retocando o batom. Arya olhou para a máscara que ela usava. Cinza grafite e simples, ao contrário da máscara branca de renda que Sansa havia escolhido pra ela.
- Com licença. – Arya chamou a atenção da mulher de cabelo loiro platinado que a encarou de forma gentil – Se incomodaria em trocar de máscara comigo? – a loira a encarou de forma divertida.
- E por que você não iria querer uma máscara tão sofisticada quanto esta? – a loira perguntou curiosa.
- Estou tentando escapar de um péssimo acompanhante. – Arya respondeu.
- Oh, eu entendo. Que graça tem vir para um baile de máscara e ficar presa a alguém que você já sabe quem é, não é mesmo? – a loira retirou a máscara cinza e a entregou a Arya e a substituiu pela máscara branca coberta com renda. Ela era jovem e bonita. Com um rosto gentil, olhos violeta e um sorriso bonito. – Boa sorte com seu disfarce.
- Obrigada. – Arya agradeceu e colocou a máscara rapidamente. Ela saiu do banheiro e voltou para o salão lotado e a música alta.
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Estava ficando com dor de cabeça por causa da música. Aegon estava sentado em um canto flertando com uma ruiva qualquer, o que fez Jon seguir na direção contrária. Tudo o que ele não precisava era lembrar de Ygritte por causa de outra ruiva.
Ele foi até o bar e pegou mais uma dose de uísque. A festa parecia um sucesso, mas a verdade era que ele ainda estava confuso com aquela história de máscaras e nomes falsos até o amanhecer.
Uma garota loira o abordou e tentou flertar com ele, mas a verdade é que ele mal podia escutar o que ela estava falando. O nome que ela lhe deu foi "garota selvagem" e tentou provocá-lo de tudo que foi jeito, mas Jon só conseguiu ficar ainda mais irritado como aquela maldita festa. Ele acabou se desvencilhando dela o mais rápido possível, indo para o fundo do salão.
Alguém colocou a mão sobre o ombro dele e Jon se virou para encarar a pessoa. Mesmo com máscara e num lugar com pouca iluminação, Robb parecia tão a vontade quanto ele.
- Festa legal. – ele disse tentando parecer satisfeito.
- Eu juro que mato meu irmão da próxima vez que ele tiver outra ideia cretina que nem esta. – Jon resmungou, encarando Robb e a máscara peculiar que ele usava – Qual o seu nome essa noite?
- Eu sou Lobo. – ele disse sorrindo. O lobo era o animal favorito de Robb.
- Típico de você. – Jon riu – Espero que esteja gostando. Veio sozinho?
- Jayne foi ao toalete, mas deve estar voltando. – Robb disse – Pelo menos acho que a festa te deixou com raiva o bastante para não pensar em outras coisas. Você devia tentar se divertir. Lembrar de como é ser solteiro.
- Eu não sei se ainda me lembro de como é isso. – Jon disse sem graça.
- É uma boa oportunidade pra lembrar. Tem garotas bem bonitas aqui e essa coisa de máscara torna tudo mais sexy. Se eu não estivesse tão enrolado quanto estou agora, eu não me importaria de aproveitar a solteirice. – Robb riu – Eu vou dar uma volta e ver se encontro Jayne. Essas máscaras estão fazendo uma confusão na minha cabeça.
Robb não esperou que ele respondesse. Apenas sumiu na multidão deixando Jon sozinho novamente. Ele esvaziou o copo de uísque e em seguida deu uma boa olhada ao redor do salão.
Ele e Aegon tinham razão. Se havia alguma chance de esquecer Ygritte, aquele era o lugar ideal. Pessoas se agarravam, trocando beijos obsenos e carinhos indiscretos em cantos escuros. Garotas se beijavam na pista de dança, alisando e apalpando umas as outras. Ele viu de longe Aegon se esgueirando com duas mulheres para o jardim.
Não havia nada que o interessasse ali, nada que realmente o chamasse atenção, até sentir alguém esbarrando nele com força. Era uma mulher e era pequena, apesar do salto alto.
