Título da Fic: Passionais
Título do Capítulo: Memórias
Autor: Marck Evans
Betas: Ivi e Lili (brigadão, lindas!)
Censura: NC-17
Desafios da Fic: No 13, 27, 28 e 30 (Antigos) e No 53 (Novos)
Desafios desse capítulo: No 27, a 1a parte do 28 e 30 (Antigos) e No 53 (Novos)
Gênero: Romance e Angst.
Par: Severus Snape e Sirius Black.
Disclaimer: A JK criou os personagens, mas o conceito dela de fazê-los se divertirem inclui apenas enfrentar bruxos das trevas e morrer. Eu pego os coitados emprestados para que eles possam ter outro tipo de diversão. Não ganho grana com isso, mas, em compensação, eu ganho o prazer de conhecer outras pessoas tão pervs quanto eu. :))
Fic escrita para o festslash do potterslashfics - endereço no meu perfil
Passionais
Capítulo I - Memórias
Severus viu Potter se afastar até o final do pátio e desaparatar. Eles já estavam trabalhando juntos há dez meses e ainda não confiavam totalmente um no outro. Não que isso incomodasse Severus. Por ele, Potter poderia se danar, contando que levasse o Lorde das Trevas junto.
Ele só trabalhava com o garoto porque fora isso que ele prometera a Albus antes daquela noite que ainda assombrava sua mente. E o pivete devia ter razões similares, ou não teria concordado em colaborar. Agora, o moleque vinha com essa conversa de que Severus devia ir a Grimmauld Place falar com o quadro de Albus.
Não. Qualquer assunto entre ele e Albus deveria ser tratado via Potter. Ele ainda não estava pronto para encarar o velho. Albus não tinha o direito de pedir isso a ele. Mesmo agora, quase um ano depois daquela noite na Torre de Astronomia, ainda doía lembrar o que ele tivera de fazer. E Severus duvidava que algum dia parasse de doer.
A noite caiu antes que ele resolvesse ir embora. Voltar para perto do Lorde não era uma coisa muito atraente, e Severus aprendera que, de vez em quando, ele precisava ficar longe daquilo tudo, recuperar um pouco de tranqüilidade, ou sua máscara cairia.
A fábrica abandonada na cidadezinha litorânea, onde Potter marcara o encontro com ele, fazia-o se lembrar da infância, e não eram memórias felizes. Patrono nunca fora um feitiço fácil para Severus.
Um cachorro preto entrou correndo assustado no pátio. Fugia de um grupo de meninos armados com porretes, cordas e bombinhas. O cão foi encurralado em um canto. Severus sabia o que viria agora: os meninos amarrariam o cachorro, prenderiam bombinhas nele e tacariam fogo. Alguns mais cruéis ainda usariam o porrete para assustar o animal, já alucinado pelo fogo e pelas explosões. Severus já vira mais de um cachorro morrer assim. Ou ficar tão ferido que precisava ser sacrificado.
Sempre detestara essa brincadeira brutal. Seu pai contava, rindo, o quanto se divertia com isso quando era jovem. Severus acha aquilo sem propósito e asqueroso. Cães eram animais nobres, melhores que a maioria dos humanos que ele conhecia, bruxos ou trouxas.
A caçada no pátio continuava ao som de gritos. Seu bom senso lhe dizia para se afastar. Não era assunto dele. Que os pequenos projetos de marginais fizessem sua brincadeira sangrenta.
O cachorro tentava afastar os moleques, mas devia estar machucado, porque, apesar de grande, ele não estava conseguindo se defender.
A risada de um dos garotos, especialmente debochada, fez a paciência de Severus esvair-se. Dane-se o bom senso!
Quando ele saiu para o pátio, os meninos se assustaram. Anos de prática aterrorizando os alunos em Hogwarts lhe valeram agora. Não precisou nem mesmo falar, bastou seu olhar ameaçador e o bando de monstrinhos fugiu correndo e rindo.
