QUE DIA, NOAH PUCKERMAN! QUE DIA!
A primeira coisa que se faz quando acorda é abrir o olho, certo? Todo ser humano considerado normal costuma colocar os músculos localizados na região para funcionar e erguer um negócio chamado pálpebra. Então a luz ambiente entra, as pupilas focalizam e uma coisa maravilhosa que damos o nome de visão capta todas as formas e cores do ambiente em que o indivíduo se encontra. Mas não é o que acontece com Noah Puckerman. Ele desperta do sono, mas não abre os olhos de imediato. O primeiro sentido ativo dele ao despertar é o tato. É preciso sentir primeiro o ambiente, procurar por coisas que são reconhecíveis e só então abrir os olhos e suspirar aliviado por estar em um lugar seguro, de preferência o próprio quarto e, se possível, sozinho. É que Puck nunca tinha certeza de onde acordaria e com quem estaria. Vai que ele bebeu muito na noite anterior, pegou uma mulher casada e precisa sair correndo antes que o marido enganado apareça? Ou pior! Antes que a moça o convide a ficar. Existem regras para essas coisas e ficar para filar o café da manhã significa estabelecer algum tipo de intimidade. Dependendo de quem fosse, era melhor nem pensar. Como por exemplo, Linda Gordon, a mulher do xerife que tinha um fraco por garotos musculosos.
Quem é você, e como você sabe de tudo isso?
Porque eu sou deus!
Ryan Murphy?
Não outro!
Brad Falchuk?
Olha, a questão é a seguinte. Existem alguns deuses por aí, habitantes de um universo paralelo, que saem criando sujeitos como você. Alguns se contentam em assistir às suas misérias. Outros são ainda mais sacanas e gostam de interferir na dinâmica. Existe um terceiro tipo que clona a criação dos outros, cria um mundo paralelo e até faz algumas sacanagens, como, por exemplo, colocar meninas com pênis. Especialmente se elas se chamarem Santana Lopez e Quinn Fabray.
Isso é...
Demais para o seu QI, eu sei. Mas vamos estabelecer o seguinte: sou apenas alguém que vai te seguir por um dia. Um observador de suas ações, que certamente serão risíveis porque você não é um garoto muito esperto, apesar de toda marra. Não farei sacanagens como colocar uma vagina no lugar do seu precioso puckssauro. Fique despreocupado. Apenas vou contar os seus passos para que outros deuses como eu possam se divertirem com a sua cara.
Quantos deuses como você existem?
Tantos quantos as estrelas do céu.
Eu devo te chamar de estrela do céu?
Narrador está ótimo!
E como devo proceder, ó narrador?
Apenas faça o de sempre. Como disse: tudo que farei é observar.
Nada de vaginas ou chifres na testa?
Meus dedos estão descruzados.
Depois dessa conversa mental comigo, Puck abriu os olhos. Infelizmente não estava na segurança do próprio quarto. Encontrava-se nu ao lado de uma menina que era garçonete de uma fast food. Tudo que Puck sabia era que ela se chamava Jennifer e estava fazendo curso na Community College. Era só uma dessas garotas que mudavam de emprego como trocavam de roupa enquanto alimentavam o sonho de cair fora daquela cidade. Jennifer morava num quartinho alugado de uma pensão. Desses que custavam 30 dólares por semana e o senhorio engolia até um mês sem receber o aluguel. Puck tinha alguma simpatia por pessoas do tipo. Não era como se ele tivesse um destino muito melhor à espera tão logo se formasse na escola.
Obrigado por seu voto de confiança!
Apenas estou sendo realista aqui!