- Me desculpe. – ela se apressou em dizer – Droga, como eu odeio salto alto! – ela resmungou enquanto tentava ficar de pé outra vez.
- Você está bem? – ele perguntou ajudando-a a se equilibra. Ela tinha cabelo curto e escuro, espetado em todas as direções possíveis, como se ela fosse algum tipo de integrante de banda de rock.
- Estou sim. – ela respondeu finalmente erguendo o rosto e encarando-o. Ela não era alta, seu rosto estava encoberto por uma máscara cinza, ou preta, ele não sabia dizer. A maquiagem era pesada, os lábios pintados de vermelho sangue, contrastando com a pele clara.
- Tem certeza que não torceu o tornozelo, ou qualquer coisa assim? – ele insistiu, mas a garota não deu muita atenção. Ela continuava olhando sobre os ombros, como se estivesse fugindo de alguma coisa, ou alguém – Algum problema?
- Oh, merda! – ela resmungou, pegando-o de surpresa. Aquela garota realmente não estava prestando atenção em nada do que ele estava falando. Para a surpresa dele, ela o segurou pelos braços puxando-o até que tivessem invertido as posições. Ele de costas para o resto do salão e ela contra a parede. Aquilo o deixou curioso – Aquele estúpido! – ela continuava resmungando.
- Fugindo de alguém? – ele perguntou se divertindo com aquela situação improvável.
- É. Me escondendo de um acompanhante insuportavelmente chato. – ela respondeu sem encará-lo – Nunca mais faço uma burrice dessas.
- E qual seria a burrice? – ele perguntou genuinamente curioso. Se a garota estava sendo importunada por algum convidado inconveniente ele poderia providenciar para que ela voltasse pra casa em segurança.
- Sair com um cara só porque ele me encheu a paciência até não ter mais jeito. – ela disse encarando-o diretamente nos olhos. Jon tinha que admitir que ela era bonita e algo totalmente diferente do tipo de mulher com quem ele costumava se relacionar.
- Dizem que quem acredita sempre alcança. Não pode culpar um cara por lutar pelo que quer. – Jon disse sorrindo para ela.
- A única coisa que ele vai ganhar com isso é meu punho no nariz dele. – ela resmungou.
- Você parece bem encrenqueira. – Jon disse simpático. Algo nela era familiar, mas ele não sabia dizer o que era – Conhece o dono da festa?
Ela encolheu os ombros e ficou em silêncio por alguns segundos.
- Conheço. – ela disse – Ou conhecia. Já faz tempo que não o vejo e provavelmente ele nem se lembra de mim. – ele fez uma pequena nota mental para se lembrar de perguntar a Aegon a respeito da lista de convidados para saber quem era aquela garota. – E você?
- Somos velhos amigos, mas hoje ele está ocupado de mais e confuso de mais com toda essa história de máscaras para reconhecer qualquer um. – ele disse sorrindo. Aegon havia dito para ele fazer de conta que era outra pessoa durante a festa e se dar uma chance para ser irresponsável e se divertir. Talvez aquele fosse um bom momento para começar.
- Eu posso imaginar. Isso aqui está me dando dor de cabeça. – ela disse – Música alta, pessoas estranhas. Não gosto disso.
- Então somos dois. – ele disse – Aceita uma bebida?
- Dry Martini seria ótimo. – ela respondeu.
- Então vamos até o bar. – ele sugeriu – Não queremos que seu acompanhante desagradável te encontre, não é mesmo?
- Um cavaleiro de armadura brilhante numa festa de máscaras. Você deve ter batido algum recorde hoje. Ninguém consegue ser tão clichê assim numa só noite. – ela disse rindo – Vamos logo antes que eu mude de ideia.
Ele ofereceu o braço para que ela se apoiasse e juntos foram até o bar, onde ele conseguiu mais uma dose de uísque para si e um Martini para ela. A taça entre os lábios vermelhos tinha um forte apelo erótico. A fumaça de cigarros e o cheiro de bebida o deixavam tonto. Já não estava tão sóbrio quanto gostaria e aquela garota parecia mais e mais interessante a cada segundo.
