Capítulo 1 – Tom Marvolo Riddle.
Eram nove horas da noite em Liverpool. A maioria das pessoas já estava dormindo. Apenas os jovens curtiam o sábado em pubs e festas da cidade.
Uma casa simples, mas muito bonita, pintada de branco e azul claro, com um grande jardim à frente, era a única com a luz da sala acesa.
Um casal discutia em voz baixa para que o menino que dormia no andar de cima, não pudesse ouvir.
- Eu não sei...acho que não é uma boa ideia.
- Vamos querido...por mim.
- Ele é estranho, Honey! Matou o cachorro do vizinho!
- Você não pode afirmar que foi ele! – ela alterou um pouco o volume da voz, e então se lembrando da criança, voltou a discutir baixo. – Você não pode dizer isso. Pode ter sido um gambá.
O homem sorriu de forma debochada e a olhou com pena.
- Você realmente acredita no que diz?
- Ele é meu filho! – seus olhos ficaram marejados de água e o homem a abraçou.
- Ele só é nosso filho há dois meses. Acho que deveríamos...desistir. – ele sabia que ela não aceitaria isso.
Ela o repeliu de forma bruta e o olhou irritada.
- Então é só surgir um probleminha e você já vai desistir? Acho que realmente não está preparado para ser pai. Você ainda é muito imaturo.
- Querida! Não é um probleminha qualquer!
- Lembra-se dos Merseys? Nossos antigos vizinhos? Eles adotaram uma criança uma vez, que também deu muito trabalho no início, mas eles não desistiram dela. Agora ele é um adulto lindo, formado em medicina, amável e deve tudo aos Merseys. Se eles tivessem desistido, onde ele estaria agora? Provavelmente roubando e matando por aí! – sua voz estava se tornando histérica outra vez.
- Amor, tente entender. É diferente. Olha, eu estava procurando informações por aí e ele tem características psicopatas!
- Henry! Não diga isso!
- Ele machucou aquela menina do parque quando o levamos para tentar interagir com outras crianças, - continuou como se ela não tivesse interrompido – parece não respeitar nenhuma regra que impomos e não sente remorso de nada ruim que diz, pensa ou faz! Sem falar que ele parece que nos odeia!
- Ele não nos odeia! Está passando por um momento difícil. Só isso. – Honey se sentou, cansada, na poltrona e colocou as mãos no rosto.
- Querida... – Henry suspirou e colocou o braço em seus ombros. – Não podemos continuar com ele. Adotamos outro.
- Não! – ela levantou. – Não vou abandoná-lo! Prefiro cuidar dele sozinha, sem você ao meu lado, do que devolvê-lo àquele lugar!
- Você...não posso acreditar! Você prefere se separar de mim do que deixar um menino que você mal conhece?!
A discussão parecia que não ia terminar tão cedo. Finalmente, depois de mais algum tempo de berros contidos, Henry deu o braço a torcer.
- Ok! – falou irritado. – Ok! Podemos ficar com ele por mais um tempo, mas com uma condição. – ele a olhou de forma severa. – Vamos levá-lo a um psiquiatra.
- O...que? Ele não é louco!
- É o mínimo que eu estou pedindo! E se ele não for louco, ótimo. Tudo vai terminar bem e vai provar que você está certa.
Honey ficou em silêncio por um tempo e então concordou contrariada.
- Tudo bem.
- Vou ligar para meu amigo Jonas. Ele é psiquiatra.
Tom ouvia toda a discussão através da porta da sala que dava para o corredor. Achava que depois de ter machucado uma garota e matado o cachorro do vizinho, finalmente desistiriam dele, mas aquela mulher era insuportavelmente imbecil.
Quando decidiram levá-lo a um psiquiatra foi o ápice. Não queria ser analisado por ninguém! Não era maluco e nem um animal selvagem.
Por outro lado, poderia ser bom...eles veriam que ele não servia para ser filho deles e, por mais que detestasse a ideia, voltaria para o orfanato.
