Estava eu lá, como na rotina diária: Sentada frente ao meu computador, criando e recriando estórias sobre personagens de outros autores, mas em situações diferentes dos da rotinha criada pelo próprio autor.

Costumeiramente, abria sites de relacionamentos, e em um deles, conheci um belo e singelo anjo. Uma amizade grandiosa, construída sob fortes alicerces, mas infelizmente atrás de uma grande ilusão.

Apesar da dupla personalidade em que eu vivia, eu sabia separar perfeitamente o que estava acontecendo.

Houve um tempo em que parei para pensar se era realmente aquilo que eu sentia: Algo que foi chegando devagarzinho, sem maldades. Um sentimento que foi tomando meu íntimo, e quando conversávamos, não era mais tão tranqüilo. Meu coração sempre acelerava, minhas faces coravam um pouco. No início era uma paixão, daquelas que acontecem sem explicação. O momento "paixão" era curtido intensamente, mas para aquele anjo, ainda era inexistente. Ou talvez podia sentir, mas era discreto.

Eu queria contar, mas queria um momento mais propício, só que eu não encontrava esse momento, pois sentia medo.

Era apenas um anjinho... sem mácula, sensível dentro de seu mundo, cercado de proteção, mesmo essas o magoando. Sentia eu necessidade imensa de protegê-lo, algo que chegava a ser materno, mas não era bem um sentimento puramente fraternal, era uma proteção cercada de desejos e fogo. Algo que não podia acontecer, já que ele conhecia-me como seu melhor amigo ou até um pai que não tinha.

As conversas entre nós eram sempre cercadas de curiosidade, pois aquele singelo anjo, estava começando a conhecer o mundo e seus prazeres corporais.

Eu infelizmente estava muito machucada e temia me entregar de início aquilo que eu sentia.

Ficou claro para mim quando ele me viu a primeira vez por uma simples webcam. Eu fiz questão de estar arrumada para que me visse em meu melhor estado. Fui eu ansiosa para a casa de um amigo, que mora perto, e que me emprestaria sua webcam e seu computador, para que eu pudesse finalmente me mostrar.

Eu já havia o visto algumas vezes do mesmo jeito, sendo que ele usava um computador público para tal coisa.

E assim fomos nos conhecendo aos poucos e nos apaixonando.

Aconteceu pelas duas partes, um gostando do outro sem contar ao outro.

O botão da paixão floresceu naquele dia em que me viu, na casa desse amigo, que me alertou para os perigos de um amor assim, mas o que a paixão faz conosco quando ela nos atinge bem em cheio do nosso íntimo?

Continuamos trocando carinhos e amores... Mas a parte mais difícil estava sendo para mim. Como eu contaria para meu anjo que eu era seu melhor amigo? E também uma outra coisa na qual eu vivia, eu era casada com um homem rude, violento e que não perdia uma oportunidade de me humilhar. Ele me mataria se descobrisse minha paixão, e eu corria o risco de perder meu anjo por ser infelizmente casada.

Era essa minha cruz, meu sofrimento maior.

Um tempo depois, meu coração já não agüentava mais aquele peso, via eu ele apaixonado e me tratando com muito amor e carinho, coisa que eu nunca havia sentido de outra pessoa, era maravilhoso. Ele não merecia que eu continuasse com aquilo, então contei a primeira, mas não a pior parte. Era o nome de seu amigo o nome de um anjo, Gabriel. Amigo esse que pode compartilhar muitas decepções e alegrias com momentos bem divertidos quando ele estava feliz e dizia coisas que tocavam o meu íntimo. Desejei ser mesmo aquela pessoa, para que pudesse o abraçar como um amigo de verdade e não uma mulher, mas sorte eu ser mulher, pois fui abençoada pelo seu amor tão puro e sincero.

Ele decepcionou-se comigo, mas eu contei os motivos pelo qual aquela personalidade existia. E era porque eu era o sentimento que queria que fosse retribuído a mim. Gabriel foi apenas o homem que eu queria que tivesse aparecido na minha vida, o homem perfeito o amor perfeito, só que por ele eu encontrei não só um amor e homem perfeito, encontrei um anjo maravilhoso, no qual a luz era tão intensa, que podia me iluminar na distancia em que estávamos, e seu amor era sentido da mesma forma.

Com seu bondoso e puro coração, me perdoou, e assim continuamos a namorar, apenas por palavras, era o que eu podia fazer até aquele momento.

A pior parte ainda estava por vir, eu não sabia como contaria para meu anjo o pior dos meus pesadelos.

Nessa fase eu já não agüentava mais as humilhações, e já estava apta a pedir o divórcio, mas na semana em que eu faria isso,acabei apanhando por que queria ficar um pouco além na frente do único portal onde eu podia conversar com meu anjinho.

Foi então que eu decidi acabar com aquela tortura.

E estava só com ele, eu ele naquele dia, e inicialmente pedi perdão pelo que ia contar. Achei melhor contar quando estivéssemos frente a frente, mas ele insistiu e eu acabei revelando. Senti muita tensão da parte dele, pois era uma pressão grande em sua experiência de vida lidar com algo tão delicado assim.

A mim disse que digitou, que me amava, trêmulo e tenso, mas que me perdoava. Ele me perdoava, me perdoava pelo fato de eu ter escondido algo tão grave dele.

Eu tive esse choque, foi como se o céu descesse a mim, então... entreguei meu coração de uma vez.

Eu não era tocada por ninguém mais, eu não me relacionava mais eu era apenas dele, daquele anjo.

Já era hora de nos conhecermos, era o maior dos desafios, um sonho.

E meu pai foi o grande contribuinte para que tal coisa acontecesse.