Nem todos os personagens desta história me pertencem, alguns são obra de Rumiko Takahashi e pertencem a série Inuyasha.

A primeira luz que viu parecia dançar defronte a seus olhos. Um calafrio tomou seu corpo no momento em que se sentiu saltar da escuridão para uma claridade intensa. Estava envolta em um mundo branco, tudo ao seu redor era branco. Inclusive sua mente.

O toque daquelas mãos frias a assustou. Não conseguia mover-se, não sabia quem estava a seu lado. Queria voltar para a escuridão de antes, mas era chacoalhada violentamente toda vez que fechava os -se ser levantada, agora seu corpo frio recostava-se a outro. Pôde distinguir o azul pálido do céu por detrás daquele rosto.

- Acorde!


O calor era próximo do insuportável. Os meses de Março, Abril e Maio pareciam infinitos para a garota de cabelos negros. Desde que se mudara para a índia, Rin encantava-se cada vez mais com tudo, menos o clima. Agora, sentada à borda de uma belíssima fonte, observava a jovem indiana que sempre a acompanhava a lhe contar histórias.

- Rama, conte-me mais uma! – dizia, enquanto mergulhava seus pés na água cristalina.

A indiana sorria sempre que lhe pediam histórias. Acomodava-se em uma das almofadas coloridas e fechava os olhos. Rin tomara gosto por ouvi-las, e também por inventar suas próprias. Adorava aquela sensação de mergulhar num mundo fantástico, habitado por deuses e princesas.

A época em que viviam era difícil. A primeira guerra mundial estava por iniciar-se e, aquela tarde, o pai de Rin anunciara-lhe que deveriam partir em breve para a Inglaterra.

- Mas, papai... – ela sentia as lágrimas brotarem – Eu não quero deixar a Índia.

- A guerra começou, é preciso partir. Lá será mais seguro.

Naquela noite Rin não dormiu direito, seus sonhos estavam atormentados. O pai da jovem era um capitão do exército inglês, e ela sabia que podia perdê-lo. Uma grande angústia a tomou ao lembrar-se da morte prematura da mãe. Ela ainda podia ver a cena bizarra.

Tudo acontecera rápido demais. Sua mente infantil não pôde processar o que lhe diziam com tanto furor. Seu corpo permanecia inerte, sentado a um canto da sala escura. A cama de espaldar ainda encontrava-se ensangüentada, e os olhos da criança arregalaram-se ao perceber que aquele sangue era de sua mãe. O homem que a matara berrava ao ser arrastado para fora pelos policiais. Naquele instante a pequenina sentiu uma culpa esmagadora, pois ela e o pai a haviam deixado sozinha. Talvez se estivessem lá...

Os olhos da jovem abriram-se repentinamente, ela estava ofegante. Não sabia a razão de sempre acabar sonhando com o dia em que morrera sua mãe. Soergueu-se vagarosamente, uma leve brisa adentrava seu quarto através da grande janela colorida. Precisava acalmar-se e, para isso, tinha de sair daquele quarto. Caminhou em direção à porta grande e dourada, em seguida alcançando o corredor.


O céu estava estranhamente nítido naquela noite. As milhares de luzes da cidade de Haiderabade pareciam não conseguir ofuscar as estrelas. As ruas permaneciam quietas e vazias, com a exceção de um homem. Seus olhos frios não pareciam se comover diante da beleza da noite, enquanto caminhava em direção a uma grande mansão. Aproximou-se da entrada, onde um homem o esperava.

- Bom revê-lo, Sesshoumaru.

- Faz muito tempo, Laurent – disse, ainda conservando o semblante marmóreo.

Apertaram as mãos efusivamente. Laurent ofereceu-lhe um cigarro, que Sesshoumaru recusou. Ambos penetraram a mansão através de longo corredor, adentrando a uma grande sala ricamente adornada. Sentaram-se nas almofadas ao chão, um defronte ao outro. Laurent observou o uniforme militar que Sesshoumaru utilizava, parecia surpreso.

- Então que dizer que você entrou para o exército? – este lhe perguntou.

- Sim, já cheguei ao cargo de tenente.

Sesshoumaru sentiu uma estranha sensação ao proferir tais palavras. Não gostaria de se lembrar do modo abrupto com que se tornara militar. Talvez as pessoas ao seu redor julgassem seus olhos frios desde então, mas nada seria mais frio do que seu coração quando tinha de executar as mais terríveis missões. Olhou para suas mãos, conseguia ver nitidamente o sangue que as manchava, porém ninguém mais o podia. Repentinamente, lembrou-se de Laurent sentado à sua frente, este o olhava calmamente.

- Gostou de sua estadia na índia? – perguntou Laurent, tentando mudar de assunto.

- Para falar a verdade, ainda prefiro a Inglaterra. Não sente falta de quando morávamos todos lá? – disse, lançando a Laurent um olhar frio.