Ela bebeu metade da taça em um só gole. Descansou a taça sobre a mesa se passou o dedo sobre a borda languidamente, antes de pegar a azeitona e colocá-la inteira na boca. Ela era atraente, com toda certeza. O toque de rebeldia, a máscara e toda aquela história mirabolante de acompanhante inoportuno tornavam-na misteriosa e ainda mais interessante. Ela se virou para encará-lo e Jon se deu conta de que a estava encarando a tempo de mais.
- Alguma coisa errada? – ela perguntou.
- Não, nada. – ele se apressou em dizer – Eu só estava pensado se você veio de carona com esse seu acompanhante.
- É, outra burrice pra lista. – ela disse e ele riu.
- Posso te levar pra casa se quiser. – ele ofereceu e ela fez uma careta.
- Pare de ser tão bonzinho. – ela resmungou.
- E por que eu pararia? Pode me chamar de antiquado, mas eu sou um cavalheiro. – ela revirou os olhos.
- Estou falando sério. Se continuar desse jeito vou acabar acreditando que você é o único cara que vale a pena nesta maldita festa. – ela disse rindo.
- E se eu for o único cara que vale a pena nesta maldita festa? – ele perguntou bem próximo ao ouvido dela, a voz mais rouca do que ele havia pretendido. Já fazia tempo que ele não flertava com alguém e pegar garotas problemáticas numa festa realmente não fazia seu estilo, mas ele estava apenas entrando no jogo e se deixando levar. Naquela noite ele estava fazendo de conta que era outra pessoa.
- Eu vou ter que esperar até o amanhecer pra saber o seu nome. – ela respondeu.
- Até lá pode me chamar de Corvo. – ele disse ainda bem próximo ao ouvido dela – E como eu posso chamar você? – ela não tentou se afastar, nem tocou no Martini. A garota virou o rosto em direção a ele.
- Hoje eu sou a Loba. – ela respondeu quase num sussurro. Seus lábios entreabertos pareciam um convite silencioso.
- E o que devemos fazer até o amanhecer? – ele se inclinou um pouco mais. Podia sentir o hálito dela. Cheirava a Martini e menta. Ela lançou a ele um sorriso enviesado e Jon sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha.
- Eu tenho algumas ideias em mente. – ela mal havia acabado de falar e ele já estava com os lábios sobre os dela, devorando-a num beijo quase selvagem.
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Nem Gendry, nem Robb. Quem a tirou daquela festa odiosa foi o rapaz de máscara preta e rosto sério. Uma taça de Martini, meia dúzia de palavras educadas e ele conseguiu um beijo. Ou talvez a vitória fosse dela.
Com toda aquela conversa de cavalheirismo e boa educação, ela esperou que ele fosse mais contido e até sem graça. E ela não podia estar mais equivocada. Ele, aquele Corvo, conseguiu beijá-la como se o mundo estivesse prestes a acabar, ascendendo nela um calor que até então ela desconhecia. Gendry era um banho de água fria, Jaqen só valeu a pena por ser exótico, mas aquele homem...Ele era fogo e a incendiava sem qualquer esforço.
Arya sentiu a parede contra suas costas. As mãos dele a puxavam, mantendo os corpos unidos, enquanto ele a beijava. Ele cheirava a perfume caro e uísque doze anos. Seu hálito era fresco, sem qualquer traço de tabaco ou outras ervas menos aceitáveis. Ela colocou os braços ao redor do pescoço dele, buscando apoio e tentando aliviar seus joelhos incertos.
Num breve instante eles se separaram e pela visão periférica ela reconheceu Robb e Jayne. O casal fez menção a ir em direção onde eles estavam, mas mudaram de ideia quando Arya agarrou o desconhecido mais uma vez. A música continuava alta e o beijo continuava inacreditável.
