GUNDAM WING:

TECHNOWARS

FanFic escrita por: Calerom

Início: 23/09/2003 - 1a Versão

Final:

E-Mail: myamauchi1969@yahoo.com.br

Créditos:

Gundam Wing: História original escrita por Hajime Yadate e Yoshiyuki Tomino.

Produtora da versão da TV: Sunrise Inc. e TV Asahi.

Nome Original: Shin Kido Senki Gundam Wing

Observação:

Esta obra foi feita única e exclusivamente como um fanfic para entretenimento pessoal e dos leitores. Obviamente tanto a série Gundam Wing como a sua história, personagens e designs de Mobile Suits não me pertencem, sendo de propriedade dos autores citados acima. .

Quaisquer personagens que não constam na série original, no OVA ou na adaptação em quadrinhos são de minha criação. Eles são totalmente fictícios, sendo qualquer semelhança com nomes, fatos e datas, mera coincidência.

Nota do Autor da Fanfic:

Esta fanfic se passa logo após o encerramento do OVA, em meados de 198 AC, um ano e meio após os acontecimentos da "Endless Waltz".

Classifico a FIC como PG-13, devido ao fato dela ser um pouco realista e conter cenas de violência. A linha da história segue mais ou menos o final do OVA, contudo, alterei alguns pormenores para dar a entender que o processo de pacificação da Terra e das colônias espaciais está sendo mais problemático do que o final otimista dado à série.

Optei por montar uma fic enfocando mais o aspecto científico militar da saga com uma pequena discussão ética no meio.

Esta obra NÃO contém cenas ou situações de Yaoi ou Yuri ou ênfase demasiada em romances amorosos, estilo Heero e Relena. Quem quiser ver isto tem à sua disposição uma infinidade de fics escritos tanto em português como em inglês.

O capítulo 1 ainda está incompleto e pode ser modificado radicalmente na sua versão definitiva. Pretendo escrever entre 6 a 10 capítulos, sendo atualizados numa base quinzenal.

Agradeço de antemão as críticas construtivas, sugestões e reviews a serem mandados pelos leitores. O e-mail de contato está tanto no início como no final da fic, para quem quiser escrever para mim.

CAPÍTULO ZERO:

O VALE DAS CINZAS

Ano 198 AC. A paz ainda continuava entre os homens. Graças ao sacrifício de cinco jovens pilotos, a Terra e as Colônias haviam alcançado uma paz duradoura e nossos jovens haviam tomado novos rumos em direção ao futuro...

E, desde então, a História nunca mais assistiu ao ressurgimento das armas chamadas Gundams..

Contudo, nem tudo era um mar de rosas. Embora a população - da Terra e das colônias em geral - havia saudado com alívio o fim da Eve Wars e da efêmera tentativa de golpe de estado perpetrada por Dekim Barton e Mariemeia Khushrenada, havia feridas enormes que custavam a se cicatrizar...

Com o fim dos conflitos, o novo governo da Nação Unida da Esfera Terrestre pôde enfim redirecionar os enormes recursos - até então usados no orçamento militar de ambos os lados - para a reconstrução das devastações causadas pelo último conflito, obras de infra-estrutura, produção de alimentos e para a área social.

Contudo, apesar de quase um ano e meio ter se passado, ainda havia muita coisa para ser feita. O desemprego, a criminalidade e a recessão econômica persistiam nas colônias - que continuavam ainda dependentes do comércio com a Terra - e enormes áreas da esfera terrestre necessitavam de cuidados ecológicos intensivos para recuperar o equilíbrio outrora perdido, tarefa que talvez duraria décadas e mesmo séculos.

Por mais do que a tecnologia e o conhecimento científico tivessem avançado a passos largos durante o período das guerras, nada disto seria suficiente para trazer de volta à vida florestas devastadas, rios poluídos com dejetos químicos, áreas outrora férteis transformadas em desertos, minas esgotadas e campos transformados em crateras devido ao impacto de armas de destruição nunca vistas.

As metrópoles ainda existentes na esfera terrestre haviam se transformado em autênticos formigueiros, e poucas podiam se gabar de ter uma certa qualidade de vida.

Muitas das pequenas e médias cidades ao redor do planeta haviam decaído ou mesmo desaparecido devido à destruíção sistemática de áreas de pesca e plantio e ao caos econômico resultante.

Em algum lugar daquele país que outrora foi chamado de Estados Unidos da América, a antiga superpotência mundial dos séculos XX e XXI...

Antigamente era chamado de "Vale do Silício" uma região no estado da Califórnia, perto de San Francisco, aonde se concentrava empresas produtoras de software, tecnologia de informações e da então nascente Internet, uma rede mundial de computadores.

O Vale do Silício era a Meca da tecnologia pré-AC (After Colony - depois da Colonização Espacial), com o seu altíssimo índice de informatização, seus altos salários e seu ainda maior custo de vida, atraindo jovens recém-formados e executivos de prestígio.