Vestiu as calças, a camiseta, os sapatos e deu uma última olhada na companheira de cama da vez. Jennifer era uma menina bonita: morena, pele clara, cabelos ondulados. Ela flertou com ele na noite anterior e Puck disse que esperaria pelo fim do expediente. Jennifer topou, estava solitária e queria uma companhia para a noite. Puck também. Lauren estava fazendo greve de sexo e ele era um cara que agüentava ficar um dia ou dois sem se deitar com uma garota. Mas uma semana inteira? Sete dias na seca? Nem mesmo toda a paixão que ele sentia pela atleta de luta Greco romana da escola era capaz de fazê-lo ficar abstinente por tanto tempo.
Estava atrasado para a escola. Não que isso fosse tão importante assim. Ele queria usar o chuveiro e Mckinley High estava mais próximo dali do que a própria casa. Pegou as chaves do carro e foi embora sem se despedir. Abriu a porta do velho Buick Regal 1988 duas portas cor vinho que ele estava reformando aos poucos. Era um clássico. Sempre se achava sexy quando andava com ele pelas ruas de Lima com os óculos escuros no rosto, o chiclete que ajudava a chamar atenção para o maxilar bem-definido e a camiseta básica branca que revelava o corpo bem trabalhado. Achava que ganhava algumas mulheres dessa forma, mas nunca convidava as mais elegantes e ricas a dar uma volta. Precisava trocar o estofado dos bancos, restaurar as portas e colocar uma maçaneta do vidro na porta do passageiro. Pelo menor o motor não encrencava muito e o aparelho de som era bom.
Eu vou colocar a maçaneta nesta semana!
Sinceramente, isso não me interessa.
Talvez interessasse para Lauren. A inusitada namorada de Puck reclamava por não poder abrir o vidro e sempre reclamava porque dentro do carro ficava muito quente e só tinha uma janela para resfriar.
Não foi sempre. Que eu contei, só foram só quatro vezes!
Mas é verdade, certo?
Deixará de ser no fim da semana.
Já falei que não dou a mínima.
O estacionamento já estava cheio àquela hora e a única vaga que restava era ao lado do carro da senhora Jung, a velha professora de Literatura Inglesa, que sempre escancarava a porta e a batia contra o carro que estivesse ao lado. Por isso que a vaga ao lado era sempre a última a ser ocupada. E Puck queria colocar o raio da maçaneta, então era melhor lidar com um afundado na lataria do que pagar o reboque por estacionar em local irregular.
Você disse que não ia me sacanear!
Mas eu não fiz nada. Você acordou tarde depois de uma noite de sexo com uma garota que provavelmente não vai ver de novo e chegou atrasado à escola. Você conhece as regras Noah Puckerman!
Quando entrou correndo pelas portas do Mckinley, ainda encontrou alguns estudantes apressados para a primeira aula. Claro que ele não foi rápido o suficiente para descobrir qual era a primeira classe do dia, pegar os livros certos e correr para a sala. Chegou atrasado. Mas os problemas acadêmicos de Noah Puckerman não são interessantes. Ele é apenas um aluno regular que estuda o suficiente para tirar a média e continuar no time de futebol. Ele não passa de um jogador medíocre, assim como resto da equipe, mas eles ainda alimentam a ilusão que vão conseguir uma bolsa de estudo na universidade por causa do esporte.
Nós estamos invictos nessa temporada.
Isso até a treinadora Beiste deixar vocês no próximo ano.
Ela nunca faria isso!
Ela está fazendo o piloto de outra série de comédia. Se der certo, adeus Glee.
O quê?
Os universos paralelos interferem no seu. É complexo, não tente entender.
O horário do almoço chegou e Puck pôde finalmente encontrar com a namorada. Lauren estava animada com um novo projeto para ficar famosa na internet. Até porque não bastava existir e interagir no meio virtual: era preciso ter fãs.
"Você o quê?"
"Eu serei a morte no Twitter. Todos os dias eu vou pesquisar sobre tragédias pelo mundo e vou fazer piada a respeito. Então, quanto eu atingir 100 mil seguidores, vou revelar o meu verdadeiro perfil".
"Isso vai te deixar famosa?"
"Tem gente que ganha dinheiro assim."