- Quer ir a um lugar mais tranquilo? – ele perguntou enquanto beijava o pescoço dela e a fazia respirar com dificuldade – Ou prefere que eu te deixe em casa?
Ele era quase inacreditável. Como alguém tinha a cara de pau de perguntar se ela queria ir pra casa depois de ter deixado ela naquele estado?
- Que outro lugar você tem em mente? – ela perguntou junto ao ouvido dele, beijando o pescoço do Corvo.
- Minha casa. – ele sugeriu levando a mão ao rosto dela e acariciando a bochecha até onde a máscara permitia – É um bom lugar. Tranquilo, espaçoso, confortável...Acho que você vai gostar.
- Então me leve. Eu não sei o que ainda estamos fazendo aqui. – ela respondeu com a voz rouca e o beijou mais uma vez, talvez com um pouco mais de violência do que havia antecipado e ele correspondeu à altura.
Ela vestiu seu casaco longo cobrindo todo o vestido. Eles ainda usavam máscaras mesmo que ninguém estivesse dando a mínima para as regras da festa enquanto o carro seguia pelas ruas vazias. Era madrugada, fazia frio e talvez até nevasse antes do amanhecer. O sangue dela estava quente e isso era tudo o que importava.
Não saia com estranhos, não dava chance para qualquer um numa festa aleatória só porque o cara parecia interessante, mas o gosto de proibido daquele flerte a estava conduzindo e Arya ignorou tudo aquilo que Sansa e sua mãe achavam apropriado. Apropriado em tese seria ficar com Gendry assim que ela completasse dezoito anos e conseguir por um anel de noivado no dedo antes de terminar a faculdade e ela não queria nem uma coisa nem outra.
Ela queria o Corvo. Aquele cara com o beijo mais estupendo que ela já havia provado e todas aquelas boas maneiras e cavalheirismo fora de moda. O engraçado era que ela até gostava da forma como ele falava e ao menos fingia estar preocupado com ela, não parecia ser uma mentira tão grande quando era ele falando.
As mãos dele estavam firmes no volante. Ele não tentou alisar as coxas dela nem mesmo uma vez, ou apertar o peito dela enquanto ainda estavam se beijando na festa. O rádio estava ligado tocando qualquer coisa que ela não sabia identificar. Arya até tentou deslizar a mão sobre a perna dele e animá-lo um pouco mais, mas ele pediu que ela parasse.
- Vai me fazer bater o carro se continuar fazendo isso. – foi tudo o que ele disse e ela parou – Já estamos chegando.
Ela reconhecia a vizinhança. Um bairro nobre, caríssimo, cheio de apartamentos sofisticados, desenhados para jovens homens de negócios. Alguns amigos de Robb moravam por ali. Jon era um deles, pelo que ela ainda se lembrava das últimas notícias que o irmão havia lhe dado.
Entraram na garagem de um dos prédios mais caros do lugar e aquilo começava a parecer intimidador. Com sorte ela sairia dali antes do dia amanhecer e ele nem mesmo saberia o nome verdadeiro dela. Tudo o que um homem importante não precisava era de um caso de uma noite com uma garota menor de idade que conheceu numa festa.
Ele desceu do carro primeiro e abriu a porta para ela. Arya aceitou a mão que ele oferecia educadamente. Aparentemente príncipes encantados agora dirigiam uma Mercedes sedan ao invés de cavalgarem um cavalo branco.
Tomaram o elevador e Arya não teve tempo nem mesmo de ver o número do andar para o qual estavam indo. Ele a prensou contra o fundo do elevador com a firmeza e com suavidade. Ela se lembrou de daquele filme com Marlon Brando e Johnny Depp...Ele era Don Juan e ela estava se deixando levar pela sedução dele. Os lábios dele eram macios, quentes e se moldavam contra os dela com perfeição.
O elevador parou e ele a levou pela mão até a porta do apartamento. Achar o buraco da fechadura foi um problema a princípio, mas tão logo a chave foi girada ele a estava beijando outra vez.