Era verdade. Há quatro anos ele e sua pequena filha haviam deixado a Inglaterra. Laurent soltou um longo suspiro enquanto acendia outro cigarro. Sesshoumaru sabia muito bem que sentimento tal pergunta lhe causaria, ele era muito esperto. Seus olhos fitaram o chão por alguns minutos, recordava-se de sua esposa Keiko. Jamais poderia esquecer o modo como a conhecera durante uma estadia de suas tropas no Japão. Sesshoumaru tivera um importante papel em seu destino, e ele sabia disso.

-Escute, gostaria de...

Um forte estrondo interrompeu-lhes a conversa. Algo aparentemente havia caído e se quebrado no corredor. Laurent desviou o olhar para o local de onde o som viera, mas não se levantou.

- Deve ser Rama chegando – disse, e diante do olhar interrogativo do outro, acrescentou – É a acompanhante de minha filha.

Sesshoumaru desviou o olhar para a bela tapeçaria pendurada à parede. Não que estivesse realmente interessado nela, sentia-se estranhamente perturbado ao recordar-se daquela garotinha.

- Não sabia que sua filha estava morando na Índia. – disse, num tom seco.

Laurent sorriu. Rin não protestara ao saber que iria morar na Índia, pelo contrário, ficara feliz de afastar-se da sombria Inglaterra. Desde a chegada à colônia inglesa, a jovem estivera feliz como ele nunca vira. Sabia que partir seria difícil para ela.

- Meu caro Sesshoumaru. Chamei-lhe aqui, pois sei que logo partiremos para a guerra. Eu sei que ainda lhe devo muito, mas gostaria de pedir-lhe um grande favor.

Sesshoumaru deixou a tapeçaria de lado. Fixou seus olhos em Laurent, não esperava que ele fosse lhe pedir algo. Estava ansioso por deixar aquela casa e aquele país, não queria mais relembrar o passado.

- Diga-me o que quer.


Rin não conseguia expulsar os pensamentos que tanto a atormentavam. O corredor estava escuro demais, e a jovem parecia enxergar terríveis sombras por todos os lados. Aproximava-se vagarosamente do fim do corredor quando ouviu vozes. Recostou-se à parede, com medo de que fosse Rama. Ela não queria que a amiga a visse, pois certamente perguntaria a razão de sua insônia.

O volume das vozes aumentava, e Rin pôde reconhecer a de seu pai. Mas quem era a outra pessoa? Talvez se ocupando em descobrir tal coisa, poderia livrar-se dos pensamentos ruins.

- Qualquer coisa para distrair-me... – sussurrou.

Caminhou cautelosamente até avistar as luzes da sala de visitas. Agora podia ouvir claramente a conversa que seu pai travava com o desconhecido. Devia ser algum velho amigo, já que falavam sobre o exército. Escondeu-se atrás da porta entreaberta, na esperança de ver alguma coisa. Lentamente, aproximou seus olhos da abertura e...

-... Não sente falta de quando morávamos todos lá?

Rin não podia acreditar no que seus olhos lhe mostravam. O que ele estava fazendo ali? Seu coração acelerou ao recordar-se de incidentes que há muito procurava esquecer. Sem pensar, recuou bruscamente e atingiu um vaso no corredor. O som a assustou, fazendo-a sair correndo em direção a seu quarto. Sim, havia mais de uma razão para ela não querer voltar à Inglaterra.

- Não pode ser... – sussurrou.

Recostou-se à porta de seu quarto. A cabeça rodava e sua garganta ficara repentinamente seca. E se ele estivesse ali para contar tudo a seu pai? Diante de tal idéia, Rin sentiu vontade de correr para bem longe dali, mesmo que fosse de volta para a Inglaterra.

-A Inglaterra... – disse, apertando suas mãos com força contra seu peito – Não, nem para a Inglaterra...

A jovem correu em direção a sua cama, puxando as cobertas sobre sua cabeça. De um modo estranho, sentia que se o fizesse seu pai não a encontraria para tirar satisfações. Uma forte angústia passou a dominá-la. Sentia-se encurralada, já que não queria voltar à Inglaterra e não podia ficar mais na Índia.

- O que farei agora? – sussurrou, sentindo lágrimas escorrerem por suas bochechas.

Repentinamente, um forte ruído alcançou os ouvidos de Rin. A terra tremeu por alguns instantes. A jovem, exaltada, levantou-se de supetão e correu à janela. Seus olhos arregalaram-se, e ela já não chorava. Os lábios entreabriram-se numa expressão de horror.

Bom, pessoal, é isso. Espero que não estejam querendo me estrangular lentamente, mas segundo os conselhos de uma amiga a melhor forma de terminar um capítulo é quando você deixa os leitores com curiosidade e vontade de te matar! hhauhauha

Este capítulo foi realmente curto, mas se houver uma boa resposta a ele eu vou continuar a postar!

Um bjão!