Nesse meio tempo, Rachel veio pisando duro pelo corredor. Parecia preocupada com alguma coisa. Seja lá o que fosse, ela dispararia no Glee Club ou alguém mais ou menos por dentro da história daria com a língua nos dentes. Puck, e até mesmo Lauren, já estavam habituados com a rotina e a dinâmica do grupo. Mas depois que eles viram uma mensagem de Mercedes Jones no celular convocando para uma reunião extraordinária, resolveram levar o bravado da pequena diva à sério. Puck nem teria a chance de discutir o fim da greve de sexo com Lauren tão cedo e isso era desapontador.
"Nós fomos roubados!" – disparou Kurt assim que Finn Hudson, o último a chegar à sala de ensaios, se sentou – "Alguém arrombou o nosso armário e pegou o CD do nosso ensaio com a música original e disse que publicaria todo o material para nossos concorrentes caso Rachel não seguisse todas as determinações dele."
"Que tipo de exigências?" – Finn estava assustado.
"Ainda não sabemos, mas Rachel está a essa hora no auditório junto com Sam para receber a primeira exigência" – Mercedes continuou.
"Sam?" – o ciúme de Finn começou a falar alto.
"Bom, alguém tinha que garantir a segurança dela e Sam foi o primeiro a se prontificar" – Kurt explicou.
"Ok... enquanto Trouty Mounth e Yentl vão ser chantageados, o que estamos fazendo aqui que não invadimos a casa de Jew Fro ainda?" – Santana disse como se aquilo fosse óbvio.
"Como você sabe que é ele?" – Artie perguntou e Santana revirou os olhos.
"Por favor! Roubar fitas e chantagear Berry? Só há uma pessoa e nessa escola estúpida o suficiente para tal."
"Bom..." – Puck se levantou e pediu a atenção – "Nesse caso isso é uma tarefa para os bad-ass do grupo. Santana, Mike, Lauren... temos trabalho a fazer."
"Tenho acessórios de celular extras no meu armário" – Lauren foi se levantando.
"Sorte a de vocês que hoje eu vim de calça e tênis" – Santana tirou a jaqueta e o arco de cabelo à Brittany. Depois começou a passar a mão nos cabelos para amarrá-los.
"Eu vou trocar a minha camiseta por uma preta" – Mike deu um beijo em Tina antes de se levantar.
"Eu posso descobrir a combinação armário dele" – disse Artie – "Se o CD estiver lá eu aviso vocês. Quinn..."
"Eu vou ameaçá-lo... mas sem garantias!"
"Kurt e eu vamos ficar de olho em Rachel" – foi a vez de Mercedes.
"Espere todos vocês!" – Finn gritou – "Isso é... isso é maluquice! O que vocês pensam que vão fazer?"
"O que sempre fazemos quando temos uma emergência parecida!" – Puck respondeu como se aquilo fosse óbvio. Mas não era.
Não era a primeira vez que alguém tentou chantagear o Glee Club. Para cada ação havia um integrante ideal. Puck sabia arrombar casas, Santana, Brittany e Mike eram ágeis se fosse preciso escalar árvores ou telhados. Mike tinha a vantagem de entender de computadores e Santana tinha grande facilidade em revirar uma casa sem deixar sinais. Tina, Artie e Lauren sabiam lidar com tecnologia e coisas semelhantes. Quinn era a mestra da arte da persuasão e do jogo sujo. Kurt e Mercedes espiavam de longe. Eram bons nessas coisas. Rachel, Finn e Sam costumavam ser deixados de fora. Rachel por ser emotiva e estabanada demais. Sam por ser ingênuo e honesto. Finn... ele era um problema. O suposto líder do grupo era capaz de fazer o mal-feito, mas era descuidado e costumava criar problemas caso o plano dele não fosse seguido. Foi por uma dessas que tanto Finn quanto Puck trabalharam numa loja de departamentos por dois meses só para pagar pneus furados dos integrantes do Vocal Adrenalina. Finn tinha utilidade como motivador, como agregador. Mas não para o trabalho sujo.