Arya sentiu ele tirar o casaco dela num movimento só e jogá-lo no chão antes de pegá-la no colo como se fosse uma boneca de pano. Ela se agarrou ao pescoço dele, sem parar de beijá-lo em hora nenhuma. Não sabia dizer que cor eram as paredes, ou como era a mobília. Ela não viu nada do lugar para onde ele a havia levado, só sabia que havia uma cama e que ela era ridiculamente grande e confortável.
Ela não estava com paciência para esperar muito mais para saber se aquele cara era tudo aquilo o que estava prometendo. Num puxão só ela arrebentou pelo menos metade dos botões da camisa que ele estava usando. Ele riu contra o pescoço dela.
- Por que está com tanta pressa? – ele perguntou rouco junto ao ouvido dela.
- Você é educado de mais pra entender que eu estou precisando de um pouco mais de ação aqui. – ela disse mordendo o lóbulo da orelha dele e tentando arrancar de uma vez a maldita camisa.
Ele segurou os punhos dela e a imobilizou contra a cama. Arya arregalou os olhos e foi a primeira vez que as máscaras realmente incomodaram.
- Dizem que paciência é uma virtude. – ele disse beijando-a de leve em seguida – E as coisas boas da vida devem ser saboreadas lentamente. – era quase como se ele estivesse ronronando junto ao ouvido dela.
- Paciência pode ser uma virtude, mas eu nunca fui uma garota muito virtuosa. – ela disse irritada.
- Por algum motivo, eu duvido disso. – ele disse de forma quase carinhosa enquanto deixava as mãos dela livres e descia o zíper lateral do vestido que ela estava usando.
Ele se afastou da cama. Retirou a camisa cinza chumbo e a deixou no chão antes de puxar o vestido dela pela barra até que ela estivesse apenas de calcinha e salto alto. Ele a encarava, avaliando cada milímetro de pele exposta e cada curva com interesse quase científico, enquanto desafivelava o cinto e retirava os sapatos. Arya cruzou os braços sobre os seios, sentindo incrivelmente exposta.
Não demorou muito para que ele voltasse para a cama e afastasse os braços dela enquanto a beijava. A boca dele desceu pelo pescoço e colo até alcançar um dos mamilos dela e provocá-lo de forma quase cruel. Arya fechou os olhos e o segurou pelos cabelos da nuca. A mão dele escorregou até o fim do abdômen dela, driblou a calcinha e seus dedos a tocaram com precisão.
Ela gemeu em resposta ao toque e esperou por mais. Os dedos eram habilidosos em massageá-la, mas o ritmo era lento, como uma tortura.
- Gosta disso, não é? – ele sussurrou junto ao ouvido dela – E eu gosto de ouvi-la gemendo. – um pouco mais de pressão e agilidade e Arya gemeu mais uma vez numa resposta imediata.
A boca dele desceu pelo corpo dela mais uma vez, beijando-lhe a barriga inteira até alcançar a calcinha. Ele a despiu da última peça de roupa que ela ainda vestia e Arya protestou ao sentir os dedos dele se afastarem.
Ela tinha uma tatuagem no quadril. A cabeça de um lobo uivando. Ele a beijou ali primeiro e voltou a tocá-la entre as pernas. Beijou a parte interna de suas coxas, lentamente, deixando marcas avermelhadas sobre a pele clara, até alcançar seu objetivo.
Arya deu um sobressalto ao sentir a língua dele invadi-la e depois a sucção sobre o pequeno ponto de prazer. Ele não fazia nada com pressa e ignorava os pedidos dela por mais velocidade, por mais intensidade, por mais dele. Jaqen fez aquilo por ela apenas uma vez e não foi exatamente algo que ela tenha apreciado. Arya duvidava que Gendry tivesse aquele tipo de inspiração e até aquele momento, o Corvo havia se provado como um homem acima de todas as expectativas que ela tinha para aquela noite.