O cão parecia estar no final de suas forças, talvez fosse mais misericordioso matá-lo de uma vez, e evitar que ele caísse em outra armadilha dessas. Mas os olhos do animal estavam cheios de dor, parecendo implorar a Severus um pouco de piedade. Quando deu por si já estava fazendo feitiços de cura, e evocando água para aliviar o sofrimento da criatura.
Severus foi até o portão sob o olhar atento do cão. Quando teve certeza que a rua estava deserta, moveu sutilmente a varinha e roubou alguns pães da padaria em frente. Não era a melhor coisa para o animal, mas era o que ele podia arrumar. E, pela forma como o cão devorou os pães, Severus teve certeza que fazia um bom tempo que o animal não comia nada.
Era um cachorro grande, negro e magro. Se não soubesse que Black estava morto, Severus juraria que era a forma animaga do desgraçado.
Sentou-se ao lado do cão, que pôs a cabeça no seu colo e abanou o rabo.
-Descanse, meu amigo. Pelo menos por hoje, você vai ficar bem.
E não era a mesma coisa para ele, Severus? Pelo menos por hoje, ele estava vivo, não muito ruim de saúde, e sem fome.
Amanhã era outro dia.
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Severus estava cansado de saber que um bom espião não cria rotinas, não tem laços emocionais com nada nem ninguém e, principalmente, não faz coisas estranhas que possam atrair a atenção. Isso torna tudo mais fácil para seus inimigos. E inimigos era o que não faltavam a Severus.
No entanto, ele quebrou a regra. Ele levou o cão para uma escola, marcada para demolição, na periferia de Londres. Se a burocracia trouxa fosse tão morosa quanto ele se lembrava, o prédio ainda estaria de pé daqui a cem anos.
Ele transformou as salas menos arruinadas em um refúgio. O cão vagava durante as ausências de Severus, mas devia ter algum instinto para saber quando o bruxo chegava. Ou talvez fosse apenas o cheiro da comida que Severus trazia.
Severus cogitara um nome para ele, mas acabou desistindo. O animal lembrava demais a forma animaga de Black, qualquer outro nome não faria sentido, e ele se recusava a ter mais uma coisa que o lembrasse do infeliz.
Na véspera do primeiro aniversário de morte de Albus, Severus chegou à conclusão de que não conseguiria ficar com os Comensais. Algo dentro dele parecia prestes a arrebentar, ele precisava da solidariedade silenciosa que só o cão tinha para ele. Era patético, mas a melhor companhia que ele tinha para jantar era aquele cachorro maltratado.
Naquela noite, Severus marcou um encontro com Potter no beco perto da escola. Tinha poucas informações a dar, mas sabia que era o que faltava para o garoto encontrar a penúltima horcrux.
Por segurança, ele havia lançado um feitiço anti-aparatação no beco. Potter chegou logo depois, e eles lançaram outro feitiço, para evitar que alguém fora do beco os ouvisse. Fizeram de tal forma que o feitiço se extinguiria assim que o último deles saísse dali. Procedimento padrão dos encontros entre os dois.
Como sempre, o encontro foi rápido. Mais uma vez, Potter ofereceu abrigo na Ordem, mas Severus recusou. Ainda não podia voltar. Não estava pronto.
Potter saiu primeiro. Severus ia esperar alguns minutos antes de sair. Quando se abaixou para pegar a sacola com o jantar que trouxera para ele e o cão, foi atacado pelas costas. Esquecera de checar o beco antes do encontro com Potter! Um erro primário que colocou sua vida em risco.
Um feitiço arremessou sua varinha longe, e Severus caiu de encontro à parede. Antes que conseguisse se mover, ouviu a voz de Tiberius Crudetil lhe aplicando uma série de feitiços, que o derrubaram.
Ele re recriminou por não ter desconfiado de Crudetil. Devia ter percebido que ele estava com ciúmes de Severus por estar nas graças do Lorde. Devia ter prestado atenção no sempre discreto e silencioso Tiberius.