Não seja tão duro com Finn... ele é meu camarada, por alguma razão.
Vocês estão no Glee Club.
Isso... mas tem outra razão.
Você é o braço direito dele no time de futebol
Certo, mas...
Finn é popular e faz você ser popular também.
Também, mas...
Até hoje você se sente culpado por ter tirado a virgindade e engravidado Quinn mesmo sabendo que ela era namorada do seu suposto melhor amigo.
É isso aí! Ou melhor...
Finn é um sujeito bem-intencionado e você se sente mal em sacaneá-lo.
Tem que ter algum outro motivo.
Finn é seu meio-irmão.
O quê?
Bah, não é verdade! Mas esse pulo de susto que você deu foi ótimo.
O grupo ouviu o sermão de 15 minutos de Finn sobre investigar melhor a história e comunicar com senhor Schuester. Palavras que entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Se Finn quisesse realmente ajudar, ele mesmo tomaria uma atitude direta contra Jew Fro. Mas o que ele fez tão logo o clube fingiu ter dispersado foi ir até Rachel tirar satisfações do porque ela confiou em Sam e não nele numa situação como aquela. Não que esse draminha interessasse o restante do grupo. Puck, Kurt e Mercedes tinham lá a intenção primeira de proteger a amiga. Mas o resto estava agindo mais pelo grupo do que pela diva.
Eu gosto da Rachel. Até que ela é legal.
Disso eu não discordo. Eu sei muito bem que você gosta de proteger a baixinha ao seu modo.
Tão logo Lauren pegou os equipamentos dela no armário, ela, Puck, Santana e Mike entraram no velho Buick. O carro da senhora Jung não estava mais no estacionamento, mas o amassado na lataria já se fazia presente. Lauren foi explicando o plano. Ela ficaria dentro do carro observando qualquer movimentação na rua e manteria contato no celular com todos os jogadores. Era de praxe Lauren desempenha a função de central de comunicação. Mike rodearia a casa para ver se estava tudo limpo. Era simpático e com jeito de bom moço o suficiente para ficar na retaguarda para que os dois mal-feitores principais pudessem vasculhar a casa. Ainda passaram na casa de Lauren para pegar o computador e um binóculo. Seria preciso testar a mídia e às vezes não haveria tempo para fazer isso no próprio local. Mas é claro, o universo nunca conspira à favor. O carro já pegava com alguma dificuldade e esperou aquele momento crucial para quebrar.
"Isso é ridículo!" – Santana deu um soco no banco da frente.
"Juro que isso nunca aconteceu antes" – Puck tentou insistir na ignição.
"Se você continuar o carro vai afogar!" – Lauren abriu a porta.
"Pra onde você está indo?"
"Abre o capô. Preciso dar uma olhada" – o coração de Puck amoleceu. A namorada dele era fantástica na peculiaridade dela.
Lauren deu uma olhada rápida. Verificou a mecânica e pediu para fazer alguns testes. Depois limpou as mãos na mangueira de frente à casa dela e deu o diagnóstico para os outros três.
"Acredito que seja a ignição!"
"E agora?" – Santana estava de braços cruzados – "Eu não vou voltar para a escola à pé para pegar o meu carro. Aliás. Eu jamais usaria o meu carro para uma operações dessas".
"O carro pega, mas vamos ter que empurrar" – e se posicionou atrás o veículo – "Puck, Mike... ajudem aqui. Lopez... pro volante. Você bombeia o acelerador pra entrar combustível e quando o carro pegar um embalo, você bombeia a embreagem para o carro pegar".
"Sorte sua que eu não dirijo só carros automáticos!"
