Disclaimer: É meu? No, no, no.
Nota: O nome é o mesmo do fic da Darkita, o objeto não é o mesmo. Nome cedido pela Darkita em 08.12.08 às 21:59, +03:00 GT HAHAHAHA. Só para constar, eu sei que o nome é igual, então sem problemas maiores, aqui vamos. Ouro no III Mini Challenge de TomxGinny do 6v!
Das cores da bruma
Por
Lally Y K
"Pequena Ginevra, pequena Ginevra."
Sinto sua voz suave arrepiar os pêlos de meu braço e quando vejo estou dentro da Câmara Secreta. Está frio, está escuro e eu tenho medo. Você é lindo. Branco, de cabelos e olhos negros, sorriso de poeta, mãos de saqueador e ar de intelectual. Você é tão lindo que me dá medo. Porque você é irreal, atrás da sua delicadeza de feições esconde facetas que não consigo compreender.
Ninguém me contou a história de Tom Marvolo Riddle. Você a escreveu para mim com meus pesadelos. E os seus próprios medos se tornaram meus. Eu vi cada um de seus passos se transformarem em rastejo. Vi cada falha de suas derrotas e a sujeira de suas vitórias. Seu 'eu' jovem só trazia a carga do mal impressa em seus olhos negros, dissimulados, envoltos na bruma dos seus pensamentos.
Sua busca incessante em evitá-la só trouxe o reflexo do medo que você tem dela. Você a odeia também, porque não sabe o que ela significa, não entende a sua razão de ser. É apaixonado pela vida, mas promove a destruição. Contraditório, mesquinho, arrogante. É o que você é.
Sinto
o cheiro de ferrugem e sei que se aproxima. Os sapatos de boneca
fazem barulho no piso molhado e seus olhos de criança vasculham,
procurando pela luz. Está absorta em um ambiente de pesadelos.
Ginevra, ginevra, ginny.
Menina ordinária, traidora de
sangue, ruiva poderosa, menina indecisa, esconde seu poder por essa
farsa de sardas e de timidez.
'Ginevra, Ginevra,
Ginevra.'
Repete meu nome como uma prece, com a entonação de um insulto. Não sei onde começa a sua fascinação e termina sua ojeriza. Talvez seja no limite entre seu abraço frio e o beijo sôfrego. Entre os sussurros contra minha pele das minhas sardas e palidez e a cor dos meus cabelos. Engraçado que em nenhum momento sua mão chegou a encostar na minha.
Às vezes, você tem inveja. Queria ser ruivo, sardento e imperfeito como eu. Não admito minhas fraquezas para ninguém, só que você as vê mesmo assim. E faz questão de mostrá-las com sua audácia e ironia fina. Queria se agarrar às suas crenças e fugir da morte, porque ela é maior que você e seu ego não permite que algo supere a sua superioridade.
Acordo de outro pesadelo, você está lá. Está me matando, matando aos meus amigos, à minha família. E eu sinto medo, tento fugir e é inútil. Quando acordo novamente, minhas mãos têm sangue de Madame Norra e meu impulso é vomitar na mesma pia que acoberta seu refúgio. Tem medo Tom, tem tanto medo que se esconde em páginas amarelas e lembranças turvas de uma época que era doentio.
Escrevo minhas inseguranças em seu diário e seu sorriso aparece para mim na curva do nome de Harry. Você também tem medo dele. Acho que mais dele do que a própria morte, porque ele, um bebê indefeso, pôde desmoronar todos os planos consolidados em uma vida. E Tom Marvolo Riddle não podia enfrentar o medo. Lord Voldemort devia destruí-lo. Assim como fez como Tom.
O resto de Tom está comigo e você me abraça na bruma que envolve a parte mais escura da Câmara Secreta. A bruma não é só cinza, é preta, branca e até mesmo ligeiramente lilás, cor do início da aurora. O ar sai de meus pulmões, sinto-me sufocar.
"Durma,
Ginevra, pois amanhã você será minha."
Eu não quero,
e que importa? O vento acaricia meus cabelos e posso jurar que o ar
tomou forma de lábios que tocam os meus. Consigo conversar com sua
forma ilusória e respiro novamente, apenas para impregnar o cheiro
do diário de couro. Você cheirava à madeira. Hoje, você cheira à
carvão.
Não consigo mais me mexer. Você está confiante, meu sangue escorre e sinto o gosto de ferrugem na boca, como se eu estivesse submersa. Na minha mente, você ri. E se afasta de mim. A bruma te envolve até que nada mais eu consiga ver. É apenas a névoa, apenas prata e lilás em meus olhos. Me sinto vazia.
De longe, alguém grita meu nome, mas não quero acordar.
Porque estaria com você. E ali, naquele instante, você seria alguém tão incapaz como eu de superar aquilo que tem medo. E a morte seria a conseqüência para nós dois. Uma vez apenas, seríamos iguais. E o Lord Voldemort ficaria destruído, imerso na névoa de sua maldade.
Você seria apenas Tom, um garoto com os temores de um bruxo com ambição.
Só que no fim, Ginevra, você
levantou dessa bruma. Tem cores demais para ela.
E eu
queria voltar para ela, depois de ver a sua cor.
Fim
A você, caro leitor, cabe o papel de julgar se esse fanfic é digno ou não de um review.
