Quando nascemos sem a capacidade de digerir a moral, como as pessoas consideradas normais, acabamos construindo uma existência através de várias camadas de máscaras para disfarçar um instinto bastante primitivo.

Os romancistas - e iludidos - de plantão acreditam que é só uma questão de tempo para nos apaixonarmos e então encontrarmos a redenção em um coração aberto para nos amar do jeitinho que somos.

Esse jeitinho especial, capaz de abrir um crânio com os próprios dentes sem uma única batida no nosso peito se alterar.

Os religiosos crêem piamente que é Satã nos instruindo e que basta abrirmos o coração para a santidade imaculada de Deus que seremos, por fim, curados.

Mas nós sabemos que Deus não existe e que o inferno é aqui.

A primeira vez que me encontrei com o filiado do demônio na Terra, eu tinha oito anos e meus pais haviam sido brutalmente assassinados em minha frente, uma semana antes.

Kakashi se apresentou como psicólogo, contratado pelo governo para me auxiliar na cura do trauma causado pelas imagens barbáries que deveriam estar assolando minha mente inocente.

A questão era que eu não estava traumatizada e ele fora o único a perceber aquilo.

Porque Kakashi era igual a mim.

Em quinze dias eu deixava o orfanato, adotada por meu psicólogo; um homem que resgatava crianças problemáticas, as criava com carinho e as reinseria na sociedade.

Em quinze dias, eu era o novo membro da A.N.B.U.