Todos tomaram as posições. Lauren, Puck e Mike fizeram força para conseguir embalar até conseguirem chegar a uma pequena descida. Santana aproveitou a oportunidade e não desperdiçou. O carro pegou com sucesso e ela mesma continuou o resto do caminho como motorista. Estacionaram o Buick no início da rua vizinha porque era uma decida. Lauren se posicionou na esquina e ficou com o celular e binóculos a postos. Primeiro Mike andou em frente da casa de Ben Israel e parecia tudo quieto. Aparentemente não havia ninguém em casa. Ele fez o sinal para Puck e Santana se aproximarem. Rodearam a casa até a porta da cozinha que dava para uma espécie de quintal comunitário. Ben Israel morava num bairro de classe média baixa numa casa de pavimento simples. Nenhum integrante do Glee Club havia estado lá antes e não era seguro dizer onde estava o quarto do suposto chantagista. Os celulares dos três vibraram e Puck tomou um susto por estar concentrado em arrombar a tranca. Quebrar o vidro seria mais prático, claro, mas isso poderia trazer problemas.
"O que foi?" – atendeu ainda surtado.
"Quinn confirmou! É Jew Fro... mas ele alega ter material suficiente para fazer um estrago muito maior do que pensamos e não está com tanto medo assim de nós. Artie vai abrir o armário dele na primeira oportunidade!"
"Ele não vai colocar provas do crime dele no armário da escola!" – Mike palpitou.
"É o que eu acho. Seja lá o que for, vamos ter de fazer uma limpa é no quarto dele" – Santana deu mais uma olhada ao redor para ver se encontrava olhos curiosos.
Finalmente Puck conseguiu abrir a porta.
Finalmente?
Convenhamos! Você é um ladrão muito do pé-rapado.
Os três entraram na casa com cautela. Era um lugar simples. A cozinha tenha uma mesa pequena e três cadeiras. Até onde se sabia, Ben Israel não tinha irmãos e morava com os avós. Saindo da cozinha e passando por uma saleta havia um corredor que dava acesso aos quartos. O primeiro deles gritava a Jew Fro. Os três não tardaram em começar a explorar o lugar. Havia muitos equipamentos de filmagem no armário do estudante e uma coleção de fitas em VHS. Todos em capas originais de filmes geeks clássicos. Santana até pensou em roubar o exemplar de "Metrópoles" de Fritz Lang, mas não havia onde pudesse assisti-lo. Ela deixou para lá e se concentrou nas gavetas de roupa enquanto Mike colocava na sacola todas as mídias que encontrava. E eram muitas. Puck não gostava do trabalho de procura. Ele ficou mais entretido com a coleção de bonequinhos do Mario Bros em cima de uma estante.
Mario Bros é um clássico. Mais respeito!
Nada contra, amigo. Até eu acho o encanador bacaninha. Só não o suficiente para ter bonequinhos.
Isso é preconceito!
Você que diz.
Puck gelou quando ouviu um barulho de porta. Santana também. Mike estava sentado no chão, deitou-se. Era só o que deu para fazer quando uma senhora de idade apareceu à porta e com um rifle apontado.
"Parados aí!"
Santana e Puck imediatamente levantaram as mãos em rendição. Mike rolou para debaixo da cama de Israel e nã foi notado pela velha senhora.
"Nós somo samigos do seu neto..." – Santana tentou articular – "Israel pediu para que a gente viesse aqui pegar uma coisa para ele..."
"É mesmo?" – a senhora não abaixou o rifle – "Então por que você não liga para o meu neto e confirme isso para mim? No viva voz!"
Bingo! Ninguém tinha o telefone. A velha se afastou da porta e gritou para que os dois saíssem do quarto com as mãos pra cima. Tanto Puck quanto Santana estavam suando frio e obedeceram. Os dois saíram do quarto e foram fazendo tudo que a senhora ordenava. Sentaram no sofá sob a mira da arma até a polícia chegar. Santana tentou argumentar falando alto para não dar chances de que Mike pudesse ser escutado enquanto esperava a oportunidade de dar o fora. A polícia chegou 10 minutos depois. Uma das duas delegacias de Lima ficava ali perto. Era estratégico manter uma naquela região. Santana e Puck foram algemados e levados até a prisão. Santana ligou mortificada para o pai. Era a primeira vez que era pega cometendo algum delito. Puck estava mais relaxado. A mãe dele não pagaria fiança de qualquer maneira, ele não tinha dinheiro e rezava para que o pai de Santana pudesse ser benevolente o suficiente.