Esta situação perdurou mesmo no início da Era AC, quando altíssimos investimentos foram feitos nas áreas de pesquisa espacial, construção de estruturas espaciais e na tentativa de se tornar mais eficaz e mais barata a comunicação de dados entre a Terra e o Espaço. Naturalmente, para que as colônias fossem construídas, seria necessário um investimento sem precedentes em tecnologia, e tanto o Vale do Silício como outros centros de excelência espalhados ao redor do mundo foram beneficiados (Dublin na Irlanda, Tel Aviv em Israel, Bangalore na Índia, Taiwan em Formosa, Campinas no Brasil, etc.).

Contudo, tudo tem um fim.

O chamado Vale do Silício começou a decair quando pipocaram os primeiros conflitos militares entre os países da Terra, na disputa por territórios e recursos naturais, e mais tarde, entre a Esfera Terrestre e as colônias.

Por ser um centro estratégico vital, a área ao redor de San Francisco - bem como outros centros tecnológicos - foi atacada e milhares de pessoas morreram nos combates que se seguiram ao longo dos anos.

Durante a Eve Wars, os dirigentes da Aliança Terrestre e mais tarde a OZ (Organização do Zodíaco) trataram de remanejar ao máximo seus engenheiros, técnicos e cientistas, descentralizando o máximo possível centros de comunicações, tecnologia e logística, para evitar que fossem alvos fáceis dos rebeldes.

Fábricas e laboratórios de pesquisa High-Tech foram transferidos para alguns satélites militares e mesmo para a Lua.

Quando a poeira da guerra abaixou, toda a face da Terra estava transformada. Várias grandes cidades e centros industriais foram reduzidos a cinzas, outros perderam a sua fama e prestígio, tornando-se apenas de importância local e cidades até então anônimas ficaram mundialmente conhecidas, enquanto grandes centros surgiram do nada.

Uma nova San Francisco estava sendo penosamente reconstruída dos escombros da primeira, a duras penas. Não somente esta metrópole, mas também outras cidades espalhadas ao redor do planeta, nos cinco continentes, exigiam a atenção da Nação Unida da Esfera Terrestre, bem como várias colônias.

Era final de outono de 198 DC. Uma figura andrajosa e solitária andava pelas ruas semidesertas de San Jose, na antiga área do Vale do Silício, agora chamada de Vale das Cinzas, após ter ficado durante horas mendigando inutilmente na porta de um Shopping Center. O tempo estava fortemente nublado e as folhas secas das árvores dançavam, movidas pelo vento, prenunciando uma chuva iminente. .

Estando vestido com um casaco gasto com as golas levantadas e com a face coberta por um boné, este mendigo caminhava aparentemente sem destino, indiferente à miséria e decadência ao seu redor.

Numa esquina, crianças mal vestidas disputavam com os gatos, uns restos de comida numa das escassas latas de lixo que existiam na cidade.

Em outra, uma garota com menos de 15 anos de idade, parcamente vestida e com a maquilagem toda borrada, tentava vender o que restara de sua pureza e inocência para uma multidão de pessoas indiferentes com os olhos sem alegria e sem esperança.

Um bêbado jazia mais morto do que vivo numa calçada, abraçado à uma garrafa de aguardente adulterado e adolescentes viciados fugiam de uma mercearia depois de terem saqueado o caixa.

Em seus tempos áureos, San José chegava a empregar mais de 250 mil pessoas somente na área de tecnologia. Esta cidade de porte médio tinha o segundo maior salário médio dos EUA - superada apenas por Seattle, terra da ex-Microsoft e da ex-Amazon. - e sua fama chegava a desafiar até mesmo San Francisco.

Agora a cidade se assemelhava a um amontoado de prédios abandonados e fábricas fantasmas, em nada lembrando a sua antiga glória. A população havia decrescido para apenas 50 mil pessoas e grande parte dela dependia da assistência social da Nação Unida para ter um mínimo de condições de subsistência. Os poucos afortunados que ainda permaneciam na cidade moravam em condomínios fechados e bairros de acesso restrito, protegido por empresas de segurança particulares.

O desemprego era constante e os níveis de criminalidade eram constantemente altos.

De certa maneira, San Jose lembrava o trágico destino das cidades que dependiam da indústria automobilística no final dos anos 70 e que decaíram à medida que as fábricas de automóveis foram se mudando para centros com mão de obra mais barata.

Relembrando as informações que vira em registros antigos que lera na Rede Mundial - herdeira das Internet 1, 2 e 3 - a anônima figura ponderava com pesar, tamanho contraste entre a glória do passado com a miséria atual.

Era a eterna Valsa da História tocando a sua melodia trágica...

Impérios nasciam, levantavam-se e lutavam entre si, para caírem nas areias do esquecimento.

Tecnologias novas surgiam, sepultando paradigmas e conceitos, para novamente serem varridas por outras.