Quando soube que teria que ir com eles para Liverpool, havia pensado em dizer que não, em brigar, porém optou por infernizar a vida do casal e criar uma má fama para si, assim ninguém mais tentaria tê-lo como filho. Seu plano não tinha dado muito certo por causa do grande amor incondicional e irracional de Honey.
Por causa dela, não pôde treinar oclumência com Scott e isso o deixava mais furioso ainda. Um atraso de vida e de realizações.
Subiu as escadas para voltar ao seu quarto. Era enfeitado de cores consideradas masculinas e com vários enfeites de aeroplanos e carros. Além de faixas de times de rúgbi e futebol.
Ridículo.
Jogou-se em sua cama. Primeiro olhou para a gaiola vazia de Hel que estava caçando e depois para a pilha de cartas de Leah e Abraxas. Escrevia para eles de tempos em tempos inventando assuntos. Foi notando que ao longo dos meses estava conseguindo um dos seus objetivos: eles já o consideravam seu líder. Perguntavam o que fazer sobre algumas coisas e sempre pediam permissão para fazer algo que pudesse ser de seu desagrado, como quando Abraxas disse: "Eu estava pensando em montar um grupo de lutas para a gente, já que não temos mais o Clube dos Duelos. Você seria o líder, é claro. O que acha?"
Era uma ótima ideia. Pensava até em criar um novo nome. Um nome de líder. "Tom" era patético, comum demais. Não impunha respeito.
Apanhou um pedaço de pergaminho e sua pena. Já havia várias coisas escritas no papel e riscadas. Escreveu: Rei...riscou. Não, rei era muito forçado.
Barão...já existia Barão Sangrento em Hogwarts. Era um ótimo nome...pena que ele pegara primeiro.
Jogou a folha no chão mais uma vez. Inútil. Não conseguia pensar em nada bom o suficiente que condissesse com a sua pessoa.
Pegou a carta de Leah e leu a parte em que ela falava de Erin, enquanto segurava um lenço rosa. Passou todas as férias com aquele lenço nas mãos. Sem vê-la tanto tempo, parecia que o sentimento havia aumentado mil vezes. Sentia necessidade de tê-la, como um dos seus objetos roubados das crianças do orfanato.
Leah não falou muito sobre Erin. Sabia da inimizade das irmãs, mas ela havia comentado: Erin vai voltar para Hogwarts esse semestre. Apenas isso e já era o suficiente.
O coração de Tom disparou e ele apanhou o pergaminho novamente. Escreveu: Lorde. O apelido que ela cismava em lhe chamar. De início achava que era deboche e se irritava, mas agora percebia que era bem glamouroso.
Lorde... o que? Lorde Tom nem pensar. Lorde Riddle? Lorde Slytherin? Não...muito na vista o significado.
Lorde Marvolo... seu avô Marvolo. Era interessante. Marvolo era sua única ligação com Salazar Slytherin, fundador da Sonserina e da própria Hogwarts.
Escreveu: Tom Marvolo Riddle. Era bem melhor.
Começou a escrever várias vezes o nome trocando as posições.
Tom Riddle Marvolo.
Marvolo Tom Riddle.
Marvolo Riddle.
Nada! Passou a trocar as letras de lugar. Depois de várias tentativas que formavam nomes sem sentido e palavras desconhecidas, um nome lhe chamou a atenção: Voldemort.
Hum...era forte, vibrante e poderia trazer pavor. Continuou a embaralhar as letras que sobraram e finalmente formou: "I am Lord Voldemort". Eu sou Lord Voldemort.
Sorriu olhando a folha.
Perfeito.
Ele agora era Lord Voldemort.
Eis que surge Lord Voldemort.
Mais um ano do meu querido Tom e cada vez mais ele tenta alcançar seu objetivo: poder. E aos poucos vai conseguir. Esse terceiro ano, prometo a vocês, será bem interessante ^^
Divirtam-se.
