Título: Em Silêncio
Autora: Suisei Lady Dragon.
Rate: R
Disclaimer: Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Suisei Lady Dragon
Shipper: Draco/Harry
Gênero: Romance/Aventura
Atenção: Slash, yaoi... blá... blá... (Se você não gosta, não leia!)
Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.
Em Silêncio
Capítulo 1
A pequena esfera dourada continuou descendo até o solo enquanto duas mãos tratavam de tentar alcança-la ao mesmo tempo. Harry Potter tinha os olhos verdes fixos no pomo assim como uns olhos platinados. Era possível escutar os ruídos e gritos provenientes dos espectadores do último jogo de Quadribol entre a Sonserina e a Grifinória, ao menos o último jogo deles, ele e Draco.
Harry não escutava nada mais do que o sibilar do vento entre suas roupas e as de Draco Malfoy, os dois com os braços esticados, os corpos empurrando um ao outro. Apenas alguns segundos mais e ele alcançaria a preciosa bolinha, no entanto outra visão acabou distraindo-o e esta foi a do chão se aproximando rapidamente. A realidade era o inverso, ambos os corpos se aproximavam do gramado a uma velocidade gritante, mas isso não importava, o impacto seria o mesmo.
Supondo então que não teriam tempo para se protegerem da queda permaneceram atrás do pomo que seguramente mudaria de curso a escassos centímetros do chão. Draco continuava se esforçando pela esfera, ignorando o perigo, e Harry não sabia se era por ignorância ou por costume.
Nos minutos que se seguiram os pálidos dedos de Malfoy alcançaram a presa antes dele. De imediato as suas mãos que tinham estado estendidas deslizaram pela frente da roupa de Malfoy segurando-as com força, e em um impulso aproximou o loiro contra o seu peito, ao mesmo tempo em que girava no ar para tocar primeiro o solo.
Apenas teve a oportunidade de ver os olhos platinados se abrirem confundidos e se fecharem ao notar que iam se esborrachar. A força com que haviam descido fez com que ambos quicassem, momento ao qual Harry aproveitou para empurrar fortemente Draco, evitando cair em cima dele no próximo ricocheteio. O corpo de Malfoy rodou a um lado distante de Harry que no fim se chocou de forma brutal contra o solo várias vezes antes de se permitir rodar.
A única coisa que soube foi que se encontrava estirado de boca para cima no meio do campo de Quadribol, com uma dor aguda por todo o corpo, especialmente no peito próximo as suas costelas e no seu braço. Deixou escapar um grunhido de dor por breves segundos quando tentou se mover, para de imediato sentir que algo pulsava próximo ao seu pulmão, e seu rosto se contorceu numa máscara grotesca enquanto tentava conter o sobe e desce de seu tórax.
Apesar de tudo isso girou sua cabeça o suficiente para ver um Draco Malfoy com as mãos para cima, sujeitando o pomo de ouro e recebendo a ovação da Sonserina. Deu-lhe uma olhada de aprovação que ninguém viu e cerrou os olhos esperando ser levado para a enfermaria.
Seus amigos foram os primeiros a chegar. Ron lhe deu uma mirada crítica tratando de avaliar os danos, enquanto Hermione com enormes olhos chorosos e muita agitada tentava tranqüiliza-lo, o que não era necessário, afinal depois de tudo ele era o menino-que-sobreviveu.
"Meus óculos", sussurrou ao perceber que via tudo borrado. De imediato a amiga buscou o objeto sobre a grama e os colocou em seu rosto para logo exclamar o feitiço de reparação.
Os próximos minutos foram uma agonia enquanto era levado para a enfermaria e os ossos de suas quatro costelas, braço e pernas eram finalmente restaurados por Madame Pomfrey.
Essa tarde ele acabou por passar ali, em repouso. Ron e Hermione o visitaram, o ruivo levando-lhe uma barra de chocolate e várias guloseimas na tentativa de animá-lo, sendo que ele apenas sorriu dizendo que o que acontecera era insignificante. E assim ganhou uma repreensão de Hermione e uma mirada cética por parte de Ron.
Finalmente, depois de tudo, optou por descansar, não tendo outra opção além de permanecer na enfermaria, mas era melhor descansar do que pensar, e isso sempre lhe provocava dor de cabeça e confusão.
Na manhã seguinte estava pronto para descer e tomar o desjejum com o resto dos estudantes, mesmo que as recém curadas costelas o molestassem um pouco. Madame Pomfrey havia insistido para que ele usasse uma proteção para o braço já que o osso havia sido praticamente pulverizado, não tendo se reconstituído totalmente.
O Salão Principal estava cheio – como de costume – as mesas pertencentes a cada casa revolvendo-se com vozes e risos. E nesse dia a mesa da Sonserina estava mais animada que as demais. Era o esperado, afinal tinham ganho pela primeira vez em sete anos uma partida de Quadribol contra a Grifinória.