Quando ele se tornara tão descuidado assim? Talvez enquanto ensinava os filhos daqueles homens, ele tivesse baixado a guarda. Talvez fosse apenas o cansaço daquilo tudo que ele era obrigado a ver todos os dias. Talvez fosse apenas a dor pela morte da única pessoa que ele acreditava ter se preocupado com ele. Talvez ele apenas invejasse Black por estar a salvo, atrás do véu. No fundo, não importava mais o motivo.
Ele estava caído no chão, ferido e sangrando, sua varinha fora de alcance, seu feitiço transformado em armadilha mortal, e Crudetil parecia decidido a se divertir com ele.
-Você se descuidou, Severus. Deve estar ficando velho. – A bota de Crudetil acertou suas costelas, já machucadas. - Eu o rastreei para ver aonde você ia todas as noites. O irônico é que eu achava que você tivesse encontrado um amante, e que eu pudesse usar isso. Não imaginei nada tão interessante quanto o que vi há pouco: você e Potter, se encontrando em um beco escuro. Que feio, Severus. Traindo o Lorde das Trevas. Crucio!
Severus gritou. Era tudo o que ele podia fazer. Berrar e esperar que Crudetil o matasse.
-Não se preocupe, traidor. Eu vou entregar você inteiro ao Lorde. Não quero privá-lo do prazer de acabar com você. Eu sei que ele vai poder pensar em coisas que eu não imaginaria.
Severus se arrastou para longe de Crudetil, sabia que isso não faria diferença, mas seu instinto de preservação o empurrava para longe do perigo.
-Memorias Dolores Porti! – Severus não reconheceu o feitiço que o atingiu em cheio. - Você não pode fugir, traidor. Ainda mais quando essa maldição começar a agir. Ela vai descobrir alguma coisa dolorosa na sua mente, e te forçar a reviver cada segundo dessa memória. Você tem lembranças dolorosas, canalha? – Crudetil puxou Severus pelos cabelos e o fez levantar o rosto. – Vai chorar pela morte do velho babão protetor dos trouxas, ou por algum amante que te largou depois de te usar o bastante?
Severus gostaria de ter forças para lutar, mas a dor no corpo somada à estranha letargia, provavelmente provocada pelos primeiros efeitos do feitiço, deixavam-no totalmente a mercê do Comensal.
Foi quando ele ouviu um rosnado ameaçador. E, ao ser solto por Crudetil, pôde ver o cão parado na entrada do beco.
O animal atirou-se sobre Crudetil, sem lhe dar tempo de reagir. O cachorro agarrou a mão da varinha e sacudiu com tanta força que Severus chegou a pensar que ele a arrancaria.
No meio da confusão, a varinha de Crudetil caiu ao seu lado, e Severus a usou para estuporar o outro bruxo. Sem forças para um feitiço mais complexo, apoiou-se na parede para levantar.
O cão estava ao seu lado, parecendo preocupado e ansioso por ajudá-lo.
Ele precisava sair dali. A polícia trouxa, algum Auror, ou outro Comensal podia aparecer.
Sem saber de onde tirava energia, Severus se arrastou até a escola. Sua mente começando a misturar passado e presente. O feitiço já estava fazendo efeito.
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Ficar escondido sozinho naquela escola abandonada não era a melhor maneira de afastar suas memórias afloradas pelo feitiço, mas era tudo que Severus podia fazer. O desgraçado do cachorro parecia não querer abandoná-lo, e só servia para trazer as lembranças de Black, que já começavam a aflorar. Como se ele precisasse de um cachorro para isso.
Fechou os olhos e tentou se concentrar em receitas de poções.
A Poção do Morto Vivo, a Poção Esquelesce, a Poção Mata-Cão. Lobisomens. Lupin. O rosnado baixo do lobo. O medo. Um vulto negro se interpondo entre ele e o lobo, as mãos de Potter puxando-o pelo túnel. Rosnados. A raiva sentida por Black tê-lo colocado em perigo dessa forma. A dor.