Ela tentou se conter, tentou adiar o orgasmo por mais algum tempos, mas ele veio inexorável e avassalador. Uma das mãos ela levou a boca, tentando abafar sons constrangedores e a outra estava posicionada sobre a cabeça dele. Seus olhos estavam úmidos.
Ele se afastou dela para desabotoar as calças e retirar o que havia restado das roupas dele. Arya ainda estava atordoada pelo orgasmo. Respiração ofegante, lábios inchados, cabelo revolto, pernas abertas e joelhos fracos.
Sentiu a boca dele contra a dela mais uma vez. Seu próprio gosto ainda podia ser sentido na língua dele. Arya o segurou com uma das mãos e o massageou com movimentos lentos, numa tentativa de retribuir o favor. Ele rosnou conta os lábios dela e Arya se sentiu a mulher mais poderosa do mundo.
Ele não permitiu que ela fosse até o fim, não com as mãos pelo menos. Arya não havia reparado, mas ele havia retirado do bolso da calça um pacote de camisinha.
- Pode me ajudar com isso? – ele perguntou junto ao ouvido dela e Arya concordou com um breve aceno de cabeça.
Ele ficou de joelhos no espaço entre as pernas dela enquanto observava Arya abrir o pacote da camisinha com os dentes. Ela foi rápida ao deslizar o preservativo ao redor dele e se deliciou ao vê-lo jogar a cabeça pra trás ao sentir o toque dela provocando-o.
Ele a empurrou mais uma vez, até que ela estivesse deitada sobre a cama. Beijou-a com mais suavidade do que qualquer um dos beijos anteriores, enquanto posicionava uma das pernas dela próxima a cintura dele. Uma única estocada e ela se pegou mordendo o ombro dele com tanta força que sentiu o gosto metálico de sangue em sua boca.
Os movimentos começaram lentos, como tudo o que ele fazia para provocá-la. Arya arranhava as costas dele sem misericórdia e implorava por mais velocidade, mas ele era teimoso. Ela fechou os olhos e apenas desistiu de tentar convencê-lo a ir mais rápido. Aos poucos ele acelerou o ritmo e Arya o incentivava movendo o quadril de encontro ao dele.
Arya fechou os olhos e mordeu o lábio inferior, enquanto o arranhava num ato reflexo no meio do orgasmo. Ele continuava se movendo contra ela, indo cada vez mais rápido e mais fundo até seu corpo inteiro estremecer.
Estavam exaustos. Ela pensou em fechar os olhos por uns dez minutos e então ligar para um taxi e ir pra casa. Ele a abraçou por trás, entrelaçando suas pernas com as dela e acariciando o abdômen desnudo. Era uma sensação agradável, era como se ele realmente se importasse com ela apesar daquilo ter sido um caso de uma noite.
- Eu tenho a sensação de que a conheço. – ele disse de forma vaga, com a cabeça ainda anuviada pelo prazer.
- Eu duvido. – ela respondeu sonolenta.
- Olhe. – ele disse apontando para a grande varanda que ela só havia notado naquele instante – Acho que vamos descobrir logo. – o sol estava nascendo. Era um feixe de luz no horizonte ainda, mas aos poucos o céu começava a clarear. O coração dela falhou uma batida.
Não queria ficar ali por tempo suficiente para que ele tivesse um nome, um endereço e um telefone. Preferia que aquela noite fosse apenas uma boa memória para os momentos em que ela estivesse sozinha. Preferia pensar que aquilo foi um sonho insano e que todo aquele fetiche de máscaras e identidades secretas fosse mantido.
Ele beijou a nuca dela e Arya sentiu o corpo estremecer mais uma vez.
- Qual seu nome? – ele perguntou.
- Não seria melhor deixar as coisas como estão? – ela sugeriu de forma evasiva. Ele a puxou pelo ombro, deitando-a de costas sobre a cama mais uma vez. Ele estava sobre ela, parte do rosto ainda encoberto pela máscara e encarando-a como se pudesse ver dentro de sua alma.