"Eu nunca conheci o seu pai, Santana" – Puck procurou conversar um pouco para distrair a colega apreensiva – "Curioso é que eu sequer fui a sua casa. Você mora aqui perto não é? Naquele bairro que tem muitos mexicanos?"
"É!" – ela respondeu nervosa. Continuava a andar de um lado para outro balbuciando frases.
"Fiquei curioso. Por que você nunca me levou para a sua casa? Vergonha?"
"Algo assim..." – ela continuava sem querer conversar. Olhava para a unha o tempo todo como se tivesse a urgência de roer, mas ao mesmo tempo querendo resistir à tentação.
Um homem parou em frente à cela. Chamou a atenção de Puck por parecer um figurão. O sujeito usava um terno escuro bem cortado, cabelos curtos, e barba bem feita. Era um homem que cheirava dinheiro de longe. E o tal homem olhava para eles com cara de bravo.
"Oi papai" – Santana falou baixinho.
"Conversamos em casa, mocinha!" – disse enquanto o guarda abria a cela.
Puck balançou a cabeça e sorriu.
"Então... periferia da cidade?" – perguntou a Santana antes que ela tivesse a chance de sair.
"Só Britt sabe. Não comenta com ninguém, ok?"
"Te vejo amanhã... ou em alguns dias... sei lá..."
Santana saiu da sela e andou encolhida a trás do pai. Enquanto Puck balançou os ombros e procurou relaxar enquanto a sela estivesse vazia. Os outros presos podiam ser aterrorizantes e ali era um luxo aproveitar cada momento sozinho.
Narrador. Você podia interferir aí no universo e acelerar minha permanência nesse lugar.
Eu disse que só iria observar.
Não é justo. Quebra esse galho. Eu não provi diversão para esses outros tais deuses?
São as regras do jogo!
Esse jogo não tem graça e não é justo.
Eu posso te contar se o plano de vocês funcionou. Serve?
É alguma coisa.
Mike terminou de fazer a limpa e foi embora. O material dos ensaios do Glee estava no meio e Lauren conseguiu material bom o suficiente para manter Israel longe de qualquer um de vocês por muito tempo.
Ele vai tirar a queixa?
(...)
"Falando sozinho, Puckerman?"
"Lauren! O que faz aqui?"
"Mike e eu tivemos um particular com Jew Fro. A queixa vai ser retirada"
O policial logo veio com a as chaves e abriu a cela.
"Deu sorte, rapaz. Que seja a última vez que eu veja a sua cara nessas circunstâncias"
Puck cumprimentou o policial e depois deu um beijo apaixonado na namorada.
"Sabe a greve?" – Lauren sorriu maliciosa – "Ela foi longa demais!"
"Concordo!"
Os dois saíram de mãos dadas da delegacia. O carro que estava estacionado não era o Buick, mas o confiável Ford Focus de Lauren. Um que não era preciso rezar para que a ignição funcione, que tinha estofado inteiro e vidros automáticos.
Não precisa humilhar.
Só estou descrevendo a situação.
Isso é humilhação.
Puck, sério... você não a merece.
Talvez não. Mas eu é que não vou desperdiçar a minha chance de ter uma garota tão legal como namorada.
Não vacile com Lauren. Ou eu lhe darei uma vagina e coloco chifres na sua cabeça.
Entendido, deus narrador. Dê minhas saudações aos outros deuses.
Considere feito!
"Sério, Puckerman! Com quem você está falando?"
...
Próximo capítulo:
"Que dia, Mercedes Jones! Que dia!"