Não. Essa não era uma boa linha de lembranças. Era previsível onde isso acabaria, e o feitiço o faria sentir tudo novamente. Faria-o lembrar-se de Black dizendo que ia ficar os amigos porque Lupin precisava dele. Recordar-se da mágoa, dos ciúmes, da dor sempre presente, e do sentimento de estar sujo, de ser usado, de ser descartável. Ele voltaria a sentir a angústia das humilhações.
Severus se levantou agitado. O cachorro o seguiu até o outro cômodo. Ele afagou atrás das orelhas do animal que abanou o rabo.
O cachorro era incrivelmente parecido com a forma animaga de Black. Seria bom que não estivesse mais ali quando Severus reunisse forças para pedir ajuda, e Potter viesse. O idiota poderia desmoronar diante da lembrança do padrinho. E tudo o que Severus não precisava agora era ter de lidar com uma crise do pivete. O garoto era louco pelo animago. Mais um no fã clube de Sirius Black!
E onde estava a surpresa disso? Era fácil se envolver com aquele desgraçado. Mesmo quando ele só usava você.
Severus se sentou no chão, abraçado ao cachorro, que parecia no paraíso canino só porque Severus coçava suas costas. Cães eram tão mais honestos que os humanos!
Estava ficando emotivo devido ao feitiço. Estava sentindo tudo outra vez. Era como se vivesse novamente a solidão de estar escondido na mesa mais afastada da biblioteca, tentando se acalmar, disfarçar o estado caótico da sua mente. Mesmo de olhos abertos era como se estivesse lá outra vez.
O medo. A descoberta da sexualidade. Suas dúvidas. A vergonha de estar atraído por um garoto. A sensação de pânico. Era a terceira vez que esse absurdo acontecia: ficar excitado olhando Black durante a aula. Certamente, era falta de sexo. Se ele tivesse uma garota com quem transar, ele não ficaria tendo essas fantasias absurdas com outro garoto. Era só isso. Tinha de ser só isso. Aos dezesseis anos, é normal precisar de sexo.
Ele detestava Black tanto quanto detestava Potter e os outros dois idiotas que andavam com eles. Não. Na verdade, ele detestava Black um pouco mais.
O desgraçado tinha tudo o que Severus mais desejava. Ele era puro-sangue, tinha dinheiro, era bonito. Todas as portas estavam abertas para ele, enquanto Severus tinha de abrir as suas à força. Os pais do desgraçado eram figuras notáveis na sociedade, estavam sempre aparecendo da forma correta no Profeta Diário.
A mãe de Severus era a última descendente dos Prince, uma família tão boa quanto os Black, mas tivera a idéia infeliz de se casar com um trouxa, arruinando gerações de casamentos bem planejados. A bruxa brilhante e promissora se tornara uma dona de casa vulgar e submissa. Era uma escrava humilde e obediente diante do imbecil que ela poderia controlar com um simples feitiço. Um imbecil violento que mal conseguia sustentar a família. Severus odiava o pai, as vestes velhas, os livros de segunda mão e seu sangue trouxa.
Provavelmente, o que ele vinha sentindo era culpa do sangue trouxa de Tobias. Nada mais explicaria isso. Nem mesmo falta de sexo. Ele tinha de encontrar uma garota puro-sangue, ou pelo menos mestiça, e se envolver com ela. Conseguir uma aliança vantajosa e parar de pensar em Black dessa forma.
Como se convocado por seus pensamentos, o idiota entrou na biblioteca junto com os outros três anormais. Eles agiam como se a biblioteca fosse deles, como se toda a Hogwarts existisse apenas para reverenciá-los. Em especial, Potter, que parecia um pavão se exibindo para as garotas. Não que Black ficasse muito atrás. Ele as olhava de cima, como se fosse um presente dos deuses.
