Disclaimer: Naruto não me pertence, mas ninguém me impede de amar esse universo como se fosse meu.
Obs. 1: Essa fic é velha e, como eu sempre esqueço de postar, na época que escrevi a guerra ainda estava no meio.
Obs. 2: Ela foi reescrita por erros de ortografia e por causa de uma ou outra frase sem sentido algum.
Eternidade
Ela olhou para o horizonte e tudo o que viu foi o desespero. O céu vermelho refletia o sangue e o caos na Terra. Aquilo era a guerra. Nada mais que uma guerra. Por que uma unica palavra tinha o poder de destruição tão grande? Por que uma palavra tão pequena tinha o poder de mudar tudo? Por que? Por que? Por que? Por que?
Por que?
Por que ela ainda estava ali?
Fechou seus olhos e suspirou. O cheiro metálico encheu seus pulmões. Cheiro de vida se esvaindo. Cheiro de sangue.
— Hinata-chan? — alguém chamou.
Ela abriu os olhos e viu Naruto. Cabelos louros ao vento e olhos azuis brilhantes. Ele estava tão perto dela. Quase tocando-a. E ao mesmo tempo estava tão longe. Sequer conseguia alcançá-la. Porque dessa vez ela não corou ou gaguejou, ou desmaiou, apenas o fitou. Observou o homem que por tanto tempo ela amou com certa curiosidade.
Quando foi que ela deixou de amá-lo? Quando foi que as coisas mudaram tanto? Quando foi que o mundo desmoronou sob seus pés?
Ele lhe estendeu a mão e sorriu. Aquele sorriso que um dia havia iluminado seu caminho, porém nesse momento significada quase nada.
— Vamos para casa, Hinata- chan.
Casa? Ela costumava usar muito essa palavra, mas agora... Agora era só uma palavra. Por algum motivo ela não conseguia entender... Não sabia o que era essa sensação a acompanhando. Ou talvez sabia muito bem o que era. Por muito tempo, acreditou que casa e lar eram palavras dissociadas, até que um certo alguém mostrou que elas se entrelaçavam. Se amarravam uma a outra. Era em casa que ela encontrava seu lar. Era em casa que ela sempre encontrava ele.
Não mais.
— Casa. — ela sussurrou. Seus olhos fixos no nada.
Sem ele, sem seu lar, não havia casa para voltar. Era só madeira, papel, concreto e decoração. Eram só estruturas frias. Não era sua casa. Era só um lugar como qualquer outro. As coisas já não tinham o mesmo significado. Já não eram as mesmas. As lembranças eram quase um borrão, tudo que brilhava nelas era o mesmo rosto. Seguindo-a, acompanhando-a, observando-a desde criança. Sempre ali em cada esquina.
Sempre não. Já não seria mais igual. Acabou, tudo isso acabou.
Estava tudo perdido, vazio de significados.
— E- Eu... Não tenho casa.
Naruto sorriu.
— O complexo Hyuuga ainda está de pé e...
— Não.
Ele a fitou confuso. Então finalmente pareceu entender e vacilar um pouco ao observá-la direito. Os olhos claros e esbranquiçados que antes vagavam sem rumo congelaram em um brilho ameaçador.
— Eu n- não sou mais uma deles.
— Mas...
— N- não. Sou. Mais. Uma. D- deles.
Nunca haviam sido uma família de verdade. Que tipo de família aprisiona seus irmãos? Que ipo de família faz seu próprio sangue sofrer por uma vida inteira? Que tipo de família cultiva a servidão e o medo entre os seus?
Sempre havia visto isso, mas tinha fé de que tudo mudaria. Tinha fé que poderiam ser uma família de verdade. Tinha fé que com ele ao seu lado, poderia mudar a realidade atual do clã Hyuuga. Por fim naquela divisão interna tão injusta. Entretanto, sem irmão, seu melhor amigo, seu maior amor... Sem ele não via futuro. Não via ponto. Só queria se deitar, fechar os olhos e nunca mais acordar.
Hinata se levantou e começou a andar em outra direção. Na direção daquele lugar. Não demorou muito para chegar lá. O sangue dele ainda estava no chão. O sangue de Neji. Do seu nii-san. Seus joelhos cederam e ela tocou a tinta vermelho escuro na terra. A mancha que marcava a partida de seu primo. A partida da unica família real que ela já teve.
— Neji-nii...- ela clamou.
O vento levou suas palavras e com ela sua voz, seu folego, sua alma. O tempo arrancou a presença dele. A Guerra arrancou a vida dele. E agora tudo que retava eram lembranças. Memórias sussurradas.
Sombras de um passado unidos.
Ecos de promessa quebradas.
Uma lágrima caiu no sangue seco. Depois outra e outra, e outra e outra, e tantas que ela já não sabia se podia contar. E logo fizeram uma poça salgada. E logo se misturaram ao líquido carmim anteriormente solidificado. E logo essa mistura pintou a face alva da ex-herdeira Hyuuga. Com a testa no chão ela chorava.
— Neji. Neji. Neji. N-Neji. Ne-ji...Ne...ji..- um suspiro. Um tremor.
Ele não ia mais voltar. E ela sabia disso. E isso fez tudo mais difícil. E isso a destruiu. Fez toda a força que ela um dia já teve se esvair. Fez tudo ao redor se quebrar. Agora era apenas uma boneca de porcelana jogada na terra. Sem alma, sem expressão. Sem vida.
— Hinata-sama?
Ela abriu os olhos e levantou o rosto. Ela o fitou por um momento. O rosto de Neji emoldurado por um sorriso a fitava de volta.
— Eu odeio quando você chora, Hinata-sama. Por favor, sorria... Sorria para mim. — Ele disse.
Era só uma lembrança, ela sabia, mas não pode evitar o sorriso que se formou em seu rosto. Se era o desejo dele então ela sorriria. Sorriria até a hora de sua morte.
— Eu sou sua , Neji. Por toda a eternidade.
— E eu sou seu, hime. — respondeu ele sabendo que ela não o ouviria. Afinal agora ele era só um espírito. — E como sempre eu vou te esperar pacientemente, até que você venha novamente para meus braços. Mesmo que quem te traga para mim seja a morte.