Ele observou Draco Malfoy com o canto dos olhos, e o rapaz neste momento mostrava com um sorriso a bolinha que tinha capturado. Desviou a atenção com lentidão, sabendo que deveria ter previsto que o loiro estaria se gabando de sua vitória, mas mesmo assim não conseguiu reprimir sua decepção, por mais que se esforçasse ao passar próximo ao sonserino.
E justo quando estava passando ao lado do loiro este avançou e se colocou no meio do seu caminho.
"Harry Potter", o tom como sempre estava cheio de desdém e mofa, não era de se surpreender.
Mas antes que ele pudesse contestar, Ron se posicionou atrás do loiro e surpreendendo Harry, que teve que se perguntar se o rapaz havia aparatado ou se era ele quem estava lento demais naquele dia.
"Malfoy! Deixe-o em paz!", grunhiu Ron com tanto desprezo quanto Malfoy, as sardas se perdendo em sua pela enquanto corava de coragem.
"Ohh, vamos, doninha, só queria saudar o famoso apanhador da Grifinória" , o outro retorquiu apenas mirando o ruivo, que apertou os punhos com ira, dando uma tensa mirada ao jovem de cabelos escuros. "Como está seu braço, Potter?", o loiro perguntou logo em seguida com um sorriso cheio de doçura que se torceu na metade do caminho.
"Melhor", Harry murmurou dando um olhar de advertência a Ron para que se tranqüilizasse, mas não teve com o que se preocupar em demasia, pois pode ver Hermione se aproximando por detrás do amigo. "Agora se me permite...", completou tratando de passar novamente ao lado do loiro, mas Malfoy voltou a se interpor no caminho, e ele viu que a amiga lhe encarava preocupada.
"Não vai parabenizar a equipe ganhadora?", o jovem de olhos prateados comentou com arrogância.
"Parabéns, Malfoy! Imagino que deve ser bastante emocionante sentir pela primeira vez o sabor da vitória.", Harry sorriu de lado e Ron o imitou amplamente em resposta, ao mesmo tempo em que o sorriso de Draco se tornava amargo e sua postura mudava levemente.
Harry aproveitou o descuido dele para continuar seguindo em frente. Hermione lhes deu uma olhadela cansada enquanto tomava Ron pelo braço para se assegurar que ele não regressaria onde o loiro estava causando problemas. Harry tratou de acompanhá-los discretamente, no entanto Draco se adiantou mais uma vez e com uma ira mal contida o puxou pelo braço ileso.
"Nunca dê as costas para um Malfoy, Potter!", sibilou entre dentes. E Harry suspirou mentalmente. Porque Malfoy tinha que se sentir tão arrogante e imprudente logo naquele dia em que ele estava tão mal não só por haver perdido?
Soltou o ar dos pulmões e se deixou voltar, estava cansado e tinha fome, o braço começava a latejar com dolorosas pulsadas e ele duvidava que poderia continuar o dia sem antes passar pela enfermaria.
Com lentidão levantou os olhos até alcançar os do loiro sonserino vendo-o hesitar. Seguramente havia notado sua expressão desanimada. Soltou a mão do jovem de seu braço com uma lenta sacudida e passou os dedos pelos cabelos revoltos com a mesma disposição. "O que quer agora, Malfoy?"
"Seus amigos pensam que você perdeu a partida de Quadribol para se fazer de herói. Eu nunca tinha escutado antes uma desculpa tão patética", o desagradável sorriso de serpente se fez presente mais uma vez.
Harry arregalou os olhos assombrado, não havia escutado nenhum de seus amigos afirmar nada, em efeito, não acreditava que nenhum deles houvesse sido capaz de ver a jogada no instante antes de se chocarem contra o campo.
"Foi uma partida justa!", murmurou meio tonto. "Nada mais."
Pôs o braço bom sobre o machucado fingindo uma pose despreocupada e recuperando a expressão de tranqüilidade. O loiro pareceu ficar inconformado com a resposta, pois logo lhe deu uma mirada arrogante e voltou para a sua mesa. Harry então continuou a ir até seus amigos antes que eles percebessem seu leve atraso. Acomodou-se ao lado de Ron e tomou um pãozinho doce, sendo que o resto do café da manhã passou sem maiores inconvenientes além de um ou outro fantasma hiperativo.
Ao terminar sua refeição ele se despediu de seus amigos para passar pela enfermaria, onde ali lhe foi entregue por Madame Pomfrey um frasco com uma poção espessa e rosada, que o dispensou com algumas simples indicações.
Com passo lento regressou aos corredores na parte do castelo onde ficavam os Grifinórios, as roupas fazendo um suave ruído ao se mover. O local estava vazio, os estudantes tinham saído – os sonserinos para celebrar e os demais para se aventurar em Hogsmeade ou desfrutar o dia livre.
Harry Potter apenas iria descansar em sua própria habitação. A mesma se localizava na ala da Grifinória, mas não com os dormitórios comuns. No principio havia estranhado, no entanto ao passarem os primeiros meses terminou agradecendo a mudança, mesmo suspeitando de que Dumbledore estava tomando demasiado cuidado com sua pessoa.