Severus ignorou o estremecimento de ciúmes que sentiu quando Black estufou o peito e deu seu sorriso mais displicente para umas estúpidas Corvinais que acenaram para ele e de desmancharam em risadinhas.
Era um inferno sentir-se assim. Severus enfiou a cara atrás dos livros, tentando ficar invisível. Que espécie de idiota masoquista e doentio ele era? Sentir tanto desejo pelo babaca cretino que há seis anos fazia sua vida o mais perfeito inferno só podia se coisa de gente doente. Não bastava ter tanta coisa contra ele, ainda por cima tinha de ser gay?
Se Black sonhasse que ele era gay, ou pior, se Black descobrisse por quem Severus estava atraído, ele podia desistir da escola. Ele imaginava bem o tipo de humilhação a que estaria exposto. Ele tinha de esconder isso. Ninguém poderia saber. Nunca.
Na hora de dormir, era sempre pior. Era tão fácil se entregar à imaginação. Ele tinha um arsenal de imagens de Black que podia evocar. As coisas que se imaginava fazendo com o outro garoto... Ou pior, as coisas que imaginava Black fazendo com ele.
A lambida do cachorro no seu rosto trouxe Severus de volta ao presente, mas não durou muito. O feitiço estava atingindo seu ponto máximo e ele tinha muito pouco controle sobre sua mente.
E sua mente o levou direto ao primeiro beijo. Violento. Selvagem.
Ele não sabia o que fazer com as mãos ou com a língua, mas Black sabia. Oh, Merlin! E como sabia. Severus sentiu novamente a parede de pedra da sala vazia contra suas costas, o corpo de Black pressionando o seu. A excitação desmedida. O cheiro de Black. A língua dele dentro da sua boca. A vergonha. O desejo por mais. O orgulho por ter descontrolado o outro garoto.
A mão de Black guiando a sua até o pênis dele, e depois a mão rude do outro garoto no pênis de Severus. O prazer de tocá-lo enquanto ele devorava sua boca. Os gemidos, a rapidez com que se masturbavam. O sêmen de Black pela primeira vez em suas mãos. Seu próprio gozo. As respirações entrecortadas, o suor grudando seu cabelo. O cheiro de Black e o peso do corpo dele ainda imprensando o seu. O choque da realidade ao ouvir:
-Snivellus, se você contar isso pra alguém, eu juro que te mato!
A incapacidade de encontrar a própria voz.
-Eu estou falando sério, Snivellus. Eu vou te matar. É só abrir a boca.
Seu autocontrole retornando para salvá-lo:
-Também não me orgulho disso, Black. Some daqui.
O andar arrogante de Black em direção à saída. A solidão. As lágrimas e a ânsia de vômito. A dor.
A dor de ver Lupin e Black tão próximos. O ciúme. A certeza que ele não era nada na vida de Black além do garoto com quem ele trepava. A voz de Black, rouca de desejo:
-Cala a boca e me beija, que nós temos pouco tempo.
A vergonha por nunca conseguir dizer não ao outro garoto.
A primeira vez dos dois juntos, o embaraço por causa do seu corpo, tão magro e feio perto de Black. O atrito entre os dois corpos, o cheiro de Black, o gosto do suor dele. Os gemidos dos dois. A dor de ter Black dentro dele a primeira vez.
-Oh, céus! Você é tão gostoso!
Orgulho! Orgulho por agradar a Black. Dor por depender tanto dele. As brigas. As brincadeiras humilhantes. A raiva e o desejo misturando-se a cada reencontro. A visão de Black gemendo sob ele. O calor do corpo recém desvirginado o envolvendo. A sensação de posse, de ser o único a subjugar o indomável Sirius Black.
Severus lutava contra o feitiço, mas pouco ou nada adiantava. As memórias se embaralhavam e vinham mais fragmentadas, mais caóticas.