- Não. – ele respondeu beijando-a com carinho – Acredite ou não, eu não costumo ir pra cama com desconhecidas e festas não são a minha ideia de um primeiro encontro ideal. Da próxima vez pretendo levá-la pra jantar, ou quem sabe uma peça de teatro, ou cinema.
- E quem disse que haverá uma próxima vez? – ela perguntou desconfiada. Ele riu.
- Posso ser tão insistente quanto o cara que você dispensou essa noite. – ele respondeu sorrindo – E eu gostei de você. Não teria te trazido pra minha casa se não tivesse gostado. A regra dizia que as máscaras só seriam usadas até o sol raiar. Eu quero ver seu rosto e quero saber seu nome.
- Está bem. – ela disse sem muitas alternativas – Mas vai ter que tirar a sua máscara e me dizer seu nome também.
Ele concordou com um aceno de cabeça. Arya levou a mão até a máscara dele e ele fez o mesmo com a máscara dela. Arya sentiu o alívio de ter o adereço retirado de seu rosto. Ela abriu os olhos para contemplar o rosto exposto dele pela primeira vez.
Seu sangue gelou, seu coração falhou e por uma fração de segundos ela não soube o que dizer, mas sabia que ele teve muito mais respostas do que aquelas que queria no momento que retirou a máscara dela.
- Arya? – e aquela era a confirmação de que haviam cometido a maior loucura de suas vidas. Jon se afastou dela como se ela tivesse algum tipo de doença contagiosa. – Como...? Oh meu Deus! Eu não...
- É melhor eu ir embora. – ela disse se levantando da cama e pegando suas coisas do chão, tentando evitar o olhar dele – E melhor ainda se Robb morrer sem saber o que aconteceu aqui.
- O que você estava fazendo na festa? – ele perguntou ainda atordoado e Arya finalmente o encarou com uma expressão incrédula. A nudez de ambos subitamente se tornou constrangedora.
- Eu já te disse. Acredite, eu não estava mentindo só pra te excitar e se não fosse por essas malditas máscaras eu não teria passado nem perto de você a não ser que fosse pra te desejar feliz aniversário, Jon. – ela respondeu ríspida.
- Eu não fazia ideia. – ele levou a mão à testa – Você era uma criança quando eu...Não. – ele agora parecia verdadeiramente nauseado – Você ainda é uma criança e pra piorar é a irmã mais nova do meu melhor amigo.
- Obrigada por dizer o óbvio. – ela resmungou – E crianças não fazem o que nós acabamos de fazer. Agora, se me der licença, ou vou embora antes que um de nós acabe vomitando aqui. – ela disse enquanto se vestia às pressas. Jon pareceu recobrar parte de sua consciência e tentou segurá-la pela mão.
- Eu te deixo em casa. – ele disse.
- Não, eu vou de taxi. – ela respondeu séria – Nenhum de nós quer levantar suspeitas e pode ser que Robb tenha dormido por lá. Vamos só...Vamos só fazer de conta que isso não aconteceu e seguir em frente com nossas vidas.
Ela não queria ficar naquele apartamento nem mais um minuto. Tudo o que Arya não precisava era olhar para a cara de Jon e se deparar com todo desgosto estampado ali. E pensar que ele foi seu amor platônico de infância não ajudava nem um pouco. Tudo o que ela queria era um banho quente, aspirinas e uma amnésia providencial. Tudo o que ela queria era que ele não fosse tão inesquecível.
Nota da autora: Tenso? Pois é. Essa ideia foi bem punk de escrever e tenho medo que acabe fugindo muito dos personagens. Arya não é problemática, ela é o problema em pessoa. Jon sofrendo (como sempre) e sendo acometido de uma crise de consciência do tamanho do mundo (como sempre). Desta vez eles não são parentes e não haverá referências a família do Jon além da Dany e do Aegon. Gendry foi lindamente chutado pra escanteio e desconfio que haverá muito drama pela frente. By the way, for anyone interested in an English version of my fics, the oneshots will be translated and published soon.
Espero que gostem e comentem.