Imperadores, ditadores e arrogantes milionários imaginavam eternizar seus feitos pela eternidade apenas para ganharem uma nota de rodapé em livros empoeirados.

A figura andrajosa e mal vestida caminha aparentemente sem rumo durante vários minutos a passos rápidos, porém cadenciados. Até chegar naquilo que ele chama de "lar".

Usando um rudimentar sistema de identificação existente em seu chaveiro - totalmente obsoleto na era AC - ele aciona o portâo magnético de um galpão enorme.

Há décadas atrás, o galpão servia como depósito de uma próspera companhia de computadores pessoais. Contudo, ela faliu e o prédio foi abandonado. Ninguém se encarregou de reclama-lo. Portanto...

O enorme portão - blindado - se abre de forma lenta, e o homem entra no interior do prédio. Estava tudo escuro.

O galpão como um todo estava praticamente deserto, apenas preenchido por esparsas caixas apodrecidas, ferro-velho e restos de estoque. Apenas o mezzanino da parte superior do mesmo - que servia como um escritório - estava ocupado por ele.

Com um pouco de dificuldade, ele tateia na parede até achar um precário interruptor e liga-o, ativando as luzes do galpão. Não era preciso se preocupar com contas de luz, até porque a energia do galpão era feita por um gerador antigo...

Finalmente, o desconhecido aciona outro botão do seu chaveiro e a enorme porta se fecha.

O homem andrajoso sobe por uma escada metálica até chegar no mezzanino, transformado num apartamento improvisado. O local era composto por uma pequena cozinha, um banheiro, uma saleta de recepção e três salas - uma das quais transformada num quarto improvisado.

Largando o boné numa poltrona, o desconhecido vai a uma das salas do que chama de seu lar.

Lá se encontrava um computador portátil de última geração - semelhante aos obsoletos notebooks do século XXI, mas muito mais leve e infinitamente mais potente - e um outro modelo um pouco maior, uma espécie de servidor de espessura equivalente à metade de um pré-histórico Personal Computer. Junto a eles estava um equipamento - misto de TV, rádio, telefone, fax, impressora e conjunto de áudio - com capacidade para se conectar a qualquer ponto da Terra ou das colônias.

Estas pequenas obras primas de informática chocavam-se com o caos e o desmazelo do local.

A mesa onde elas estavam colocadas estava com a madeira descascando, havia uma poltrona com rodinhas com o estofamento meio rasgado, e as paredes estavam decoradas com um calendário datado de 195 AC e pôsteres digitalizados de mulheres nuas.

Em outra mesa estavam espalhados vários papéis com anotações e fórmulas incompreensíveis, livros diversos, um bloco de papel amarelado e um prato com os restos de uma pizza de calabresa já amanhecida.

Num canto do caótico escritório havia ainda um pequeno frigobar automatizado que estava fazendo mais gelo do que de costume, devido a um problema em seu sistema operacional. Dentro dele estavam cinco garrafinhas de água mineral - provavelmente falsificada - e uma embalagem de um refrigerante chamado "Nuka-Cola", imitação servil de uma certa bebida que fez bastante sucesso na época antes da colonização espacial.

O anônimo andarilho senta-se na poltrona e - usando o identificador acoplado em seu chaveiro - aciona seu computador com um movimento único e decidido.

Um feixe laser emitido por um led no terminal se encarrega de fazer a identificação do usuário, pelo padrão da íris dos olhos, dando a permissão necessária para ativar o sistema operacional.

Enquanto isto, ele tira do bolso um pequeno disco prateado - com capacidade de armazenamento de dados milhares de vezes superior ao DVD do século XXI - e coloca-o num compartimento do seu "notebook".

Ele sorri pela primeira vez quando a tela plana de seu monitor - mais fino do que um quadro de parede - liga automaticamente.

Por sorte, os sistemas operacionais do futuro eram bem mais velozes e mais confiáveis do que o famigerado "Windows" de séculos atrás e já ficavam embutidos na memória FLASH-ROM dos micros, acelerando o acesso.

Teclando com rara habilidade, ficava claro de que o nosso anônimo andarilho não era um mendigo comum. Um brilho de genialidade percorria seu olhar quando ele terminava de carregar um programa desabilitador de códigos secretos.

Longe de ser uma ferramenta banal de hacker de fim de semana, este programa foi desenvolvido para uso em agências de inteligência, e para uso militar, estando vedado a civis.

Logicamente o pequeno disco de prata estava bloqueado por inúmeras senhas e programas de proteção. Um pequeno descuido, estes programas não somente bloqueariam as tentativas de infiltração como também se encarregariam de inutilizar o seu computador, além de enviar um sinal de alerta denunciando sua identidade para toda a Rede Mundial.

Mas, a partir daquele momento em que ele tivera o disco ao seu alcance, nada mais o impediria de acessar o seu precioso conteúdo, que valia muito mais do que milhões de dólares, Ninguém.

Seria apenas questão de alguns minutos ou horas até que tudo tivesse acabado.