A primeira vez que viu Black, em King's Cross, no primeiro ano. A vontade de se aproximar dele, a vergonha. O ciúme de Potter. A dor cada vez que o ouvia dizer "Snivellus". A mágoa. O medo que os outros de sua casa descobrissem sobre os dois. A recusa de Black em estar com ele.
-Você está dando para o Lupin, Black. E não tente me dizer que não. Eu não sou cego.
-É cego e burro, Snivellus. Remus é meu amigo, coisa que você não é e nunca vai ser.
-Como se eu quisesse, Black. Você só serve para trepar.
Os planos para poder encontrar redenção para seu sangue sujo. Planos que nunca envolveram Sirius Black.
Solidão. Andar sozinho vendo o outro sempre cercado pelos amigos.
Articulações políticas. Promessas de poder. Pedidos para que se sacrificasse para obter esse poder.
Black o segurando de encontro à parede:
-Onde você estava, Snape? Onde você foi com Malfoy? Eu vi você se afastando de Hogsmeade com ele.
-Não é dá sua conta.
-O que ele veio fazer aqui? Ele não tem nada que vir te cercar na escola. Ou você anda se enfiando na cama dele também?
-Vá para o inferno, Black.
-Vá você.
A boca dele na sua, o desejo deixando os dois descontrolados, mais uma vez.
As cenas se alternavam na mente exausta de Severus. Sempre a memória de Black. Sempre o desgraçado o assombrando.
-Não te interessa onde eu vou com meus amigos, Snape. Não é dá sua conta. Você não teria coragem de nos acompanhar. Ou teria?
-Foda-se, Black.
-Vou foder, sim, mas vou foder você, Snivellus.
O chapéu seletor escolhendo os novos alunos para as casas. O menino alto e bonito indo para Griffyndor. Ele indo para Syltherin. O orgulho de pertencer à casa dos antepassados de sua mãe. De ser realmente um Prince.
-Paralisar os galhos do salgueiro é fácil. É só apertar o nó correto no tronco.
O rosnado baixo do lobo. O medo. Um vulto negro se interpondo entre ele e o lobo, as mãos de Potter puxando-o pelo túnel. Rosnados. A enfermaria. Black ferido, Lupin desesperado. A promessa extorquida pelo diretor. A raiva, a dor, a solidão. Severus estava mais sozinho que nunca, agora que Black se fora.
-Você tentou me matar, Black. Some daqui. Esquece que algum dia a gente trepou. Eu quero ver você morto.
O olhar dele! Pela primeira vez, havia dor no olhar de Sirius Black. E ele se fora. Se fora de sua vida, se fora da escola algum tempo depois. Ele se fora para Azkaban e depois se fora definitivamente quando caiu no Véu da Morte.
Ele se fora.
Tão vazio. Tão sozinho. Tão frio. Frio na alma. Frio. Provavelmente, um efeito colateral do feitiço.
Severus se encolheu no chão tremendo. Sentia como se fosse morrer sozinho e com frio. Ele notou o corpo quente do cachorro ao seu lado e enfiou a mão entre os pêlos do animal. Ficou assim por horas. Tremendo, abraçado ao cão, rezando para não morrer ali.
Lentamente, o calor foi retornando ao seu corpo, e Severus conseguiu dormir. Sobrevivera.
ContinuaRespondendo ao desafio novo de número 53 - Tem que ter: "Eu vou te matar. É só abrir a boca".Desafio proposto pela Paula Lírio
Respondendo ao desafio antigo de número 27 - Snape ajuda um cão ferido sem saber que ele é na verdade Sirius Black Desafio proposto pela Ludmila
A primeira frase do desafio antigo de número 28. - Snape é descoberto como espião, mas um cão valente o resgata da beira da morte. Desafio proposto pela Ludmila
Respondendo ao desafio antigo de número 30 - Snape, ainda estudante, descobre-se apaixonado por outro cara e pira. Desafio proposto pelo Marck Evans (eu mesmo)