Sorriu com tristeza. Era de se esperar que o velho Albus fosse o primeiro a se dar conta.
Passou de frente para o quadro da Mulher Gorda que lhe deu uma encarada temerosa, mas não entrou, seguindo até o final do corredor e dobrando a direita para tomar uma escadaria de pedra, onde no final uma parede se desvaneceu imediatamente ao ser pronunciada a senha correta.
A passagem se ampliou para mostrar uma habitação redonda, obviamente em uma das torres do castelo. Ele retirou a capa e se deixou cair com cuidado sobre a cama.
Suspirou profundamente antes de tomar o frasco de dentro de sua roupa para logo em seguida seguir as instruções de Madame Pomfrey. O odor de ungüento era agradável, lhe recordava as rosas florescendo e presenteando o mundo com suas mais bonitas cores.
Deixou o frasco em uma mesinha e se acomodou no colchão, o aroma de rosas o fez relaxar e ele logo quedou adormecido.
Draco Malfoy observou o pomo enquanto este voava pelo interior da sua habitação, refletindo literalmente a luz tênue das velas que iluminavam o recinto.
Era tarde da noite, seu horário habitual de dormir, mas não conseguia conciliar o sono. Uma e outra vez sua mente lhe proporcionava uma imagem que não queria recordar. Enormes olhos verdes cheio de dor, podendo sentir o corpo suave pregado ao seu e logo empurrado com violenta fúria. Os ossos se rompendo. No momento havia levantado o braço com o pomo e o rugido dos membros de sua casa encheram seus ouvidos, mas sua mente seguiu e ainda seguia escutando o suave gemido, único som que tinha escapado dos lábios de Potter ao se chocar contra o solo.
Havia mentido para Potter. Ninguém da Grifinória nem de nenhuma outra casa comentara acerca do ocorrido na partida, ele tinha sido o ganhador indiscutível dos apanhadores. Na hora do desjejum Draco havia dado a oportunidade perfeita para que o Garoto Dourado deturpasse o sucedido, dado o momento perfeito para que tirasse com a sua cara e manchasse sua vitória, mas aquela expressão no rosto do moreno quase o havia imobilizado.
Contorceu o rosto fino numa careta de desagrado. Era inadmissível que um Potter quase o imobilizasse.
Só podia pensar que tudo era uma treta para obter vantagem sobre ele. Talvez provocar inclusive uma dívida bruxa.
Sacudiu as mechas loiras de sua frente com moléstia.
Não, ambos sabiam que a queda não os mataria, que apenas fraturariam uma ou outra costela, e para isso ali estava a medibruxa Pomfrey. Aliás era como se ele tivesse saído ileso, machucara também um par de costelas, mas não tinha se preocupado em reclamar, não era como se a dor fosse matá-lo.
O que importava para Draco era ganhar – mesmo que fosse pela primeira e única vez – do apanhador da Grifinória, e havia conseguido. Mas a atitude do adversário tinha tornado sua vitória amarga.
Amaldiçoou-o em sua mente.
" Potter, Potter! O que você quer na realidade?", sussurrou entrecerrando os olhos.
Como poderia descobrir o que realmente passava pela mente do rapaz dourado? Desde que havia derrotado o Lord das Trevas, Potter havia cortado em um ano todo contato com o mundo exterior que não fosse seus dois patéticos amigos: Hermione Granger e Ron Weasley. Fazia muito tempo que não o provocava como em seus primeiros anos na escola, não porque lhe faltassem ânimos, sim porque se tornara tedioso. O jovem já não contestava com a mesma gana de antes, não que o ignorasse, de uma forma sabia que ele estava sempre prestando atenção, mas alguma coisa tinha mudado e ele não sabia dizer o que era.
"Uma provocação poderia ser o que preciso para que Potter confesse o que quer realmente!", reflexionou pensativo.
Sim, provocaria Potter daquela forma cruel, atacando-o com tudo o que tinha, e talvez em um momento de fúria ele confessasse o motivo de ter tomado para si a dor de se chocar contra o chão no seu lugar.
O pomo se deteve na sua frente, na altura de seu rosto, e Draco o apanhou sem maiores esforços, apertando-o fortemente em uma das mãos. Levou-o aos pálidos lábios enquanto sorria maquiavelicamente, recordando cada detalhe da miserável vida de Harry, selecionando com calculada frieza cada insulto.
Nota da Tradutora: Aí está à primeira parte, espero que tenham gostado. Deixem reviews, okay?
Próximo capítulo: O Trio Dourado e Draco Malfoy são chamados ao escritório de Dumbledore por causa dos eventos ocorridos entre Harry e o loiro. Quão importante pode ser que o menino-que-sobreviveu esteja constantemente vigiado e sobre controle? Draco aprende a resposta quando seu Professor de Poções não só tira pontos de sua, como também o inclui numa detenção pouco comum com Weasley e Granger.
